Precisamos Falar Sobre James escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 18
17. Precisamos falar sobre o beijo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720160/chapter/18

[Quarta à tarde]

Nas quartas, usamos rosa

Alice, Lily, Marlene e Tonks

Marlene

MINHA SENHORA DA BICICLETINHA AZUL NO MORRO DE VIENA¹ (15:06)

O MEU OTP É REAL? (15:06)

 

Lily escondeu o rosto no travesseiro, gemendo frustrada.

O motivo de não contar às suas amigas era baseado inteiramente nisso: sabia que elas surtariam que nem umas loucas.

 

Nas quartas, usamos rosa

Alice, Lily, Marlene e Tonks

 

Quem contou para vocês? (15:07) ✓✓

Tonks

Quem (15:08)

Quem (15:08)

Quem (15:09)

 

Marlene

Raimundo Nonato (15:09)

Qual a idade de vocês mesmo? (15:10) ✓✓

Marlene

5 (15:10)

Sorry, não falo com crianças (15:10) ✓✓

Marlene

Tudo bem (15:11)

Eu pergunto ao James mesmo (15:11)

E você nunca saberá quem me contou (15:11)

Beijos de luz (15:12)

 

— Marlene McKinnon, eu te odeio — resmungou Lily.

Deu de ombros, fingindo não importar-se, mas empalideceu. E se ela mandasse mensagem para o James, mas fosse Dorcas a responder? Ela ainda poderia incomodá-la sem o diário? James ainda se afastaria dela?

 

Nas quartas, usamos rosa

Alice, Lily, Marlene e Tonks

 

FOI SÓ UM BEIJO (15:12) ✓✓

Tonks

Já estamos progredindo (15:13)

Conte mais (15:13)

Não existe um mais (15:13) ✓✓

Marlene

É real ou não? (15:14)

Que (15:14) ✓✓

Marlene

O OTP, LILY (15:14)

 

Alice

Acho que a Lily deveria dar um gelo no James (15:15)

 

Tonks

Operação James Potter (15:15)

Amei (15:15)

E a operação Remus Lupin? (15:16) ✓✓

Marlene

Nossa! (15:17)

Ela sabe mudar de assunto ela (15:17)

Só pra você saber, quem me contou foi o James (15:18)

 

Jurava que tinha sido a Petúnia (15:18) ✓✓

 

Marlene

Ela tentou (15:18)

Viu vocês pela janela (15:18)

 

“Lily, a gente pode conversar depois?”

Ela engoliu em seco, lembrando-se das primeiras palavras que sua mãe disse, quando ela entrou em casa. Tinha pensado que era por chegar mais cedo do colégio sem dar uma justificativa, ou que o próprio colégio tinha ligado para avisar de seu sumiço, mas já não tinha tanta certeza disso.

Não sabia mais o que poderia responder às amigas. Por que James tinha contado sobre aquilo com Marlene? E, se ele tinha contado, teria que ser muito rápido, se Petúnia os viu pela janela, já que ela era muito rápida para espalhar fofocas.

Sentia-se tão confusa sobre tudo.

Escutou batidas na porta e Petúnia entrou sem esperar por uma resposta, mas ter batido já era um milagre.

— Nem comece! — pediu Lily, sem olhá-la.

— Lily e James estão sentados embaixo de uma árvore — ela ignorou o seu pedido, começando a cantar irritantemente — Se bei-jan-do!

Doralice entrou no quarto, antes mesmo que Petúnia terminasse a última palavra. Como se tivesse tomado um choque, Lily sentou-se na cama, assustada.

— Eu estava pensando em darmos uma saída, o que acham? — perguntou a mãe, olhando de forma estranha para as duas filhas.

Quando ela não perguntava imediatamente o que era, Lily sabia que não era bom sinal.

— Tenho que fazer trabalho com Ian hoje — disse Petúnia.

— E você não me avisou por quê? — perguntou Doralice, colocando as mãos na cintura.

— Se fosse James, já era de casa...

Lily pegou o travesseiro e bateu nas costas dela com o objeto.

