Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 27
Capítulo 27 – Lar




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Capítulo 27 – Lar

— Se no estás aqui algo falta... – Cassian murmurou sozinho em seu idioma nativo enquanto trabalhava na Rogue Two.

— Os humanos ficam muito estranhos depois que se envolvem como um casal.

— É estranho não ter ela aqui – falou para o droid que acabara de entrar – Você a viu?

— Não, eu vim do hangar subterrâneo. Mas eu passei pelo medbay e ela não estava lá, isso é um bom sinal... Ela vai ficar bem – K-2 falou para tentar deixá-lo melhor.

— Assim espero.

******

Jyn havia adoecido após trabalhar exaustivamente durante várias madrugadas auxiliando pilotos que iam e vinham de uma missão arriscada e demorada. Na quinta noite mal dormida após todo o dia trabalhando, seu organismo fraquejou. Jyn tinha uma saúde de ferro, apesar da vida conturbada e do quase nenhum tempo para cuidar de si mesma antes de se unir à Rebelião. Raramente ficava doente, e quando acontecia ela preferia ficar o mais longe possível de qualquer ser vivo e o mais sozinha possível mais ainda. Ninguém a ajudaria, além de que qualquer um poderia tentar matá-la em seu estado frágil.

Insistira em trabalhar na manhã do sexto dia, apesar dos pedidos quase desesperados de Cassian para que descanssasse. Algumas horas depois acabou cedendo quando seus olhos começaram a se fechar involuntariamente, com um sono que parecia ser muito mais do que apenas cansaço, e seu corpo ficou fraco como se tivesse levado uma surra. Então permitiu Cassian levá-la para o quarto antes que ela ficasse mal o suficiente para precisar recorrer ao centro médico. Ele tirou seu colete, luvas, coldre e blaster, botas e meias, além de soltar seu cabelo, antes de deixá-la dormir. Jyn se lembrava dele sentado e preocupado ao seu lado por vários minutos, falando alguma coisa com K-2, até ela adormecer. Não sabia quanto tempo se passara depois disso, mas ela não se sentia tão melhor ao acordar, apesar de bem mais descançada. Sentiu frio e se encolheu debaixo do lençol, apesar de sentir suas mãos e pés quentes como se estivesse usando luvas e meias, um sintoma de febre leve. A porta foi aberta devagar e ouviu Cassian chamando seu nome baixinho. Olhou na direção dele, que fechou a porta e foi sentar-se outra vez ao seu lado.

— Que horas...?

— Já é de manhã... Senti sua falta lá – ele falou com um pequeno sorriso.

— Me desculpe... Devia ter te ouvido antes, você não precisaria perder tempo assim.

— De forma alguma se culpe por isso, querida! Precisa repousar.

Jyn estremeceu, o que Cassian não deixou de perceber, levando uma mão a sua testa e depois a seu pescoço.

— Você tem febre. Baixa, mas é febre.

— Estou com frio – ela falou, algo óbvio, mas falou sem pensar, só para trocar alguma palavra com ele.

— Eu sei – respondeu afagando seu cabelo.

— Devia estar trabalhando.

— Já terminei com a nave, K-2 vai cuidar dos detalhes restantes.

— Mon Mothma ou Draven devem estar te procurando.

— Ela me mandou cuidar de você.

Jyn tremeu de novo.

— Você precisa de água fria, temos que dar um jeito nesses calafrios e nessa febre.

— Não garanto me aguentar em pé no momento.

— Não precisa, eu vou segurar você.

Cassian pegou mudas de roupa para Jyn e para ele, levando-as para o banheiro. Minutos depois ela estava abraçada a ele debaixo da água fria do chuveiro, ainda tremendo. A água fria a incomodou um pouco nos primeiros segundos, mas foi confortante quando aliviou seus tremores. Cassian a segurava firme, beijando sua testa e falando baixinho com ela. Não conseguia assimilar as palavras dele por mais que tentasse, sentia-se exausta, mas ouvi-las ainda assim lhe oferecia uma sensação de segurança que não tinha há anos. O contato de pele contra pele também era agradável, e o calor da dele ajudava com o frio. Ela queria e precisava dormir mais, e quase o fez. Cassian falou alguma coisa e o chuveiro foi desligado. Ele a envolveu com uma toalha e a sentou em um banco no banheiro. Quando estavam ambos secos e vestidos, ele a carregou para o quarto e Jyn sentiu-se ser colocada no colchão macio. Depois Cassian deitou ao seu lado.

— Relaxe, Jyn.

