A Herdeira do Olimpo escrita por Nogitsune Walker


Capítulo 15
"Você poderia acordar, sabia?"


Notas iniciais do capítulo

Sim! Esse capitulo demorou pra caramba e Sim! vocês podem arrancar meu coro por conta disso, eu mereço. A má noticia é que minha semana de provas está próxima, entao..i'm so sorry, nao tenho revisão do proximo cap, mas espero que aproveitem esse ao máximo, ok?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720282/chapter/15

Pietro

 

"Você precisa ir para o acampamento" o ciclope disse "no caminho te explico."

Eu poderia muito bem ter ido direto para casa quando terminasse o trabalho como meu pai pediu, mas nãaaaaaaaaao, eu tinha que parar no supermercado pra comprar besteiras. E no que deu isso??? Simples: encontro um ciclope e uma harpia no supermercado, descubro que minha mãe é uma deusa, que sempre estive cercado de monstros e que teria que ir para um lugar cheio de outros como eu, sem avisar meu pai e o pior de tudo: COM FOME! Só mais um dia normal na minha vida.

Reviro os olhos para mim mesmo enquanto saía da tal casa grande depois de um vídeo explicando tudo. "Parabéns Pietro! Como você vai explicar isso para o seu pai?" Penso comigo mesmo enquanto passava a mão pelos fios negros de meu cabelo e ajeitava a touca que os prendia. A noite estava um pouco fria, eu usava uma calça jeans e uma blusa de manga longa fina que mal impedia que o vento gélido fizesse meus dentes tremerem de frio. Aprumei o passo enquanto seguia em direção à um lugar onde, segundo o ciclope, Tyson, estaria acontecendo uma fogueira com o resto dos campistas. Quando já podia ouvir a música, mesmo que ainda baixa por conta da distância que ainda faltava, um vento mais forte soprou, tirando minha touca e a erguendo alguns metros no ar. Paro de andar e tento me manter de pé enquanto a ventania golpeava minhas roupas.

"EI! VOLTE AQUI SEU LADRÃO DE TOUCAS!" Grito. Estranhamente, o vento para 8he minha touca cai no chão à alguns metros. Corro até ela e, quando me curvo para pega-la do chão, uma voz ecoa pelo vale.

"Ha-ha. Em breve semideuses, muito em breve." Sinto um leve calafrio, mas a voz não volta a falar, então pego e ajeito a touca na minha cabeça.

"Semideus, ciclopes, harpias, vozes esquisitas...não tem como esse dia ficar mais estranho." Resmungo enquanto continuava meu caminho. A música havia parado, mas eu já sabia para onde ir. Depois de alguns passos distraídos, alguém passa correndo e esbarra em mim com força.

"Ei, calma. Está fugindo do que?" Pergunto irônico, mas assim que identifico a figura na minha frente a ironia passa para preocupação. "Caramba, você está bem?"

A garota que esbarrara em mim, não devia ter mais que dezesseis anos. Tinha cabelos castanho-escuros com algumas mechas brancas tão curto quanto o meu, estava bem pálida e através da roupa rasgada em vários pontos percebia-se o quanto estava magra e machucada. Os olhos de um azul bem claro me encaravam, ao mesmo tempo vidrados e assustados. Seguro seus braços pois parecia que ela iria cair pela forma como suas pernas tremiam. Ela estava gelada.

"Eu..." começa com a voz meio rouca, mas não consegue terminar a frase. Ela arfava como se o ar não conseguisse chegar aos pulmões e parecia que iria vomitar a qualquer segundo. Mantenho a calma e olho em volta. Vejo um pequeno grupo ao longe se movendo.

"Calma, Aguente. Vou chamar ajuda." Digo enquanto soltava seu braço, mas ela o segura com um movimento rápido. Olho para ela. "Quer que eu fique aqui com você?"

Ela não responde, mas seu corpo fala por ela. Sua mão afrouxa e ela pende para frente, os olhos vidrados se fechando. Me apresso e a seguro antes que caísse, ela havia desmaiado. "Droga. E agora?" Penso. Ajeito seu corpo leve em meus braços deixando que sua cabeça repousasse em meu peito e me levanto apressado, correndo em direção ao grupo que se aproximava.

"EEEEI!!! AQUI!" Grito enquanto corria. Eles ouvem e vem em minha direção. Um cara grande que parecia estar montado em um cavalo branco apressou-se à frente do grupo e galopou até mim. Quando se aproximou, vi que era na verdade um centauro, não um cara montado num cavalo, mas não é hora para isso! Eu estou com uma garota desmaiada aqui!

"Ela simplesmente desmaiou!" Exclamo para o centauro enquanto este pegava a garota de meu colo e a deitava gentilmente no chão. Poucos segundos depois, o resto do grupo chega e um rapaz loiro de cabelo encaracolado corre para a garota.

"Se afastem!" Pede para os outros que já formavam uma rodinha de curiosos em volta de nós.

Do bolso do casaco, o loiro tira um estetoscópio e faz uns exames rápidos na garota. Uma outra ruiva aparece depois e arfava enquanto se apoiava nos joelhos, como se tivesse corrido até ali.

"Will...ela está bem?" Pergunta entre uma respiração pesada e outra. Da multidão, um outro murmura.

