Precisamos Falar Sobre James escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 23
22. Precisamos falar sobre eles


Notas iniciais do capítulo

Tanta gente me perguntou o que aconteceu com a Marlene que eu nem senti como se tivesse atualizado ainda essa semana, me senti como se tivesse atualizado há um mês kkkkkkk
Então tomem a resposta de vocês!



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[Segunda de manhã]

— Vamos, Lily! Você precisa ir para a escola!

Doralice soltou um suspiro assustado ao ver que a cama de Lily estava vazia, mas acalmou-se assim que a porta do banheiro, atrás de si, abriu-se.

— Eu sei — resmungou Lily, encostando-se ao batente da porta, enrolada em um poncho.

— Você vai assim para o colégio? — perguntou Doralice, rindo.

Não fazia nem um pouco o estilo de vestimenta dela.

Lily apontou para os itens espalhados na cama.

— Calça de moletom, confere. Blusa de manga comprida, confere. Suéter, confere. Jaqueta, confere. Luvas, confere — ela começou a enumerar, mas foi interrompida pela mãe, que começou a rir.

— Se for assim, você não vai nem conseguir fazer as provas — disse Doralice, uma das mãos na cintura, sorrindo — É muita roupa para um corpo tão pequeno.

— Obrigada pela parte que me toca — Lily colocou as mãos na frente de seus peitos.

Ela aproximou-se, colocando uma mão na testa dela.

— Está bem melhor agora! — admirou-se Doralice — O nariz ainda escorre?

— Mais ou menos — Lily fungou.

— Você tem bons anticorpos — ela deu uma piscadela — Daqui a pouco, você volta a ficar cem por cento. Quer o quê para o café da manhã?

— Jujubas.

Doralice voltou a rir, indo em direção à porta.

— Farei omelete, pode ser? — sugeriu.

— Se colocasse jujubas em cima, ficaria bem melhor — tentou Lily.

Não, ela não teria jujubas para o café da manhã.

— Então por que perguntou? — ela resmungou para a parede, assim que a mãe saiu do quarto, rindo como se ela tivesse contado uma piada.

Pegou o celular de cima da mesa, mas tanto Marlene quanto Sirius tinham resolvido esconder os status, então não aparecia nem mais o “Última vez sábado às”.

— Ridícula.

Desceu as escadas e viu Petúnia aproveitar de toda a sua saúde física para vestir uma saia jeans e uma blusa de botões de manga curta.

— Bom dia, Lily — ela respondeu, sorrindo.

Cachorra...

— Oi — resmungou Lily, sentando-se a um canto da mesa circular.

— Lily, seja mais gentil com a sua irmã! — repreendeu Doralice, suavemente, colocando o prato de omelete à sua frente.

Claro! Ela tinha virado a vilã a partir do momento em que Petúnia era gentil e ela não... Apenas lançou um olhar para a mãe, enfiando um grande pedaço de omelete na boca.

— Quer tomar mais um pouco de remédio antes de ir? — perguntou Doralice.

Não, ela não queria dormir no meio da prova.

— Não precisa, mãe — Lily estendeu a mão para encher o seu copo de suco de laranja, tomando todo o conteúdo — Não mais gripe!

Fingiu animação, tomando mais do suco.

— Só não acaba com o suco — retrucou Petúnia.

— Você nem gosta de laranja, Tuney — ela lembrou-a.

— Sua irmã precisa recuperar-se, laranja faz bem — Doralice interviu.

Encheu o copo mais uma vez apenas para provocar Petúnia e levantou-se.

— Já vai? — perguntou Doralice, surpresa.

— James vem me buscar — disse Lily, depois de terminar o suco e colocar o copo em cima da mesa.

— Já ouvi essa fita antes — comentou Petúnia.

Escutou uma buzinada do lado de fora, que poupou-a de responder.

— Uma excelente carona para você, irmãzinha querida — ela disse, sorrindo debochadamente.

Deu um tapinha em sua cabeça, como se estivesse parabenizando a um cachorro, antes de afastar-se sob o olhar mortal da loira.

Como amava ser a irmã mais velha...

Sentou-se ao banco do lado do motorista e só quando fechou a porta do carro notou Sirius dormindo no banco de trás.

— Ele está bem? — perguntou Lily, olhando na direção dele.

Ele tinha um olho roxo!

— Defina bem em uma escala Sirius Black — disse James, cansado.

Observou-o dar a manobra para colocar o carro em direção ao caminho direto para Hogwarts. Sabia que não demorariam muito tempo para chegar, mas era extremamente agradável não ter o vento batendo no seu rosto, naquele estado.

