Precisamos Falar Sobre James escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 9
8. Precisamos falar sobre olhos verdes


Notas iniciais do capítulo

Postando rapidão esse capítulo, pois tenho testes de matemática amanhã, e eu AINDA não estudei.



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2 meses depois...

[Terça à noite]

As quatro garotas entreolharam-se, metade do rosto delas invisível por trás do amontoado de cartas em suas mãos. Tonks ajeitou-se na cadeira, aparentando comodidade, antes de jogar uma das cartas no centro.

— Amarelo.

Marlene, imediatamente, abaixou o amontoado, parecendo conter-se para não atirá-lo ao centro da mesa, já que preferia ganhar a reclamar — embora fosse uma batalha acirrada entre qual dos dois gostava mais.

— Amarelo? De novo? — ela reclamou a Tonks — Acabamos de trocar para o azul!

— Se não tiver cartas amarelas, compre — desafiou Tonks, sorrindo maleficamente.

— É claro que eu tenho cartas!

Lily moveu a cabeça discretamente.

Os blefes de Marlene nunca soavam verdadeiros aos seus ouvidos, era como se os anos de amizade tivessem tornado-a imune a isso.

— Vocês fizeram aliança? — perguntou Marlene, repentinamente, olhando desconfiada para Lily.

— Você está paranoica — disse Alice, decidindo qual das cartas colocar.

Seria completamente não-natural para qualquer pessoa que conhecesse alguma das quatro que elas estivessem amontoadas jogando Uno. Lily mesma tinha pensado que era uma ideia estúpida, até que Alice provou que aquele não era um Uno normal.

— Não, eu não estou paranoica! — continuou reclamando Marlene, sem olhar para a mesa.

Alice aproveitou a oportunidade para lançar silenciosamente a sua carta.

Um sete amarelo.

Lily revirou os olhos, provocando-a sem dizer uma palavra.

— E não adianta revirar esses olhos para mim!

Tonks jogou-se para trás na cadeira, sorrindo vitoriosa.

Só então Marlene percebeu a jogada delas.

— Viram? Não era paranoia — ela disse, cruzando os braços, frustrada.

— Conte-nos, então, Leninha — disse Tonks, satisfeita — Sobre a vez que você dormiu na mesma cama que o Sirius.

Lily arregalou os olhos, trocando um olhar abismado com Alice.

— Como é que é? — elas perguntaram em uníssono.

— Primeiro: vocês disseram que era uma pergunta, e não um conto — disse Marlene, incomodada — Segundo: você prometeu que nunca mais mencionaria isso, Nymphadora.

— Não me chame de Nymphadora — disse Tonks, sem alterar-se — Eu posso formular uma pergunta. Como foi que você e Sirius pararam na mesma cama naquela ocasião?

— Ele queria irritar a mãe dele — ela respondeu logo.

— Na casa da mãe do James?

Não era novidade para ninguém que Sirius morava junto com James desde que a intolerância de sua mãe para com o seu jeito de ser atingiu o ápice, mas a história faria maior sentido caso se tratasse da época antes de Sirius ir para a casa dos Potter.

— Era só uma pergunta — Marlene desviou do assunto.

— Sei não... Não acreditei muito no que você disse — pronunciou-se Lily — Acho que deveria pagar algum desafio...

Tonks sorriu, satisfeita, esfregando uma mão na outra.

— Esperem! — protestou Marlene — Sim, foi na casa da dona Dorea. Walburga tinha ido visitá-lo para tentar obrigá-lo a voltar para casa.

— Eu tenho pena de Regulus — disse Tonks, negando com a cabeça.

— Vamos continuar — pediu a outra, sem olhar para elas.

Resolveram não forçar a barra. Alice olhou para Lily, já que era a sua vez de jogar.

A ruiva analisou com cuidado as suas opções. Tinha uma carta de inverter a ordem do jogo, mas era da cor vermelha, uma carta que pulava a próxima pessoa, mas da cor verde... Ela nem parou os olhos nas cartas de números, pegou uma e jogou no centro.

— Depois eu digo que vocês fazem aliança, e ninguém acredita! — reclamou Marlene, comprando quatro cartas de uma vez só.

A porta do quarto abriu-se, e Petúnia entrou, jogando-se na cama, que estava atrás de onde Lily estava sentada.

— Isso que é aproveitar bem o feriado! — a mais nova debochou, identificando sem demora o jogo que elas brincavam.

Marlene lançou sem demora um nove amarelo, que ela parecia ter adquirido na compra, deixando a sua mão por cima da carta.

Lily lançou a sua mão na mesma hora que Alice, e as duas acabaram batendo-se, mas conseguiram colocar as mãos por cima da de Marlene segundos antes de Tonks.

