A Herdeira do Olimpo escrita por Nogitsune Walker


Capítulo 14
In The End Of The Day (Part. 2)


Notas iniciais do capítulo

Okay, eu sei que esse cap demorou muuuito, mas olha pelo lado positivo: é o miaor cap q eu ja escrevi até agora entao...aproveitem :3. Ps: Tem personagem novooo. Ps2: como esse cap ficou grande, dividi ele em 4 partes, vcs podem fazer uma pausa entre eles para a leitura não ficar cansativa



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720282/chapter/14

Maya

(Parte 1)

"Que diabos eles estão fazendo?" Pergunto apontando com o queixo para a área dos chalés onde, no centro, um grupo de semideuses montava uma espécie de palco com uma caixa de som, uma guitarra elétrica e uma tela de televisão anexada em um tipo de painel. Paramos de andar por um segundo, no pé do caminho que levava ao refeitório e Chris e Rachel olharam para onde eu indicava.

"É uma espécie de disputa que os filhos de Hermes e Hefesto inventaram. Algo a ver com solos de guitarras e armadilhas." Responde Chris, dando de ombros e continuando o caminho, me puxando junto com ele. O sigo, mas a curiosidade me enlouquecia.

"Pensei que a tecnologia atraísse monstros." Menciono olhando por cima do ombro, vendo o exato momento que um garoto de cabelo castanho toca um acorde errado em uma guitarra e uma luva de boxe salta do painel à sua frente, acertando-lhe no estômago e o mandando para uma poça de lama. Ele se levanta em seguida cuspindo terra e lança algumas pragas em grego enquanto outros garotos rolavam de rir à sua volta e tive que me segurar muito para não rir também.

"Espera! Você sabia disso esse tempo todo e não saía da frente do computador?!" Exclama Rachel entrando na minha frente e pondo o dedo de forma acusatória no meu nariz. "Sabe o quão preocupada eu fiquei com você por causa daquela empousa? Achei que estava lá por MINHA causa."

"Sua...causa?" Pergunto confusa. Ergo uma sobrancelha e deixo a cabeça pender para um lado. "É mesmo! Como você entrou no acampamento?! Você é uma mortal, certo? Ou também é uma semideusa?"

A pergunta pareceu pega-la de surpresa.

"Eu...sou o oráculo." Responde. Meu queixo cai.

"Não. Sem chance! Você é tipo aquela múmia hippie que fica no sótão?!" Exclamo. Ela pareceu ofendida.

"Eu não sou.…" começa, mas Chris pigarreia, cortando sua fala.

"Por favor, meninas. Não é uma boa hora para brigar." Eu e Rachel nos viramos para ele ao mesmo tempo. Rachel cruza os braços e lança um olhar para ele que dizia "eu não acredito que você interrompeu minha bronca". Eu também o teria feito se minhas mãos não estivessem amarradas, mas lanço o mesmo olhar. Ele revira os olhos. "Enfim. Respondendo sua pergunta, tecnologia atrai os monstros sim, mas aqueles ali foram os filhos de Hefesto que construíram e adaptaram, então, sem preocupações."

"Ah claro. Ninguém deveria se preocupar com os filhos Hermes e Hefesto construindo engenhocas cheias de armadilhas." Ironiza Rachel.

"Ainda mais com Leo de volta." Lamenta Chris. Rachel dá alguns passos para o lado, dando passagem para Chris e começamos a subir para o pavilhão. "Imagina só o que Quíron vai falar disso."

Rachel esboça um sorriso brincalhão.

"Aposto dez pratas que ele vai bater com o casco no chão, coçar a barba pensativo e dizer: Acho melhor eu ir lá antes que alguém perca os braços, de novo. E vai sair praguejando em grego." Deduz, animada.

"Aposto vinte que alguém perde um dente antes disso." Brinca Chris, se animando.

"Fechado." Exclama. Eles apertam as mãos e continuamos subindo. Enquanto isso, tento organizar os pensamentos. Como foi mesmo que entrei nessa? Lobisomens sequestrando semideuses, pedido de Hestia para investigar a situação e.…uma memória roubada. "O que raios os sequestros têm a ver com um deus tirando minhas memórias?" Era a pergunta que eu me fazia o tempo todo. Tentei ligar os pontos da história, os fatos, mas nada encaixava com nada. Era como tentar colar duas tábuas de madeira com saliva. Minha cabeça latejava, eu estava esquecendo de algo, o que era?   Como uma lâmpada que se ascende em um quarto escuro, a lembrança apareceu. "A luz!" Penso comigo. O que foi aquela luz? A forma como ela apareceu subitamente, como o mundo pareceu desacelerar quando eu a atravessei, aquela sensação calorosa, a cegueira...quem tinha causado aquilo? E por quê? Essa dúvida estava me matando.

Fiquei tão submersa em meus pensamentos que só fui perceber que havíamos chegado quando esbarrei em Chris, que havia parado de andar. Murmuro um Desculpe e ergo os olhos para analisar a cena. Na mesa de fundo, Quíron analisava um pergaminho aberto em uma mesa em sua forma de cavalo, enquanto conversava com um cara baixinho e barrigudo que usava uma camiseta com estampa de leopardo e com um garoto pálido com jaqueta de aviador que tinha uma longa espada presa ao cinto. Reconheci Dionísio, A expressão preguiçosa e rabugenta não mudara muito em três anos. Não vou negar que estava apreensiva ao estar tão próxima de um olimpiano, por mais ignorante que este em questão possa ser, mas tentei ser otimista e pensar que talvez, só talvez, essa obsessão com os deuses seja só paranoia, apesar de uma pequena voz lá no fundo de minha mente dizer que eu estava errada e que deveria fugir. Quanto ao garoto, não o conhecia, mas ele me parecia vagamente familiar, como se já o tivesse visto antes, mas não lembrava onde. Ele ergue os olhos do mapa por um segundo e os fixa em mim. Sinto um leve desconforto mas sustento seu olhar. Ao perceberem nossa presença, Quíron e Dionísio param a conversa e olham para nosso pequeno grupo.

"Vai ser um longo dia." resmunga emitindo um longo e tedioso suspiro. Quíron ignora seu comentário e faz sinal para que nos aproximemos.

"Olá sr. D, Nico." Rachel cumprimenta o deus e o garoto com um aceno de cabeça. O garoto, Nico, retribui o cumprimento e Dionísio revira os olhos entediado. Ela se volta para Quíron. "O que foi? Por quê nos chamou?"

"Apenas para uma conversa com Maya sobre nosso problema, tenho certeza que ela pode nos ajudar." Diz calmo, enrolando o pergaminho.

"Ham, se é só uma conversa, era mesmo necessário tudo isso?!" Pergunto mostrando as mãos atadas e indicando com a cabeça para Chris. Dionísio murmura em grego alguma cousa sobre prisioneiros mais educados na época de Troia antes de responder.

"Tenho que tomar algumas estúpidas medidas de segurança." Resmunga Dionísio dizendo a última palavra fazendo aspas com os dedos. "Como se isso fosse ajudar em alguma coisa por agora."

"Vamos por partes. Primeiro, Maya, pode nos contar o que sabe sobre os sequestros?" Questiona Quíron, calmo. Sinto os olhares de todos sobre mim e me mexo desconfortável com toda aquela atenção.

