A Herdeira do Olimpo escrita por Nogitsune Walker


Capítulo 3
Pesadelos: A segunda noite


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente, eu me senti mal escrevendo uma parte desse capítulo mas, fazer o que né.



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Maya

 

Levei Percy pela estrada até que a colina meio-sangue estivesse à vista longe no horizonte e parei a moto. Foi meia hora de viagem e o sol já começava a aparecer entre a névoa da manhã nublada. Tive um pouco de receio de estar tão perto do acampamento, mas como nenhuma flecha se cravou no meu tórax, acreditei que a névoa estava me encobrindo bem. Do lugar de onde paramos, via o pinheiro de Thalia e o Velocino de ouro sendo guardados por Peleu. Bem próximo, a Athena Pathernos se mostrava imponente na colina. Percy desceu da garupa e se apoiou numa cerca que circulava um terreno apertando a boca do estômago, parecia enjoado.

 "Essa foi, de longe, a viagem mais rápida, emocionante e enjoativa que eu fiz desde que tinha doze anos." Disse ele pegando mais um pedacinho da Ambrosia e comendo. “Obrigado de novo Morgan."

"Tudo bem. Já vou indo, tenho um compromisso daqui a pouco."

"Tchau."

"Tchau." Disse e passei a marcha mais rápida que pude para me afastar logo. Depois de alguns segundos, quando olhei para trás, vi um lindo Pégaso negro pousando perto de onde Percy estava e depois os vi voando em direção à colina. Suspirei aliviada. Há anos usava a névoa para fugir da ira dos deuses, e agora, estive tão perto de ser encontrada. Não sei o que me deu na cabeça ao oferecer carona à Percy, mas alguma coisa me dizia que tínhamos algum tipo de ligação.

Cheguei no salão um pouco antes do meu horário. Julia, a recepcionista, disse que ainda faltavam alguns minutos para eu ser atendida. Chegando minha vez, pedi para que cortassem estilo Pixie repicado, como a Shailene Woodley no filme Insurgente. Meu cabelo deve ter ficado com menos de um palmo de tamanho, mas eu adoro cabelo curto.

Saí do salão e fui ao MC Donald já que estava com fome. Como não pretendia sair de casa o resto do dia depois de estar tão perto de uma possível morte, peguei comida suficiente para passar o dia inteiro. O que incluía: três garrafas de Coca-Cola gelada, seis Big Mac e seis porções de batata frita. E um milk-shake de morango que fui tomando no caminho. (Rachel diz que eu como feito um leão depois de ficar um mês sem vestígio de comida e engordo tanto quanto um medalhista olímpico em dia de maratona, resumindo: como muito e não engordo uma grama. Mas quando se é uma semideusa sendo atacada frequentemente por monstros, você acaba mantendo a forma) cheguei no AP e comi um dos Big Mac e uma das batatas fritas e guardei os outros na geladeira. Liguei meu computador (eu sei que tecnologia atrai monstros, mas eu nem ligo mais) e passei o resto do dia vendo filmes, séries e jogando online.

No final do dia, tinha só um big Mac, uma porção de batatas de um litro de refrigerante. Rachel ainda não tinha voltado e eram nove da noite então deixei o lanche para ela, tomei um banho e tentei dormir. Não demorou muito e caí no sono.

Em meu sonho, tinha voltado aos meus onze anos. Estava no acampamento sozinha treinando com a espada. As férias ainda não tinham começado então o acampamento estava praticamente vazio. Era fim de tarde, o sol começando a querer se pôr. Fiquei sabendo por Quíron quando cheguei que Luke havia atacado um campista e desertado o acampamento, o que significava que ele já havia se juntado à tropa de Cronos no Princesa Andrômeda.

Invisto contra o boneco de palha quando sinto um vento frio bater em minhas costas. Instintivamente, me viro e ergo a espada aparando por pouco um golpe direto. As espadas ficam suspensas no ar por alguns segundos e reconheço a lâmina de bronze celestial e aço temperado de Luke. Ele estava usando tênis Hall-Star pretos que pareciam bem velhos, uma calça camuflada preta e cinza escuro, uma blusa de manga curta preta uma jaqueta de couro, um pequeno sorriso de lado enfeitava seu rosto.

"Você melhorou Walker." Ele diz e embainha sua espada.

"O que veio fazer aqui? Pensei que tivesse desertado o acampamento." Retruco e embainho minha espada. Naquela época ainda não tinha o colar e usava uma espada muito maior que eu, acabei me acostumando a seu peso. A camisa suada do acampamento estava colada nas minhas costas e alguns fios do meu cabelo preso em um rabo de cavalo, colavam junto a testa.