"Quem diria que a irmã do Jackson fosse tão fracote." Alguns risos, mas a garota ruiva não pareceu gostar muito. Ela avançou como um furacão no pescoço do cara que tinha dito isso, derrubando-o no chão.

"Retire o que disse seu saco de estrume de Minotauro ambulante!" Grita raivosa enquanto socava o garoto.

"Dá para vocês dois pararem de brigar?!" Will grita enquanto posicionava o estetoscópio de modo a ouvir a respiração da garota. Depois que alguns adolescentes do grupo conseguiram tirar a ruiva de cima do cara e este saiu com o nariz inchado e um olho roxo, Will explicou. "Não é nada grave, ela só teve uma queda de pressão já que estava de estômago vazio. Deve acordar daqui a algumas horas, mas é bom dar Néctar para ajudar a recuperar as forças."

A ruiva suspira aliviada e me olha de esguelha ao notar que eu estava ali.

"Você é novo aqui?" Aceno.

"Cheguei há alguns minutos. Sou Pietro Mattore. ” Me apresento.

“Rachel. ” A ruiva se apresenta.

“Ela vai ficar bem?" Pergunto apontando para a garota que jazia agora em uma maca enquanto era levada por dois adolescentes até a casa grande. (Só tem adolescentes aqui?) Rachel ergue uma sobrancelha.

"Vai. Ela é durona. Não vai ser um estomago vazio que vai derruba-la." Responde, mas pelo jeito como falara, parecia querer convencer mais a si mesma que a mim.

"Que bom. Isso inclui: Garotas desmaiando, Centauros e Ruivas que estapeiam garotos na minha lista de coisas estranhas do dia." ela dá uma risadinha e estende a mão, ajudando-me a levantar. Tiro a poeira da calça. "Será que tem como esse dia ficar mais esquisito?"

"Não, por favor. Não diga essa frase." Diz olhando em volta preocupada.

"Por que?" Pergunto confuso.

"Isso é quase como um tabu aqui. Sempre que alguém pergunta: Tem como piorar? Ou: Tem como ficar mais estranho? Isso é.…" Um uivo alto interrompe a explicação dela e os adolescentes parecem despertar de um sono e desembainham suas espadas, facas ou qualquer objeto cortante que estivesse por perto. O centauro pega um arco que trazia consigo nas costas e prepara uma flecha. Rachel se apressa do meu lado. "É exatamente o que acontece." Termina a frase.

"Isso foi um lobo?" Pergunto olhando para a floresta onde um imenso lobo negro apareceu por entre as árvores. À sua volta, havia cerca de quinze figuras menores sobre duas pernas. Por um segundo me senti aliviado.

"São quinze caras mal-encarados e um lobo gigante, vocês estão em trinta. Acho que dão conta." Digo otimista enquanto me virava para encarar Rachel. Ela balança a cabeça negativamente.

"Olhe de novo." Responde e quando me viro para olhar, havia quinze lobos tão grandes quanto o negro que se prostrava à frente do grupo. Um gritinho esganiçado involuntário me escapa. "Lobisomens?"

Ela me pega pelo braço e me puxa correndo de volta à casa grande.

"Eles dão conta, certo? Quer dizer, há reforços, não é?" Pergunto enquanto arfava, acompanhando seus passos rápidos. Ouço outro uivo e olho rapidamente por cima do ombro, vendo de relance a cena. Os lobos começaram a correr em direção aos campistas com um olhar assassino. O centauro atirou uma flecha que se cravou na pata de um lobo cinzento, fazendo-o tropeçar e cair. Os outros não se deixaram abalar, continuaram avançando e, em poucos segundos, a batalha começou.

Era uma cena incrível e horrorosa ao mesmo tempo. Todos lutavam incansavelmente, lobos atacando e semideuses defendendo. Meus olhos mal acompanhavam o furacão de pelos, garras e espadas e eu poderia ter ficado horas observando tudo boquiaberto. Só quando tropecei nos degraus que levavam à varanda da casa grande que desviei o olhar. Subimos e entramos em um quarto de onde era possível observar tudo através de uma janela. A garota que esbarrara em mil mais cedo estava deitada em uma das camas, enquanto balbuciava algumas palavras sem sentido. A ruiva arfava com a corrida, mas não desviava o olhar da janela. A luta continuava e me senti inquieto por um segundo.

"Por que fugimos enquanto eles estão lá, lutando?" Pergunto, indignado comigo mesmo por essa atitude.

“Use o bom senso! Você acabou de chegar e mal deve saber empunhar uma espada, e eu não sei lutar. Se ficássemos lá seríamos alvos fáceis e isso atrapalharia os outros. ” Explica. Volta e meia ela desviava o olhar para a garota descansando na cama, mas logo tornava a encarar a luta. Reflito um pouco sobre o que ela disse, olho em volta e identifico encostada em um canto a bainha de uma espada. Bufo, dispensando seu comentário e vou até a espada, empunhando-a e testando seu peso. Era uma Estoque, exatamente o tipo que eu estava acostumado a usar. O peso e tamanho perfeitos, como se houvesse sido forjada especialmente para mim.

