Precisamos Falar Sobre James escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 13
12. Precisamos falar sobre saídas


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, gostaria de falar que criei uma playlist para a fanfic no Spotify. Nesses tempos que estive sem atualizar, passei todas as minhas plays para lá, e o Vagalume — que era o site que eu usava antes — cairá em desuso. O link é esse: https://goo.gl/1wzsI7
Segundo, o capítulo é dedicado a Elizabeth Potter pela recomendação linda e maravilhosa que ela fez (e ela ainda diz que não quer acabar com meus feelings, ata) ♥
Espero que gostem ♥



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[Sexta à noite]

O celular de Lily vibrou mais uma vez, e ela não demorou em pegá-lo, sem a mesma paciência das outras vezes. Sentia que estava recebendo mais mensagens do que no dia de seu aniversário.

James Potter

Online

Você está melhor? (20:53)

Vocês poderiam parar de me perguntar isso (20:54) ✓✓

Ajudaria (20:54) ✓✓

Foi mal (20:54)

Lily negou com a cabeça, suspirando, antes de deixar o celular em cima da mesa de cabeceira. Levantou a cabeça, ao escutar batidas fracas na porta do quarto.

— Entre — ela disse.

A maçaneta girou, empurrando a porta para frente, e o seu pai surgiu, segurando o que parecia ser pequeno um caderno em suas mãos.

— Podemos conversar? — ele perguntou, tranquilo.

— Claro — respondeu Lily.

Carver fechou a porta atrás de si, e puxou uma cadeira para sentar-se à frente da filha.

— Encontrei isso na gaveta da cozinha — ele disse, indicando o caderno.

Lily deu mais atenção ao objeto, sentindo o rosto corar, ao reconhecê-lo.

— São só umas histórias que eu escrevo — ela tentou explicar-se.

— É, eu percebi — Carver franziu o cenho, olhando para a lombada — Também percebi que James e Dorcas são personagens bem recorrentes.

— Eu só estou treinando a minha escrita — disse Lily — Eu não vou publicá-las nem nada. Na verdade, nem penso em finalizá-las.

Conseguiu tirar o caderno das mãos do pai, que não apresentou resistência, mas a situação já estava bem constrangedora.

— Você sabe que pode conversar conosco sempre que precisar, certo? — ele perguntou.

— Eu sei, pai — Lily forçou um sorriso — Esse não é o tipo de conversa que eu teria com a mamãe?

Ele soltou uma risada fraca.

— Ela não viu o diário — explicou.

— Não é um diário! — protestou Lily — É só um caderno de histórias.

Seu pai não respondeu, mas o seu olhar era incômodo. Ela sabia muito bem o que se passava por sua mente, mas ele resolveu não dar voz a essas coisas.

— Não fique trancada aqui pelo resto da noite, por favor — Carver pediu — Sua mãe está preocupada contigo.

— Eu estou bem — respondeu Lily — Só fiquei surpresa com o que aconteceu.

Não precisou verbalizar para ele entender de que se tratava do seu ligeiro surto após o almoço, naquela mesma manhã.

— Só... Dê notícias.

Ela não respondeu, enquanto o seu pai saía do quarto, parecendo aliviado por não precisar estender a conversa.

O seu celular vibrou outra vez, parecendo mais barulhento que antes. Lily moveu a sua mão até a capa preta, sem olhar para a mesa enquanto o fazia. Desbloqueou-o assim que conseguiu alcançá-lo.

James Potter

Online

O que acha de nos vermos amanhã? (20:56)

Nos vimos hoje (20:58) ✓✓

Eu estava pensando em voltarmos com o nosso lance de sábado (20:59)

E Dorcas? (20:59) ✓✓

Sem Dorcas (21:00)

Mesmo lugar, mesmo horário (21:00)

Okay  (21:01) ✓✓

Lily olhou para a tela do celular e sorriu, mas repreendeu-se rapidamente por isso.

A porta do quarto abriu-se novamente, mas sem um aviso prévio.

— E os resultados do OMPV? — perguntou sua mãe, entrando sem cerimônia.

— OMPV? — repetiu Lily, sem entender.

— Oh My Pound Valentine — disse Doralice, sem paciência.

— Existia abreviação na sua época?

Não pôde evitar provocá-la.

— Lily Evans, você tenha respeito pela sua mãe! — ela exclamou, fingindo-se de ofendida — E pare de me enrolar! Quem você tirou?