"Desertei" ele começa. "Mas lorde Cronos nos mandou uma missão"

Um arrepio percorreu todo meu corpo quando escuto o nome do titã. Esfrego o pulso. O bracelete com o pingente de foice tornara-se gelado, dolorindo meu braço.

"Que missão?" Pergunto.

Luke tira do bolso da jaqueta uma seringa com um liquido verde escuro fluorescente.

"Preciso que deixe o caminho livre para mim esta noite, até o pinheiro de Thalia. Me espere lá quando todos estiverem dormindo e darei suas instruções." Dito isso, ele estalou os dedos e asas apareceram nos tênis e ele levantou voo se afastando mais rápido que qualquer olhar poderia acompanhar e eu fiquei sozinha na arena. Encarei o chão e depois de um tempo, com um impulso de raiva, desembainho a espada e a levo de uma vez ao pescoço do boneco de treino. A lâmina se crava na madeira que dava suporte à cabeça e vejo um monte de palha voando e se espalhando pelo chão e o pedaço de pano que antes era a cabeça do boneco cai aos meus pés. Arfando, tiro a espada da madeira e descanso o braço deixando que a ponta da espada tocasse o chão. Ouço um som de trote de cavalo entrando na arena e se aproximando de mim e a mão calejada de Quíron segura suavemente meu ombro.

"Vá se arrumar criança, é quase hora do jantar." Ele diz suavemente, meio que para me acalmar.

Assinto com a cabeça, embainho a espada e ele me acompanha até a área dos chalés. Vou em direção ao chalé de Hermes e tomo um banho para lavar o suor. Saio do banheiro já vestida com uma calça, um par de botas e uma camisa do acampamento de manga longa. Os novos conselheiros, Connor e Travis Stoll estavam organizando o pouco pessoal que estava no chalé em uma fila para o jantar. Tinham só cinco campistas no chalé de Hermes contando comigo e com os Stoll. Quando saí para entrar na fila, vi três do chalé de Ares e quatro do de Atena subindo para o pavilhão. Dois dos filhos de Hefesto, saíam das forjas e se dirigiam também ao pavilhão. Reconheci Guilherme Jones com seu físico corpulento e a cabeça raspada. Um filho de Apolo passou correndo por nós com um corte na testa em direção à enfermaria e vi alguns sátiros correndo atrás das ninfas perto do bosque.

Subimos para o refeitório e chegando lá, vi Silena Beauregard do chalé de Afrodite conversando com Charles Backendorf do chalé de Hefesto em um canto separado. Eles nos viram chegando e se despediram rapidamente. Desviei o olhar e fui para a mesa de Hermes. "Aqueles dois vão acabar namorando." Penso.

Queimamos parte de nosso jantar para os deuses e jantamos. Os Stoll faziam brincadeiras junto aos outros filhos de Hermes com os outros campistas para animar a noite. Daquela mesa, eu era a única indeterminada. Fiquei quieta no meu canto até Quíron dar os avisos. Teríamos uma caça a bandeira na primeira semana das férias quando os outros campistas chegassem. Dados os avisos, terminamos de jantar e voltamos para os chalés. Esperei que todos dormissem e esgueirei-me para fora do chalé. Corri até um pedaço da floresta próxima à colina e subi até a árvore de Thalia para esperar Luke. Depois de alguns minutos, vi ele descendo do céu. A lua estava coberta pelas nuvens esta noite então estava tudo escuro o que ajudou ele a não ser descoberto. Ele andou até a árvore e pôs a mão no tronco na altura de seu peito.

"Sinto muito por isso Thalia, mas prometo que sua morte não será em vão." Ele diz com a testa encostada no pinheiro. Depois, tira a seringa que vi mais cedo do bolso da jaqueta e injeta o veneno no tronco da árvore. Enquanto este se espalhava, pude perceber a barreira que protegia o acampamento enfraquecendo. Então, ele olhou para mim e veio em minha direção e pude jurar que vi uma lágrima rolando em seu rosto.

"E agora?" Pergunto.

"Agora, você vai até a casa grande chamar Quíron, faça parecer que você estava andando pelo acampamento e viu alguma coisa estranha no Pinheiro, veio investigar e quando viu o veneno escorrendo pelo tronco foi correndo chamá-lo." Ele explica.

"Tudo bem." Digo. Ele assente e levanta voo.

Desço pela floresta até estar na área dos chalés novamente. Ando pela área do acampamento até estar perto do pinheiro e começo a correr em direção à casa grande. Subo na varanda e começo a esmurrar a porta gritando:

"QUÍRON! QUÍRON! ACORDA! É UMA EMERGÊNCIA!" E me afasto da porta apoiada nos joelhos para recuperar o fôlego.