— Desculpe pela recepção — James deu um sorriso leve.

— Eu estou resfriada — Lily replicou.

Ele soltou um muxoxo, ao lembrar-se disso.

— Não que eu fosse reclamar de ter você cuidando de mim — disse James, girando o volante para o lado esquerdo.

— Senti uma chantagem — Lily riu.

Eles pararam a conversa quando Sirius resmungou pela risada de Lily e James parou o carro em uma das vagas do estacionamento.

— Acorda, vagabundo! — disse James, aumentando o volume do rádio ao máximo.

— Para! — gritou Sirius, virando para o outro lado no banco.

— Posso ficar aqui o dia todo.

Por fim, ele sentou-se, olhando mal humorado para James e saindo do carro.

James não demorou a abaixar o volume, sob os olhares de repreensão de McGonagall.

— Vou acordar Petúnia assim, da próxima vez — disse Lily, também saindo.

Sirius tinha dormido no carro? Ele estava com uma aparência que poderiam dar a entender isso. Inclusive, era melhor que o acompanhassem até a entrada para que não confundissem-no com um mendigo. Talvez isso explicasse a sua ausência. Perguntava-se como ele passaria o dia, já que estava sem mochila.

— Teve notícias de Lene? — perguntou Alice, quando ela aproximou-se.

— Não, eu não tive — respondeu Lily, observando Tonks afastar-se para ir atrás de Sirius.

— Está fanha?

— Peguei gripe por causa da chuva de sábado.

Alice olhou para James, que conversava com Remus, e depois para ela, lançando um sorriso malicioso.

— E seu enfermeiro cuidou bem de você? — ela perguntou.

Lily corou, mas também riu, dando de ombros.

— Me sinto muito bem de saber que vocês falam tranquilamente sobre isso quando não estou por perto.

Elas assustaram-se com a voz tempestiva de Marlene.

— Excelente ideia, aliás, mandar Sirius Black atrás de mim — ela continuou dizendo, furiosa — Justo quem eu estava evitando. Valeu mesmo!

Lily cerrou os punhos com raiva.

— Onde você esteve?

Aquela simples pergunta foi o suficiente para que Marlene perdesse sua pose mal humorada e começasse a gaguejar.

— Ah! Bem... Eu fui pensar um pouco.

— Pensar um pouco? No meio da noite? De pijama? A pé? — Lily foi aumentando sua voz, inclusive deslizando a alça da mochila até que ela estivesse no chão — Você podia ter sido estuprada! Podia ter sido morta! Então me desculpe, senhorita dramática, se eu chamei a primeira pessoa que sairia da cama no meio da noite para ir atrás de você, ignorando completamente que você estava de birra com ele, pois para mim era mais importante o seu bem estar físico e não emocional!

Algumas pessoas pararam para observar a discussão, inclusive Dorcas que sorria maravilhada por pensar que elas brigariam e sua amizade acabaria.

Os olhos de Marlene encheram-se de lágrimas retidas.

— Estão olhando o quê? — ela perguntou, a voz firme — Não tem mais o que fazer?

Dorcas permaneceu observando sem pudor, enquanto o resto dispersou-se.

— Desculpe-me — disse Marlene — Você está certa.

— Vamos conversar em outro lugar, vem.

Lily estendeu a mão para ela, que pegou-a sem hesitar. Elas seguiram para dentro do colégio, enquanto Alice preferiu deixá-las mais à vontade.

Entraram na estufa vazia e Marlene sentou-se em um banquinho que estava ali abandonado. Ela passou as mãos pelo rosto, respirando fundo, e jogou o cabelo para trás.

— Eu acho que vocês deveriam conversar — disse Lily.

— Eu sei — ela fechou os olhos — Mas é tão díficil! O que garante que vai dar certo dessa vez?

— Vocês amadureceram! E eu não estava brincando as vezes em que comentava sobre o modo como ele te olhava.

Marlene riu, cutucando algumas cutículas.

— A gente tinha que resolver o relacionamento da Tonks — ela disse, tentando puxar uma cutícula com o dente.

— Aproveita esse primeiro tempo, mata aula.

Marlene gargalhou de verdade dessa vez.

— Lily Evans me dizendo para matar aula? Cristo! A convivência com James está te fazendo muito bem!

Ela apenas sorriu, aturando as provocações.

— Tenho que ir — Lily levantou-se da cadeira — Vai à luta, gata!

Marlene dobrou os dedos, fingindo uma garra, o que caiu muito bem com as unhas pintadas de vermelho sangue.