— Então ele vai vir aqui? — perguntou Doralice — Está bem, mas só abra a porta para ele. Vou com a Lily até a lanchonete aqui perto e não demoramos.

— Eu já sei — disse Petúnia com voz entediada.

Como, ao chegar em casa, não tinha trocado de roupa por pura preguiça, Lily levou o seu celular no bolso da calça — somente porque era perigoso deixá-lo sozinho com Petúnia, mas se não fosse por isso teria deixado-o lá.

Precisou esperar que sua mãe trocasse de roupa, o que demorou um pouco mais do que esperava, mas, assim que ela terminou, as duas saíram, não sem antes um último aviso a Petúnia. Lily acreditava ser um pouco desnecessário, já que a irmã mais nova não era tola de abrir a porta a estranhos. Fora esse aviso, ela só obedeceria se estivesse com vontade, ou nem todos os avisos do mundo poderiam convencê-la.

— Por que essa saída repentina, mãe? — ela perguntou, assim que chegaram à lanchonete.

— Eu só quero conversar com a minha filha, não posso? — Doralice desconversou, olhando para o cardápio em suas mãos.

Lily suspirou. Pegou o outro cardápio da mesa e olhou por cima dele. Assim que o fez, escondeu o rosto por trás do papel, empalidecendo. Como ela podia ter uma sorte tão ruim?

— Já sabe o que vai pedir, filha? — perguntou Doralice, sem ideia do que ela estava passando, à sua frente.

Para o azar de Lily, a pessoa de quem estava escondendo-se reconheceu-a.

— Lily!

E ela lembrava-se do seu nome.

A mulher vestida com roupas normais sorriu em sua direção.

— Eu não tive a oportunidade de te parabenizar pelo noivado!

Doralice fechou o cardápio, olhando para a mulher que parecia ignorar a sua presença ali na mesa.

— Com licença, acho que a senhora está confundindo a minha filha com outra pessoa — ela disse, educada.

— Claro que não estou! Eu a vi hoje mesmo lá na confeitaria em que trabalho!

Lily finalmente sentiu o cérebro voltar a trabalhar. Levantou-se, puxando a mulher delicadamente pelo braço, afastando-a um pouco da mesa.

— Minha mãe acabou de chegar à cidade — ela inventou rapidamente a desculpa — Eu ainda ia contá-la, como foi tudo tão recente!

— Ah! Minha nossa! Eu sinto muito! — a mulher pareceu realmente arrependida.

Depois disso, ela saiu sem despedir-se de Doralice, que olhou-a irritada pela falta de educação.

— Quem era essa louca? — ela perguntou — Deveria ter ligado para o hospício, em vez de tê-la deixado sair assim.

Lily deu de ombros, voltando a pegar o cardápio.

— Acho que só vou querer um milkshake de morango mesmo.

O assunto morreu, o que foi um alívio a ela.

— Então... Eu queria perguntar como está a sua vida — disse Doralice, um tempo depois, enquanto elas já consumiam o que tinham pedido.

— Mãe, a gente mora sob o mesmo teto — Lily sentiu a necessidade de lembrá-la.

— Mas você não me conta as coisas mais. Tive que saber por Petúnia que vocês voltaram a se falar... E fazer outras coisas também.

Ela sentiu o rosto queimar de vergonha, confirmando as suas suspeitas sobre o que o assunto tratava-se. Empurrou a sua própria cadeira mais para a frente, quando sentiu a cadeira da mesa de trás bater na sua.

— A gente... Não é a mesma coisa — Lily tentou explicar — Eu não estava esperando por aquele beijo.

— Geralmente não é algo pelo que se espere — Doralice sorriu.

Vê-la sorrindo toda feliz só fazia com que ela se sentisse desconfortável. Ela nem conseguia conter as próprias ilusões, quem diria as da mãe. E ele ainda tinha uma namorada, ela estava agindo como a outra, e sabia que era errado. Precisava parar com aquilo.

— Eu sempre soube que vocês dois ficariam juntos — ela continuou.