Pouco tempo depois, ele aparece na sua forma original de centauro, exibindo a parte de baixo de um corcel branco. Ele me olha angustiado e pergunta:

"O que foi criança? O que aconteceu?!"

"A árvore...Thalia...envenenada." Digo arfando." Estava passando...vi algo estranho e quando cheguei lá, tinha uma gosma verde saindo do tronco"

Quíron fica pálido. Ele me pega e coloca em seu lombo e sai galopando até o pinheiro. Chegando lá, desço e lhe mostro o veneno.

"Como isso aconteceu?!" Pergunta incrédulo.

"Não sei. Estava sem sono e fui andar pelo acampamento. Aí quando passava por aqui senti algo estranho com a barreira e quando cheguei, vi o veneno e fui direto te avisar." Explico.

Quíron olha o veneno com uma expressão preocupada que eu nunca tinha visto antes.

"Ele está desesperado" penso. Abaixo o olhar para meus pés e me pergunto que tipo de ser humano eu sou.

O sonho muda. Agora eu estava no Princesa Andrômeda, no mesmo ano, na cabine do capitão observando uma cena que acontecia no convés do navio com uma empousa (monstros mulheres que tem cabelo de fogo, uma perna de metal e uma de burro) do meu lado. No convés, estava acontecendo uma luta entre os monstros de Luke e um bando de centauro selvagens. No meio da algazarra, vi Quíron pegar um garoto de cabelo escuro e uma menina loira e colocá-los em seu lombo e um ciclope montar em outro e todos saíram a galope do navio.

"Ainda bem! Eles escaparam." Penso e dou um meio sorriso. Pelo que eu soube, Luke estava tentando pegar o Velocino de ouro, mas aqueles garotos o conseguiram primeiro.

Pouco tempo depois, Luke entra na cabine soltando fogo pelos olhos e dá um chute na mesa que a faz voar e parar do outro lado.

"EU VOU MATAR ELES! TODOS ELES!" Ele grita e começa a esmurrar a parede. Aquele foi o único momento que agradeci aos deuses por estar no navio. Mas o sonho piorou antes de melhorar.

Agora, quase dois anos depois, toda a tropa de monstros de Luke descia para o labirinto de Dédalo. Ele pretendia fazer um ataque surpresa ao Acampamento para aumentar nossa vantagem, mas para chegar lá, tivemos que passar pela arena de Anteu, um monstro filho de Poseidon. Ele exigia que lutássemos para diverti-lo e quanto chegou a minha vez, tive o pior pesadelo da minha vida. Naquela época já havia conseguido o colar depois de um ano em uma missão suicida (sei que já é a segunda vez que menciono essa missão, mas paciência, já conto dela para vocês). Desci até a arena e aguardei meu oponente. Luke estava com um sorriso assustador naquela hora. Minha oponente era uma dracaenae (monstros mulheres que tem duas cobras no lugar das pernas). Ela trazia consigo uma corrente, um punhal, dois chicotes e uma haste de ferro com a letra grega Ω (Ômega) achatada na ponta. Não sabia para que servia aquilo mas descobri mais tarde da pior maneira possível.

A luta começou.

"Venit." Digo, e duas pequenas adagas aparecem em minhas mãos e avanço contra o monstro. Desfiro pequenos cortes contra seu corpo tentando lesioná-la, mas ela os apara com seu punhal. Ela pega um chicote com a mão esquerda e o estala próximo a meus pés. Dou um pulo na direção dela com as adagas apontadas para seu pulso, mas antes que eu acertasse, ela me acerta na boca do estômago com o cabo do punhal e num movimento rápido, sobe a lâmina no lado direito do meu rosto fazendo um corte pouco fundo em meu rosto que começava mais ou menos no final da bochecha e subia cortando as pálpebras terminando pouco acima da sobrancelha.

Dou um pulo para trás e levo a mão direita ao corte. Senti o sangue molhar minha mão e da plateia lotada, um grande "ôôôôôôh" foi ouvido, emitido em uníssono pelos monstros. Ainda enxergava com o olho direito, mas por pouco não ficara cega.

"O que foi? Esssssstá com medo?" A dracaenae sibila. Fecho a cara para ela e avanço com raiva. Ela estala seu chicote a poucos centímetros de minha cabeça. Eu desvio e chego mais perto, tomo impulso e pulo dando-lhe uma joelhada no queixo. Ela cai de costas e eu cuspo em sua cara.

"Talvez isso responda sua pergunta." Respondo.