"Sei que são lobisomens que estão sequestrando os semideuses." Respondo.

"Sim, isso até uma harpia poderia ter deduzido." Ironiza o sr. D. "Que tal dizer alguma coisa menos óbvia?"

Sinto o rosto queimar de raiva e uma imensa vontade de socar aquele nariz divino, mas me controlo.

"Eles foram expulsos de seu território por uma bruxa, algo a ver com um feitiço que os impedem de se transformar lá. Estão aqui à mando dela, procurando um tal semideus especial para a tal bruxa, que falou que só desfaria o feitiço se levassem esse semideus para ela." Assim que paro de falar, um silêncio desconfortável se instala. Todos na mesa me encaram curiosos.

"Hum, Maya?" Rachel chama. "Como você sabe de tudo isso?"

"Há alguns dias, Hestia falou comigo através de um sonho. Ela falou sobre o que estava acontecendo no acampamento e pediu que eu investigasse." Explico. Na mesa, o sr. D bufa em tom de ironia.

"É claro que mandou, como se só isso fosse necessário para fazer uma traidora voltar aqui." Resmunga.

"Senhor?" Questiona Rachel.

"Lógico que não foi só isso que Hestia falou com ela. Há algo mais, não é óbvio?" Responde. Ele se levanta surpreendendo a todos na mesa, vem até mim e me segura pela gola da camisa e me puxa para baixo com força, para que pudesse me olhar nos olhos. Os dele brilhavam com um fogo ganancioso, como se soubesse de algo sobre mim que poderia me render uma eternidade nos campos da punição e estivesse só se divertindo com o fato de poder fazer o que quiser comigo por causa disso e por aquele momento, Dionísio realmente me pareceu bem intimidador

"Conte a eles, Walker. Conte sobre o real motivo de ter se dado ao risco de voltar aqui, sabendo o que poderia acontecer a você." Engulo em seco.

"E-Eu..." Gaguejo, tremula, incapaz de formar uma frase. Rabugento ou não, Dionísio ainda era um deus e estar naquela posição, literalmente entre a cruz e a espada, fez meu coração subir pela garganta. Começo a suar frio e meus olhos mudam do verde mar para um azul claro e a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento era: medo. Ele abre um sorriso amarelo, de forma maliciosa, como se descobrisse a resposta para uma pergunta complicada.

"Então, você não sabe de tudo, Ótimo! Isso só torna as coisas mais divertidas para mim, mas acredite: eu sou um deus misericordioso, vou deixar que viva até descobrir, mas em breve, quando você encontrar o que veio procurar, e pode apostar que vai encontrar, vai desejar que eu tivesse feito o que era minha obrigação no exato momento que pôs os pés nesse acampamento." Ameaça. Eu o fitava paralisada. "Agora, tenho um assunto importante para tratar com Zeus e Reze para que ele não tenha conhecimento de sua presença aqui, ele não será tão paciente como eu. Não devo demorar, mas até lá..." ele solta minha gola e envolve meu pescoço rapidamente. Sua mão parecia esquentar, como se meu pescoço estivesse sido envolto com uma toalha que esquentou demais. De sua mão, uma tira luminosa aparece e começa a se esticar, desenhando em meu pescoço e se fechando em minha nuca. O ar escapa de meus pulmões por um segundo enquanto um choque percorria meu corpo. Dionísio sorri. “Isso é para te manter no controle até eu voltar. Ainda tenho que manter este lugar seguro, E só um aviso: não tente nenhuma gracinha, não vai querer descobrir o que isso pode fazer, e vai garantir que não saia deste acampamento tão cedo." Diz e me solta.

Dou um passo cambaleante para trás e caio sentada, o encarando sem reação.  Em seguida, estala os dedos e desaparece em um puf, deixando para trás uma névoa cor de vinho e um cheiro de uvas.

O ar volta aos meus pulmões de uma vez, fazendo-me arfar como se tivesse corrido uma maratona, eu suava frio e minhas mãos tremiam loucamente. À minha volta, todos me encaravam perplexos, sem entender o que acabara de acontecer. Rachel vem até mim e me ajuda a levantar e a me sentar na mesa. Não digo nada e mesmo se quisesse, não conseguiria devido ao imenso bolo que se formara na minha garganta, então apenas encaro a mesa tentando entender o que acabara de acontecer. Ao meu lado, Chris e o primeiro que se pronuncia.

"Ela está muito pálida."

"É claro que está. Dionísio acabou de ameaçá-la de morte e de marcá-la! Só um louco não ficaria nesse estado." Responde Nico. "Ameaçar-me?" Penso "Sim, ele me ameaçou, é claro que ameaçou. E me MARCOU! À essa hora as fúrias já devem estar reservando meu lugar nos campos da punição e pesquisando as piores formas de torturas no Google. Eu tinha mesmo que ter pego aquela porcaria de colar!"

Rachel se senta ao meu lado e aperta minhas mãos, tentando faze-las parar te tremer. Levanto os olhos para ela, que me olhava de forma carinhosa.

"Maya, o que mais Hestia te disse?" Pergunta calmamente. Abro e fecho a boca algumas vezes, mas não consigo fazer com que as palavras saíssem. Ela aperta um pouco minhas mãos. "Calma. Respira fundo." Ela pede gentilmente.

Respiro fundo algumas vezes, me acalmando.

"Isso, muito bom. Agora, o que mais Hestia te disse?" Pergunta novamente.

"E-Ela d-disse...Disse que um deus, meu pai, havia roubado uma memória minha, e que essa memória tinha a ver com os sequestros que estavam acontecendo aqui. Ela disse que meu pai tinha roubado essa memória para minha proteção, que era perigoso demais que eu tivesse conhecimento sobre ela e que era algo que só os deuses sabiam." Respondo e me viro para Quíron, Nico e Chris que ouviam tudo com atenção. "Quíron, Dionísio não me ameaçou só pelo que fiz no reino de Poseidon, certo? Tem a ver com essa memória, não é?"

Ele cruza os braços e coça a barba, pensativo.

"Por ora, vamos nos concentrar em resolver nosso problema com os lobisomens. Eu gostaria de conversar com você a sós mais tarde, mas antes preciso conferir uma coisa." Responde. Ele se volta para Nico e Chris e abre a boca para falar, mas um som alto de explosão o corta. Olhamos todos na direção que o som havia vindo bem atempo de ver algo subindo em alta velocidade e pousando de forma desajeitada no chão ao lado da mesa em que estávamos e levantando um bocado de poeira.

Quando esta baixou, ao nosso lado, estava um garoto com a cara toda suja de fuligem e com algumas mechas do cabelo escuro curto fumegando. Ele uma calça militar e uma blusa do acampamento com alguns buracos fumegantes e segurava na mão o que parecia um pedaço quebrado de alavanca. Ele cospe alguma coisa vermelha no chão, se levanta furioso e corre em disparada na direção da área dos chalés, onde uma fumaça preda subia em espiral. Quíron bate com o casco no chão, coça a barba e suspira cansado.

"Maya, você pode circular pelo acampamento desde que esteja desarmada. Chris ficará responsável por te vigiar e evitar possíveis...acidentes desagradáveis." Tradução: estou livre mas vai ter um cara de olho em mim o tempo todo e estou desarmada. "Agora, acho melhor eu ir lá antes que alguém perca os braços, de novo." Diz e sai praguejando em grego antigo.