— A lista está em cima da mesa — Lily indicou —, mas você não vai reconhecer metade dos nomes.

Doralice não pareceu importar-se com isso.

— Você tirou o James! — ela observou, ignorando os outros nomes.

— É, também tirei Sturgis — Lily tentou desviar a sua atenção.

— Vocês deveriam sair! — Doralice continuou, contente.

— Sturgis e eu? Ótima ideia! — ela disse, rapidamente — Aliás, eu vou falar com ele agora mesmo!

Pegou o celular de cima da mesa, levantando-se da cama para sair do quarto.

— Não! Você e James! — Doralice gritou, mesmo assim — Ei! Quem é esse garoto?

Lily trancou-se no quarto de Petúnia, já que a irmã não estava em casa.

James Potter

Online

Você pode também considerar isso como uma saída programada (21:03)

Como assim? (21:05) ✓✓

Você está na minha lista (21:06)

Do Pound Valentine (21:06)

Aquela informação fez com que um estranho sentimento se alastrasse, uma sensação quente no peito. Sentiu que o sorriso que antes tinha no rosto não se desfaria tão cedo.

James Potter

Online

Isso é bom (21:07) ✓✓

Porque você também está na minha (21:07) ✓✓

Se fosse Tinder, eu diria que demos match (21:08)

Você nunca usaria Tinder (21:08) ✓✓

Tem razão (21:08)

Lily franziu o cenho, ao lembrar-se de já ter comentado sobre a sua lista com ele antes, mas ele estava agindo como se fosse uma novidade.

— Talvez só estava brincando comigo — ela concluiu.

James Potter

Online

Almoço, jantar, café da manhã? (21:10)

Café? Haha (21:11) ✓✓

Gostei da ideia (21:11) ✓✓

Combinado então (21:12)

Lily observou como James digitava e parecia desistir, até que ficou ausente.

— Queria tanto saber o que você ia escrever...

 

[Sábado de manhã]

— Acorde,  Lily!

Ela resmungou, o rosto escondido em seu travesseiro.

— James está te esperando lá embaixo.

Com essa última frase dita, Lily virou-se rapidamente na cama, causando a sua queda direta ao chão. Deu um gritinho, antes de dar de cara com o tapete — que não era tão felpudo quanto ela pensava ser.

Levantando-se, pegou qualquer roupa que encontrou no armário e dirigiu-se ao banheiro.

— Lily! — Doralice voltou a gritar.

— Cinco minutos!

Pôde escutar a sua mãe reclamar do lado de fora, antes de afastar-se.

Lily prendeu o cabelo em um coque rápido, sem presença de elástico, e entrou no box já desnuda. Girando o registro, não esperou para começar a ensaboar-se.

Precisava apressar-se.

Assim que terminou, virou de costas impaciente, deixando que a água levasse todo o sabão. Secou-se com habilidade, procurando tirar cada gota d’água que caiu em seus fios, que começavam a ondular-se por isso.

Decidiu que mantê-los presos seria uma boa idéia. Olhou para o horário no celular, xingando-se. Ao perceber que tinha esquecido de pegar uma calcinha, girou a maçaneta que dava para o seu quarto. Levou somente um segundo para voltar a fechá-la, gritando.

— Potter!

Ela teria escondido o rosto com as mãos — embora James não pudesse mais vê-la — se não estivesse usando-as para segurar a toalha.

— Desculpe-me! — escutou James gritar — Sua mãe pediu para eu pegar uma coisa para ela.

Em um momento de delírio, perguntou-se que diferença faria usar ou não a calcinha.

“Faria” concluiu.

— Você pode sair, por favor? — implorou.

Escutou a porta abrir e fechar simultaneamente. Esperou petrificada por algo acontecer, fosse o que fosse, até convencer-se de que era seguro. Pegou a maldita peça de roupa e voltou para o banheiro, começando a vestir-se, sem a mesma pressa de antes. Ao descer, viu a sua mãe com uma expressão culpada, esperando-a ao fim da escada.

— Nem uma palavra sobre isso — sussurrou, mortificada a ela — a ninguém.

Doralice apenas assentiu, observando calada como a filha ia em direção ao amigo, que parecia concentrado demais na cor do papel de parede.

— Vamos — disse Lily.

Eles saíram da casa sem nem olhar para a mãe de Lily, que não parecia disposta a reclamar sobre a falta de despedida, daquela vez.

— Certo — disse James, quando eles já estavam algumas quadras afastados — Three Broomsticks?

— Gostei da ideia — Lily aceitou.

