His Bones escrita por Breezling
Notas iniciais do capítulo
Bom, minha estréia no fandom de Bones, portanto sejam legais comigo.
His Bones
Um carpo, quinze falanges, duas costelas flutuantes, uma patela e uma fivela de cinto.
Era tudo o que ela ainda tinha de Booth.
Era tudo o que ela ainda tinha de um pedaço de sua alma.
Os ossos estão limpos, devidamente empacotados e guardados em uma caixa bonita, junto alguns presentes que ele lhe deu e uma fotografia dos dois. É a sua “caixa do Booth”. Ela às vezes se sente meio idiota por manter essas recordações. Ele não vai voltar porque ela guardou os ossos e algumas outras tranqueiras. Os ossos não vão falar com ela. Tudo acabou no dia daquela explosão.
Agora ela está sozinha com os ossos e as lembranças.
Começou como um dia normal de trabalho. Estavam investigando um assassinato não muito interessante e uma das pistas os levou a embaixada de um país em guerra no Oriente Médio. Eles já tinham falado com a testemunha e estavam indo tomar um café quando um terrorista detonou a bomba que tinha junto ao corpo.
O som ensurdecedor que deixou um zumbido persistente em seus ouvidos por dias após o fato. Então, um momento de perfeita estática, como quando você quebra um vidro e ele não se parte imediatamente, dando a ilusão de que nada aconteceu, antes que as rachaduras apareçam e os cacos saltem para todos os lados. O teto começou a ruir e Booth gritou:
- Bones, vá buscar ajuda.
- Mas Booth...
- Vá agora!
Ela venceu a distancia até a porta em tempo recorde e ouviu Booth gritar mais alguma coisa que não entendeu. Assim que se virou para a porta, o prédio inteiro ruiu.
Ela ficou parada, sem se importar com a poeira fina que entrava em seus olhos, ouvidos e pulmões e grudava em sua pele, ou com os estilhaços que a atingiram.
Ela queria correr para ele.
Mas não podia.
A equipe de resgate a encontrou catatônica, quase sem poder respirar depois de ajudar uma mulher a sair dos escombros. Era o que Booth teria feito. Se ele tivesse saído, talvez mais pessoas pudessem ter sido salvas.
A culpa e a poeira a acompanharam por dias.
Quando acordou no hospital, Ângela segurava sua mão. Sweets estava na poltrona perto da janela e Hodgins, na cadeira do outro lado da cama. Ela podia ouvir as vozes de Rebecca e Cam no corredor. Parker provavelmente também estava por perto.
Tentou falar, mas a voz não saiu de sua garganta. Era doloroso demais. A morte de Booth a atingiu com um baque profundo. Tão profundo que ela simplesmente sentia-se incapaz de sentir.
Aparentemente, havia um combinado entre a equipe do hospital e seus amigos para deixá-la sozinha o mínimo o possível. Durante o período em que ficou internada, uma verdadeira procissão veio visitá-la. Ângela raramente deixava o quarto. Hodgins, Cam e Sweets pareciam estar se sempre por perto: seja no corredor, na sala de espera ou na cafeteria. Daisy, Wendell, Nigel, Clark, Fisher e Arastoo apareceram para visitá-la, cada um com um buquê de flores que se juntou aos muitos outros mandados por seus leitores. Até Zach recebeu permissão para falar com ela no telefone. Todos a elogiavam, dizendo como ela foi corajosa ao salvar aquela mulher dos escombros. Ela simplesmente aceitava os elogios, mas no fundo de seu coração martelava: “Eu sou uma covarde. Booth deveria ter sobrevivido. Ele é o herói”.