“Não vou ficar parado enquanto uns bandos de adolescentes superpoderosos lutam com lobisomens. ” Solto e caminho decidido em direção à porta, prendendo a bainha da espada em meu cinto. Antes de sair pela porta, paro e analiso a situação, soltando uma gargalhada em seguida. “Nunca pensei que diria essas palavras. ”

“Sarcasmo não vai ajudar você. ” Rachel retruca. Olho para ela e dou de ombros.

“Não custa nada tentar. ” Respondo e saio da casa, correndo direto para a luta com espada em punho.

Fiz uma varredura rápida, procurando alguém que precisasse mais de suporte e vejo uma garota recuando de um imenso lobo cinza, e parecia ferida. Corro até lá o mais rápido que consigo e chamo a atenção do animal.

“EI! ” O lobo se vira para mim e rosna, furioso. Os olhos verdes brilhando de ódio. A garota estava com um corte na testa de onde saía sangue, suada e suja de fuligem. Encaro o animal mesmo que este fosse bem mais alto que eu, forçando-me a inclinar a cabeça para alcançar seus olhos. “Por que não deixa a garota em paz e mexe com alguém do seu tamanho? ”

Ele vira o seu corpo lentamente para mim e flexiona as patas. Entro em posição de ataque e, quando ele vê que não vou recuar, avança. Espero até que se aproxime o suficiente, fazia tempo que eu não empunhava uma espada mas torcia para não estar enferrujado. Quando o animal estava próximo, guino para a esquerda e corto seu flanco com a ponta do estoque. Ele aterrissa alguns metros à frente e, em milésimos de segundos, vira-se e tenta ferozmente me acertar com suas garras e dentes. Eu bloqueava seus ataques e atacava sempre que podia, como se cada movimento do imenso lobo estivesse tão previsível que acertá-lo não era um problema.  Em alg7ns minutos, ele estava ferido e cansado ao pondo de suas pernas tremerem sobre seu peso, enquanto eu apenas suava. O animal nos rodeou, procurando quaisquer brechas para atacar, mas como não encontrou, bufou indignado e correu para o maio da luta que ainda acontecia.

Havia vários feridos e fogo pelo campo que resistiam com a espada em punho e impedindo que os lobos avançassem, muitos destes com cortes feios pelo corpo. A luta não parava, lobisomens atacando e semideuses defendendo, ambos lados dando o máximo de si nessa luta que poderia ser a diferença entre a vida e a morte. Volto-me para a garota atrás de mim.

“Você está bem? ”

“Estou. Obrigada. ” Responde com a voz rouca. Ela se apoia na espada e recupera o fôlego.

“É normal isso acontecer por aqui? ” Ela ergue os olhos.

“Ultimamente, sim. ” Responde. Em seguida, ouve-se um estrondo como se uma bomba houvesse explodido na água e uma coluna enorme desta se ergue da praia, avançando para a luta de forma rápida. A garota suspira cansada e enxuga o suor da testa. “Graças aos deuses! Não aguentaria mais um segundo. ”

Eu não reagi da mesma forma. Ouvi um gritinho abafado que tinha certeza que havia saído da minha garganta quando vi aquele paredão de agua se aproximando, mas rezava para que ninguém mais tivesse ouvido. Encaro a garota sem entender.

“Está agradecendo aos deuses por uma onda gigante estar vindo em nossa direção? ” À nossa volta, quando todos viram o que se aproximava, as lutas pararam instantaneamente. Os semideuses explodiram em vivas e gritos de vitória enquanto os lobos, assim como eu, encaravam tudo perplexos. Minhas pernas bambeiam quando a onda crescia. “Vocês só podem estar loucos! Isso vai matar todos nós! ”

A garota ri.

“Não se preocupe. Percy é só um pouquinho lerdo, mas não vai nos afogar. ” Responde calma. À essa altura, os lobisomens recolhiam alguns corpos no chão que supus serem seus feridos e os colocavam sobre suas costas, batendo em retirada em seguida. Foi tão rápido que os campistas só perceberam que eles estavam batendo em retirada quando a onda estava a poucos metros.

“Eu vou morrer. ” Murmuro.

“Não se preocupe. ” Ela responde calma, mas não soou muito convincente para mim. Minha reação ao ver aquele paredão de água de vinte metros de altura foi me encolher, fechar os olhos e aguardar o impacto, e foi o que fiz. (Só que de forma um pouquinho exagerada)

“Ai meu Deus! Eu vou morrer! Eu vou morrer! ” Gritei por impulso enquanto estava encolhido. Não estava preparado para esse tipo de experiência! Quando não senti o impacto dá água, estranhei e, um pouco tremulo, abri os olhos e a visão me surpreendeu.

Para começar: eu estava vivo! E, por mais bizarro e estranho que pareça, estava completamente seco. Ao meu lado, a garota apertava a barriga de tanto rir.

“Eu devia ter gravado essa cena. Foi épica! ” Dizia enquanto gargalhava como uma foca engasgava, os olhos lacrimejando. Fecho a cara para ela.

“Não foi engraçado! ” Resmungo enquanto embainhava minha espada e ela a dela.

“Não, foi hilário! Você gritou igual a uma criança assustada, haha” ela já apertava a barriga de tanto rir. Resolvo ignora-la pois o que acontecia ainda era muita coisa para o meu recém descoberto cérebro semideus.