A cerveja amanteigada era uma receita única, não  só em Londres, mas provavelmente no mundo. Patenteada por Madame Rosmerta, que tinha criado-a por acidente, como acontecia o tempo todo no mundo culinário. E não tinha sido apenas uma vez que Lily viu gente de fora indo para a rede de comércio Diagon Alley para provar da bebida que, apesar do nome, possuía sidra no lugar da cerveja.

— Vai querer o quê? — James perguntou a ela.

— Cerveja amanteigada e porridge¹ — Lily respondeu.

— Cerveja a essa hora? — ele perguntou, rindo.

— E qual seria a graça de vir aqui e não tomar a cerveja? — ela retrucou, mostrando a língua.

James deu de ombros, ainda aparentando diversão.

— Cerveja, então.

A garçonete passou pela mesa deles para anotar os pedidos.

— Chá com leite e English Breakfast sem feijão e cogumelos.

Lily levantou as sobrancelhas, assim que a mulher afastou-se.

— Não comece — disse James.

— Você está consumindo quase 3 mil calorias só no café da manhã — ela disse mesmo assim — É o tipo de comida que os trabalhadores comiam na Revolução Industrial!

— Estamos em uma Revolução Industrial — ele justificou, fingindo seriedade — Era tecnológica, capitalismo...

Lily negou com a cabeça, mas um sorriso espreitava-se em seus lábios.

— Você podia se uma boa britânica, mas prefere tomar café — James continuou — Eu não reclamo disso.

— Chá é horrível! — ela protestou.

— Que sacrilégio!

A garçonete surgiu com os seus pratos, interrompendo a conversa, mas sem conseguir fazer com que os seus sorrisos sumissem.

Enquanto mergulhavam em um silêncio, Lily pôde ver uma figura estranha e bem familiar surgir do outro lado da lanchonete, parecendo não querer ser notada por ela ou por James — ou pelos dois.

Marlene deu uma piscadela em sua direção, quando notou que seus esforços não foram bem sucedidos, mas não fez menção de ir até lá, sentando-se a uma mesa já ocupada.

— Parece que não fomos os únicos a ter a ideia de café da manhã — comentou Lily — Confesso estar decepcionada por isso.

— Nos plagiaram? — James olhou para trás — Oh! Não posso processá-la.

Marlene parecia estar se divertindo com o seu acompanhante, que Lily reconheceu como sendo Caradoc. Antes que pudesse evitar, viu James tirar o celular de seu bolso da calça e escondeu-o no encosto da cadeira, a câmera apontada para eles.

— Você vai mandar para Sirius? — adivinhou Lily.

Ele não respondeu, guardando o celular e voltando-se para o seu prato.

— Como é tomar cerveja de manhã? — James desviou o assunto.

Ela empurrou a caneca em sua direção, fazendo-o sorrir e aceitar tomar um gole.

— Tudo fica melhor de manhã — ele declarou, solene.

— Você só está dizendo isso para me agradar.

Escutou um “Talvez” sair de sua boca, mas foi tão baixo que poderia ter, simplesmente, alucinado. Resolveu não responder àquilo.

A uma certa hora da manhã, o celular de James começou a vibrar.

E não parou.

Ele pareceu não importar-se com esse fato, mas Lily já tinha uma pequena ideia de quem poderia se tratar. Conhecendo a esse novo James, ele devia ter avisado que sairia com ela para Doebitch — como Marlene passou a chamá-la “carinhosamente”. Ou, uma pequena parte dela quis acreditar, ele não avisou e esse era o motivo de tal desespero, já que Dorcas era controladora ao extremo e odiaria não saber onde o seu namorado estava.

Não passando-se muito mais tempo depois, Sirius entrou pela porta da Three Broomsticks, fingindo uma tranquilidade e desinteresse que eram, claramente, falsos.

— Oi — apenas disse, seco, sentando-se em, uma cadeira atrás de James.

Era difícil definir se os seus olhos estavam fixos na mesa onde Marlene se encontrava, ou se ele apenas fazia presença, fingindo ignorá-los — aquilo com certeza irritaria a garota.

— Caradoc e Sirius tiveram uns problemas no passado — sussurrou James.

— Com quem ele não teve problemas? — perguntou Lily, sem maldade na voz, olhando para a nuca do garoto.

Aquela frase despertou um incômodo nele, que desviou o olhar cuidadosamente para o seu prato, o que fez com que ela lembrasse da conversa do dia anterior.