Chris vai até o lugar onde o garoto tinha cuspido, pega algo manchado de vermelho, volta e coloca na mesa uma pedrinha branca manchada de sangue. Pega um punhal de bronze celestial no cinto e corta as cordas que prendiam meus pulsos. Levo a mão direita e esfrego o pescoço, sentindo ainda quente o lugar onde Dionísio me marcara. Pela lamina de Chris, vi que a marca era preta, com algumas pontas curvas em diferentes direções que rodeava todo o meu pescoço. Engul9 em seco, t8nha a leve impressão de que não gostaria de ver como ela funcionava.

"Rachel, você me deve vinte dólares." Exclama Chris sorridente. Rachel revira os olhos e entrega uma cédula para o filho de Atena. Olho para Nico que estava calado até o momento.

"Por que está me encarando?" Pergunto.

"Você me lembra alguém, não sei quem, mas lembra." Responde. Depois disso, ele para de me encarar.

"Então, Quíron disse que você pode andar pelo acampamento, que tal ir ver aquela disputa dos filhos de Hermes e Hefesto? Estou curiosa para saber como aquilo funciona." Exclama Rachel apontando com o polegar para a área dos chalés. Dou um sorriso sem graça.

"Tudo bem, não tenho como fugir mesmo. Além do mais, aposto que eles não tocam um solo decente." Digo levantando e me adiantando para ficar ao lado dela. Chris e Nico nos acompanham.

"Okay. Bem, quem sabe você não toca um pouco e mostra para eles o que é um solo de verdade?" Diz ela erguendo a mão em um soquinho. Retribuo o toque e coloco a jaqueta de couro que estava presa na cintura, colocando as mãos nos bolsos.

"Ora, não seria educado uma prisioneira humilhar seus carcereiros tão fácil. Vou deixar eles acharem que sabem tocar." Digo passando uma mão no cabelo desgrenhado, quando uma dúvida aparece. "Espera, por que nenhum de vocês surtou quando me viram com as asas?"

"Você não é a única que faz isso. Conheço um filho de Marte que também consegue." Responde Nico dando de ombros. Rachel e Chris confirmam com um aceno de cabeça.

"Marte...Não é a forma romana de Ares?" Questiono enquanto andamos na direção dos chalés.

"É uma longa história. O importante é que Frank também consegue. Mas ele está no acampamento romano, que fica em são Francisco." Explica Chris. Rachel passa o braço envolta dos meus ombros.

"Eu tenho que te apresentar aos outros sete também. Agora, Chris, veja e aprenda como uma guitarrista toca de verdade." Exclama.

"Humpf, vai ser difícil me tirar do topo da lista Rachel, nem os filhos de Apolo conseguiram isso." Responde Chris estufando o peito.

"Lista?" Pergunto.

"É uma brincadeira do tipo: quem toca melhor qual instrumento. Chris está no topo da de Guitarra, Uriah logo abaixo dele, Peter é o ás da bateria, Gina filha de Apolo é a melhor do teclado e os gêmeos de Eros os que cantam melhor. Mas isso não vem ao caso, a questão é que: Maya vai ser a semideusa que vai te tirar do trono." Responde. Chris apenas dá um meio sorriso e coloca as mãos nos bolsos dando de ombros e continuamos até os chalés.

(···Parte 2···)

Loucura! Sem chance que alguém vai tocar isso! Foi o que eu pensei assim que vi melhor a bugiganga. Ela era semelhante a um palco pequeno, havia uma guitarra que segundo Nico funcionava via Bluetooth, conectada a uma televisão com uma espécie de Karaokê. Por todo o "palco", haviam alguns retângulos de bronze de diferente tamanho que era por onde as armadilhas saíam.

"Então...vocês escolhem uma música e fazem o solo de guitarra dela. Se errarem, isso aciona as armadilhas que jogam quem está tocando para fora do palco?" Reviso. Rachel acena animada enquanto um garoto moreno de cabelos cacheados subia no palco e selecionava Sweet Child O'Mine.

Ele tocou bem os primeiros acordes mas errou uma nota e um compartimento no palco se abriu e lançou um bocado de moscas que voaram na direção do garoto e começaram a explodir quando chegaram perto dele. Ele largou a guitarra e saiu correndo e gritando sendo seguido por dezenas de moscas explosivas. Uma multidão havia se aglomerado para assistir e rir e tentar a sorte. Nós observávamos tudo do fundo, à sombra de um chalé que segundo Nico, era o de Hebe. Eu tentava passar despercebida, mas era um pouco difícil quando todo mundo já tinha te visto com um talho na barriga.

Muitos dos que passavam em grupo ora apontavam para mim e cochichavam entre si, outros mantinham distância e a maioria virava o rosto para me encarar por alguns segundos, mas logo tentavam disfarçar. Eu não conseguia ficar quieta, volta e meia levava a mão ao pescoço na intenção te esfregar os dedos no pescoço, mas ele não estava lá, então tentava entreter meu TDAH girando os anéis nos dedos e olhando em volta. Chris tenta puxar assunto ao ver que eu estava inquieta.

"Como isso funciona?" Pergunta mostrando o colar pendurado em um dedo. Sinto uma vontade louca de pega-lo e colocar mas tento me segurar.

"Ele funciona por magia. Você pensa em uma arma e fala Venit, aí ele se transforma. Se quiser mudar a forma, você diz Recensere, e se quiser fazê-lo voltar à forma de colar, você diz Reditum." Explico. Chris olha curioso para o colar, como se tentasse enxergar nele micro engrenagens. "Vá em frente, eu não posso te mostrar mesmo." Ele demora um pouco mas tenta.

"Venit" diz. O colar começa a brilhar intensamente em um tom verde mar e Chris o solta rapidamente no chão ainda brilhando, fazendo a grama no chão adquire um tom escuro onde este toca. A mão de Chris estava vermelha onde o colar entrou em contato.

"Está quente. Muito, muito quente." Diz enquanto agitava a mão. Nico ergue uma sobrancelha e se agacha ao lado do colar, estendendo a mão para toca-lo. Quando encostou o dedo, ouve-se um chiado, como quando jogamos água em uma panela extremamente quente e Nico recolhe o dedo rápido.

"Dá para fritar um ovo aí!" Exclama pondo o dedo na boca para aliviar a dor. Rachel franze o cenho.

"Deve ser que só funcione com Maya, já que ela foi a primeira a usar. A magia deve ter se acostumado a ela ou coisa do tipo." Supõe. Me agacho ao lado do colar e com cuidado, o toco. Ele estava quente sim, mas um quente morno, agradável até. Tomo o colar nas mãos e seu brilho diminui até sumir. Esfrego os aros de prata saudosa, desejando poder colocá-lo, mas não o faço. Estendo-o para Chris que o olha desconfiado.

"Você não sentiu? Nada?" Pergunta. Nego com a cabeça.

"Estava só morno." Respondo pesarosa. Chris estende a mão, agora com bolhas e pega o colar já frio, colocando-o no bolso. Me recosto na parede do chalé e continuo assistindo quando um garoto errava um acorde de The day That Never Comes.

"Você está tão calma..." ele resmunga, surpreso. "Dionísio acaba de te ameaçar e de te marcar, está desarmada, cercada de semideuses armados que podem te atacar, está no radar de Poseidon e Zeus e está tão calma."

