Capítulo 34 – Feliz por ter você

                - No que estava pensando?! – Ela perguntou irritada pela terceira vez desde que haviam chegado à base.

                - Jyn, precisa se acalmar.

                Um momento de silêncio, apenas as gotas da chuva que caíam lá fora sendo ouvidas.

                - Como eu ia pegar você se sua X-Wing tivesse sido atingida?!

                A última missão foi inteiramente formada por uma frota de X-Wings para auxiliar em batalha. Felizmente todos os rebeledes haviam voltado, mas não sem serem perseguidos. O TIE fighter tentara mais de uma vez derrubar a nave de Jyn, e Cassian usara manobras com sua própria nave, nada modestamente perigosas, para tirá-la da mira e explodir o TIE.

                - Acabamos de voltar de mais uma missão suicida, estamos finalmente em casa, vivos e inteiros, e você vai ficar zangada comigo ao invés de nos abraçarmos e comemorarmos?

                - Está tratando sua própria vida como uma brincadeira. Assumimos o risco de perder um ao outro quando nos deixamos levar pelo que sentimos, eu não me arrependo, mas a guerra é real, e não um sonho como nós gostaríamos. Não podemos evitar tudo, mas podemos tentar quando houver a chance.

                - E como acha que eu teria me sentido se nossas posições se invertessem?

                Ela ficou em silêncio. Tinha considerado isso, e sabia o quanto Cassian ficava desesperado quando algo ruim acontecia com ela, já tinha pressenciado isso mais de uma vez.

                - Vamos, Jyn. Fique zangada comigo em qualquer outro momento, mas não agora – falou baixinho em seu ouvido ao se aproximar dela, com aquela voz que ele sabia que ela amava e que a faria ceder a quase qualquer coisa que ele dissesse quando estavam sozinhos.

                Cassian a abraçou contra o peito e ela emitiu um resmungo zangado, pressionando os dois punhos fechados em seus ombros, mas se tinha a intenção de empurrá-lo, não o fez. O capitão riu, ela ficava tão linda zangada. Ele achava muito fofo alguém tão pequena parecendo um trooper furioso.

                - Do que está rindo? – Ela perguntou perigosamente calma, ainda nitidamente brava.

                Cassian riu outra vez e beijou seus cabelos, ouvindo um pequeno rosnado irritado por estar perdendo a discussão. Como ela era fofa! E como ele tinha sorte de ser o único a ver esse lado de Jyn Erso que ninguém poderia imaginar existir. A fez andar para trás até prendê-la entre ele e a parede do quarto. Beijou a bochecha da rebelde e depois a encarou.

                - Você fica linda zangada.

                - Odeio quando você não me leva a sério.

                - Eu levei, querida. Acredite, eu entendo você – falou encostando sua testa na dela, sem quebrar o contato visual – Mas acho que podemos finalmente respirar aliviados depois de duas semanas e ficarmos algum tempo juntos sem estarmos arrodeados de pessoas em um acampamento. Vamos, eu sei que você pensa o mesmo – beijou sua testa – E obrigado – um beijo em seu nariz, que o deixou satisfeito por ouvir um risinho dela – Por se preocupar – um beijo no canto dos lábios, que a fez suspirar – Com minha segurança – um beijo suave e demorado em seus lábios.

                - Eu é que devia agradecer por isso – a mão pequena acariciou o rosto do capitão – Me desculpe, Cass.

                Outro beijo dele em seus lábios.

                - Obrigada – Jyn sussurrou, e ele soube que ela havia se rendido.

                Cassian sentiu o pequeno corpo pressionado contra o dele perder toda a tensão e relaxar em seus braços. Envolveu mais os braços em suas costas e a puxou para cima, ainda a prendendo ali, notando que os pés dela não tocavam mais o chão, e antes que ele fizesse o próximo movimento era Jyn que estava enlaçando seu pescoço, levando uma mão para sua nuca e o puxando para um beijo demorado, mas agora profundo e ardente. Eram duas semanas correndo entre imperiais, dormindo em acampamentos improvisados e se revesando para ajudar civis em fuga, concentração total na missão, e o único momento que tinham para eles era quando podiam se deitar juntos e dormir exaustos durante algumas poucas horas. Agora estavam em casa e precisavam um do outro. Cassian a levantou um pouco mais em seus braços e deu dois passos para trás enquanto ainda se beijavam, depois ele caminhou com ela em outra direção. Jyn sentiu-se ser delicadamente inclinada para baixo quando Cassian a colocou no colo, e suas costas tocaram o colchão macio.

                - Eu te amo – Cassian falou quando parou o beijo para olhá-la – Meu pequeno trooper furioso.

                Jyn riu e abriu os olhos, olhando para cima e se deparando com os olhos castanhos do homem a encarando. Afagou o rosto dele, sentindo a barba por fazer arranhar sua mão, ela gostava da sensação. Sorriu para ele.

                - Eu te amo, meu capitão – ela respondeu enfatizando o “meu” e vendo Cassian sorrir – Yo pensaba que no quiere perder el tiempo – ela falou suavemente, o olhando e deslizando o polegar pelos lábios do marido.

                - No quiero, mi amor – ele sussurou amorosamente.

                - Você me deixa louca falando assim... – respondeu no mesmo tom.

                O sorriso de Cassian aumentou. Ele sabia, por isso falava. Jyn se derretia ao ouvi-lo falando em Festian. Ela achava a sonoridade do idioma bonita.

— Estou feliz por ter você – ela falou.

                Os dedos de Cassian passearam carinhosamente por sua bochecha e por sua testa, alisando os cabelos claros em seguida. Os olhos verdes pareciam alimentar as chamas que brilhavam nos castanhos. Os olhos se fechando e o suspiro satisfeito de Jyn o encorajaram a unir seus lábios novamente e em poucos minutos tinham perdido totalmente o controle.

Cassian acordou horas mais tarde, ainda ouvindo o som da chuva, o que era incrivelmente confortante, especialmente considerando a escuridão do quarto. Jyn estava dormindo, descançando parte de seu peso em cima dele. Não se importava, ela era muito leve, ele até gostava da sensação. A cabeça repousava em seu peito, os cabelos soltos, uma mão encaixada entre seu ombro e seu pescoço enquanto ela o abraçava, a outra fechada perto de seu rosto, e um leve sorriso em seus lábios. Linda, ele pensou mais uma vez com um sorriso. Beijou a testa de Jyn e a abraçou mais firme. Estava um pouco frio, ao menos para ele. Riu baixinho. Jyn estava confortável, inconscientemente roubando o calor da pele dele, e o esquentando um pouco também. Puxou as cobertas mais para cima dos dois e voltou a fechar os olhos, acariciando de leve o braço que o envolvia e depois repousando a mão nas costas dela.

                - Eu tenho muita sorte – falou para si mesmo – Obrigado por existir, Jyn, minha querida.

                Logo o som da chuva e o calor agradável que so dois compartilhavam o carregaram suavemente para a inconsciência de novo.