Maya não esperava o beijo, mas aceitou mesmo assim. Van era muito mais gentil do que sua expressão séria mostrava. Ele deu um leve beijo, porque com certeza Maya se encolheu no canto por estar tímida. Quando ele enfim pode olhar em seus olhos, ele viu que ela estava corada. Um sorriso no canto da boca chamou a atenção de Maya. Não que ele estivesse rindo dela, mas ele era gentil o bastante pra não continuar a deixá-la envergonhada. Eles se encaram por alguns segundos, ele com uma expressão tranquila e ela com vergonha. Maya estava deixando claro que, na verdade, ela até que gostou.

— Desculpe por fazer isso tão logo, é que me deu muita vontade de beijá-la! - ele disse com um tom de voz gentil.

— Tá! - foi só o que ela conseguiu dizer naquela situação.

— Vamos indo então! - ele se levantou e estendeu a mão pra ela.

Com timidez ela pegou na mão dele e se levantou. O primeiro beijo dos dois foi algo bem tranquilo, quase nem existiu, se dependesse de Maya, nem um beijo assim aconteceria. Ele a levou até o ponto do ônibus que ela pegaria pra ir pra casa. Eles conversaram sobre o passeio que tiveram, Maya se divertiu e Van pode conhecer o lado mais infantil dela. Tudo isso foi relaxante para os dois, mas com certeza mais ainda pra Maya. Na cabeça de Maya só tinha o beijo e como ele aconteceu. Já na cabeça de Van tinha espaço para pensar no próximo passeio e como ele ia fazer pra conquistá-la de vez.

No dia seguinte, Van mandou uma mensagem de bom dia para Maya que ficou surpresa por ele manter contanto. À tarde teria uma aula apenas. Maya e Lucy foram almoçar num pequeno restaurante da vizinhança e ela pode dizer tudo o que aconteceu no encontro. Lucy ao ouvir o que tinha acontecido, quase deu um salto de alegria. Ela torce mesmo para que a amiga encontre alguém, assim como ela.

Ao chegar na faculdade, Van a esperava na entrada e a cumprimentou. Lucy se esquivou para o banheiro pra deixar a amiga sozinha. Van apenas perguntou se ela gostaria de fazer um outro programa e ela concordou, corada. Depois disso, ele se adiantou. Maya foi encontrar Lucy no banheiro, mas claro que ela não iria saber de quais banheiros Lucy estava falando que ia; então adivinha o que aconteceu?! Maya se perdeu. Ela foi para um lugar que não tinha ido antes, os blocos da parte de trás do campus.

Ela olhava para todos os lados enquanto um pensamento soava intensamente na sua cabeça "Onde estou? Como faço pra chegar na sala?". Ela via os alunos que tinham matéria no sábado e pensava em pedir ajuda deles, mas ela tentava falar com eles e eles a ignorava. Depois de ficar confusa e revirar na cabeça um caminho pra chegar até a sala. Um rapaz chegou até e a cumprimentou. Na verdade foi um "posso ajudar em alguma coisa?", daqueles de quando a pessoa vai a um mercadinho.

— Eu estou tentando voltar para a minha sala, mas eu nunca vim pra esse lado, então me perdi. - disse ela, receiosa.

— Me chamo Marco, basta me dizer onde fica sua sala e eu posso levá-la até ela! - ele disse sorrindo.

— Sério?! Seria muita gentileza. Eu sou do bloco 3, terceiro andar.

— Certo, hahaha! Agora sei porque está perdida. Não tem caminho por aqui, estranho como conseguiu chegar aqui sendo que você é de lá. Bem, vamos! - ele falou aquilo com tanta naturalidade, mas o caminho era muito longo.

— Nossa, você me salvou! Eu nunca iria achar o caminho sozinha! Obrigada! - disse ela aliviada na porta da sala.

— Imagina, não foi nada! Mas é verdade que se você se perder lá, não conseguirá voltar fácil. - disse ele pra assustar.