Me viro para ele. Sabia que meus olhos ainda estavam em azul claro, que era o que acontecia quando eu tinha medo. Eu não estava calma, estava APAVORADA, mas quem se importaria? Não conseguia falar com Kye, era como se estivesse tentando falar com ele por um rádio quebrado, mas mesmo se conseguisse, não queria que ele estivesse na mesma situação que eu, não me perdoaria se isso acontecesse. Jonathan, meu pai adotivo? Há meses eu não o via. Minha vontade era de correr para seus braços e chorar. Ele me abraçaria e afagaria meus cabelos e diria que estava tudo bem, mas ele mal sabia quem realmente eu era, e Rachel...era o oráculo, não seria com para ela estar perto de mim nesse momento. Se a bomba explodisse, ela poderia se machucar muito, e não poderia fazer isso com ela. Então apenas coloquei uma máscara e escondi meus sentimentos, apenas a cor de meus olhos me denunciava. Os olhos são o espelho da alma. Essa frase nunca fez tanto sentido como agora. Respiro fundo.

"Estou calma, porque Não tenho como fugir. Isto aqui... " digo apontando para o acampamento, depois para a marca em meu pescoço. "Isto é o que eu sou, o que eu fiz de mim. Bom ou não, não posso mudar nada. Corri e me escondi disso por tempo demais, e isso apenas adiou o que aconteceria, então, querendo ou não, só me resta aceitar e encarar a realidade, como eu deveria ter feito a muito tempo." Respondo decidida. Após alguns segundos de silêncio, ouço passos e Uriah aparece na frente do chalé ao lado de um garoto com a perna e a testa enfaixada, mas de cara fechada e marrento como qualquer filho de Ares.

"Bom saber que vai passar um tempo aqui, assim vou poder me divertir à vontade com você." Provoca. Nico e Chris põe a mão no cabo de suas armas e Rachel se apressa ficando ao meu lado.

"Vá embora Uriah, deixe-a em paz." Chris fala.

"Olha só, mano! A coruja está defendendo o inimigo." Zomba Peter.

"Amigos, por favor, não queremos nenhum derramamento de sangue desnecessário aqui." Uriah fala cínico. Ele anda calmamente, passando por Nico e Chris e vindo até mim. Dou um passo e fico à frente de Rachel, os punhos cerrados nos bolsos do casaco. Ele analisa curioso minha atitude. "Olha só! Ela é valente." Diz para o irmão que ri atrás de si.

"Não vai encostar neles. Seu problema é comigo, não é? Ainda acha que estou do lado dos lobos nisso tudo?" O enfrento.

"Talvez eu ache, talvez não, mas Ares sempre cumpre suas promessas, e eu disse que aquilo não ficaria daquele jeito." Diz apontando para o nariz ainda inchado do soco que Chris lhe dera mais cedo. "Vim aqui cumprir minha promessa."

À essa altura, um círculo de semideuses curiosos se formara à nossa volta. Eu sentia a marca de Dionísio formigando, algo me dizia que não seria uma boa ideia se eu o atacasse, então o provoco.

"Vai fazer o quê? Me amarrar numa árvore e colocar uma uva na minha cabeça para treinar arquearia? Você não me assusta." Ele coça o queixo pensativo.

"É uma ideia tentadora, mas não é muito o meu estilo." Ele se inclina um pouco, ficando a centímetros de meu rosto. "Vamos tornar as coisas mais interessantes. Que tal uma aposta? O melhor guitarrista naquela bugiganga do Valdez. O vencedor escolhe o que quiser."

Encaro seus olhos azuis penetrantes. Ele não parecia ser o tipo que dava para trás.

"Maya, sabe que não precisa fazer isso, certo?" Chris pergunta. Abro um sorriso de lado. Ele havia desafiado minha honra. Ninguém desafia minha honra.

"Eu aceito." Digo. Ele estreita os olhos como se acreditasse na minha audácia em aceitar seu desafio, ri, se vira e abre caminho na multidão em direção ao palco, seguido por Peter. A multidão o acompanha com o olhar e em seguida, vou atrás dele com Nico e Rachel do meu lado Direito e Chris do esquerdo.

"Algum de vocês tem uma venda?" Pergunto enquanto estralava os dedos e o pescoço. Nico pega um pedaço de pano preto do bolso e me entrega.

"Para que você quer isso?" Pergunta curioso.

"Eu não estava pretendendo humilhar ninguém, mas esse Uriah me deixou irritada." Respondo. Rachel abre um sorriso maldoso.

"Ele acordou o gigante." Diz. Dou uma risada sem graça e espero que Uriah terminasse sua vez.

Uriah pega a guitarra e escolhe a música Falling Inside The Black, da Skillet. Ela era bem complicada, o solo dela era muito rápido e a melodia tinha inúmeras variações, mas ele a tocou perfeitamente, do início ao fim. Houve alguns deslizes, mas a máquina pareceu não os identificar como graves o suficiente para manda-lo para fora do palco, mas na nota final, a tela exibiu em um amarelo dourado a nota 9,4. A multidão aplaudiu quando ele pulou da plataforma ao meu lado. Antes de se misturar, inclina no meu ouvido e sussurra:

"Pode até tentar, morena, mas o único que consegue tirar uma nota maior que a minha é o Chris ali e, quando você perder, vou garantir que sofra por Ares." Viro e o encaro nos olhos.

"Quando eu vencer, e eu sei que vou, vou fazer questão de garantir que o seu chalé de merda beije o chão que eu pisar pelo resto do ano." Devolvo sua ameaça e subo no palco. Escolho a música Warriors da Imagine Dragons. Pego a guitarra antes de começar, testando seu peso, sentindo as cordas, conhecendo cada detalhe. La embaixo, os campistas murmuram impacientes e Uriah provoca:

"Qual é? Quer que eu traga champanhe para os namorados?" A multidão ri, mas eu ignoro. Satisfeita com a guitarra, me viro para ele e tiro o pano do bolso, o que faz os semideuses darem mais murmúrios incompreendidos.

"Veja e aprenda, perdedor." Coloco a venda e aperto o play.  Era como se as cordas atraíssem meus dedos, como um imã. Mesmo sem enxerga-las, sabia qual prender, qual tocar e o mento exato para cada um. No solo, era como se estivesse nascido para tocar aquela música. Ao ouvir Dan Reynolds cantando “We are the Warriors, that built this town” enquanto eu tocava, foi maravilhoso. Assim que terminei, esperei alguns segundos antes de tirar a venda. Estava um completo silêncio, todos me encaravam boquiabertos, exceto Raquel que fazia sinal com os dois polegares para cima com um sorriso imenso. Olho por cima do ombro e vejo que a tela exibia um número 10 que brilhava em várias cores e girava. Sorrio comigo mesma, deixo a guitarra ali e desço do palco, abrindo caminho na multidão boquiaberta. Quando passo por Uriah, que estava boquiaberto, faço questão de parar ao seu lado.

