Go Rogue! escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 2
Capítulo 2 – Estrelinha de esperança


Notas iniciais do capítulo

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Esse capítulo é uma one-shot escrita anteriormente que decidi incluir nessa mini fic. Mas dessa vez do ponto de vista de Jyn e Cassian ao invés de 3ª pessoa.



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Capítulo 2 – Estrelinha de esperança

                Corri para Cassian não conseguindo evitar um sorriso ao vê-lo vivo, apesar de notavelmente machucado. Queria abraçá-lo, e quase o fizemos, mas me lembrei de Krennic e virei-me em sua direção com a alegria em meus olhos mudando instantaneamente para raiva quando avancei na direção do homem desmaiado.

— Deixe ele! Deixe ele! Vamos... Vamos – Cassian insistia me puxando pela mão e fechando os braços em volta da minha cintura com firmeza.

                As palavras demoraram a chegar aos meus ouvidos enquanto Cassian tentava me conter de meu ataque de fúria para Krennic caído no chão. Mas fui obrigada a reconhecer que Cassian tinha razão, iríamos morrer ali. O planeta todo estava explodindo. Olhei uma última vez para o homem que eu adoraria estrangular com minhas próprias mãos e fui embora com Cassian, passando um dos braços dele por meus ombros para ajudá-lo a andar. Estava ferido, e só então prestei atenção à expressão de dor em seu rosto e aos murmúrios de dor enquanto nos distanciávamos da torre. Ao finalmente acordar minha mente da agitação furiosa de minutos atrás percebi o quanto me sentia aliviada por ver Cassian, quando ele fora atingido pensei que estivesse morto. Quando e como meu carinho por ele havia crescido tanto? Não tinha a mínima ideia. Havíamos passado poucos dias juntos, mas vivido coisas suficientes para anos. Ainda sentia uma ponta de raiva por ele ter mentido e planejado secretamente matar meu pai, mas ele escolhera não fazê-lo, e fora graças a ele que o havia visto mais uma vez, ainda que tivesse sido a última. Cassian me olhou com um sorriso, ao qual eu retribuí, e trocamos algumas poucas palavras enquanto caminhávamos.

Quando alcançamos o elevador o acionei o mais rápido que podia e empurrei Cassian para dentro antes de entrar ainda o apoiando em meus ombros. As portas se fecharam e finalmente pudemos respirar e nos acalmar um pouco, apesar do temor do que encontraríamos lá embaixo. Podíamos ver por alguns espaços vazios na estrutura do elevador o estado deplorável em que Scarif estava ficando, e ambos sentíamos o mesmo, possivelmente não iríamos sobreviver para ver as consequências de tudo aquilo. Olhei preocupada para Cassian, de olhos fechados, com uma expressão de dor, encostado na parede do elevador, parecendo fazer esforço para se manter de pé. Ele abriu os olhos, notando a preocupação nos meus olhos verdes e tentando parecer mais forte, mas não adiantava, era como se pudéssemos ver no fundo da alma um do outro. Primeiro um olhar de que ambos sabíamos  que iríamos morrer hoje, depois apenas o conforto de ao menos termos um ao outro. Estávamos tão perto... A luz ia e vinha conforme o elevador se movia e enquanto nos encarávamos profundamente, ainda com um dos braços entrelaçado no do outro nos apoiando no elevador. Não sabíamos se por tudo que estávamos passando naquele exato momento ou por tudo que havíamos vivido nos últimos dias desde que tinham me libertado, mas nossos corações pareciam bater como um só, implorando para que nunca se separassem. E assim suavemente, sem sequer perceberemos, como se mergulhássemos num sonho, de repente nos beijávamos na escuridão do elevador, de olhos fechados e agora alheios à destruição lá fora, nos entrelaçando num abraço gentil.

O contato singelo tornou-se mais urgente e poderíamos morrer daquele jeito que não teríamos percebido, mas os sons da batalha ficando mais altos estilhaçaram nossos sonhos, obrigando-nos a nos afastar e nos olharmos novamente. Apesar da conversa silenciosa de nossos olhares, queríamos dizer tantas coisas em voz alta... Porém por mais que quiséssemos não havia tempo para dizer nada, então apenas apoiei Cassian novamente quando o elevador parou e se abriu. Caminhamos para fora, vendo a catástrofe consumir o planeta. Alguma coisa explodia em todo lugar que olhávamos e corpos de stormtroopers se acumulavam no chão. Caminhamos para a praia, já tendo aceitado que junto aos demais habitantes daquele planeta nossos amigos estavam todos mortos. Cassian não aguentou mais. Seu corpo doía muito e se não fosse a situação urgente e desesperadora o mantendo acordado, tenho certeza que ele se deixaria desmaiar novamente. Ele caiu de joelhos na areia da praia, me levando junto, e ficamos ali olhando o horizonte, onde podíamos ver a Estrela da Morte surgir no céu enquanto fumaça e luz se espalhavam. Podia até parecer bonito se não fosse aquilo a causar o fim que encontraríamos em alguns minutos. Nos olhamos novamente, não iríamos sobreviver.