A rebelde inspirou fundo e continuou de olhos fechados, se virando para ficar de frente para ele. Os braços do capitão se fecharam a sua volta e ela encaixou a cabeça em seu pescoço. Antes de Wobani, Jyn nunca imaginou nada daquilo em sua vida, às vezes se perguntava se merecia. Comida, abrigo, cuidados médicos, um trabalho que envolvia realmente ajudar na luta contra o Império e não só provocar baixas para ele aqui e ali com alguns crimes, e se ela podia chamar assim... Um lar. Aos poucos ela havia feito novos amigos e criado confiança mútua com mais pessoas, até com droids, e agora, apesar do amanhã eternamente incerto, ela sentia segurança em pensar que sua vida era mais estável do que jamais fora desde a fuga de Coruscant. Porém a maior de todas as suas recompensas a estava segurando em seus braços agora, Cassian Andor. Os braços dele, o afago suave em seu cabelo, o calor do corpo do capitão, e os sussurros dele para ela, eram o lugar mais seguro e confortável do universo.

— Eu nunca pensei que fosse ter uma casa outra vez – ela disse baixinho.

Cassian ficou em silêncio por um instante.

— Temos que nos acostumar com a ideia de que um dia podemos precisar deixar essa base de repente. Você entende isso?

— Sim. Eu gosto muito daqui. É um lugar bonito, nem frio, nem quente demais, mas eu entendo. No entando não é isso que eu quis dizer.

— E o que quis dizer?

— Você. Minha casa é onde você estiver. Quando eu era criança e nos mudamos de repente... Eu estava assustada, mas não me importei no fim das contas. Papai e mamãe estavam comigo. Agora você é tudo que eu tenho, Cass.

Ele fez mensão de falar, mas ela levou a mão a seu peito, e ele entendeu que ela queria concluir seu raciocínio.

— Não me lembre que podemos perder um ao outro também... Eu sei. Quando as coisas estavam se acertando me indicaram pra várias tarefas dentro e fora da base, eu fico feliz de você ter exigido que eu fosse membro oficial e permanente da sua tripulação. Acho que é a melhor forma de vivermos tão intensamente quanto pudermos. Se algo acontecer, nunca estaremos tão longe um do outro.

Ele nunca sabia exatamente o que responder quando Jyn falava algo que o tocava tão profundamente, então sorriu e beijou a bochecha da rebelde demoradamente.

— Te amo tanto, minha Estrelinha – sussurrou em seu ouvido.

Ela sorriu também, deixando-o satisfeito.

— Apesar de nada ser certo desde... Sempre, Yavin é o lar que eu tive depois que perdi tudo. Mas sempre faltou alguma coisa. K-2 preencheu um pouco do vazio quando chegou, apesar da total falta de sentimentos dele.

Os dois compartilharam uma risada breve.

— Mas faltava alguma coisa que eu não sabia o que era.

— E você encontrou?

— Sim. Estava dentro de um carro de prisioneiros em Wobani. Não falta mais. Estou em casa toltamente agora.

Jyn suspirou com o conforto que aquela afirmação lhe trouxe, e beijou suavemente o escoço do capitão, onde continuava a esconder seu rosto. Cassian foi quem suspirou dessa vez com o pequeno choque que o percorreu com o toque dela. E vendo Jyn agora em silêncio lembrou-se do porque de estarem ali em plena luz do dia. Ela precisava descansar. O banho havia ajudado muito, e ela já não tremia, mas sua pele ainda estava um pouco quente.

— Você precisa descansar.

— Só não saia daqui.

— Yo no voy a ninguna parte, mi amor – ele falou em sua língua nativa - Te amo, mi pequeña Estrella. Dormir ahora, y el resto. Voy a estar aquí hasta el final.

Sabia o quanto Jyn amava quando ele fazia isso, e ela vinha começando a entender o que ele dizia, por isso percebeu rapidamente que ela sorria contra seu pescoço.

— Te amo también, mi capitán.

Cassian sorriu, e delicadamente se afastou o suficiente para lhe retribuir com um beijo nos lábios e outro na testa, antes de retornar à posição que estavam antes. Os batimentos do coração perto de seus ouvidos, a respiração dele, a mão amorosa acariciando seus cabelos, os pés se entrelaçando com os dela no fim da cama, o calor a envolvendo e aliviando o frio causado pelo que lhe restava da febre, os braços fortes a embalando protetoramente. Eles pareciam se encaixar como se tivessem nascido para viver abraçados daquele jeito. Jyn não demorou para cair no sono antes mesmo que percebesse.


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