"Não fique tão surpreso, bebezinho. Quando você crescer, talvez eu te ensine como tocar de verdade." Provoco-o e sigo na direção de Chris. Primeiro ele parecia sorridente, mas depois de alguns passos meus, sua expressão mudou subitamente para surpresa. Ele aponta para minhas costas e, no momento que me viro, tenho tempo apenas de assimilar uma lâmina de bronze celestial avançando em minha direção. O mundo desacelera por um segundo e, num instinto, chamo:

"Venit." Sinto quando o colar deixa o bolso de Chris e vem voando para minha mão direita, brilhando e se alongando até ter a forma de uma espada de bronze celestial toma forma e a uso para amparar o golpe direcionado a mim por Uriah. Nossas lâminas se cruzam fazendo um plim agudo e fazendo faíscas voarem. Ele olha para alguma coisa no meu pescoço e sorri maldoso. No segundo seguinte, descruza nossas espadas me impulsionando para trás e guarda a espada. O olho sem entender, com a espada ainda em punho. Ele apenas dá um tchauzinho com os dedos e diz:

"Aproveite sua punição."

Como se fosse sua deixa, uma dor aguda explode no meu pescoço subitamente, vejo uma luz cegante, o som de estática e sinto uma descarga elétrica aguda percorrer meu corpo, causando a sensação de que todos os meus músculos explodissem ao mesmo tempo. Caio de joelhos, as mãos pressionando a cabeça que explodia e gritando enquanto meu corpo era golpeado impiedosamente por aqueles raios e sem poder fazer nada, apenas aguentar. "E só um aviso: não tente nenhuma gracinha, não vai querer descobrir o que isso pede fazer" A voz de Dionísio reverbou em minha mente. É, ele tinha razão. Quando acabou, eu arfava como louca, meu peito doía quando eu respirava e eu mal sentia meu corpo. Enxergava milhares de pontinhos pretos por todo o lado e o mundo girava. Meus braços estavam cobertos de queimaduras que deixavam a carne exposta e minha pele fumegava. Tiro as mãos dos ouvidos e pendo meu corpo para a frente, apoiando-me no chão e, trêmula, vomito sangue, muito sangue. Depois disso, o mundo escureceu.

(···Parte 3···)

"Maya! Maya!" Ouço uma voz me chamar. Parecia bem distante. Derramam algo na minha boca, algo quente e, de novo, ouço a mesma voz me chamando.

"Deuses, Maya. Por favor, acorde. Por favor..." dessa vez a voz estava mais perto, embargada. Faço um esforço para abrir os olhos, era como se estivessem colados mas consigo. A luz me cega e vejo vários pontinhos amarelos dançando na frente dos meus olhos. Todo o meu corpo doía, eu mal conseguia me mover. Havia várias pessoas à minha volta, mas estava tudo embaçado, eu não conseguia identificar quem eram. Vejo de relance uma cabeleira vermelha e em seguida, dois braços quentes levantam meu corpo e me abraçam.

"Graças aos deuses, Maya." Rachel diz entre soluços. Sinto quando suas lágrimas quentes caem em minhas costas. Minha visão foca aos poucos. Ainda era dia, eu devia ter apagado só por alguns minutos, ainda estávamos na área dos chalés e, em volta de onde eu estava, havia vários pedaços de grama queimada. Rachel afrouxa seu abraço por um segundo e a encaro nos olhos. Estavam vermelhos e inchados, de tanto chorar de preocupação. "Você quase me mata de preocupação! Achei que tivesse ido para o Hades, estava tão pálida, tão fria."

"Eu..." tentei dizer que estava bem, mas minha garganta ardia como se eu tivesse feito gargarejo com pregos. Levo a mão ao pescoço e esfrego, o sinto quente devido ao que acontecera. Chris se agacha ao lado de Rachel.

"Vamos Rachel, ela está muito abalada. Deixe-a respirar." Ele diz. Rachel acena e sai de cima de mim. Quando ela o faz, percebo como eu estava magra. Eu podia ver claramente minhas costelas por alguns buracos abertos na camisa pelos raios. Eu definitivamente não estava assim dez minutos atrás. Olho em volta, a multidão ainda estava lá, me olhando, chocados. Sinto-me desconfortável com toda aquela atenção e me levanto com um pouco de esforço.

"Nós...hum...podemos sair daqui? Eles estão me assustando." Pergunto com a garganta dolorida. Rachel olha para a multidão que me encarava e acena, compreendendo.

"Sim. Vamos, acho que você precisa de um tempo para assimilar tudo isso." Responde e passa a mão pelos meus ombros, me guiando em direção à praia. Chris nos segue também, em silêncio, trazendo consigo a espada que eu chamara para me defender de Uriah.

Chegando na praia, caio sentada na areia, dobro os joelhos na frente do corpo, apoio os cotovelos neles e passo as mãos pela cabeça, nervosa.

"Eu acabei de levar um golpe direto de um deus...eu acabei de levar um golpe direto de um deus...E estou viva..." murmurava para mim mesma, como se não acreditasse. Rachel se senta ao meu lado.

"Com o que você estava na cabeça quando chamou seu colar?" Pergunta. Balanço a cabeça negativamente em resposta.

"Foi um reflexo...um instinto. Uriah me atacou pelas costas e eu me defendi, foi só isso." Olho para as ondas do mar, melancólica. "Eu queria tanto estar em casa...tanto...apagar tudo o que aconteceu e tentar ser normal, é pedir demais?"

Chris se senta do meu lado também e coloca a espada na areia. Olho da espada para ele por um segundo, ele acena e faço a espada voltar à forma original de colar. Chris o guarda no bolso.

"Para nós, é sim." Ele responde e se deita na areia, colocando as mãos atrás da cabeça. "Já parou para pensar, que tudo o que está acontecendo hoje, é a consequência do que fizemos no passado?" Ele vira a cabeça em minha direção. "Você lutou no exército de Cronos quando ele tentou derrotar os deuses e roubou Poseidon, levando a vida de seus servos junto. Forçada ou não, você fez, e agora, está sofrendo as consequências. Uma hora, a balança tem que se equilibrar novamente, não é?

O encaro.

"É, talvez você tenha razão. Ou talvez eu só estava na hora errada e no lugar errado e com as pessoas erradas." Murmuro. "Não acham estranho?"

"O quê?" Ambos perguntam ao mesmo tempo.

"Poseidon poderia ter me matado assim que cheguei aqui, Dionísio também, mas parecem estar me...observando. Eu sinto que estou sendo observada, de todos os lados, mas por que?" Solto. Passo os dedos no cabelo curto. "Tem alguma coisa faltando nessa história. Os lobisomens, os sequestros, a bruxa e eu. Eu acho que isto está tudo interligado, mas tem algo faltando, a Peça Chave...a razão disso tudo..." olho para os dois que me encaravam atentos. "É eu sei, parece maluquice."

"Não...você está certa." Chris responde. "É estranho isso tudo estar acontecendo ao mesmo tempo. É bem capaz que esteja tudo ligado, e, essa peça faltando, talvez seja..."

"...a memória que seu pai roubou de você." Rachel completa, o olhar vidrado no oceano. De repente, ela se levanta de um salto. "É claro, por que não pensei nisso antes?!"

Eu e Chris nos entreolhamos.

"Pensou em que, Rachel?" Pergunto.

"Sei de alguém que pode nos ajudar! Na verdade, te ajudar a recuperar essa memória." Ela exclama. Eu e Chris nos levantamos também.

"Quem?!"questiono.

