Garotos e Garotas escrita por AnaChan


Capítulo 14
Capítulo 14: Passado


Notas iniciais do capítulo

Hey hey hey minna!!
Mil perdões por essa sumida que eu dei, é que eu tava muito ocupada com o trabalho de conclusão do meu curso de webdesign. Mas no fim acabou muito bem :)
Estou lançando esse que será o penúltimo capítulo da história antes do epílogo final. Mas vcs ainda me verão muito por aqui, pq já tenho histórias em andamento :D
Apreciem esse capítulo que será muito diferente, e pra recompensar será grande!!
Boa leitura!!



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Maya: 

O outono finalmente chegou. A manhã era fria, então coloquei um casaco mais grosso e um cachecol, o de bolinhas rosas, meu preferido. Saí me despedindo da minha mãe como sempre fazia. Eu precisava andar algumas quadras até chegar na escola. Mas já na entrada, estavam aquelas garotas. Não consigo me lembrar quantas eram, e nem qual eram seus nomes, mas eu me lembrava de uma em especial.

Ela tinha cabelos escuros e encaracolados, era até bonita, mas era a "líder" do bando. Parecia que ela sempre dava ideia para as outras implicarem. No corredor das salas, colocavam o pé na minha frente e eu tropeçava em meio a risadas debochadas. Eu apenas levantava, limpava minha saia e continuava. Eu não gostava daquilo, mas não dava muita importância. Minha mãe sempre falava "Quanto maior a importância que você der, mais elas vão implicar".

A verdade é que eu não queria ligar pra isso. Sempre que eu entrava na sala, tudo desaparecia das minhas lembranças. Eu adorava estudar, sempre adorei, então isso cooperava pra esquecer qualquer desavença que me sobreviesse. As aulas de arte eram as minhas preferidas. As cores, as formas, tudo me fascinava. Desde essa época eu já sabia o que queria fazer quando me tornasse uma adulta: queria ser uma artista.

Numa tarde, quando eu estava indo pra casa, as garotas me seguiram. Riam e conversavam alto. Eu estava confusa, mas uma hora, ouvi e vi uma pedra rolando ao meu lado. Alguém tinha jogado. O estranho é que logo em seguida ouvi uma voz grossa as reprendendo, parecia ser a voz de uma homem jovem. Quando olhei vi que vestia o uniforme masculino da minha escola.

Ele me defendeu. Me senti protegida naquele dia. Depois disso, ele continuou a manter essa postura, até que disse: "Não se preocupe estrelinha, vou te proteger dessas meninas invejosas! A partir de agora, estamos namorando!". Eu nem entendia direito o que ele queria dizer com aquilo. Mas pela proteção que ele me deu, eu não precisava saber.

Um dia ele me chamou pra tomar sorvete, claro que eu aceitei, pois gosto muito, mesmo no tempo frio. Nesse dia, ele me falou que seria seu último ano na escola, pois iria para o ensino médio. A mesma etapa que eu faria em mais ou menos três anos. Ele me olhava com pesar, não sabia porquê.

Mas logo que o final do ano chegou, ele me prometeu que ainda cuidaria de mim. Pude viver em paz nos dias que ele me visitava. O vi ficando cada vez mais diferente. Ele foi deixando o cabelo crescer e deixava desarrumado. Seu uniforme era cada vez menos alinhado e seu rosto mudava. Cheguei a ver pelos em seu rosto, perguntei ao professor e ele disse que isso era normal na adolescência. Eu achava engraçado quando ele me deixava tocar.

Ele sempre dizia que eu também estava crescendo, embora eu não notasse. No último ano do ensino fundamental eu fiz um teste para o ensino médio. Todas as horas que eu estudava dentro e fora da escola me rendeu um resultado incrível. Passei com a maior nota da minha escola. Claro que não era maior do teste, mas era a maior entre os alunos da minha escola. Ele me parabenizou. Agora eu notava que os anos haviam se passado.