A plateia grita “VIXXX”, mas meu momento de gloria não dura muito tempo. A dracaenae enrosca uma de suas pernas nas minhas e puxa, me fazendo cair de bunda na arena. Ela se levanta e, com o punhal, faz mais dois cortes em meu rosto. Um atravessando o nariz e outro nos lábios. Sinto o gosto metálico do sangue e seguro seu pulso antes que fizesse um quarto. Jogo uma das facas em sua perna que se crava fazendo jorrar pó de monstro. Ela grita e desenrosca minhas pernas. A empurro com os pés e ela cai de costas, depois sento sobre ela e coloco uma das facas em seu pescoço. Ergo o olhar para Anteu. Ele estava fazendo o sinal de "joinha" com a mão fechada e o polegar estendido virado de lado, mas antes de dar a ordem, Luke diz alguma coisa para ele que só ouvi por causa do bracelete.

"O show está só começando! ”. Anteu dá um sorriso e recolhe a mão. Sinto um objeto metálico sendo colocado em meu pescoço pela dracaenae. Olho assustada e saio de cima do monstro.

"Reditum" digo. O colar volta a meu pescoço e levo a mão direita procurando o que a dracaenae havia prendido em meu pescoço. Ao tocá-lo, sinto um aro chato te metal preso por um cadeado e uma corrente extensa prendia-me ao chão da arena.

"O QUE SIGNIFICA ISSO?!" Exclamo para o monstro.

"Bem-vinda ao mundo real meio-ssssangue" ela sibila. Tento puxar a corrente, mas estava cravada no chão. Quando volto o olhar para a dracaenae, sou recebida com um soco forte na cara e vou de encontro ao chão da arena vendo tudo embaçado. Ouço ela se aproximando e tento me levantar quando sinto os chicotes nas minhas costas. Arqueio o corpo de dor e grito. Senti o sangue saindo pela pele aberta. Tento me virar, mas a dracaenae estala novamente o chicote. Grito de dor enquanto a arena gargalhava com minha desgraça. Senti o monstro chegando mais perto. Não consegui me mexer pois concentrava a energia tentando aliviar a dor. Ela pega meus pulsos e os amarra junto às costas com o couro do chicote. Depois, sinto ela me puxando e eu via a corrente se esticando cada vez mais forçando-me a manter o corpo estendido. Tento me levantar, mas o monstro pega o outro chicote e o estala em minha perna.

"Ajoelhe-ssssssse" ela diz.

Tento me virar, mas ela pressiona meus joelhos contra o chão e me ajoelho perante a arena. Ela chicoteia minhas costas mais algumas vezes, a ação estimulada pelas risadas e gritos de viva dos monstros e meus gritos de dor. Esta era lancinante e eu já suava tentando amenizá-la e então, ela parou subitamente. Tive medo de olhar para trás, mas a curiosidade foi maior. Virei um pouco a cabeça e pelo canto do olho, vi o monstro cuspindo fogo na haste de ferro do lado onde tinha a letra "Ômega" até que esta brilha-se com o ferro aquecido. A dracaenae ergueu a haste e todos gritaram "VIVA" ao mesmo tempo. Olhei para Anteu e o vi fazendo o mesmo sinal de "joinha" para o lado. Depois que a arena se silenciou, ele deu o veredito.

Fechei os olhos o mais forte que pude e aguardei meu destino.

O ferro em brasa entrou em contato na minha pele e a única coisa que pude fazer foi gritar de agonia enquanto a dor de minha pele sendo marcada pelo ferro em brasa se espalhava pelo meu corpo. Enquanto gritava, sentia como se a corrente em meu pescoço apertasse me deixando sem ar e aos poucos, o sonho começou a se desfazer.

Acordei nesse momento e senti garras em volta do meu pescoço. Uma empousa estava sobre mim e pressionava minha garganta impedindo-me de respirar. Eu me debatia tentando me livrar dela, mas ela colocara seus joelhos sobre meus braços e eu não conseguia me mexer.

"Que bom que encontrei carne fresca." A empousa disse e a senti arranhando meu pescoço. Uma queimação começou a percorrer meu corpo lentamente a partir daquele ponto: veneno.

A empousa desceu de cima de mim, suponho que para analisar uma última vez sua presa antes de atacá-la. Tentei me mexer, mas o veneno se espalhava impossibilitando meus movimentos. Minha visão começou a escurecer e a última coisa que me lembro, é de a empousa pulando sobre mim e depois explodindo em poeira. Caí na escuridão antes de ver quem tinha salvo minha vida.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítuo será narrado por outro personagem. Quem vocês acham que será?



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