"Nico!" Ela responde e corre apressada na direção do acampamento. Quando vê que apenas a observávamos, ela para em um monte de areia. "O que vocês estão esperando? Um convite formal? Venham logo!"

Suspiro cansada e Chris e Eu subimos a duna atrás dela.

(···)

Rachel bate à porta de um chalé todo negro, batendo o pé impaciente mente na soleira da porta.

"Talvez ele não esteja aí." Chris sugere coçando a nuca.

"Nico é filho de quem, afinal?" Questiono.

"Hades." Responde enquanto Rachel batia pela quarta vez na porta. "Ele deve estar com Will no chalé de Apolo, poderíamos olha lá." Rachel revira os olhos ignorando a sugestão e levanta a voz para dentro do chalé.

"Eu sei que você está aí, Nico. Te dou três segundos para vir abrir a porta ou eu vou arromba-la." Exclama. Levanta a mão e começa a contar. "Um...dois...três!"

No "três", a porta se abre e um garoto loiro de cabelos encaracolados, alto, aparece à porta, bloqueando a passagem.

"Olá, Rachel. Em que posso ajudar?" Ele pergunta com um sorriso caloroso no rosto.

"Olá Will. Onde está Nico? Preciso falar com ele, é urgente." Ela diz espiando por cima do ombro do loiro.

"Estou aqui, Rachel. Podem entrar." Responde uma voz de dentro do chalé. O loiro, Will, sai da porta e abre passagem para nós. Nico estava deitado em um beliche encarando a cama de cima. Se senta quando nos vê e nos encara, curioso. "Qual a urgência?"

"Preciso de sua ajuda. Havia uma espécie de fonte dedicada a uma deusa nos tempos antigos, não é?" Ela pergunta esbaforida enquanto andava em círculos, agitada, tentado se lembrar de algo. "Quíron mencionou uma vez, quando falávamos sobre os oráculos. Ele disse que havia essa fonte, antes do oráculo de Trofônio, em Lebadia, e alguma coisa sobre os mortais beberem dessa fonte quando precisavam consultar o oráculo..."

Nico acena em compreensão.

"Existiu essa fonte sim. Ela era dedicada à Mnemósine, a deusa da memória. Mas por que isso agora?" Isso acende uma lâmpada na minha mente. Será?

"Apenas, responda: existe um tipo de rio no mundo inferior, com esse mesmo nome e em contraparte ao rio Lete, certo?" ele acena. Ela para de andar em círculos no meio do chalé e a compreensão me bate.

"É claro..." murmuro comigo mesma.

"Faz sentido..." Chris responde, segurando o queixo de forma pensativa. "Mas descer no mundo inferior...é loucura..."

Nico olha de mim para Chris e depois para Rachel.

"Ei! Calma aí!" Exclama e todos olhamos para ele. "Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?"

Will se senta ao lado dele na cama e coça a cabeça, confuso.

"Também gostaria de saber." Diz. Rachel revira os olhos.

"Às vezes vocês conseguem ser mais lentos que o Percy." Diz colocando a mão na testa. "Se conseguirmos ir até o rio de Mnemósine no mundo inferior e Maya beber da água, ela pode recuperar a memória e assim, podemos ao menos entender o porquê de isso tudo estar acontecendo." Explica como se falasse com duas crianças. "Nós achamos que tudo isso está ligado de alguma forma, e que a memória de Maya possa ser a chave que faltava no quebra cabeça."

Eu quase podia ver as engrenagens dos cérebros deles girando e compreendendo.

"Mas ela não pode sair do acampamento, lembram?" Ele fala calmo. Rachel coça a cabeça.

"Lembro, mas vamos dar um jeito, estou com um pressentimento." Responde. "A questão é: de um jeito ou de outro, você é o único que consegue ir e voltar do mundo inferior sem maiores problemas, e o único que sabe se orientar lá, então...por favor, diga que vai ajudar."

Ele passa a mão nos longos fios negros.

"Eu não conseguiria levar todos vocês, ficaria exausto demais. Poderia pedir ajuda à Sra. O'leary, mas mesmo assim, só posso levar um comigo. Os vivos chamam muita atenção no reino de meu pai." Murmura pensativo. Ele se volta para Rachel. "Vocês deveriam procurar Quíron, contar isso a ele, pedir ajuda."

"Ele disse que queria conversar comigo, mas que precisava verificar uma coisa antes, e mesmo que ele ajude, só Dionísio poderia tirar essa cousa de mim, não é?" Digo apontando para a marca em meu pescoço.

"Ou ele...ou outro deus, com uma autoridade superior." Responde Chris.

"Ótimo, perfeito." Resmungo. "Suponho então que não possamos fazer muita coisa, se não esperar que Dionísio volte da reunião com Zeus e que tire logo essa merda do meu pescoço."

"Basicamente, sim." Rachel responde e se senta em no beliche ficando de frente para nico. Me sento ao seu lado e Chris logo depois. Ficamos em silêncio por um tempo.

"Chris, vocês ainda fazem aquelas aulas de equitação nos Pégasus?" Pergunto. Ele acena positivamente.

"Sim, por quê?" Não respondo. Levanto e ando em direção à porta, saindo do chalé. Chris se levanta abruptamente e se apressa para me seguir. "Ei, aonde vai? Não pode andar sozinha, vai arranjar problemas!"

"Não acho que a situação pode piorar muito." Respondo e inicio uma leve corrida até os estábulos. Em parte, porque a corrida me ajudava a desestressar quando eu não estava com minha moto, em parte por que alguns campistas começaram a me encarar de um jeito estranho. Chris não me seguiu, apenas ficou lá parado vendo eu me afastar.

Chego nos estábulos um pouco suada, mas não ligo. Entro e analiso o lugar. Não havia mudado em muita coisa, O chão estava coberto de feno e estrume, havia alguns Pegasus à mais nas baias que pareciam dormir um sono preguiçoso. Ando devagar até uma vazia no canto e me sento num balde virado, recostando na parede e fechando os olhos, pensativa. Esse era um dos meus lugares favoritos quando eu estava aqui. Ninguém vinha frequentemente, o que me deixava sozinha com os pegasus e me dava tempo para pensar, já que eles não me importunariam com perguntas irritantes.

"Ei, quem é você?" Uma voz masculina diz em minha cabeça. Bom, talvez não tão sozinha. Suspiro cansada.

"Sou uma garota que está tentando ter um minuto de silêncio." Respondo ainda de olhos fechados. Ouço o som de cascos.

"Você tem rosquinhas?" A voz torna a perguntar. Estranho.

"Por que eu traria rosquinhas para um estábulo?"

"Porque minha crina fica mais bonita depois de uma rosquinha." A voz responde.

"Que bom que sua...espera, crina?!" Abro os olhos e vejo a cabeça de um imenso Pégaso negro me olhando por cima da divisória das baias. Tomo um susto e caio para trás. "Você é.…um cavalo..." digo apontando para ele.

"Isso é meio óbvio, não é?" Responde.

"Você é um cavalo...que fala!" Exclamo. Ele faz um estranho movimento com a cabeça que podia jurar que poderia ser traduzido como um Dã.

"E você é uma semideusa que está conversando com esse cavalo falante aqui. Aliás, todos nós falamos, só vocês que não entendem." Responde sarcástico. Balanço a cabeça.