— Seu pai estaria orgulhoso de você, Jyn – Cassian falou de repente.

Estendi a mão para segurar a dele e ele aceitou. Unimos nossas mãos num aperto firme, procurando conseguir algum conforto diante daquele fim inevitável. Nos olhamos brevemente e encaramos o horizonte. Podíamos ver e sentir o calor da luz e da poeira se aproximando da praia. Nossos corações se apertavam mais a cada segundo. Nos viramos um para o outro e nos abraçamos forte.

— Eu quero que fiquemos juntos por tanto tempo quanto pudermos – falei em seu ouvido, sentindo Cassian me apertar com mais força – Você está comigo?

— Até o fim!

Em seguida estávamos de pé ainda abraçados, tentando nos concentrar apenas um no outro, afinal um ao outro era tudo que tínhamos agora. Também apertei mais o abraço e nesse momento podíamos de fato sentir nossos corações batendo juntos, mal sabendo distinguir qual era qual. Era estranho conseguir sentir conforto e paz, e nos sentirmos amados e protegidos por alguém num momento terrível como aquele depois de termos passado a vida inteira sozinhos, mas sentíamos. Ficamos em silêncio, fechamos nossos olhos e esperamos, até que tudo desapareceu em meio a luz e poeira.

******

Eu caminhava calmamente nas primeiras horas da manhã pela grama verde do gracioso planeta em que estávamos vivendo escondidos e protegidos pela Aliança Rebelde depois do incidente com a Estrela da Morte. A brisa suave batia em meu rosto e pássaros cantavam e voavam em pequenos bandos pelo céu. Alguns lagartos corriam pelo chão e também havia um pequeno lago ali por perto. A cidade ficava a uma curta distância, menos de uma hora a pé, fora escolha nossa não ficar muito perto de multidões. Eu tinha saído cedo para caminhar enquanto Jyn dormia e agora finalmente eu avistava outra vez a casa em que vivíamos. Uma casa modesta, mas confortável, com grama e uma cerca baixa de madeira em volta que nós dois havíamos feito com nossas próprias mãos. A casa havia sido concedida por uma amiga e aliada da Aliança. Ela não era humana como a raça predominante no planeta, mas era muito sábia e conhecia bem o lugar. Abri um sorriso ao ver Jyn sentada na grama do jardim. Também havia flores em alguns lugares, de várias cores e formas, Jyn gostava disso, e eu não podia negar que também me sentia encantado com a beleza daquele planeta. Caminhei até ela e beijei sua testa, me sentando ao seu lado e focando o mesmo ponto que ela. Os pequenos olhos verdes da bebê de cabelos escuros em seus braços. Acariciei o rosto da minha filha, que riu para mim.

— Bom dia, Estrelinha – eu disse para a pequena Hope.

— Aonde foi? – Jyn perguntou curiosa.

— Caminhar...

— Pra quem não gosta de ficar parado num lugar só até que você está amando esse planeta.

— É um lugar bonito. E é um bom lugar pra criar Hope. Parece estar tudo bem, e espero que continue assim por enquanto.

Abracei Jyn, sentindo-a deitar em meu ombro e os murmúrios de Hope se misturavam ao canto dos pássaros que voavam e ela olhava com curiosidade.

— Ainda é estranho estar viva. Não ruim, é claro, mas estranho. Eu podia jurar que tudo acabou naquele segundo e agora se passaram três anos.

— Quantos dias eu dormi mesmo?

— Você não dormiu, ficou desacordado de tão ferido que estava. Foram quatro. Quatro dias agonizantes. Parecia que eu te via morrer de novo em todos eles.

A olhei e a surpreendi com um beijo demorado e cheio de sentimento.

— Eu não te deixaria.

Jyn sorriu. A batalha no universo continuava. Após a princesa Leia entregar os planos a uma unidade R2-D2, havia sido raptada por stormtroopers, mas resgatada por Han Solo, com quem Jyn se encontrara uma vez antes de ser presa e resgatada por mim. Esperávamos um dia poder lutar de novo ativamente com a Aliança Rebelde, aquela batalha também era nossa, mas por hora deveríamos permanecer nas sombras, em segurança, aproveitando toda a felicidade que pudéssemos ter. Hope tinha apenas três meses. Não tínhamos ideia de qual caminho ela seguiria quando crescesse, mas faríamos tudo para que ela tivesse uma infância mais feliz e segura que a nossa.

— Cass...

— Hum? - Murmurei enquanto ninava Hope agora em meus braços, e olhei para Jyn, que me beijou brevemente.

— Nada, só queria dizer que te amo.

— Também te amo – respondi retribuindo o sorriso.


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