O pensamento de Marco sobre o que Tammy havia falado permaneceu durante todo o fim de semana. Ele estava deprimido mas ao mesmo tempo se distraía e tentava esquecer. Van foi na casa dele com um jogo de vídeo game para que pudessem jogar e se distraírem. Tom também jogara com eles e assim foi a tarde de domingo deles, uma tarde divertida para ajudar um amigo a não ficar deprimido.

Van podia ser mais inexpressivo que o normal, mas ele no fundo era um amigo dedicado. À noite, os três rapazes foram a uma churrascaria e comeram churrasco pra animar. Qual ser humano no mundo não se anima com um bom churrasco? Marco se animou, pois no dia seguinte parecia estar mais conformado com o que havia acontecido entre ele e a noiva.

Na frente do portão estava o grupo reunido, mas ele já havia sido aberto. Todos esperaram por Tom, que sempre se atrasava. Tammy estava falando no telefone, meio distante, enquanto Lucy parecia meio triste com Tom. Van, que era observador, reparou que Tom estava mais zangado que o normal, então ele comentou baixinho com Marco.

— O que ele tem? - perguntou Van.

— Eles dois brigaram! - disse Marco, quase sussurrando.

— Mas já? - perguntou Van, dessa vez levemente intrigado.

— Não sabe como meu irmão é? Já tá com ciúme da garota por bobagem! - ele respondeu olhando para Tom com com os olhos serrados.

Na verdade, o que havia acontecido, foi que, no sábado à noite, Lucy estava trabalhando no bar de seu tio e Tom resolveu passar lá para vê-la. Ela atendia um grupo de rapazes que já conhecia há algum tempo. Eles foram tirar uma selfie e a chamaram pra sair na foto, Tom viu isso e não gostou. Lá mesmo ele brigou com ela e disse que não gostou de sua atitude. Ela por sua vez, retrucou alegando que ele não era pai dela e que não podia impedi-la de conviver com os amigos.

Tom é um garoto esquentado. Lucy uma moça extrovertida. E esse relacionamento não tem como NÃO dar certo. Porque já no intervalo, eles já estavam de bem. E Van especulou com Maya o fato de eles se recuperarem tão rápido. Marco conhecia seu irmão e sabia que ao sinal da menor fofura de Lucy, ele iria se derreter. Isso até serviu para divertir Marco.

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A semana passou bem rápido e Marco tinha muito trabalho pra fazer. Mas na sexta, que seria o "último" dia livre dele antes de começar a trabalhar bastante, ele ligou pra Tammy e a convidou para sair. Marco era bem gentil, então a convidou para um jantar simples. Ela aceitou e ambos foram logo depois de saírem da aula vespertina.

Lucy insistiu horrivelmente pra ir ajudar Tammy a se vestir para o encontro. Foi difícil de convencê-la, já que não queria de jeito nenhum. Maya prometeu que ia pra ajudar e por fim ela cedeu. O apartamento de Tammy era bem pequeno mas tinha um toque bem moderno. Ela iria buscar o filho na casa dos pais somente no dia seguinte, e não na saída da faculdade como sempre fazia.

Lucy e Maya a ajudaram com a roupa, embora ela não precisasse muito. No fim, ela acabou vestindo um vestido cinza com umas estampas geométricas pretas, era bem discreto pra dizer a verdade, e a jaqueta jeans preta deu um ar mais maduro ao look. A bota de cano curto com um salto baixo preta combinara perfeitamente com o vestido e a bolsa tiracolo preta com franjas. O cabelo preto estava meio amarrado e a franja caía pelo rosto, deixando a maquiagem menos pesada.

As duas estavam tão eufóricas que encheram a cabeça da pobre moça, dizendo que ela devia ser namorada do Marco. Tammy não gostou nada disso e acabou chegando no encontro com a cara emburrada. Marco estranhou isso, mas ela foi se acalmando à medida que conversavam. Ele a agradecia por tê-lo ajudado a encarar a realidade que ele estava enfrentando com o término do noivado.

— Apenas disse a verdade. - disse ela com um leve sorriso no canto da boca.

— De qualquer forma isso me ajudou a não ficar pensando nas coisas. Enfim, não esperava que você fosse aceitar meu convite, portanto, obrigado! - ele dizia isso gentilmente.

— Imagina, você é um cara legal e tranquilo. Não podia negar! - ela sorriu no final da frase.

— Que nada! Como vai seu filho? - ele perguntou meio inseguro.

— Ele tá bem, meus pais adoram ficar com ele. - ela respondeu séria.

— Deve ser difícil ser mãe solteira! - dessa vez ele deixou passar um certo interesse na voz.

— Pode até ser, mas tenho bastante apoio, afinal, o pai dele tá sempre por perto e é um bom pai. - ela disse olhando pela janela.

— Que bom que se dá bem com ele. - dessa vez ele estava sendo apenas sincero.

Ela deu um leve sorriso e logo o pedido deles chegaram. O jantar foi delicioso e a sobremesa estava ainda melhor. Tammy pediu uma torta holandesa no copo, enquanto Marco pediu um simples bolo de chocolate. Eles pareciam levemente ruborizados com a sobremesa deles e isso tirou até uns sorrisos dos dois.

Ao saírem do restaurante, eles foram dá uma caminhada na cidade. Havia um parque que ficava na redondeza e à noite havia muita gente praticando esportes e passeado ali. Eles sentaram em um banco um pouco próximo a um show de violão. Uma jovem moça tocava e cantava algumas versões acústicas de rocks clássicos. Tammy se sentiu bem à vontade, embora Marco não fosse muito desse estilo.

A conversa se estendeu até bem tarde, eles pegaram algumas bebidas no quiosque e falaram sobre suas vidas. Era incrível a química deles, ambos eram tão maduros! Diferente do casal Tom e Lucy que pareciam mais adolescentes namorando pela primeira vez.

Embora todo esse entrosamento entre eles, Marco ainda estava inseguro de ir mais além, Tammy se resguardava pelo bem deles. Depois de conversarem sentados no banco, Marco recebeu uma ligação estranha. Ele pediu licença e se levantou para atender. Foram pelo menos 20 minutos falando e andando de um lado para o outro, de uma distância que Tammy não podia ouvi-lo. Ela aproveitou para saber sobre seu filho e pra marcar com o pai dele onde ele podia pegá-lo pra passar o tempo com ele.

Depois daí, Tammy, que sentia um pouco incomodada pela atitude de Marco, decidiu se levantar, mas nessa hora ele finalmente desligou o telefone.

— Mil desculpas por isso! Eu não esperava essa ligação desse jeito. Não foi nada legal da minha parte. Me perdoe pela indelicadeza, mas acho que dessa vez tudo estará de fato resolvido! - ele parecia confuso, numa mistura de alívio e culpa por tê-la deixado esperando.

— Ahr! - ela desviou o olhar - Tá bom! Mas e então? - ela perguntou um pouco chateada.

— Era minha noiva! - ele respondeu sério.

Será que isso significava que eles haviam se reconciliado ou terminaram de vez?