— Agora eu sei porque vocês nunca comem enquanto jogam — disse Petúnia, apoiando as pernas esticadas na parede — Já teriam derrubado tudo no nove.

Tonks resmungou, e Marlene sorriu vingativa.

— Vejamos... — ela disse — Você só notou que estava gostando do Remus quando a Dorcas surgiu?

— Na verdade...

Lily arregalou os olhos para Tonks, que corou, como toda a vez em que tocavam no assunto “Remus”. Com ela, não era preciso perguntas constrangedoras, Marlene já tinha o efeito que queria.

— Eu só tenho amiga trouxa! — Marlene negou com a cabeça.

— Ei! — reclamou Lily, sabendo que a reclamação era dirigida a ela também.

— A última coisa que você deveria ter feito era abaixado a crista para a Meadowes! — ela retrucou.

— Não é como se o James tivesse vindo atrás dela, nesse meio tempo, não é mesmo? — Petúnia entrou na conversa, defendendo a irmã mais velha.

O sumiço dele era exatamente o que fazia com que Lily tivesse a certeza de que fazia o certo ao afastar-se.

— Ela te deu algumas folhas? — perguntou Alice, curiosa, o jogo quase que esquecido.

Lily afastou um pouco a cadeira, esticando o braço para abrir a gaveta da mesa de cabeceira, tirando algumas folhas arrancadas sem cuidado.

— Coisas bestas — ela disse — Vai querer me ter em suas mãos até o final, mas nunca que vai entregar aquelas folhas.

— Bem, você deveria tê-lo contado desde o início — Tonks pronunciou-se, cuidadosamente.

— Eu sei, mas quem poderia imaginar que isso aconteceria?

Marlene levantou as suas sobrancelhas para ela, já dando uma resposta concreta.

— Uno — disse Alice, jogando a sua carta no centro.

— Espere! Compre uma carta, Tonks! — lembrou-se Marlene.

— Que ideia maldita de jogo, Lice! — reclamou Tonks, acatando a ordem.

— Ah! Pare com isso! — retrucou Alice, sorridente — É bem interessante.

— Seria melhor se envolvesse uma garrafa de cerveja vazia — disse Marlene.

Lily fez um som com a garganta, repreendendo-a por tocar no assunto perto de Petúnia, que apenas observava-as silenciosamente.

— Sua vez, Lene — disse Alice, já que tinha pulado Lily.

Marlene apenas trocou um olhar cúmplice com Lily, que sorriu quando ela lançou uma carta de inversão de jogadores. Agora, Alice olhava temerosa para as cartas de Lily. Dependendo da carta que saísse, ela poderia fazê-la comprar mais.

Lily decidiu terminar com aquilo de uma vez.

— Zero — lançou a carta no centro.

Alice abriu a boca, ofendida, enquanto Marlene ria, por não ser o alvo das armações, pela primeira vez.

— Pode ir trocando! — disse Lily, sorrindo inocentemente, enquanto estendia as suas cartas viradas para ela.

Alice fez um biquinho com a boca, entregando a sua única carta, e pegando o baralho da amiga.

— Uno — disse Lily, travessamente.

Tonks também acabou rindo da aliança repentina.

— Quando você e Frank vão...? — Lily fez um gesto com as sobrancelhas.

— Lily! — protestou Alice, corando — Eu... Eu não sei!

— Ainda está cedo! — Tonks defendeu-a.

— Nunca é cedo para começar — disse Marlene.

— Lene! — reclamou Alice.

Tonks olhou avaliativa para cada uma das presentes, como se contando mentalmente as cartas de cada, e lançou uma das suas ao centro.

— Vocês só podem estar de sacanagem — reclamou Marlene, comprando mais duas cartas, e lançando uma carta para mudar a cor — Verde.

Lily lançou a sua ao centro, encostando-se à cadeira.

— Você está brincando! — gritou Marlene, incrédula.

— Obrigada, Lene! — a ruiva disse, sorrindo por ter ganhado.

— Me consta que a que tem mais cartas é você, Leninha! — Tonks jogou as suas ao centro, também sorrindo.

Marlene cruzou os braços, contrariada.

— Nem quando a mamãe joga buraco é tão concorrido assim! — brincou Petúnia.

— Isso porque ela nunca te deixa vê-la apostando dinheiro — murmurando Lily, e logo depois voltou a falar em voz alta — Qual vai ser o desafio dessa vez?

 

[Quarta de manhã]

Marlene estava emburrada naquela manhã.

— Por que vocês nunca pedem verdade no fim do jogo? — ela perguntou retoricamente, quando elas aproximaram-se sorridentes da colega.