Primeiro: toda aquela parte do vale estava inundada até meus cotovelos com água do lago. Segundo: em volta de todos os semideuses, da casa grande, de mim e da garota, estava completamente seco, como se houvesse um campo de força invisível à nossa volta. O garoto que eu vira antes que estava no topo da onda gigante, apareceu algum tempo depois e, com um aceno, as águas começaram a regredir para o lugar de onde vieram, baixando de volume. Estendo a mão e as toco, só para ter certeza de que aquilo estava realmente acontecendo, e a água fria molhou minha mão.

“Como isso é possível? ” Murmuro para mim enquanto o vale voltava ao normal e alguns dos semideuses iam e carregavam outros feridos até a enfermaria. A garota toca meu ombro e me viro para ela.

“Percy, aquele que estava em cima da onda, é filho de Poseidon. Então ele meio que consegue fazer essas coisas. ” Explica. Ela olha em volta e vê um campista deitado e que parecia bem machucado e vai até ele, fazendo sinal para que eu a acompanhasse. “Você lutou bem, mas não me lembro de tê-lo visto aqui antes. É novato? ”

“Sim. Sou Pietro. ” Me apresento.

“Me chamo Gina, Gina Torres. ” Responde. Paramos de andar e ela se agacha ao lado foi campista que estava com um olho Roxo. Havia sangue escorrendo por sua boca e ele gemeu de dor quando Gina apalpou seu tórax. “Está com algumas costelas quebradas. Vou procurar os paramédicos. Tente não se mexer muito. ” O garoto acena lentamente e seu rosto se contrai de dor.

“Aqui é animado assim sempre? ” Pergunto enxugando o suor da testa e alongando o braço dolorido. Gina se levanta e faz sinal para dois garotos que traziam uma maca se aproximarem. Eles vão até o que estava caído e prestam socorro.

“Não sempre, mas ultimamente estamos enfrentando alguns problemas com uma alcateia de lobisomens. ” Responde seguindo para a enfermaria.

“Que tipo de problemas? ”

“Bom, há aproximadamente um mês, alguns campistas simplesmente sumiam. Houve boatos de lobos gigantes espreitando a barreira mística e tivemos que montar uma patrulha, mas eles ainda conseguiam levar alguns. Eram só boatos até hoje de manhã, aí tivemos mais informações e descobrimos que eles estavam procurando um tal semideus especial para uma bruxa, algo assim. ” Resume.

“O que essa bruxa quer com o semideus? E pelo menos sabem alguma coisa sobre esse especial?

“Ninguém sabe o que a bruxa quer, a garota que nos pôs a par dos motivos também não sabia. Quanto à o semideus especial, o oráculo falou alguma coisa sobre Heres Olympus e recebemos uma profecia, mas nunca ouvi falar sobre esse tal Heres Olympus.” Minha cabeça começou a doer. Lobisomens, bruxas, oráculos, profecias...era como se meu livro de fantasia houvesse saltado das páginas. Gina percebe que eu estava confuso. “Desculpe, deve ser muita informação para você. ”

“Imagina. Estou aqui há menos de uma hora e uma garota desmaiou nos meus braços, lutei contra um lobo gigante, vi um garoto erguer água de um lago e soube que existem oráculos, profecias e essas coisas tudo aí. ” Respondo irônico massageando as têmporas. Gina Ri.

“Você se acostuma. Agora, já que você é novato então provável que seja indeterminado, então vai ficar no chalé de Hermes até ser determinado. ”

“Como assim? ”

“Cada deus tem seu chalé aqui para cada um dos seus filhos e quando não sabe qual deus é o seu pai ou sua mãe, você vai para o de Hermes até ser reclamado. ”

“Ah, tá. No meu caso, acho que deve ser mãe, já que meu pai é.…mortal, certo? ” Ela acena. “Você é de qual chalé? ”

“Apolo. ”

“O cara do sol? ”

“E das profecias, das pragas, da cura. Sim, ele mesmo. ” Responde estufando o peito de orgulho.

“Legal. Então, eu só vou sair do chalé de Hermes quando descobrir qual deusa é minha mãe, e isso só vou saber quando ela me reclamar ou seja lá o que isso quer dizer. ”

“Basicamente. ”

“E quando isso vai acontecer? ”

“Não deve demorar muito, é só esperar. ” Responde e entramos na enfermaria.

O lugar estava um caos. Havia gente correndo de um lado para o outro procurando buscando medicamentos, feridos cambaleando pelo lugar e o cheiro de sangue era nauseante. Gina suspirou fundo ao meu lado.

“Vou ajudar meus irmãos com os feridos. Procure Quíron quando sair daqui, ele vai te mostrar o chalé de Hermes. ” Diz e começa a se afastar. Me apresso e a seguro pelo braço.

“Espera! Quem é Quíron? ”

“O centauro. Ele deve aparecer aqui para ajudar também. ” Responde e sai apressada. Fico encarando ainda o lugar que ela deixara vazio, sem saber o que fazer até que avisto por cima da multidão, a garota que eu vira mais cedo.

