Os campistas saiam em grupos, devagar, até que sobraram poucos, uns sete, contando comigo e com Annabeth. Eu sabia que era contra as regras do acampamento sentar-se em uma mesa cujo pai ou mãe não é o seu. Mas naquele momento, não havia Quíron nem sr. D, então, sentei-me á mesa de Annabeth.

“Ah, oi Percy.” ela me olhou. Não parecia com raiva.

“Você não vai se deitar? Parece cansada... bem, eu... quer dizer, não cansada de aparência, ham...”

“Todo bem Cabeça de Alga, eu entendi.” Ela esboçou um sorriso, mas logo se desfez.

“Acho que devíamos conversar com Quíron. Hás outro espião no acampamento. Mesmo que Cronos esteja fraco, ele pode manipular alguém para fazer seu serviço sujo.” Falei, relutantemente. O assunto me lembrou Silena Beuregard e Charles Beckendorf, não me senti bem.

“Sim, devemos mas não hoje. Muitas coisas em minhas cabeça.” Logo me toquei. É, eu não presto muita atenção nas coisas ao meu redor.

“Uh, de onde brotou Lowie? Bem, digo, vocês já se conheciam?” não consegui olhar em seus olhos, então, olhei para o nada.

“Nos conhecemos assim que cheguei ao meu chalé. Vendo meus projetos da reconstrução do Olimpo.”

         Ela fuzilou algo com os olhos. Algo que eu não queria saber o que era. Entendi o porque ela supostamente não gostou de Lowie. Annabeth tinha mais ciúmes de seu laptop, presente de Dédalo, do que de mim. Ótimo, eu tenho um concorrente. Ficamos em silencio por um momento. Logo me lembrara de meu aniversário de dezesseis anos, onde naquele exato momento, eu havia ganhado o melhor presente de todos os aniversários.

“Bem, posso ouvir as harpias chegando para nos devorar. Está tarde.” Ela sorriu e se levantou. Annabeth me abraçou pela cintura, e eu envolvi meu braço por seus ombros, o que me fez corar. Não sei porque, mas estava seguro de que não teria pesadelos. Deitei em meu beliche e fechei os olhos. Em segundos, minha tal segurança se esvaiu.

         No meu sonho, uma menina de cabelos castanhos claros, lutava com uma dracaenae. Ela vestia uma meia-calça azul marinha, por baixo de um shorts jeans, e um colete por cima de uma blusa de mangas laranjas, rasgada e com manchas de sangue. A menina tinha olhos muito azuis, penetrantes, e imagino que não expressassem tanto cansaço quando não estava lutando. Ela manuseava sua espada de bronze celestial com dificuldade, o que facilitou o trabalho da dracaenae, que a pegou pela camiseta, ergueu-a no ar, e a jogou longe. A menina bateu a cabeça em uma pedra lisa, e gemeu de dor.

“Você morrerá filha de Ssssssssselene” a dracaenae silvou e soltou uma gargalhada sombria. Se recuperando do tombo, a menina se levantou, tonteantemente, seu rosto com uma expressão confusa.

“Filha de quem? Uh?” a menina olhava com medo para a dracaenae. Antes que ela pudesse reagir, a dracaenae inclinou seu corpo, e golpeou-a na panturrilha. Meu sonho terminou com um silvo agudo da dracaenae.

         Corri o olho pelo meu chalé. Tudo normal, calmo. Alguém batia na porta, então, levantei-me e a abri.

“Bom dia Cabeça de Alga! Inspeção de limpeza!” meu rosto esquentou. Eu estava de calção e meias, com uma camiseta que dizia “EU ADORO PÔNEIS”, presente de Tyson. Annabeth segurou um risinho.

“Uh...Bom dia.” Eu disse, coçando minha cabeça.

“Ham... dois de cinco Percy.” Mais uma vez, corri os olhos pelo meu chalé, e os cocei: um pé de uma meia pendia da cama de Tyson. Era pequena para ser dele. Latas vazias de diet coke estavam jogadas debaixo de meu beliche.

“Dois de cinco? Mas...”

“Pena que Tyson não apareceu antes para te ajudar Cabeça de Alga!” ela provocou.

“É.” Baguncei meu cabeço de frustração. “Ah, Annabeth, preciso falar com você e Nico.”

“Mais um meio sangue perdido por aí?” ela adivinhou.

“Bem, sim.”

“Antes vá se trocar. Acho que você não quer que outros campistas saibam que adora pôneis.” Ela riu, e virou as costas.

“ótimo.” Fechei a porta, e bati minha cabeça nela.

         As atividades do acampamento corriam normalmente. Na arena, quíron nomeou um novo espadachim, Marcus, do chalé de Ares. Ele não me lembrava nem um pouco Luke, o que era bom.

“Hey Percy!” Annabeth, Nico e Grover arfavam na minha frente. “procuramos você o acampamento inteiro!”

“Onde diabos você se meteu?” Grover praguejou.

“Ei, calma! Estava no meu chalé, acabei de sair.” Me defendi.

“Então Percy, Annabeth disse-me que você precisava falar conosco. O que houve?” Nico perguntou-me.

“Eu tive um sonho. Uma menina lutava com uma dracaenae.”

“Ham... o que mais?” Nico insistiu.

‘A dracaenae mencionou algo sobre filha de... Selene.” Eu terminei. O queixo de Annabeth caiu. Nico franziu as sombrancelhas, surpreso, e Grover baliu.

“Calma. Selene não é uma deusa primordial?” Annabeth perguntou, e eu assenti.

“E... esses deuses não tinham, ham... sumido?” Nico arregalou os olhos.

“Como ela... uh, bem, vocês me entenderam.” Grover completou.

“Não importa Grover. Temos que falar com Quíron, a menina está com encrencas.”

“Percy está certo.” Annabeth concordou. “Assim que a trouxermos ao acampamento, vamos avisar aos deuses que supostamente eles tenham uma... irmã.”  Todos nós assentimos. Só então percebemos outra presença conosco. Annabeth bufou.

“Ola Percy!” eu corei.

“Er, olá Lowie.” Forcei um sorriso, saia fumaça do nariz de Annabeth. Eu juro que vi.

“Uh, olá meninos! Annabeth...” antes que ela pudesse continuar, Annabeth não pensou duas vezes, e foi em direção á arena.

“Bem. Eu vou ver Juniper.” Grover trotou em direção á floresta. Nico, eu e Lowie nos entreolhamos.

“Ahm. E eu vou para a... anrena, eu acho.” Nico apontou na direção da arena e correu. Maravilha, sou um cara morto. Lowie sorria para mim, eu franzi meus lábios, não olhando para ela. Acho que o laptop de Annabeth não poderia concorrer comigo, pois ela lutava olhando para mim, como se quisesse cortar minha cabeça.