Rebecca organizou um pequeno serviço na igreja que Booth freqüentava dois dias depois que Temperance recebeu alta. Só estavam presentes a família, alguns amigos, os colegas do FBI e o pessoal do laboratório. Não havia corpo identificado, então no altar se encontrava uma foto de Booth sorrindo. Brennan quis chorar, mas não conseguia. Ela via a expressão abatida de Jared, o sofrimento confuso de Parker e a dor de todos ao seu redor. Foi aí que caiu a ficha: Ela perdera seu parceiro, mas Parker perdera o pai, Jared, o irmão, Rebecca, o pai de seu filho. Todas as pessoas ali seriam afetadas pela morte de Booth. Aquela era a sua chance de se despedir.
No final do serviço, Bones olhou firme para a foto de Booth e tomou uma decisão. Com passos decididos, andou até Parker e disse:
- Eu vou trazer o seu pai de volta.
Mesmo contra as indicações médicas de não fazer esforço, no dia seguinte Brennan foi até a embaixada destruída. Uma equipe já trabalhava no local, tentando coletar os restos humanos e identificá-los. Ela tomou em suas próprias mãos a tarefa de achar alguma coisa de Booth para entregar a Parker. Nuca trabalhou tão duro na vida, metida até os cotovelos nos escombros à procura de fragmentos de ossos durante o dia e fazendo os testes de DNA à noite. A dor, tanto física quanto emocional, ainda estava lá, mas o trabalho duro a fazia transcendê-la. Era a gratidão de cada família que recebia os restos de seus entes queridos e o pensamento de que estava um dia mais perto de achá-lo que a faziam continuar.
Ela às vezes se punha a pensar no que ele tinha dito antes de tudo desabar. Tinha certeza de ter ouvido “Bones” em algum momento, mas o resto da mensagem permanecia obscura e distante. Sweets e Ângela tentaram fazer com que ela falasse sobre o assunto e até sugeriram terapia hipnótica, o que foi sumariamente rejeitado. Ela precisava continuar, precisava encontrar Booth, custe o que custar.
Um dia, perto do final das escavações, ela finalmente o encontrou. Um carpo, quinze falanges, duas costelas flutuantes, uma patela e a ridícula fivela de cinto. Essa combinação estranha de ossos foi o que ela conseguiu retirar dos escombros e nem precisava do teste de laboratório para saber que aqueles eram os ossos de Booth.
Isso aconteceu quase seis meses depois do funeral. Rebecca e Parker tinham se mudado para longe e nem Ângela conseguiu localizá-los. Temperance acabou ficando com os ossos, o que a levou a um dilema.
Booth, como todo bom católico, acreditava que seus restos deveriam descansar em solo consagrado. Ela pensou em enterrá-lo junto com a mãe e até chegou a consultar Jared, que lhe disse para fazer o que achasse melhor. Mas alguma coisa mais profunda a impedia de deixar aqueles ossos. Booth teria gostado de estar com ela. Ele a protegeria até depois da morte.
Ela desejou poder acreditar em anjos.
Naquela noite, Brennan descobriu o que Booth havia gritado para ela na porta da embaixada, quando arrumou a “caixa do Booth” e a levou para o Jeffersonian. Não contou a ninguém sobre isso e a manteve escondida embaixo da mesa.
Pouco tempo depois, um novo parceiro lhe foi determinado. Ele parecia ridiculamente jovem e nada feliz em ter que lidar com a antropóloga que entendia mais de investigações do que ele, fazendo com que Bones ficasse relegada ao laboratório quase todo o tempo.
“Melhor”, pensava ela. As investigações e interrogatórios só eram interessantes porque Booth estava lá e ninguém poderia se comparar a ele. Temperance tentava conviver em termos pacíficos com o novo agente do FBI e seguir adiante com sua vida. Dizia com convicção que o “capítulo Booth” em sua história estava terminado, mas isso não a impedia de segurar a patela (seu osso preferido) quando ficava nervosa e pegar a caixa todas as noites, pondo os objetos dentro dela em cima da mesa toda a noite antes de dizer;
- Hey Booth, você não vai acreditar no que eu fiz hoje...
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