— Mãe! Mãe! — Lily interrompeu-a — Nós não estão juntos. Foi só um beijo.

Doralice engoliu um gole de seu refrigerante, não parecendo acreditar muito no discurso dela, mas outra voz falou por ela.

— Ah! Que pena! Eu também sempre torci por vocês.

Lily quase soltou um palavrão, mas lembrou-se que sua mãe estava sentada à sua frente. No entanto, soltou uma exclamação bem parecida a um grito.

— Sirius!

Virando-se na cadeira, viu Sirius sentado para a direção dela, o queixo apoiado aos seus braços, os olhos piscando nada naturalmente. Lily viu como sua mãe sorriu para ele.

— Que bom saber que não sou a única — Doralice comentou — O que você acha Remus?

Lily voltou-se na direção da mãe, tentando acabar com aquele assunto, o que tinha se tornado uma missão bem mais complicada.

— Eu concordo completamente.

Ela descontou as frustrações tomando um longo gole de seu milkshake, pensando que o morango era o sangue daqueles dois intrometidos.

— Você não pode escapar para sempre, você sabe — disse Sirius — “Operação James Potter. Amei!”

Lily rosnou, escondendo o rosto entre suas mãos.

Ia matar Marlene.

— E o OTP, Lily? Ele é real?

— Eu odeio vocês — ela disse, na mesma posição de antes.

— Até a mim? — Doralice perguntou, fingindo estar ofendida — Eu sou sua mãe, menina!

— Que falta de educação falar assim com os seus próprios amigos — Remus também parecia estar do lado deles.

— Se você nos acompanhar, a gente para de te envergonhar — disse Sirius, tranquilamente — Pelo menos na frente da sua mãe e de toda a lanchonete.

Lily levantou-se rapidamente da cadeira.

— Vamos logo! — resmungou, sem nem despedir-se de sua mãe.

Os dois tiveram que correr para alcançá-la, mas, quando conseguiram, pegaram-na cada um por um de seus braços e caminharam com ela para algum lugar que ela não tinha ideia.

— Por que vocês estão enchendo o meu saco? — perguntou Lily, incomodada.

— Porque é divertido, você parece um verdadeiro tomate com o rosto e cabelos vermelhos — disse Sirius.

Assim que notou a direção pela qual iam, ela parou de caminhar, tentando desvencilhar-se deles.

— Não! Sem chance! — Lily protestou.

— James não está em casa — disse Remus, tentando acalmá-la.

— Só sua sogra querendo falar contigo — Sirius colocou as tentativas de Remus abaixo, risonho.

Infelizmente, eles eram mais fortes que ela.

— Eu não devia ter levantado da cama — Lily reclamou, enquanto Sirius abria a porta da casa e a empurrava para dentro.

A casa permanecia a mesma desde o jantar. Estranho seria se algo tivesse mudado.

— Não nos mate, é para o seu bem — disse Sirius, lançando um olhar ligeiramente preocupado a Remus — E para o de James, claro.

— Te machucar é a última coisa que eu quero fazer — retrucou Lily.

Ela viu Dorea sair da cozinha, olhando confusa para eles, antes de abrir um enorme sorriso, ao percebê-la entre os dois garotos.

— Isso é bom! — escutou Sirius murmurar a Remus, aliviado.

— Mas ainda está na lista — ela completou, sorrindo, antes de aproximar-se da mulher, sem olhar para ver a reação dele.

Depois de um rápido abraço, as duas foram até a sala de jantar para conversar, enquanto Remus e Sirius iam para o quarto e James, provavelmente para bagunçá-lo ou tentar descobrir alguma senha de rede social para escrever coisas que garotos escrevem quando isso acontece.

— Eu acho que já está na hora de sermos francas, Lily — disse Dorea — Eu não gosto de Dorcas.

— Eu sei — ela não pôde evitar sorrir com isso, embora já soubesse.

— James sempre foi muito confuso com as decisões que ele tomou, mas eu realmente espero que depois do que aconteceu esta tarde... Eu espero que vocês se resolvam de uma vez por todas.