Não havia ninguém guardando seu leito, nem Rachel, a ruiva de antes. Sinto um formigamento na boca do estômago que se espalha pelo meu corpo com.um formigamento e vou até a garota. Ela estava ainda mais pálida que antes, suava muito e seus lábios estavam rachados. Agora, com a luz da enfermaria, pude ver melhor alguns detalhes que não conseguira antes por conta do breu. Seus olhos estavam envoltos por escuras e fundas olheiras e ela estava incrivelmente magra. Havia três cicatrizes em seu rosto, uma cortando o canto direito de seus lábios, outra atravessando seu nariz e uma outra cortando a pálpebra de seu olho direito que Supus serem cicatrizes de batalha. Pelos cortes de sua roupa que agora mais pareciam farrapos, além das feridas que deviam ser recentes, notei também algumas linhas brancas, finas e grossas que se cruzavam que, até onde percebi, estavam espalhadas por todo seu corpo. Em sua mão, havia uma marca mais grossa e disforme circundando seu pulso, mas quase imperceptível. Estendo a mão quase instintivamente para toca-la e, assim que meus finos dedos tocam sua pele fria, ela reage imediatamente segurando meu pulso em um movimento rápido. Me assusto, mas não faço nenhum movimento. Encaro seu rosto e percebo que ainda dormia, apesar de seu agarre ser bem firme. Seus olhos estavam apertados, as sobrancelhas franzidas e seus lábios se moviam, balbuciando trechos inaudíveis de frases confusas.

Lendário...décimo segundo nascido...cada cem anos...bênçãos dos deuses…” e então ela arfava e repetia tudo, como um mantra. Pelo canto do olho, vejo Rachel se aproximando e encostando na cama, olhando de forma preocupada para a garota.

“Ela não parece bem. Está suando, falando sozinha...parece que está tendo um pesadelo. ” Digo para Rachel. Ela acena e vejo que nota que a garota havia agarrado meu pulso.

“Ela ESTÁ tendo um pesadelo, são os únicos sonhos que ela tem. ” Murmura.

“Isso é normal? ”

“Para Maya, é sim. ” Eu ia perguntar como isso poderia ser normal, quando uma voz no meio da algazarra começou a gritar.

“CHRIS?! CHRIS! VOCÊ ESTÁ AÍ? ” Rachel franze as sobrancelhas e olha por cima, procurando esse tal Chris. O cara que estava gritando veio até ela e reconheci o garoto que Rachel havia estapeado. O rosto ainda estava um pouco vermelho, mas nada sério. Ele segurou Rachel pelos ombros. “Você viu Chris? Não consigo encontra-lo. ”

“Não vi, Uriah. Ele deve estar ajudando com os feridos. ”

“Não está! Corri o acampamento inteiro procurando por ele e não estava em lugar nenhum! O desgraçado sumiu! ” Ele parecia com raiva, mas ao mesmo tempo preocupado.

“Para que está atrás dele? ”

“Por que não estaria? Ele pode ser um babaca, mas ainda é meu amigo! ”

“Acho que não tem como ele ser mais babaca que você. ” Deixo escapulir quando lembro dele insultando a garota mais cedo. Ele se vira para mim, os olhos azuis brilhando de ódio, me segura pela gola da camisa e aponta para mim.

“Escute aqui, novato, não se meta do que não é da sua conta e se falar assim comigo mais uma vez, vou chutar sua bunda tão forte que vai usar muletas pelo resto da vida. ” Senti uma gota de suor descer pela minha testa. Não sei se era pelo fato dele ser um pouco mais alto que eu ou por ser praticamente o dobro do meu tamanho em músculos, mas aquele cara parecia ser bem capaz disso.

“Deixe o garoto em paz, Uriah. Se Chris sumiu, há uma possibilidade de os lobisomens terem o levado. Temos que avisar Quíron e ver se não há mas ninguém desaparecido. ” Diz puxando o braço do cara inutilmente. Ele ainda me fuzila com o olhar antes de me soltar.

“Tudo bem. Onde ele…” começa, mas sua fala é interrompida quando a porta da enfermaria abre de uma vez com um baque forte e um homem ruivo bem alto e musculoso aparece, arfando um pouco e com a expressão de raiva.

“Onde ela está?!” Grita por cima da conversa que corria no lugar e fazendo todos os semideuses se calarem de uma vez. “ONDE ELA ESTÁ?!” Pergunta de novo. Como vê que ninguém sabia do que ele estava falando, bufa de raiva e esmurra a porta, entrando no lugar e olhando por cima dos semideuses procurando alguém.

“Droga. ” Uriah pragueja e vai pisando fundo até o ruivo, interpondo-se entre ele e o resto dos semideuses. O ruivo ainda era bem mais alto, mas Uriah não pareceu se importar. “Quem é você e como conseguiu entrar aqui? ”

O ruivo tentou forçar passagem, mas Uriah não deixou.

“Saia da minha frente! ” Esbraveja o ruivo, mas Uriah desembainha um punhal que trazia no cinto e o aponta para o coração do ruivo.

“Se não responder, vou enfiar isso no seu coração de merda. Agora, quem é você e como conseguiu atravessar a barreira? ” O ruivo fecha a cara pra Uriah e seus olhos pareceram brilhar por um segundo. Na porta da enfermaria, outras duas pessoas apareceram, um homem e uma mulher. Eles arfavam como se tivessem corrido uma maratona e fizeram menção de entrar também, mas os semideuses os impediram.