Ela fechou a porta da estufa e foi caminhando até o seu armário, tentando lembrar-se de todos os autores da era georgiana apenas para o caso da prova de literatura coincidir justo com o primeiro tempo.

Assim que o professor Kettleburn surgiu na sala, obrigou os alunos a organizarem a sala para que desse início à avaliação.

— Senhorita Evans lá atrás, senhor Potter aqui na frente, Meadowes aqui também, Vance ali.

Observou Dorcas dar um sorriso a James, sendo posta logo atrás dele.

A lógica do professor era colocar os alunos incômodos nas primeiras fileiras e os aplicados atrás para evitar colas. O que não explicava o fato de James estar na primeira cadeira da fileira.

— Podem passar as provas.

Demorou uma eternidade para Lily alcançar a sua folha. Aquele tempo também era desperdiçado com tal organização.

Precisou ficar com a prova na mesa, já que terminou antes do tempo acabar. De vista privilegiada, viu Dorcas brincar com os fios de trás do cabelo de James — que estava precisando de um corte — e também assoprar no seu pescoço.

Como Kettleburn não considerava aquilo como cola?

Lily abaixou o olhar, sentindo o sangue ferver. A cada dia, a vontade de puxar os cabelos daquela garota aumentava. A professora McGonagall entrou na sala, e Dorcas rapidamente afastou-se de James com medo — para satisfação de Lily.

— Desculpe-me por interromper, professor, mas preciso fazer um comunicado — escutou-a dizer a Kettleburn, antes de virar-se para os alunos — O senhor Snape não retornará às aulas, por acordo comum entre a direção, os pais e os professores. Portanto, os senhores Carrow e a secretária Umbridge não serão mais vistos.

Era inevitável identificar a satisfação da mulher ao não precisar mais esbarrar naquela mulher desagradável. Alguns alunos começaram a bater palmas, mas diante do olhar do professor, desistiram e voltaram a concentrar-se em suas carteiras. Dado o recado, McGonagall saiu, deixando Lily com mais minutos entediantes de observação.

 

[Segunda à tarde]

— Pelo menos você não precisa mais se mudar de colégio — foi a primeira coisa que Marlene disse.

Lily precisou rir para essa constatação.

— Sim, bem reconfortante — brincou.

— Você não ia mesmo, ia? — perguntou Alice, hesitante.

— Eu não sei — foi sincera.

— A escola não seria a mesma sem você. Nós não seríamos as mesmas sem você — disse Marlene.

Ela não respondeu, vendo Sirius aproximar-se com Tonks da mesa. Lily olhou rapidamente para Marlene, aquele ia ser o próximo assunto que iria tocar.

— Lene...

Ela levantou-se de sua cadeira, fazendo Tonks olhá-la com um pouco de medo.

Não deviam ter se esbarrado desde o começo do dia.

Marlene ficou de pé, encarando Sirius tempo o suficiente para que começassem a chamar a atenção de algumas pessoas. Tonks deu a volta na mesa, sentando-se ao lado de Lily.

— O que está acontecendo? — ela sussurrou.

Como se pudesse respondê-la...

— Estamos brincando de estátua? — Dorcas perguntou, achando graça.

Então Marlene e Sirius deram um passo à frente e, para alívio de Lily, juntaram os seus lábios. As mãos dela no rosto dele, e as mãos dele nas costas dela. Eles combinavam perfeitamente bem, Lily nunca tinha duvidado disso.

Alice olhou para Lily até que tivesse sua atenção, então olhou para Remus e voltou a olhar para ela. Ela escondeu um sorriso, bebendo um gole de seu suco de uva — já não aguentava mais laranja.

Tonks parecia bastante pensativa depois da conversa com Sirius, e Lily não podia evitar perguntar-se sobre qual assunto tinham tratado. Só sabia que a ajuda dele seria muito bem vinda para juntá-la com Remus, já estava na hora de fazerem algo, e já tinha alguns planos em mente.

A convivência com Marlene começava a afetá-la.

Assim que Marlene e Sirius sentaram-se à mesa, James — que tinha sentado-se na mesa atrás deles, sabe-se lá por qual motivo — começou a aplaudir lentamente.

— Finalmente não vou mais receber corrente de capivara no WhatsApp — ele disse.

Lily levantou as sobrancelhas para ele.

— Você bem que gosta — retrucou Sirius.

— Sim, você inclusive repassou uma para mim — Lily meteu-se na discussão.

— Você repassou? Ah! Que fofinho!

James moveu a cadeira mais para a frente, pegando o celular.

— Uma coisa é repassar capivara, outra coisa é isso — ele disse, mostrando a conversa.