— Porque desafio é bem mais divertido — declarou Tonks.

Marlene deu de ombros, a mochila apoiada em apenas um dos ombros. Ajeitou a alça, antes de caminhar junto com elas pelo estacionamento do colégio.

— Vocês me deram um desafio muito vago — ela disse, séria.

Quando ela disse isso, Lily já sabia que as coisas não aconteceriam como elas esperavam.

— Segurem a minha mochila — Marlene jogou-a na direção de Alice, que pegou-a apenas por reflexo, já que foi tão repentino.

O som ensurdecedor da moto de Sirius começou a surgir na entrada do estacionamento, e Marlene olhou travessa para elas, antes de começar a caminhar pela estrada principal.

— O que ela vai fazer? — perguntou Alice, preocupada.

— Se safar — disse Tonks, descontente.

A moto de Sirius era rápida, e ele não dos mais prudentes. Juntando isso com a falsa distração de Marlene enquanto caminhava fez com que dessem de encontro um com o outro.

— Ela é maluca! — declarou Lily, quando viu a amiga fingir um acidente, caindo sem cuidado ao chão.

Sirius, é claro, tirou o capacete afastado, e uma quantidade de pessoas aproximou-se para ver o que tinha acontecido. Tonks deu de ombros, antes de colocar as mãos aos lados da boca, e gritar:

— Faz respiração boca a boca!

Lily precisou arrastar Alice para dentro do colégio, já que elas não conseguiam conter a gargalhada pela situação.

O desafio era simples: beijar Sirius, mas Marlene era tão orgulhosa que tinha que armar todo aquele teatro para sair por cima. Se fosse qualquer outro garoto, elas sabiam que ela sentaria no colo, durante a aula ou mesmo durante o almoço, e beijaria sem vergonha alguma.

— Cumpriu o desafio? — perguntou Lily a Tonks, quando ela seguiu-as.

— Ela não pode chamar aquilo de beijo técnico — disse Tonks, maliciosamente.

As três riram, quase não vendo quando Marlene entrou, pegando a mochila das mãos de Alice, que quase caía para a frente pelo peso nela contido.

— Obrigada, obrigada! — Marlene fez uma reverência para elas, um pouco contrafeita, antes de começarem a caminhar pelo corredor para os seus armários.

— Como foi a cara dele? — perguntou Tonks.

— Acho que ele nunca teve o prazer de pegar uma mulher que beijasse tão bem — ela disse, convencida.

Lily apenas revirou os olhos pelas ocorrências da amiga, abrindo o seu armário. Assim que a porta afastou-se, algumas folhas caíram de lá de dentro. Ela abaixou-se para pegá-las e mostrou às amigas.

— Como eu disse... — ela revirou os olhos, colocando-as dentro do livro de matemática.

— Você escreveu algo de muito constrangedor nessa época? — perguntou Marlene, interessada no assunto.

— Eu escrevi segredos de outras pessoas.

Alice fez uma careta dolorida, entendendo que o buraco era um pouco mais embaixo do que elas tinham pensado, inicialmente.

— Era de se supor que ninguém leria — Lily fechou a porta de seu armário com um pouco mais de força do que deveria.

Quando ela entrou na sala em que a professora Sprout daria suas aulas, incomodou-se com a presença de Dorcas Meadowes. Usando a saia de líder de torcida, que mais mostrava que cobria, ela estava sentada em cima de uma das carteiras, rindo escandalosamente de alguma fofoca que suas amigas inseparáveis e fúteis a contavam.

— Às vezes, eu acho que colei chiclete na cruz — Marlene resmungou atrás dela.

— Senhorita Meadowes, faça o favor! — a professora Sprout entrou rapidamente, expulsando-a de lá.

Olhando-a rancorosamente, Dorcas desceu de seu lugar. e esbarrou no ombro de Marlene, enquanto saía tempestivamente da sala de aula.

— Feche a porta, por gentileza, senhorita Vance — disse a professora, sem incomodar-se com a atitude da aluna, procurando por entre as páginas do livro de sua matéria.

Emmeline levantou-se, tentando abaixar a saia ao máximo, e fechou a porta, antes de voltar quase que correndo para o seu lugar, incomodada.

— É incrível como algumas pessoas mudam quando entram para as líderes de torcida — Marlene murmurou, atrás de Lily — Emmeline é uma boa pessoa, inteligente... E veja só: toda incomodada com o tamanho da saia, mas não ousa reclamar.

— Acho que ninguém quer ser inimiga da Dorcas — sussurrou Lily para si mesma, mas não foi escutada pela amiga, que estava respondendo à professora.