Seu cabelo estava totalmente diferente de antes. Estava raspado do lado esquerdo e todo o comprimento até o ombro estava desgrenhado. Eu notei também algo que parecia um brinco de prata abaixo de seu lábio inferior. Perguntei a ele o que era e ele me disse que se tratava de um piercing, algo que já havia visto em algumas pessoas. Ele usava também umas pulseiras de couro pretas nos dois pulsos e um brinco de "espeto" na orelha esquerda.

Ele não era mais o mesmo garoto que estudava na mesma escola que eu. Pelo menos não na aparência. Agora era bem mais alto e mais forte. E tinha todas aquelas coisas que usava e parecia mais "intenso" que antes. Mas comigo ele era o mesmo. Sempre gentil e bondoso. Lembro-me que ele me disse que tinha algo importante a me falar e pegou em mão e saiu me puxando.

Ele não era grosso, apenas firme. Chegamos a uma pequena viela, entre uma loja e uma casa. Era um local que eu passava muito em frente. Ele pegou minha mão e a beijou. Me prometeu que voltaria depois e que íamos ficar juntos de verdade. Depois me deu um beijo na testa e se foi. Não o vi mais depois daquilo. Nunca mais. Fiquei sabendo meses depois que ele havia se mudado com seu pai para outra cidade, que eu me esqueci o nome.

 

Quando estava no ensino médio, notei que tudo seria diferente. Muitas meninas vestiam seus uniformes de forma irreverente, mesmo sendo constantemente advertidas pelos superiores. Elas tinham seios grandes, usavam gloss e brilho labial e se mantinham perto dos garotos. Diferentes do ensino fundamental, as garotas daqui tinham muitos assuntos para dar atenção ao invés de implicar com uma menina franzina que só pensava em estudar.

Fiz amizade com duas meninas com as quais passei todos os três anos. Mas no fim do ensino médio, nos despedimos com um lindo abraço e troca de números e e-mails, o que nos manteve conectadas. Uma não iria fazer faculdade, a outra já havia sido aceita em uma universidade em outro estado, eu ficaria e faria faculdade no centro de ciências tecnológicas da cidade. Minha melhor escolha.

Foi quando conheci pessoas especiais, amigos especiais. E o mais especial de todos, foi o garoto mais incrível de todos, que viria a se tornar meu primeiro namorado verdadeiro.

*

Van:

Quando eu estava no primeiro ano do ensino médio, namorei uma menina muito linda. Ela tinha cabelos longos e ondulados num tom loiro natural, tinha olhos castanho mel e ficava linda no uniforme escolar. Ela não era apenas linda, mas era meiga e muito gentil. Qualquer garoto da escola era apaixonado por ela, mas ela era reservada e tímida. Por algum motivo que eu não me lembro, começamos a namorar.

Algumas colegas de classe diziam que fazíamos o par perfeito. Todas as garotas davam em cima de mim na escola, e eu odiava isso. Sempre fui calado e na minha, mas não gostava de ser rude. Elas me obrigavam a ser assim. Sempre que elas vinham cheias de intimidade pra cima de mim eu me desviava de qualquer modo que eu conseguisse.

Mas com a Catharine foi diferente. Nos dávamos bem, conversávamos normalmente. Nos beijamos pela primeira vez numa praça que tinha perto do colégio. Lembro de ela ter me dito que havia sido seu primeiro beijo. O meu não era, já que no ensino fundamental uma menina sempre gostava de me levar a uma casa abandona e me arrancar uns beijos. Não que eu não gostasse, sou homem afinal, mas eu me incomodava por ela não se importar com a maneira como eu me sentia sobre aquilo. Fora uma experiência estranha.

Entre Catharine e eu sempre havia espaço para nosso namoro. Não nos apresentamos para nossas famílias, mas eu sentia que era um "namoro" de verdade. Todos os dias, sem exceção, íamos para a mesma praça que foi nosso primeiro beijo e namorávamos por longos minutos. Não ficávamos juntos em outras ocasiões, apenas naqueles momentos.