"Não...eu estou ficando louca. Eu não estou falando com cavalos, é só uma alucinação..." murmuro para mim mesma. O cavalo bufa indignado, dá a volta na divisória e entra na baia, abaixando o pescoço para fuçar meu casaco.

"Ei, se afasta." Digo empurrando o focinho do animal para longe de mim. Alguém entra no estábulo.

"Ei Blackjack, o que está fazendo?" Uma voz familiar pergunta. Ouço passos e, na baia, Percy aparece com um balde na mão.

"Ei, chefe. Trouxe uma rosquinha para mim?" Blackjack pergunta. Percy revira os olhos.

"Quantas vezes preciso te falar, Blackjack? Você não pode comer rosquinhas. Deixe minha amiga em paz." Ele fala. O cavalo relincha triste, mas sai da baia. Percy entra e me oferece a mão. "Desculpe por Blackjack, ele pode ser bem insistente."

"Você fala com cavalos..." murmuro o encarando de olhos arregalados. Ele sorri com o comentário.

"É uma coisa de Poseidon. Ele criou os cavalos, então, eu consigo entender o que eles dizem." Aceito sua mão e ele me ajuda a levantar.

"Acho que eu estou ficando doida, jurava que tinha entendido o que ele falara..." murmuro.

"Entendeu. Até conversamos por alguns minutos antes de você chegar, chefe." Percy ergue uma sobrancelha para mim.

"Sério?" Pergunta.

"Deve ser a coisa de poder se transformar em animais. Quer dizer, acho que nunca parei para prestar atenção nisso." Respondo. Quando vi que ele ainda me encarava, pergunto desconfortável. "Porque está me encarando? Sabia que é a segunda pessoa que faz isso hoje?"

"Além da escola e do acampamento, onde já nos vimos antes? Tenho certeza que já te vi em algum outro lugar." Diz.

"Acho que...naquele beco. Harpias, cães infernais, um palio de um cara chamado Paul..." ele quase deixa o balde cair da mão.

"Morgan?!" Ele exclama. Aceno positivamente. "Caramba, Era você o tempo todo! Como eu não percebi isso?"

"Eu não tirei o capacete, você não tinha visto meu rosto." Explico.

"Ah é, eu tinha esquecido disso." Ele pega algumas maças no balde e oferece a Blackjack. "Então, o que traz você aos estábulos?"

"Era onde eu vinha para pensar, até descobrir que falo com animais. Então, acho que vou ter que procurar outro lugar." Explico. Ele se senta ao meu lado depois que termina de alimentar Blackjack. Respiro fundo. "Você sabe sobre o colar?"

Ele acena.

"Todo mundo sabe sobre o colar." Responde pegando um feno qualquer e o quebrando entre os dedos.

"E, não está com raiva? Afinal, é o seu pai..." ele dá de ombros.

"Raiva não leva a lugar nenhum, e se meu pai não fez nada a respeito, deve ter seus motivos, então não vou interferir nas decisões dele."

"Então estamos bem?" Ele me olha e abre um sorriso divertido.

"Você salvou minha pele naquele beco, então sim, estamos muito bem." Responde e encara o teto.

"Percy?" Chamo quando uma coisa me vem à cabeça.

"O que é?"

"Se um centauro e um Pégaso tivessem um filho, será que nasceria um centauro com asas?" Ele parece pensar um pouco, depois se vira para mim com os olhos verde-mar brilhando de divertimento.

"Essa, é uma ótima pergunta. O que você acha, Blackjack?"

"Caramba, chefe! Isso nunca passou pela minha cabeça." O Pégaso relincha confuso.

"É claro que não pensou." Percy rebate irônico. "Me lembre de perguntar isso a Quíron durante a fogueira, combinado?"

"Combinado." Digo. Ele abre um sorriso e dá umas pequenas risadinhas. "O que foi?"

"Se uma empousa tivesse um filho com um sátiro, ele sairia com as duas pernas de bode e o cabelo pegando fogo ou o cabelo normal, mas com chifres e uma perna de burro e outra de metal?" Pergunta. Começo a rir só de imaginar na situação.

"Não faço a menor ideia." Respondo e começamos a rir e conversar sobre essas junções estranhas até perder a noção do tempo.

Só fomos perceber que o dia se transformava em noite quando um garoto latino de cabelos encaracolados e suspensório apareceu na porta do estábulo ao lado de uma garota de vestido branco.

"Hey Percy! Finalmente te encontramos!" O garoto falou adentrando no estábulo. Percy cumprimenta ele e a garota com um aceno.

"Hola Valdez! Olá Calypso! Por que estavam me procurando?" Pergunta.

"O jantar acabou a alguns minutos, Quíron está chamando todo mundo para a fogueira e como você não apareceu, ele pediu para te procurar." Responde. Ele se volta para mim. "E.…quien es usted, señorita?"

"Soy el socio de ideas extrañas de tu amigo aquí." Respondo. Ele alarga um sorriso ao ver que eu falava espanhol. Percy e Calypso nos olham confusos e eu e o garoto caímos na gargalhada. Estendo a mão para o garoto. "Sou Maya."

Ele a aperta.

"Leo Valdez." Responde. "Então, vamos?"

Percy e eu acenamos e os seguimos até a fogueira.

A parte boa foi que muitos dos campistas ainda estavam subindo nas arquibancadas, então ninguém prestou muita atenção no nosso pequeno grupo. A ruim foi que eu tive que ficar com Quíron perto da fogueira, o que consequentemente me fez o centro das atenções. Dionísio chegou pouco tempo depois e quase me matou de susto, já que ele literal mande apareceu do nada. Ouvi somente um puff e, num segundo, o deus do vinho se materializou do meu lado com uma Diet Coke na mão e me fez dar um pulo.

"Olá, Wallie! Espero que não tenha causado muitos problemas enquanto estive fora." Diz despreocupado. Ouvi algumas risadas vindo da arquibancada. Bufei e me levantei sacudindo a poeira da minha roupa.

"É Walker." Resmungo e volto para meu lugar ao lado de Quíron. "Será que já pode tirar essa porcaria de mim?" Pergunto apontando para o meu pescoço.

Ele me olha de esguelha e dá de ombros depois que vê que eu estava mais magra que o normal e que havia diversos buracos pela minha roupa, onde os raios haviam atingido.

"Gostei do visual." Diz. Mais risos da arquibancada. Trinco os dentes e travo o maxilar. Ele revira os olhos e vem até mim. "Os jovens de hoje sabem ser ingratos."

Ele toca meu pescoço e sinto quando a marca regredia até sua mão.

"Você teve sorte, garota. Zeus não se importou o suficiente para notar sua presença aqui, mas não pense que está livre, ainda temos problemas a resolver e assuntos a tratar." Diz quando termina de remover a marca. Esfrego o pescoço sentindo um formigamento, mas me senti aliviada por não estar mais com aquela coisa.

"É claro que temos." Digo lembrando da conversa que tivera com o filho de Hades mais cedo. Sem essa maldita marca, o caminho estava livre para mim. Dionísio dá de ombros e dá inicio à reunião da fogueira.

O chalé de Apolo dirigiu a cantoria pela noite, os campistas trocavam histórias e piadas e foi assim por um bom tempo. A chama da fogueira estava a todo tempo num vermelho vivo, resultado da animação dos campistas.  Não interagi muito, mais a noite animada me ajudou a distrair um pouco, mas isso foi só até eu sentir uma mão quente tocar meu ombro. Viro o rosto e vejo Hestia olhando toda a cena com um sorriso.