— Vou pra minha aula agora, mais uma vez obrigada! - ela disse e depois entrou na sala.

Marco acenou e foi embora, debaixo do olhar de Van. Ele pensara ter visto esse rosto antes. Lucy ficou preocupada quando chegou na sala e Van estava sozinho, mas sabia muito bem como era sua amiga. A aula foi moderada e eles logo foram liberados. Lucy chamou Maya para tomar um milk shake antes de ela ir trabalhar. Lucy trabalhava no bar de seu tio nos fins de semana à noite e quase nunca tinha tempo nesse período pra ficar com sua amiga. Van, se despediu delas antes que saíssem da sala.

Ele ficou esperando no caminho entre o bloco 4 e o bloco 1. A ideia era conseguir ver os alunos dos blocos de trás passarem para então encontrar Marco. Como ele sabia que ele era de lá?! Na faculdade, cada bloco pertence a uma parte da ciência. O bloco 1 da ciência social, o bloco 2 da ciência exata, o bloco 3 da ciência tecnológica (o bloco de Maya e Van), o bloco 4 da ciência da natureza, o bloco 5 da ciência da saúde e o bloco 6 da ciência política. A parte a qual cada um pertence é representada por uma linha de uma determinada cor nas mangas, o bloco 3 era a cor azul e o 4 era a cor cinza. Desse jeito ficou óbvio pela camisa de Marco qual era o seu bloco.

Ele passou por lá logo depois de Van chegar. Será que Van iria brigar com ele por estar com Maya?! Claro que não! Ele não era disso. Ele conhecia seu rosto de algum lugar. Van o parou e o cumprimentou educadamente. Os dois foram em direção à saída e começaram a conversar.

— Eu acho que conheço você, seu nome é Tomas? - Van perguntou educadamente.

— Ah não! Esse é o meu irmão mais novo, eu sou o Marco! - ele respondeu sorrindo.

— Entendi, vocês se parecem bastante. Eu o conheci enquanto estava no colégio. - disse Van.

— Ah é mesmo. Ele era repetente, por isso deve ter conhecido ele no último ano da escola, que foi o ano que chegamos aqui nessa cidade. - Marco relembrou gentilmente.

— Pois é, ele tinha uma personalidade difícil. - a conversa durou todo o caminho para casa.

Maya chegou em casa depois de um dia cheio e ficou surpresa com a mensagem que havia recebido:

— "Sinto muito por não te acompanhar hoje. Gostaria de ter passado mais tempo com vc. Eu te ligo amanhã, então até lá. Bjs Van" -

Como prometera, ele ligou no domingo. A segunda logo chegou e a rotina semanal veio junto. Maya e Lucy chegaram e viram que Van e Marco conversavam na entrada na universidade. Eles pareciam bons amigos. As duas cumprimentaram os rapazes e todos seguiram para as salas. No caminho, um garoto com cara de zangado veio se aproximando abruptamente do grupo que conversava normalmente. Todos ficaram na defensiva, exceto Marco.

— Por que você não me acordou? - ele perguntou quase aos berros.

— Você precisa aprender a se virar sozinho. - Marco respondeu calmamente. - Além do mais eu lhe chamei duas vezes, mas você continuou dormindo então eu me adiantei.

— Por sua causa quase perdi o trem de novo! - o rapaz disse, dessa vez mais tranquilo.

— Você tem um celular, use o despertador dele! - Marco disse com firmeza. - E você não pode falar comigo assim na frente dos meus amigos! - enquanto ele olhava para o rapaz, ele passou o olhar sobre todos eles.

— Então agora você tem amigos? Por isso não se importa mais com seu irmãozinho! - disse o jovem mais calmo.

— Então você é o Tomas? - perguntou Van com os olhos serrados.

— Sou, mas e você, quem é? - ele perguntou desconfiado.

— Tom, esse é o Van. Da escola. Não lembra? - disse Marco. E o olhar de Tom pousou, alarmado, sobre Van.

Será que ambos eram amigos ou houve algo que não foi resolvido entre os dois?