“Ele... não pode ser…” Rachel sussurra para si mesma, perplexa, como se não acreditassem no que seus olhos viam. Na cama, a garota aperta um pouco meu pulso.

“Kye…” ela geme em um sussurro. Todos olharam para nós, inclusive o ruivo.

“Maya? MAYA! ” Ele exclama e passa por Uriah, afastando a lâmina do sem8deus com um empurrão e abrindo caminho apressado na multidão. Ele vem até a garota e afaga seus cabelos curtos. “Estou aqui, princesa. Eu prometi que voltaria. ”

Ela, Maya, relaxou a mão e soltou meu pulso ao ouvir a voz do ruivo que deduzi que fosse o Kye, parou de suar e tremer e sua expressão suavizou um pouco. Kye leva a mão com cuidado para pegar sua mão, mas trava ao perceber a situação de seu corpo. Ele fecha a mão em punho e se vira bruscamente com uma expressão raivosa.

“QUEM É O RESPONSÁVEL POR ISSO?!” Grita. Ele me olha de esguelha com uma expressão assassina, mas eu ergo os braços em rendição.

“Não olha para mim. Cheguei não tem nem uma hora e fui eu que peguei ela quando desmaiou. ” Ele se vira para o resto da enfermaria e, estranhamente, todos os semideuses ficaram pálidos de medo.

Como se tivessem ensaiado, eles se afastaram para os cantos abrindo caminho até Uriah que permanecia de braços cruzados e um olhar superior.

“Fui eu, e daí? Vai fazer o qu…” antes que terminasse a última palavra, Kye avançou como um raio até Uriah, o segurou pela gola da camisa e o pressionou contra a parede, erguendo-o vários centímetros acima do chão.

“Se você encostar um dedinho, só um mísero dedo nela, vou te dar uma surra tão grande que seus descendentes vão usar cadeiras de rodas até as casas aprenderem a voar! Fui claro ou você quer que eu te dê uma amostra? ” Uriah ficou branco como papel e soltou um ganido nada masculino e concordou avidamente com a cabeça. “Ótimo! ”

Kye o solta e ele cai desengonçado no chão, se levantando atrapalhado e correndo aos tropeços até a porta. Kye se vira e volta para ficar ao lado de Maya, puxando uma cadeira e se sentando ao lado dela na cama. Os semideuses o encaram por alguns segundos, mas logo voltaram a o que estavam fazendo.

“Você disse que a segurou quando ela desmaiou, certo? ” Ele me pergunta.

“Foi. ”

“Obrigado. ” Agradece. Rachel assistia a tudo boquiaberta, e só retornou a si quando o homem e a mulher que estavam na porta da enfermaria se aproximaram.

“Espera aí! ” Ela aponta para Kye e depois para os outros dois. “O que é você, quem são vocês e como atravessaram a barreira? ”

O homem e a mulher se entreolham como se discutissem se falavam ou não, mas foi Kye quem se pronunciou.

“O rapaz aí se chama Jonas. ” Diz apontando para o cara. Ele era alto, em forma, mas um pouco magro. Tinha cabelos castanhos grandes com duas mechas trançadas no estilo rastafári, uma tatuagem no braço direito, alargador e vários piercings nas orelhas e os olhos cor violeta. Usava uma calça jeans, uma blusa azul com um símbolo com umas estrelas e trazia uma jaqueta amarrada na cintura. Kye continuou. “Ele é brasileiro. Fala inglês mas mistura algumas palavras às vezes. A garota se chama Luana e.…eles são lobisomens. ” Todos na enfermaria pararam o que estavam fazendo e encararam os lobisomens. Alguns levaram as mãos às armas e Jonas se interpôs entre eles e Luana. “Devem ser namorados. ” Mas Kye logo suaviza a situação. “Não se preocupem, eles estão do seu lado. Não vão atacar vocês. ” Explica. Os semideuses guardam as armas mas pareciam mais tensos com a presença dos dois. “Ela entrou por conta de uma parte da maldição da bruxa que deu esse livre acesso à alcateia dela. Ele entrou por que eu dei permissão. ”

“Você deu permissão...como você entrou e o que é você? ” Exclama Rachel.

“Maya me deu permissão quando viemos investigar. Quanto à o que sou, originalmente sou um grifo, mas aconteceram algumas coisas e agora posso me transformar. ” Ele olha de esguelha pra Maya que começara a respirar profundamente, como se seu sono ficasse mais pesado. “Vi quando Poseidon a reclamou, e quando você proclamou a profecia. Tem alguma ideia do que possa significar? ” Rachel balança a cabeça negativamente.

“Tenho apenas suposições. Acho que O filho do submundo seria Nico, e Acenderás ou Cairás ao reaver a memória roubada… ao menos sabemos que ela vai recuperar a memória. Quanto ao resto, não tenho ideia do que possa significar. ” Minha cabeça começa a doer de novo. Muitas informações de uma vez só. Kye limpa a garganta e suspira pesaroso.

“Temos más notícias, principalmente para Maya, mas gostaria de conversar em particular com Quíron e seus líderes. Luana também tem um plano que acha que pode funcionar, conseguiríamos resgatar os semideuses sequestrados, mas vai precisar de ajuda. ” Rachel acena.

