Poucos minutos depois-Mansão Agreste===============

Carros de policia cercavam todo o perímetro quando o casal chegou as pressas nos portões da Mansão.

Quando Nino se deparou com aquela cena seu sangue gelou e um arrepio percorreu toda sua espinha dorsal enquanto um nó se formava em sua garganta.Sua mente revisitava o dia em que fora a Mansão Agreste a pedido de Lila para ajudar com os preparativos do casamento,Nino fechou os olhos por um instante na tentativa de voltar no tempo e tentar esconder de si mesmo que a policia infelizmente não estava ali porque fora convidada para um chá de panela.

—Alguma coisa aconteceu com o Adrien?!-Nino controlou seu impulso de pular para dentro daquela mansão.-O rapaz se dirigiu ao primeiro oficial que encontrou em frente aos portões.

—Por sorte ele não estava em casa quando aconteceu.

—Alguém se machucou?

—Me desculpe,mas só a Sra.Cesaire tem autorização para entrar no local.-Um dos policiais barrou Nino antes que ele tentasse adentrar na mansão.

—Alya,o que ta acontecendo?O que te contaram?!-Nino era contido pelos policiais enquanto Alya recebia a credencial para adentrar no local.

—Me espera aí fora,eu já volto.-Alya passou pelos portões enquanto era acompanhada pela delegada e pelo seu chefe.

Enquanto subia os degraus poderia escutar Nino lhe chamando inúmeras vezes no portão,mas sua voz foi sumindo aos poucos quando finalmente adentrou na mansão e as portas do grande saguão foram fechadas.

Suas mãos suavam,seu batimento cardíaco estava a mil a medida em que era conduzida até um determinado cômodo da mansão.Durante o trajeto,Alya só conseguia ouvir a noticia ecoando em seus tímpanos,mas se recusava em acreditar naquilo,era absurdo demais para ser verdade.

—É aqui.-A delegada fez um sinal com a cabeça para que os guardas autorizassem a entrada de Alya no cômodo.

Assim que seus pés tocaram o piso daquele lugar,seus olhos não acreditavam naquela cena que estavam presenciando naquele momento.

Era perturbadora a semelhança daquela cena com outra que havia se tornado a capa de todos os veículos de comunicação a 15 anos atrás. O suicídio de Gabriel Agreste.

Sua cabeça deitada encima daquela enorme mesa de madeira nobre,seus braços estendidos sobre a toalha de mesa desarrumada e uma de suas mãos segurando o veneno que ingeriu.

Mas desta vez não eram cabelos grisalhos que cobriam o rosto pálido de um suicida,mas cabelos castanhos espessos estendidos sobre a mesa,uma de suas mãos segurando o frasco de veneno e olhos verdes,agora sem vida e sem cor.

Lila estava morta.

—Meu deus...-Ver o corpo sem vida de Lila era tão surreal,algo que Alya se recusava a acreditar.

—Ela tinha chegado aqui a quase 1 hora atrás,recebemos a ligação de uma empregada que chegou aqui a  poucos minutos.

—Como isso foi acontecer?-Alya colocou a mão em sua testa,ainda tentando entender a cena pitoresca a sua frente.

—É isso que também queremos saber,por isso chamamos você para ajudar neste caso.-A delegada pousou uma das mãos no ombro de Alya ,que por sua vez ainda se encontrava em estado de choque.- Como você e seu marido são próximos de Adrien Agreste,tenho certeza que terão mais informações para adicionar a nossa investigação.

—C-Claro,farei o que estiver ao meu alcance.

—Ótimo.

Assim que saiu da Mansão Agreste,Ayla tentava caminhar ainda com as pernas trêmulas.Embora ela já estivesse acostumada a ver coisas mórbidas e pesquisar muito a respeito de crimes em sua profissão,aquela morte foi tão súbita quanto inesperada e isso a deixava ainda mais inquieta e intrigada,mesmo que estivesse assustada com o que viu.

A reação de Nino não foi diferente,mas seu medo se intensificou ainda mais pelo amigo.Depois que o pai de Marinette fora assassinado,Adrien,foi considerado o culpado e neste ultimo caso não deixaria de ser um forte suspeito.Afinal de contas, ele ainda era noivo de Lila no papel(mesmo que as fotos na frente do aeroporto mostrassem o contrário).

Alya por sua vez,temia muito mais pela proporção que aquela investigação a respeito de Ladybug e Chat-Noir estava tomando e das novas suspeitas que estava levantando.Era assustador como tudo se conectava aos seus amigos e assustador a forma como aquele caso parecia girar em torno de Adrien e Marinette(Mesmo que Alya quisesse negar,era indiscutível que os dois teriam algum tipo de ligação com aquela história toda).

Porém,Alya continuava tranquila,já que nenhum atentado a mais tinha sido relacionado com Adrien ou Marinette,ou pelo menos,era nisso que ela acreditava até receber a ultima noticia da qual mudaria completamente o rumo daquela investigação.

—Um atentado aconteceu hoje de manhã numa boutique perto do aeroporto.-A voz da colega de trabalho era quase inaldivel com os ruidos da ligação.

—E como isso pode nos ajudar na investigação?

—Pelo que parece o alvo era o seu amigo.-Alya sabia exatamente de quem sua colega estava falando,mas decidiu esperar para ouvir a resposta completa.-O carro dele estava estacionado na frente da loja quando o tiroteio aconteceu,mas ele saiu do veiculo sem entrar na boutique.

—É, isso me parece ser bem suspeito, até mesmo pelas imagens das câmeras de segurança divulgadas.-O outro colega completou com seu comentário,sem deixar sombra de dúvidas o quão estava desconfiado daquele "novo" suspeito.

—Alguém saiu ferido?

—Uma criança foi internada em estado grave,mas o resto das pessoas que estavam lá tiveram apenas ferimentos leves.

Alya respirou fundo antes de dar seu ultimo feedback sobre as informações que acabara de receber,por mais que quisesse continuar a todo vapor as investigações,não estava conseguindo digerir tudo aquilo no momento.Era como se um novo peso  se acoplasse em suas costas,o peso de uma consciência pesada que pode saber muito,mas não deve falar absolutamente nada.

O silêncio seria muito mais doloroso do que ela imaginava.

Quantas pessoas saíram feridas desde que Chat Noir e Ladybug reapareceram?Quantas tragédias foram causadas? Quantas vidas foram perdidas?Alya não sabia ao certo se um dia conseguiria calcular tudo o que aconteceu em tão pouco tempo,mas sabia que se aquelas informações estavam em suas mãos era por algum motivo.

Agora só restava saber o que fazer com elas.