Quando as férias de verão chegaram, já havíamos completado quatro meses e meio de namoro, então ela me convidou para passar uma tarde com ela e sua irmã numa cachoeira na cidade vizinha. Peguei meu calção de banho e fui com o olhar de permissão do meu pai. Andamos por cerca de uma hora no carro do noivo da irmão de Catharine. Não lembro seu nome, mas ele era um cara legal.

Montamos um piquinique numa parte que não havia muita gente e logo entramos na água. Era bem gelada, mas refrescava o dia de calor intenso. Eu mergulhei algumas vezes naquela água cristalina e me senti relaxado. Logo depois de pararmos para comer o sandwiche que eles haviam trazido, Catharine me diz que gostaria de me falar algo. Não entendi, mas assenti, confuso.

Depois de termos nos afastado consideravelmente, ela me abraçou e eu retribuí. Estávamos mergulhados até a cintura e ela acariciava minha nuca enquanto eu passava de leve meus lábios em seu pescoço macio. Seu cheiro era muito feminino e gostoso, eu gostava muito daquilo. Repentinamente ela se afasta e me encara. Seu olhos ficavam na altura da minha boca mas ela me fitava.

Ela ficou assim por alguns segundos até dizer um gentil "eu te amo". Seus olhos estavam do mesmo jeito, mas suas bochechas estavam coradas. Aquele olhar parecia que esperava algo, eu não sabia exatamente o que ela queria. Eu nunca havia escutado uma garota dizer isso pra mim assim diretamente. Por não saber o que dizer, eu fiquei calado. Sua expressão foi mudando de esperançosa a decepcionada aos poucos.

Eu não entendia o porquê de ela ficar assim. Eu não ouvia essa expressão com muita frequência. Tirando os filmes e programas de televisão, não ouvia isso na minha casa. Meu pai não dizia isso a sua esposa e minha mãe não dizia isso a quem quer que ela estivesse namorando. Mesmo eu mostrando uma expressão confusa sobre a reação dela, ela não falou mais nada.

O clima ficou tão pesado entre nós que parecia que uma nuvem cinza tinha cobrido o céu claro e ensolarado e todas as árvores e pessoas felizes tinham perdido seu brilho. No carro, ela continuava sorrindo para sua irmã, mas para mim ela olhava séria. Eu não entendia o porquê, mas no fundo sentia um pouco de culpa.

Quando as aulas voltaram, ela se mantinha um pouco seca comigo. Foi inventando desculpas para não ficar comigo na praça e nossos encontros diários passaram a ser apenas duas vezes na semana. Sentia ela se desligando de mim, mas eu não sabia o que fazer, apenas acenava e concordava com o que ela dizia.

Depois de uma mês dessa forma, eu e ela fomos à praça e ela disse que não poderia ficar. Seu olhar era fixo no meu, seu rosto tinha pouca expressão. Ela disse num tom pesado e até um pouco áspero: "Não podemos mais ficar juntos, nosso namoro termina aqui!". Eu a encarei confuso e tentei dizer alguma coisa que não saiu, mas ela baixou a cabeça e balbuciou um "sinto muito" tristonho e se foi.

Eu não disse nada, não fui atrás dela e não protestei. Apenas a deixei. Nas semanas seguintes, nos olhávamos nos corredores e nos cumprimentávamos. Mas o tempo foi passando e ela parou de fazer isso, me tratando como um completo estranho. Sempre que eu ia pra casa, sentia uma falta de ar e uma pressão estranha no peito. Não sabia, mas eu estava de coração partido. Eu havia gostado dela. Mas mesmo assim, meu rosto permanecia o mesmo, eu sei que sim. Acho que foi isso que a afastou.

 

Já no segundo ano, conheci uma menina que tinha acabado de chegar na escola. Ela era estranha e bem extrovertida. O uniforme até dava um toque feminino a ela, mas ela não deixava de brincar com todos como um menino faz. Logo conseguiu amigos.