 

Sirius Black

 

Hoje

 

(01:02)

 

Vai dormir, Sirius (01:05) ✔✔

 

— Eu só fiquei um pouco exaltado — Sirius tentou argumentar — Eu não gosto quando me deixam no vácuo.

— Sirius, eu estava no quarto ao lado do seu! — exclamou James — Se queria conversar, era só ir até lá! Não me mandar três capivaras repetidas!

— Ah! Então esse é o problema! Da próxima vez, eu vario, tá?

— Da próxima vez que me mandar mensagem à uma da manhã, eu te bloqueio.

Marlene olhou para Lily, parecendo lembrar-se das vezes em que a incomodava por tédio.

— E ainda se incomodava quando dizíamos que eram almas gêmeas — murmurou Lily apenas para ela escutar.

Ela revirou os olhos, puxando o lábio inferior com as unhas, como ela tinha a mania de fazer quando entediada.

— Distrai a Tonks para mim — Marlene inclinou-se para sussurrar no ouvido de Sirius.

— O que você acha, Nympha? — Sirius virou-se rapidamente para ela, enquanto Marlene levantava-se de sua cadeira.

Chamou Lily com o dedo, enquanto afastava-se.

Sem inventar uma desculpa, a ruiva tomou um último gole de seu suco e seguiu-a, sob o olhar astuto de James, que entendeu que alguma coisa estava acontecendo ali.

— Não me chame de Nympha!

Saindo direto ao corredor, Lily lembrou-se de quando as folhas de seu diário foram espalhadas lá, durante a hora do almoço. Olhou novamente para o refeitório, pela janelinha das portas duplas, que sacudiam depois de ela ter saído. Dorcas estava sentada mais perto da porta dessa vez, olhava para a janela, os dentes segurando o canudo de plástico, o que quase não permitia que o refrigerante alcançasse a sua boca. Parecia pensativa, como que armando o seu próximo golpe, talvez fatal.

Lily segurou um grito quando Marlene pôs a mão em seu pulso, começando a puxá-la.

— Anda logo! — ela reclamou — Não temos o almoço inteiro!

Enfiaram-se em uma sala de aula qualquer, como na vez em que foram conferir quem tinham tirado no OMPV.

— A gente pode combinar de se encontrar com a Tonks na casa dela e chamar o Remus, sem ela saber — disse Marlene — O que acha?

— Essa é sua ideia genial? — perguntou Lily.

— Sugere o quê? Trancá-los nas estufas?

— Essa ideia foi você quem me deu! Indiretamente, mas deu!

Marlene suspirou, apoiando-se ao batente da porta.

— Como pôde ver, não dá certo para todos, embora seja divertido para quem o faz — ela olhou significativamente para Lily — Se pelo menos vocês conhecessem o poder do quero.

— Poder do quê?

— Chega no WhatsApp, fala que quer. Não precisa nem responder o quê, o recado está dado. Se o rapaz for esperto, fechou.

Lily revirou os olhos. Onde que Marlene aprendia aquelas coisas?

— Isso não vai acontecer com eles — ela disse.

— Então casa dela hoje de tarde, a gente finge que vai estudar ou pegar alguma anotação — Marlene disse, fingindo inocência — Pelo menos eles se encaram fora do colégio um pouco. Até termos uma ideia melhor...

— Ou — disse Lily, inspirada repentinamente — a gente faz uma saída em grupo, sem eles saberem. Eles gostaram da ideia de se encontrarem no OMPV, mas com tudo o que aconteceu, acabaram nem se unindo.

— A gente podia causar ciúmes nele tão facilmente.

Elas olharam-se, sorrindo.

— E, de quebra, Remus encontra a Tonks na casa dela casualmente — disse Marlene, maleficamente — Talvez porque Sirius mandou alguma mensagem para ele...

Lily sem poder evitar começou a rir, estava tão animada porque Blackinnon tinha dado certo e agora era hora de juntar aqueles dois cabeças duras restantes.

Decididas a aperfeiçoar aquele plano, elas voltaram para o refeitório, antes que sua demora se tornasse suspeita demais.

— Sabe o que eu estava pensando, Lene? — perguntou Lily, já à mesa.

— Hum — ela estava ocupada demais roubando o lanche de Sirius.

— Você tem que mudar aquele status do WhatsApp. Não pode mais dizer que “Minha boca está carente, meu coração não”.

Marlene riu, sem envergonhar-se à óbvia indireta para ela e Sirius, que olhou-as, escutando a conversa.

— Meu coração continua nada carente e minha boca... — ela olhou para ele — Sempre direi que está.

— Oh! Temos que corrigir isso! — disse Sirius, sério.


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