P.O.V. CAROL

— Menino Santo, que vieste ao mundo para nos salvar, estamos reunidos para agradecer o dom e a graça de sermos família. Em torno desta mesa queremos que nossa vida seja partilha. Neste ano que passou, procuramos viver a harmonia e a concórdia, mas nem sempre conseguimos, confessamos que somos limitados, que temos nossos pecados. Hoje, queremos celebrar o perdão, sabemos que a vida é muito curta, não queremos perder tempo cultivando as intrigas e as inimizades. Por isso, perdoamos a todos os que nos ofenderam e suplicamos o perdão de todos a quem ofendemos. Menino Deus, pedimos também por todos os que não estão aqui hoje, nossos amigos e parentes, inclusive por aqueles que partiram para nunca mais voltar, que sejam todos abençoados. Expulsa deste lar e de nossas vidas, tudo aquilo que não provém de ti. Purifica nossas almas para que esta festividade nos transforme em criaturas melhores. E que sempre, em toda circunstância, saibamos reconhecer tua divindade e poder. Que nossa família jamais se afaste de ti. Louvamos e rendemos graças por cada um aqui presente, Suas histórias e conquistas. Senhor, nos propomos construir uma história de amor verdadeira entre nós. Que no ano que se aproxima possamos todos viver em unidade, sem divisões. Nossa família, Senhor, quer que tua santa vontade se realize em cada um de nós. Queremos nos consagrar a teu serviço. Bem-vindo à nossa casa, Santo menino, nasce aqui e agora, Faz de nós o teu presépio. Amém! — Vovó terminou a oração e começamos a ceiar. – Espero que você goste Ollie... é simples, mas é feito com muito amor.

— Só de ter sido preparado pela senhora, já sei que está divino. – Oliver disse enquanto se servia.

— A Carol sempre amou Cuscuz, por isso eu preparo em todos os natais... tudo para ver o sorriso da minha bonequinha.

— Vovó! – Repreendi a mesma, enquanto sentia minhas bochechas ficarem coradas, sobre o olhar divertido de Oliver.

— Bonequinha? Adorei o seu apelido, amor. – Ele riu na mesma hora que me encarava profundamente, e meu coração disparou ao som da palavra “amor”; Eu nunca vou me acostumar com os nomes carinhosos que ele me dá...

— Sim, ela é minha bonequinha, e a Alice é a princesinha. – Vovó disse, e revirei os olhos.

— Nem pense em me chamar de bonequinha, senhor Oliver Fischer! – Eu o fuzilei com os olhos, enquanto dava uma risada fraca.

— Mas eu nem disse nada, amor! - Ele riu novamente.

— Em que momento eu falei que você disse algo? Só estou deixando avisado... – Disse sessando suas risadas, e terminei de servir meu prato.

— Oook, nervosinha! – Ele disse desconfiado.

Comi calada, apenas observando meu namorado e minha avó conversarem. As vezes Ollie me olhava de relance, aparentemente notando as minhas constantes mudanças de humor. Quando o relógio marcou 23:45, fomos os três para a sala, onde começaríamos a trocar os presentes.

A minha avó foi a primeira, que como sempre disse:

— Espero que vocês gostem... é simples, mas é com muito amor. - E então, ela entregou um embrulho pra mim, e outro pra ele.

O meu presente, assim como em todos os anos, era um vestido, que eu realmente amei... o de Oliver, era um casaco, muito bonito.

— Obrigada vovó! – Dei um abraço na mesma, e Ollie seguiu meu gesto.

— Sua vez bonequinha. – a velhinha disse me olhando.

Peguei os presentes de baixo da árvore e entreguei o da minha avó primeiro.

— É lindo! – Ela disse admirando o Cardigã, que eu dei a ela.

Depois de abraçá-la novamente, entreguei o presente do meu namorado, que eram as últimas 04 temporadas da série “Arrow”, em DVD, que coincidentemente o protagonista tinha o mesmo nome que ele (Oliver Queen).

— UOU! Eu procurei isso em todo lugar... Obrigada, meu amor! – Disse me dando um abraço e um selinho.

Oliver deu de presente para a vovó, um belo par de brincos, em ouro; bem delicados, assim como ela. E para mim, uma correntinha, também em ouro, com um símbolo do infinito... eu simplesmente amei, pois significava muito para nós, e o agradeci mil vezes.

As 00:00, a queima de fogos começou lá fora, mas tudo o que importava pra mim, estava ali, dentro de casa... Minha avó e Oliver. Eu não me perdoaria nunca se algo acontecesse com um dos dois.

Ollie e eu estávamos quase nos beijando, quando a porta foi escancarada pela minha “doce” e escandalosa prima, Alice.

— CHEGUEI FAMÍLIAAA! FELIZ NATAL. – E foi aí que começou o meu inferno caseiro, em pleno natal.