Depois de um almoço repleto de momentos inesquecíveis como Adrien se transformando em um chafariz humano ou Marinette sendo alvo de cantadas,todos saíram do restaurante satisfeitos voltando para as suas devidas casas.

No entanto as conversas que tiveram no meio do caminho foram um tanto constrangedoras tanto para Adrien quanto para  Marinette que tiveram que ouvir calados desde os mais belos elogios até os mais podres insultos(Relacionados a Chat noir e a “prostituta”).Assim que chegaram em frente a padaria,Sabine e Marinette se despediram de Adrien e entraram no local deixando Tom e Adrien a sós do lado de fora.

—Me desculpe o incomodo de hoje garoto,eu não sabia que aquele tal de Nathaniel iria aparecer…

—Não tem problema, nós ainda vamos ter outras oportunidades pra se ver.

—Na verdade não…-Tom dera um longo suspiro-Eu não sei como dizer isso a você...o meu tempo é curto aqui.

—O que você quer dizer com isso?-Adrien logo sentiu um arrepio lhe percorrer o corpo todo e um nó se formar em sua garganta.

—Eu menti a vocês…

—Mentiu?Sobre o que?

—Eu não me recuperei.

—O que?! Como assim não se recuperou? você parece tão bem…

—Pareço bem porque me recusei a tomar os remédios que me receitaram...Se eu tivesse tomado estaria dopado.

—Mas…

—Escute garoto,eu só estou falando disso porque eu confio em você...A minha doença já está num estágio muito avançado e não tenho chances de me recuperar,por isso eu optei por voltar pra casa e passar os meus últimos dias com as pessoas que eu amo...Eu não queria morrer numa maca de hospital.

—Mas porque não contou a verdade?

—Adrien,a minha mulher já sabe de tudo...Eu até pensei em contar a Marinette mas eu não quero ver a minha filha chorando pelos cantos...Eu não quero vê-la sofrer nesses últimos dias,sabe quando eu vi o sorriso dela ao saber que eu me “recuperei” não consegui falar isso pra ela.

Adrien ficou sem palavras,parecia que um vazio havia sido aberto em seu peito...Ele nunca foi muito próximo do Sr.Dupain,mas apesar disso gostava dele além de respeitá-lo muito.O pai de Marinette era a imagem de pai que Adrien sempre quis ter,Tom o receberá de braços abertos e sempre o acolheu nas poucas vezes em que se encontraram e saber que aquela talvez seria a última vez que o veria era devastador.

—Filho...Por favor não conte a Marinette-Tom pousou as mãos no ombro do rapaz.

—Sr.Dupain eu…-Adrien podia sentir os seus olhos arderem,estava quase impossível se conter-Eu não sei se vou conseguir esconder isso dela...Ela é minha amiga…

—Eu te entendo,mas é um pedido meu...Se um dia ela descobrir que você sabia de tudo, não se culpe.

—Por-porque você está pedindo isso pra mim?-As lágrimas começaram a correr pelo rosto de Adrien,o mesmo não entendia o porquê de ter que carregar aquela responsabilidade em suas costas.

—Eu sinto que devo confiar em você pra dizer isso... Você tem um bom coração garoto e não estou falando da boca pra fora,desde da primeira vez que eu te vi senti que você era uma pessoa boa.-Adrien poderia ver o quão verdadeiro Tom era enquanto pronunciava aquelas palavras.-Sei o quanto sofreu com a morte do seu pai e pelo que a Marinette me contou sei que você também não teve muita oportunidade pra passar mais tempo com ele,por isso eu também quero que tenha um segundo pai…

—O que?...

—Eu ainda tenho alguns dias de vida e quero aproveitar esses dias não só ao lado da minha filha e da minha esposa...Mas adoraria que estivesse com a gente,como eu já disse antes você faz parte da nossa família e quero que esteja presente nesses dias que serão muito importantes pra mim.-Tom se dirigia a Adrien com uma serenidade inacreditável,naquela situação a maioria das pessoas entraria em pânico ou ficaria depressiva...Mas o pai de Marinette queria aproveitar de todas as formas e fazer com que aqueles dias fossem memoráveis e inesquecíveis.

—Bom eu-eu…-Adrien não conseguia mais falar entre seus soluços,ele havia tentado conter as lágrimas no começo daquela conversa para demonstrar que estava preparado...Mas o que o derrubou mesmo foi saber que Tom o considerava tanto e que confiava nele, ninguém em todos aqueles anos havia dito a Adrien aquelas palavras e elogios,ele nunca se considerou uma pessoa relevante ou que fizesse a diferença na vida de alguém...Mas aquele momento foi crucial para Adrien reconhecer o seu próprio valor diante de um pedido como aqueles.

—Está tudo bem garoto...Eu não quero que chore por minha causa,quero ver você sorrir a partir de hoje tá bom?-Tom consolou o garoto que chorava copiosamente.

—Como eu vou sorrir depois do que me disse?-Adrien limpava as lágrimas e tentava respirar fundo.

—Garoto...A morte é só uma fase,assim como o nascimento... Não há nada a temer e eu vou continuar do lado de todos vocês, não se preocupe.

—Desculpe eu não sei lidar com isso Sr.Dupain…

—Pode me chamar de pai,garoto.-Tom dera um sorriso descontraído para Adrien assim que percebeu que os olhos do agreste brilharam ao escutar a palavra “pai”.

—O-obrigado…-Adrien dera um abraço forte em seu novo pai,era uma das melhores sensações que já sentirá no mundo e nem todo o dinheiro do mundo poderia comprar aquele momento-...Pai.

Tom não conseguiu deixar de esboçar outro sorriso,era como se uma criança fosse acabada de ser adotada e agora estava sendo acolhida pela nova família...Adrien era a criança mais feliz do mundo depois de anos sem seu pai,ter ganhado um novo era como reviver os poucos e raros momentos com Gabriel Agreste.

O mesmo sabia que não seria nada fácil esconder o que sabia de Marinette,mas não queria estragar os últimos momentos de Tom…por mais que fosse dolorido mentir sobre aquilo,era a única forma de manter viva a lembrança de um pai feliz ensinando o quão importante era continuar vivendo intensamente em seus últimos dias e assim viver eternamente na memória de toda a sua família e principalmente de Adrien(agora seu novo filho).

A partir daquele momento Adrien prometeu a si mesmo que aproveitaria cada minuto que pudesse com seu novo pai e faria o possível para guardar as melhores recordações e entregá-las para tom levar em sua bagagem assim que partisse,o mesmo sabia que a despedida não seria fácil mas ao menos tudo que a antecedeu havia valido a pena.