"Sabe, as vezes tudo o que precisamos fazer é sentar perto de uma fogueira e das pessoas que você ama e que te amam também." Diz com um ar sonhador. Suspiro e aceno concordando. Ela me encara. "Você queria estar com ele, não é?"

"Sim, mas não posso até resolver tudo isso." Ela se referia a Jonathan. "Você acha que funcionaria?"

"Acho que está no caminho certo, mas ainda não é o momento. Muito em breve, mas agora, algo está para acontecer, algo que vai mudar toda o rumo da história, principalmente a da sua." Ela diz. Me assusto.

"O que quer dizer?!" Exclamo.

"Apenas observe." Diz e desaparece em uma labareda. E então, as coisas começam a ficar estranhas.

Primeiro, uma ventania infernal começa de uma vez, fazendo a chama da fogueira tremeluzir de modo assustador e levantando areia do chão. A música e a cantoria param, o vento fazendo o cabelo de todos se mexerem em uma dança desesperada e as roupas também. O fogo passa de um vermelho vivo para um azulado e diminui drasticamente de tamanho, o que causa vários múrmuros incompreensíveis em todos. E então, tão rápido quanto começou, a ventania parou e por um segundo, apenas silêncio, até que uma voz é ouvida.

"Ha ha ha, em breve semideuses, muito em breve." É o que diz, alto o suficiente para que ecoasse por todo o vale. Era uma voz feminina, mas parecia antiga e estranhamente familiar. Os campistas se entreolham sem entender, e as coisas ficam ainda mais estranhas. Do meio da multidão na arquibancada, Rachel se põe de pé em um transe e anda até estar perto da fogueira, onde todos podiam vê-la. Ela abre a boca e uma fumaça verde sai de lá como uma imensa cobra, se arrastando até mim e rodeando linhas pernas.

"Eu sou o espírito de Delfos, portador das profecias de Febo Apolo, Assassino da poderosa Píton, e trago uma mensagem para todos. " diz uma voz grossa e antiga, muito antiga que saía da garganta de Rachel. "A hora está chegando, estejam preparados. O Heres Olympus vive. Uma vingança surgida do mais puro ódio assombra este lugar, e assim continuará até que a decisão seja tomada."

Quíron se mexe inquieto.

"Que decisão?" Pergunta. Rachel se vira para mim, os olhos emitindo um fantasmagórico brilho verde e então, entoa:

"Ao saber do real perigo, uma decisão terás que tomar

De prontidão ao inimigo, tua alma irás entregar

O filho do submundo a guiará nessa jornada

Ascenderás ou cairás ao reaver a memória roubada

Perante teu pior pesadelo, ajoelharas em submissão

Enquanto a tempestade direciona as chamas para libertar-te de tua prisão"

Um calafrio percorre todo o meu corpo. Uma profecia. Assim que profere o último verso, a fumaça volta para a boca de Rachel de uma vez e ela cambaleia. Antes que caísse, um garoto vem correndo e a segura, sentando-a em um banquinho de três pernas. A chama da fogueira volta a crepitar em um tom alaranjado, mas ninguém ousava dizer uma palavra até que uma estranha sensação toma conta de mim e me vez virar para um canto escuro, onde um homem estranho observava tudo em silêncio encostado em uma parede. Quando viu que eu o encarava, desencostou-se e começou a andar calmamente em minha direção.

Os outros semideuses também perceberam o homem e começam a murmurar inquietos. Parte de mim dizia que eu deveria me ajoelhar perante aquele homem, mas a outra parte, dizia que eu deveria permanecer imóvel e, acho que a segunda parte venceu, o que não aconteceu com os outros presentes. Um a um, todos, começaram a se ajoelhar, exceto Dionísio, que observava tudo com um fascínio. O homem que se dirigia a mim, era alto e forte. Sua pele era morena e ele usava uma bermuda comum e uma camiseta de gola com estampa de coqueiros. Seus olhos eram de um verde-mar intensos e em volta deles, havia rugas como se passasse a maior parte do tempo rindo. Ele andou até que estivesse a poucos palmos de distância de mim e sorriu. Ele cheirava à maresia.

"Você cresceu tanto, está tão bonita." Murmura enquanto erguia a mão e tocava gentilmente meu rosto com a mão um pouco calejada. Seu toque era quente e tão...aconchegante. Resisti ao impulso de pender o rosto em direção à sua mão, mas se ele percebeu, não pareceu se importar. "Sinto que tenha chegado a isso, Maya, mas foi necessário. Infelizmente, não posso ficar muito tempo, mas ouça: o perigo está mais próximo do que imagina, e você sabe disso. Terá que fazer uma importante decisão logo, mas quero que saiba, que não importa o que faça, estarei do seu lado." Ele coloca as duas mãos nos meus ombros.

"Eu..." ele sorri para mim.

"Não tenha medo do que está por vir, lembre-se que não está sozinha. E.…quanto àquele colar, não precisa se preocupar, não te culpo pelo que fez."

Ele solta meus ombros e dá alguns passos para trás, ainda sorrindo.

"Boa sorte, minha filha." Diz alto o suficiente para que todos os presentes ouvissem e, com um estalar de dedos, desaparece deixando um cheiro de mar. Segundos depois, algo verde brilhante aparece sobre minha cabeça, mas não precisei olhar para saber que era um tridente, e que o homem que acabara de me chamar de filha era Poseidon.

Quíron diz alguma coisa e os outros repetem, mas eu estava tão absorta que mal consegui ouvir. Minhas pernas ganharam vida própria e, lentamente, me conduziram para fora dali. Eles devem ter me chamado, mas eu só conseguia ouvir o sangue circulando na minha cabeça. Então, a caminhada se tornou uma corrida e o faço por vários segundos, até que esbarro em alguém.

"Ei, calma. Está fugindo do quê?" Um rapaz diz irônico. Ergo a cabeça e vejo um rapaz c9m uma touca e cabelos negros. Ele muda a expressão instantaneamente para preocupação e segura meus braços. "Caramba, você está bem?"

"Eu..." começo, mas não consigo terminar a frase. Meu coração estava à mil por hora, o mundo todo girava. Profecia? Pai? Poseidon? Era muita coisa.

"Calma, aguente, vou chamar ajuda." Diz o rapaz e faz menção de correr para chamar Quíron, mas eu o seguro pelo braço. Ele se vira para mim. "Quer que eu fique aqui com você?"

Olho para ele, parecia realmente preocupado. Minha visão começa a escurecer e minhas pernas bambeiam. Ele se apressa e me ampara antes que eu caísse, mas não conseguia permanecer acordada. E então, nos braços daquele desconhecido, perco completamente a consciência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ps1; todas as musicas mencionadas nesse cap podem ser encontradas no YouTube, bem como seus respectivos solos.
Ps2: Infelizmente, vocês nao vao encontrar nada sobre Heres Olympus no google pq esse nome/mito é de minha autoria
Ps3: O desconhecido que Maya esbarra no final, é um personagem de autoria de minha amiga Mariana, viu? (aqui os creditos, corujinha)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Herdeira do Olimpo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.