“Tudo bem. ” Ela dá uma rápida passada de olho na multidão e acena para um garoto moreno, que se aproxima. “Esse aqui é o Percy, o.…hum…”

“Sou meio irmão da Maya. Também sou filho de Poseidon” responde. Kye ergue uma sobrancelha e o mede de cima a baixo como se tentasse acreditar na audácia dele ao já se intitular meio irmão da garota. Percy não deve ter visto ou se viu, ignorou.

“Percy, você pode procurar Quíron e reunir os líderes dos chalés? Kye tem novidades sobre os lobisomens. ” Percy acena.

“Tudo bem. Estaremos na sala de reuniões em menos de meia hora. ” Diz e sai correndo. Rachel suspira.

“Vamos logo, aí vocês já vão me explicando tudo. ” Fala Rachel se dirigindo à uma porta no lado oposto da sala, sendo seguida por Jonas e Luana. Kye ainda reluta um pouco, mas se levanta, afagando uma última vez o cabelo de maia e beijando-lhe a testa.

“Não vou demorar princesa. ” Sussurra. Ela resmunga alguma coisa em resposta e Kye sorri, afetuoso. Antes de sair, ele me olha. “Qual seu nome? ”

“Pietro. ”

“Pietro. Você pode...Tomar conta dela para mim? ”

Me surpreendo com seu pedido. Antes de responder, olho dele pra Maya algumas vezes.

“O que vocês são? Têm algum parentesco? ”

 “Não. Ela salvou minha vida duas vezes. Na primeira eu ainda era apenas um grifo em uma jaula das amazonas, Maya foi pega no território delas e então ela me libertou e fugimos juntos. A partir daí eu estive com ela quando ela precisou, como um anjo da guarda. Na segunda vez, um manticore a havia encurralado e eu entrei na frente de um ataque direto, ela me deu seu sangue e foi graças a isso que estou aqui hoje. O que tenho com Maya é mais que uma simples dívida de vida, ela é minha irmãzinha. ” Me surpreendo ainda mais. Ele estava confiando a mim a tarefa de cuidar de sua irmã? Passo a mão no cabelo.

“Fique tranquilo. Vou tomar conta dela para você. ” Ele pareceu mais aliviado.

“Obrigado, amigo. ” Agradece e vai por onde Rachel saíra. Olho em volta, a enfermaria estava mais vazia, havia apenas os feridos dormindo nas camas, eu e Maya. Dou a volta na cama e me sento na cadeira antes ocupada por Kye, guardando o leito de Maya.

“Você tem bons amigos aqui, sabia? ” Ela se mexe na cama e resmunga alguma coisa inaudível. Me sinto ridículo por um momento por estar falando com alguém dormindo. Analiso seu rosto, tão delicado, mesmo que ela estivesse dormindo. Suas cicatrizes realçavam seus traços e o cabelo castanho com algumas mechas brancas caindo-lhe sobre a testa enquanto seu peito subia e descia em uma respiração pesada. Sinto meu rosto corar. “Tu tens sorte de ter você na vida deles. A forma como falam de você, como te defendem e te protegem, deve ser muito especial para eles. ”

Sua mão esquerda começa a tremer um pouco, ela franze as sobrancelhas e a respiração acelera. Sinto algo na boca do estômago e instintivamente, seguro sua mão. Sua palma pareceu esquentar um pouco, espalhando um formigamento pelo meu braço. Ela para de tremer, sua expressão suaviza e ela se aconchega na cama. Suspiro lembrando-me de mais cedo, quando ela esbarrou em mim, seus olhos num azul bem claro voltando-se para mim.

“Você poderia acordar, sabia? Seus 9lhos são tão bonitos. Eu adoraria poder vê-los de novo. ” Ela resmunga algo em uma língua estranha em resposta e eu sorrio. “Tudo bem, vou estar aqui esperando quando estiver pronta. ” E assim, permaneço ao lado dela. Não sabia quanto tempo havia se passado, mas estranhamente, isso não importou muito naquele momento.

 

Kyetrus

 

“Você realmente confia nele para cuidar de Maya? ” Rachel me pergunta enquanto nos dirigíamos à uma mesa de ping-pong na sala da casa grande com várias cadeiras dispostas ao redor dela.

“Sim. Tenho a impressão que estou fazendo a coisa certa. ” Respondo sentando-me em uma cadeira na ponta. Rachel se senta ao meu lado e Luana e Jonas do outro. Alguns minutos depois, Percy entra pela porta seguido por alguns adolescentes, garotos e garotas que deveriam ser os líderes dos chalés e um Senhor em uma cadeira de rodas. Eles se acomodam em volta da mesa, alguns olhando de cara feia para os lobos e eu, receosos. O senhor fala primeiro.

“Percy nos pôs à par da situação. Creio que ainda não nos conhecemos senhor…? ”

“Kyetrus Vitturine. ” Respondo.

“Sou Quíron, Sr. Vitturine. Sou diretor de atividades desse acampamento. ” Ele estende a mão e eu a aperto. “Bom, estes são os líderes dos chalés. Percy, Nico, Will, Paolo, Clarisse, Connor, Mitchel, Yan e Alex e Nyssa. Os outros chalés estão vazios já que estamos em período letivo. ” Cumprimento a todos com um aceno de cabeça. Alguns retribuem, outros apenas fecham a cara ou franzem o nariz. Quíron limpa a garganta. “Pode falar. ” Respiro fundo.