Mesmo quando estava em um momento agradável, longe do colégio, aquela assombração permanecia. Se não em presença, nos pensamentos e preocupações de seus amigos. Não havia nada que Lily pudesse fazer quanto isso.

Por um momento, pensou em ir até Marlene, mas decidiu não interromper a sua saída, embora a amiga não fosse incomodar-se por isso.

Tirou o celular de seu bolso da calça, tendo uma ideia.

Desde que Lily foi obrigada a afastar-se de James por causa do diário — que ela ainda não esquecia, mas não sabia o que fazer a respeito —, falar mal de Dorcas Meadowes por redes sociais comuns como Facebook ou Twitter tornou-se um grande perigo. Então, Marlene e ela criaram o hábito de criar contas fakes em redes sociais pouco utilizadas, como VK², Hello³, Path e Whisper para poderem falar mal à vontade. Inclusive tinham entrado em uma rede social para lésbicas, chamado Wapa, registrando-se como namoradas.

Resolveu entrar no Hello mesmo. Além de ser o primeiro a aparecer na sua lista de aplicativos, não faria diferença qual entrasse, Marlene receberia a notificação no celular de qualquer forma.

Ignorou um comentário anônimo que recebeu em uma foto — bem que podia existir essa opção no Facebook, amaria xingar anonimamente a Meadowes —, já que só podia vir de uma pessoa, e foi direto para o perfil da amiga, acessar a conversa delas.

Cupida

Quero juntar logo umas duas pessoas lerdas

O que me sugere?

Marlene não demorou a pegar o seu celular, vendo as mensagens.

Quem?

Não importa

Caso hipotético

Eu trancava os dois em um armário logo

“Típico de Marlene” pensou Lily, olhando para a amiga, que voltava a guardar o celular, depois de uma revirada clássica de olhos.

Deu um sorriso malicioso, mal sabia ela o que estava planejando...

Olhou para James, que sussurrava com Sirius, e decidiu que aquele seria o momento ideal para uma retirada estratégica, como chamava Marlene.

— Jay, já vou indo — levantou-se, com a voz animada.

Isso definitivamente chamou a sua atenção.

— Já? — ele perguntou, surpreso — Mas por quê?

— Tenho que decidir o que vestirei para sair com... — Lily hesitou rapidamente — Amos Diggory.

— O quê? — James literalmente gritou.

A atenção de algumas pessoas dirigiu-se para eles, mas ela negou-se a ficar envergonhada com isso, fingindo confusão ao olhar para o amigo, sendo bem ciente da curiosidade de Marlene, do outro lado do estabelecimento.

— Diggory? Sério, Lily? Depois de tudo o que aconteceu? — ele voltou a perguntar depois que a atenção saiu de cima deles.

— E qual é o problema? Já faz tanto tempo isso! — ela revirou os olhos, atuando um pouco como a amiga — Você também esqueceu o que aconteceu com a Bertha, tanto que ela está na sua lista.

James olhou diretamente para Sirius.

— Como você sabe disso? — ele quase rosnou, fazendo o amigo dar um sorriso amarelo.

— Bem, eu realmente preciso ir — Lily avisou — Vai demorar para eu me arrumar.

— Mas... Mas você não se arrumou aqui! — James tentou argumentar — Você pode ficar um pouco mais.

— E você me convencer a não ir? — ela brincou, mas sabia que ele era capaz de fazer isso mesmo — Não, obrigada. E não me arrumei porque você já me viu em situações piores, James. É diferente, somos amigos!

Lily deu um beijo na bochecha dele, antes de pegar a sua bolsa e sair, sentindo-se contente por tê-lo deixado chateado com a situação, e depois um pouco abobado pelo beijo dado.

— Você não é tão indiferente assim a mim, James Potter — ela murmurou, já do lado de fora, quase sem conseguir reconhecer-se nas palavras que saíram de sua boca.

Sorrindo, resolveu ir para casa, mesmo que não houvesse um encontro para o qual se arrumar.


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Notas finais do capítulo

Anotações sobre o capítulo:
• Porridge = mingau. Por que eu escrevi em inglês? Cara, vai que o nosso mingau é diferente do deles, né, nunca se sabe.
• Hello: rede social criada pelo mesmo desenvolvedor do Orkut.
• VK: uma rede social russa. Aliás, a mesma por onde começou o lance do Blue Whale.
• Path e Whisper: são só redes sociais que apareceram na lista de sugestões do Play Store quando eu estava instalando o VK haha