 

[Quarta à tarde]

Assim que o sinal tocou, Lily recolheu com rapidez os seus materiais, assim como o resto de seus colegas, deixando o professor Quirrell com a palavra na boca.

— Acho que nunca Hogwarts teve um professor tão enrolado quanto ele — comentou Alice, atrás de Lily.

Quando a ruiva olhou para trás, contudo, não encontrou a amiga, mas viu Frank arrastando-a para a direção contrária, já distante de onde ela estava. Preocupada, seguiu até o seu armário, perguntando-se o que poderia ter acontecido.

— Oi — disse James, o seu armário ficava ao lado do seu.

— Oi — respondeu Lily, apressando-se em colocar o seu livro de matemática dentro do armário.

Uma das folhas escorregou de dentro das páginas, caindo ao chão, mas James foi pegá-la antes que Lily pudesse sequer pensar nisso. Aliviou-se quando percebeu que ele não olhou mais de uma vez, apenas entregando a ela, muito calado para ser o James que ela conhecia, embora não estranhasse — com certeza Dorcas devia tê-lo impedido de falar com ela ou coisa do tipo.

— Valeu — disse Lily, jogando a folha sem cuidado para dentro do armário.

Quando fechou a porta, percebeu que James tinha aproximado-se demais dela, e perguntou-se se tinha alguma coisa em seu rosto.

— James? — ela levantou as sobrancelhas.

— Ah! Os seus olhos... — ele afastou-se, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— O que tem eles?

— São verdes.

Lily olhou para trás, perguntando-se se não encontraria algum dos seus amigos por perto, rindo de alguma aposta feita ou algo do gênero.

— James, nós nos conhecemos desde que tínhamos sete anos de idade — ela disse, lentamente — Você só notou isso agora?

— Parece que, quando as pessoas se afastam, cada mínimo detalhe faz a diferença — disse James — O que eu quero dizer é que...

— Você escolheu se afastar — disse Lily — Eu intervi por Remus e Sirius, que sentiam muito a sua falta, e você não parecia perceber isso, mas não precisa se preocupar comigo.

— Você é a minha melhor amiga também.

“Porque é realmente isso que eu quero” pensou Lily, ironicamente.

— Eu tenho que ir, James.

Ela afastou-se, deixando o seu ex-melhor amigo e paixão platônica para trás.

Por que as coisas tinham que ser tão difíceis?

Era tão mais fácil quando ele, simplesmente, a ignorava, esquecia de sua existência.

Certo, fácil não era. Doía que uma amizade de tantos anos fosse trocada do dia para a noite por uma garota, mas doía bem mais estar por perto e saber que ela nunca poderia passar daquilo.

Ela, que sempre tinha criticado as garotas dos filmes de romance, que nunca se atreviam a declarar-se, estava agindo exatamente da mesma forma. Tinha demorado a enxergar os seus sentimentos, e estava pagando por isso — além, é claro, das constantes lembranças por parte de Marlene, Petúnia e sua mãe.

Inclusive, uma mensagem do WhatsApp veio só para confirmar isso.

 

Mãe

Online

 

Filha, não volte tarde hoje (14:00)

Temos jantar na casa dos Potter marcado (14:00)

 

Jantar? Na casa de James? Desde quando aquilo?

— É carma, só pode! — reclamou Lily, consigo mesma.


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Notas finais do capítulo

Observação do capítulo:
• Apresento-lhes o Uno da Verdade!
(Eu também não conhecia, mas minha friend que salva os capítulos quando eu fico sem ideias, me apresentou-o, e eu amei).
Com certeza vou obrigar as pessoas a jogarem um dia (risada maléfica). Basicamente, é isso: Uno normal, mas com essas regras extras.
Quando joga a carta 9, os jogadores precisam colocar a sua mão em cima da carta. A última pessoa que colocar a mão, precisa contar uma verdade E comprar uma carta.
Quando joga a carta 7, todos precisam ficar em silêncio. Se alguém falar, conta uma verdade.
Na carta 0, a pessoa precisa trocar TODO o seu baralho com a próxima, e a pessoa que trocar, é claro, também tem que contar uma verdade.
Vence quem estiver com menos cartas.

VOCÊ PARTIU O MEU CORAÇÃO! MAS MEU AMOR NÃO TEM PROBLEMA, NÃO, NÃO. AGORA VAI SOBRAR, ENTÃO, UM PEDACIM PRA CADA ESQUEMA!
Cara, se eu não tô cantando 10%, tô cantando essa música. Acho que nunca estive com uma alma tão brasileira antes. Antigamente, eu odiava esse tipo de música, hoje em dia eu tô viciando.