“Como eu disse antes, Luana tem um plano que pode favorecer tanto vocês quanto a alcateia deles, se vocês concordarem e se funcionar. ” Ela acena e se levanta na cadeira para falar.

“Nunca concordei com as atitudes que meu Alfa tomou por conta de nosso problema, mas a situação piorou desde que viemos para Nova York. Ele estava ficando paranoico, não pensava direito, estava tomando decisões precipitadas e perigosas, e eu não podia mais continuar nisso com ele. ” Ela respira fundo. “Como Kyetrus disse, tenho um plano que pode ou não funcionar. Tenho ciência de que é um tiro no escuro, e que as chances de sucesso são bem pequenas, mas não consigo imaginar outra forma sem que um dos lados saia prejudicado”

Ela para e olha para o rosto de cada um dos presentes ali, esperando algum protesto, mas todos ouviam atentos, então ela continuou.

“Gostaria de juntar nossos grupos e enfrentarmos a bruxa, juntos. ” Assim que ela profere a última palavra, uma garota, Clarisse, esmurra a mesa e se levanta de uma vez.

“Quer que nos juntemos à sua alcateia que sequestrou vários dos nossos porque não conseguem lidar com uma bruxa sozinha?! Vocês são só um bando de fracotes que mal conseguem se defender sozinhos! ”

“Tem razão. Quem garante que não estão planejando nos pegar desprevenidos? À menos de meia hora estávamos sendo atacados por sua alcateia! ” Um garoto moreno de cabelos cacheados, acho que era Connor, concorda com Clarisse. “E ainda, mais três dos nossos foram levados durante esse ataque! ”

“Por favor, Srta. LaRue e sr.Stoll, se controlem. Esta é uma reunião pacifica. ” Quíron pede. Connor se levanta.

“Pacifica?! A enfermaria está lotada de feridos e vários outros são prisioneiros dos lobisomens. Acha mesmo que isso é uma situação pacífica?!” Quíron abre a boca para falar, mas o interrompo. Sabia o que enfrentaríamos se eles aceitassem e ainda se não aceitassem, Maya não conseguiria fazer isso sozinha. Mesmo comigo ao seu lado ou podendo nem ser esse semideus especial, era muita coisa para ela suportar.

“Olha, entendo a desconfiança de vocês e também duvidei da Luana, mas isso foi antes dela mostrar todos os fatos. ” Levo a mão ao bolso da casa e pego o papel dobrado com a foto da bruxa, jogando-o na mesa para quem quer que tivesse interesse em olhar. “Esse papel, e a garantia de que não estamos tramando contra vocês. A pessoa nesta foto, é a bruxa que invadiu o território dos lobisomens e os amaldiçoou, forçando-os a virem até aqui atrás desse semideus. Não faço ideia de quem possa ser o semideus, pode ser qualquer um, mas independente disso, não aceitaria que a vida de alguém fosse entregue especialmente à essa mulher, Nunca! ”

“E por que você não faria isso? Teria tanto ódio dessa mulher? ” Pergunta Clarisse pegando o papel e o desdobrando, exibindo a foto. Respiro fundo.

“Amaldiçoar os lobisomens não foi a única coisa que essa mulher fez, e não foi nem de longe a pior. ” Eles franzem a sobrancelha.

“Como assim? ” Pergunta Clarisse. Um silencio desconfortável se instaura, mas não me permito abalar.

“Essa mulher, foi capaz de atormentar sua filha das piores maneiras imagináveis, quando esta mal sabia andar. Ela deveria ser amarrada em uma biga e arrastada pelos confins mais tenebrosos de todo o Tártaro e sofrer as piores punições que as fúrias podem imaginar pelo que ela fez. ” À essa altura, um silencio desconfortável havia se instaurado naquela sala. Todos estavam pálidos só de imaginar as horrendas cousas que aquela mulher fizera e, com um gosto amargo na boca, dou a palavra final. “Esta mulher, se e que ainda pode se chamar assim, é Lorena Woltuh Efair, a mãe de Maya. ”

Um trovão ribombou no céu, uma ventania extremamente forte abriu as janelas e portas da sala, fazendo vários objetos da sala voarem, as luzes todas se apagam e o som de algo arranhando a parede de madeira se fez ouvir.

“O momento está próximo, a decisão que decidirá o rumo dessa batalha se aproxima e eu sairei vitoriosa. ” Uma voz feminina fala e, com uma gargalhada maléfica, vai diminuindo de volume e desaparece tão rápido quanto começara. As luzes se acendem de uma vez e, na parede oposta à da porta, gravada na madeira, estava a seguinte frase: “Uma vida pela outra. A justiça será feita! ” E, ao lado da frase um punhal ensanguentado estava cravado na madeira. Todos se levantam ao mesmo tempo, todos exceto Rachel que abraçava o próprio corpo e olhava vidrada para o chão.

“Começou. ” Sussurra com a voz rouca.

“Minha querida, o que começou? ” Pergunta Quíron pondo a mão em seu ombro. Rachel ergue e cabeça e me encara.

“A profecia...está se cumprindo. ”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

entao, isso é tudo pessoal.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira do Olimpo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.