Ela também esperava, mas como poderia? Parecia tão longe de ser resolvido.

— Onde ele está? — Lily perguntou, já supondo qual seria a resposta.

— Espero que fazendo a coisa certa.

Dorea respirou fundo, olhando para o enorme quadro que decorava a parede por trás de Lily, antes de voltar a olhá-la.

— Foi errado o que ele fez — ela disse — Você não tem nada a ver com isso. Eu fico muito feliz de que tenha acontecido, mas... James deveria ter acabado com tudo antes.

Lily entendia do que ela estava falando e concordava, mas não conseguia sentir culpa. Estava feliz e envergonhada demais por estar falando sobre esse assunto.

— Não desista dele, querida. Ele pode ser bem lento e cabeça dura quando quer.

Ela não precisava que lhe dissesse isso.

— Eu vou lá para cima — Lily decidiu acabar com aquela conversa ligeiramente desconfortável.

Levantou-se da cadeira e evitou contato visual com a mulher, embora não soubesse bem o porquê. Estava tudo tão diferente, o seu melhor amigo tinha se tornado a sua paixão e aquela mulher que esteve em sua vida por tanto tempo seria como sua sogra. É, era difícil se acostumar.

A porta do quarto estava fechada e ela viu isso assim que terminou de subir as escadas. Riu, imaginando que seria para que fossem alertados da chegada de alguém, ainda mais se fosse James, como se isso fosse impedi-lo.

— Tenta “Dorcaséumavadia” — disse Sirius.

Remus deu uma risada debochada.

— Com certeza é a senha que todo namorado teria — ele comentou.

Lily também riu, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.

— Tenta “L1lyEv4n5” — Sirius provocou-a.

— Muito engraçado! — ela deu um tapa na nuca dele, antes de jogar-se na cama.

— Consegui! — exclamou Remus.

— O quê? — Lily quase gritou, sem acreditar.

— Oh! O amor é tão lindo! — Sirius pegou uma cadeira para sentar-se ao lado de Remus, sorrindo irritantemente.

Ela pegou o próprio celular para não precisar aguentar as zombarias dele, mas quase preferia isso quando viu quantas mensagens tinha de suas amigas.

Ainda era quarta-feira? Aquele dia estava durando mais que o resto da semana.

— James vai te matar — disse Remus, dando um tapa na mão de Sirius.

— Ah! Vamos! Por favor! — ele fez expressão de um cachorro que caiu da mudança — Só tirar algumas fotos da Dorcas... Postar outras dele com a Lily.

Ela negou com a cabeça, sorrindo.

— O que acha, Lily?

Fingiu estar mexendo no celular, mas levantou uma mão, fazendo um sinal de aprovado.

— Se Lily falou, está falado! — disse Sirius, empolgado — A gente tem que colocar legenda!

Os dois começaram a brigar pelo teclado, o que era uma cena bem engraçada, já que Remus sempre foi tão sério.

— “Amor” é uma boa legenda! — Sirius protestou.

— Por que você resume tudo em uma palavra? — perguntou Lily.

— Ele resume a vida com uma palavra — disse Remus.

— Resumo mesmo! A sua vida é chocolate, a vida da Dorcas é piranhar, a da Tonks é música, a do James é Lily, e da Lily é James.

Ele voltou a olhar para a tela do computador, enquanto Lily revirava os olhos, começando a acostumar-se com aquelas implicâncias.

— Eu nem sei porque ainda tento manter uma conversa contigo — ela comentou — Tudo o que digo, você inverte.

— Você me agradecerá quando escrever um livro de romance policial — disse Sirius, a voz sobre o som das teclas sendo pressionadas com habilidade — Vai pensar em cada interpretação possível.

Assim que terminou de falar, deu enter, parecendo bem satisfeito.

E então a porta abriu-se.

— Que comitiva é essa no meu quarto?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

¹ - frase retirada de um print de comentário do WattPad que a Miller (@Wolfistar) postou no Twitter.