Umas semanas depois de sua chegada, ela me notou e veio até mim. Seu sorriso era bonito e convidativo, mas o mais impressionante eram seus cabelos pretos. Sua pele branca contrastava com a textura lisa e a cor extremamente negra de seus cabelos. Seus olhos esverdeados eram incríveis naquele rosto fino e delicado. Eu não era muito de reparar nos corpos das meninas mas não pude evitar. Seus seios eram grandes e sua cintura era larga. Talvez ela tivesse um pouco de "sobre-peso", mas isso definitivamente não tirava seu encanto.

Bastou algumas semanas de conversa para ela me pegar desprevenido com um beijo. Ela tocou seus lábios nos meus inúmeras vezes até eu puxar sua nuca na minha direção e a beijar de fato. Ela não era tão delicada quando Catharine mas sua atitude fez meu coração acelerar.

Nos beijávamos há minutos quando ela se afastou e me perguntou se eu não queria namorar com ela. Assenti com a cabeça e nos tornamos namorados. Seu nome era Kelly e ela era divertida. Positiva e alegre. O oposto de mim. Talvez por isso ela não quis ficar comigo. Fizemos dois meses ela brigou comigo. Gritou e disse que não aguentava mais o fato de eu nunca ficar feliz. Eu até ficava, mas que culpa eu tenho por ser um garoto sério?! Logo depois dessa briga, ela disse: "Quer saber, já chega! Não vou mais sair com você, vou ficar com alguém que goste de se divertir comigo!"

Eu não senti o mesmo impacto de quando Catharine terminou comigo, mas de novo a sensação de impotência me invadiu. Eu refleti por dias até chegar a uma conclusão: definitivamente garotas gostam de garotos que demonstram que a amam, que digam que a amam. Eu não fui esse cara pra essas duas meninas, e se eu não mudasse isso, eu não conseguiria passar mais do que alguns meses com alguém. Eu não sabia se aquilo era ruim ou não, mas aquela noite mudou tudo.

Ela havia tropeçado e caído e estava distraída procurando algo no chão. Eu me aproximei e me ofereci pra ajudá-la. Seu olhar subiu e foi de encontro ao meu. Seus cabelos castanhos e longos me chamaram a atenção. Seus olhos também eram um castanho bonito e ela tinha um rosto delicado e feminino. Sua pele branquinha era tão bonita. Eu a ajudei a procurar o celular dela e por sorte estava embaixo de um banco, onde não estava muito molhado pela chuva.

Entreguei seu celular e ela me agradeceu sorrindo, ao se virar para ir embora, seu cheiro de boneca ficou no ar. Antes que ela se distanciasse muito, eu a chamei e fui em sua direção. Lhe dei o meu guarda-chuva transparente e ela recusou de início, mas depois de eu insistir, ela aceitou e foi embora me agradecendo mais uma vez.

Desde esse dia, eu não não a vi mais por ali, mas senti meu coração palpitar com as lembranças dela. Sentia seu cheiro nas bonecas de uma loja de brinquedos e decidi que eu eu iria mudar. Pra ser melhor para as garotas. Pintei meus cabelos castanhos escuros de loiros e passei a usar roupas mais descontraídas e estilosas. Estudei mais do que de costume e passei na faculdade de tecnologia da informação.

Pra meu espanto, no primeiro dia, lá estava ela, sentada num banco, com seus mesmos cabelos castanhos e sua pele branca. Como o destino havia me agraciado! Eu não ia perder essa nova chance!


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, oq acharam desse estilo em primeira pessoa?? Quis fazer algo diferente e legal pra agradar já que a fic tá chegando ao fim. O próximo capítulo será o último e talvez seja mais curto, mas não se preocupem que terá um epílogo ;)
Muito obrigada por lerem e nos vemos até lá!!
Bye bye!! (^_^)v



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