De todas as coisas estranhas que James Potter já se imaginou fazendo, essa nunca tinha nem passado por sua cabeça.

Afinal, como poderia prever que, um dia na sua vida, teria que ir falar com Lily para convencê-la a fazer as pazes com Sirius?

James podia ser uma pessoa extremamente criativa (principalmente em cenários que envolviam Lily), mas nem ele, em seus sonhos mais loucos, imaginara que um dia Sirius e Lily poderiam ser amigos. Como dito anteriormente, esse era o resultado mais improvável dessa aposta, mas era um que ele gostava muito.

Ele queria que os dois continuassem amigos.

E sim, anteriormente tinha um certo interesse dele, porque queria manter Lily por perto. Só que agora, Sirius estava realmente chateado por ter brigado com ela.

Sirius era o irmão que James nunca tivera. Ele queria que o outro fosse feliz sempre que possível.

Logo, lá estava ele, indo arriscar seu pescoço para resolver isso.

Lily estava na sala de monitoria, fazendo sabe-se la o que, já que eles não tinham nada para entregar. É, James era Monitor-Chefe (sabe-se la como), então ele sabia muito bem que Lily estava la por motivo nenhum.

—Evans? -ele chamou, entrando na sala.

—A resposta é “não”, Potter. -ela falou, sem nem levantar os olhos do seu livro.

—Você nem sabe o que eu vim dizer. -ele falou fechando a porta atrás de si.

—Você veio falar que o Black não é uma má pessoa e que eu devia conversar com ele. -ela resmungou.

—Ok, talvez você saiba. -ele cedeu -E eu não vim dar desculpas em nome do Sirius, eu juro. Não vim aqui dizer que ele não fez por mal e que você devia perdoar e coisa e tal.

Lily lançou um olhar para ele que deixava bem claro que não acreditava em nada dessa conversa.

—Eu vim te contar uma história. -ele concluiu.

Lily finalmente parecia intrigada o bastante.

—Você sabe o que aconteceu com Remus e Snape, não sabe? -podia ter saído como uma pergunta, mas James duvidava muito que ela não soubesse.

—Que o seu amigo convenceu o Snape a entrar na Casa dos Gritos quando o Remus estava la como lobisomem? -ela falou seca -Sei.

—É, isso mesmo. -James confirmou, sentando-se perto dela -Eu não sei se você prestava atenção na gente o bastante para perceber que isso causou uma briga feia entre nós.

—A escola inteira só falava disso. -Lily suspirou.

—Sirius se recusava a pedir desculpas. -James contou -Eu sei, ridículo, afinal a culpa era só dele. -completou quando viu a cara de Lily -Mas assim mesmo, ele sentia que nós estávamos exagerando, e que não tinha sido nada demais. Demorou semanas para ele entender a gravidade do que tinha acontecido, o que aquilo teria significado para o Remus se eu tivesse demorado um pouco mais...

—Onde você quer chegar com isso? -Lily exigiu.

—Sirius sempre aprendeu que devia cuidar dele mesmo em primeiro lugar. -James falou -Sempre sentiu que era ele contra o mundo, porque -por um bom tempo -era isso mesmo. A casa dele era uma zona de guerra, com a mãe louca e a família mais louca ainda. Nós só fomos descobrir quão terrível era a situação no terceiro ano, porque, embora nós fossemos amigos, ele não nos contava dessas coisas. O Sirius não sabe se importar com os outros. Mas ele está aprendendo.

Lily não falou nada.

—É um processo bem complicado e volta e meia ainda dá merda. -ele deu uma risada sem humor alguma -Como aconteceu atualmente. Ele não pensa antes de falar, porque nós já sabemos lidar com isso e o resto das pessoas não têm coragem de bater de frente com ele. Mas você tem, e você tem toda a razão de ficar brava com ele.

Lily suspirou.

—E?

—E ele entendeu o que fez de errado. -James insistiu -Vamos ser bem honestos: nós quatro não somos os melhores exemplos de pessoas que existem por ai. É verdade. Nós somos leais entre nós, mas nunca vimos muita necessidade em sermos legais com os outros. Nenhum de nós nunca brecou o outro quando ele estava sendo um babaca.

—Então como ele ia aprender a não ser um? -Lily soltou, mas James sabia que não era uma pergunta para ele.

—Sirius pode ser uma pessoa melhor. -James continuou -Eu provavelmente também posso, um dia desses. -brincou de forma fraca -Talvez o que ele precise é de um bom amigo, uma pessoa que ele confie, que mostre pra ele um jeito de ser melhor. Eu sinceramente acredito que você seja essa pessoa.

Lily estava olhando para ele de um jeito que James não conseguia decifrar.

—E claro que você não tem obrigação nenhuma de ensinar nada para ele. -James se apressou em acrescentar -Mas eu não acho que ele seja um caso perdido. Eu realmente acho que você faz bem para ele e, de certa forma, ele faz para você.

—Ah é? –ela arqueou a sobrancelha –Como?

—Você sempre foi tão séria, Evans. –ele tinha um sorriso no rosto –Tão focada. Eu nem imagino como é ser nascida-trouxa numa escola como Hogwarts, eu nem imagino pelo que você deve ter passado aqui dentro. E talvez eu esteja errado, mas eu acho que sua seriedade acabou virando uma armadura.

O solhos de Lily foram parar no chão.

—Mas quando você conversa com o Sirius, não tem armadura. –James continuou gentilmente –Vocês brincam juntos e dão risada juntos e falam absurdos juntos. Isso é legal de ver também.

Lily suspirou e voltou a olhar para James.

—Como eu sei que você só não está falando tudo isso por interesse próprio? –ela desafiou.

James soltou uma risada.

—É óbvio que meu interesse também está envolvido. –James falou sem um pingo de vergonha.

—Potter!

—É verdade. –ele tinha um sorriso maroto no rosto –Eu nunca escondi nada disso de você, não se finja de surpresa. –provocou de leve –Mas isso não tem nada a ver com agora. Agora eu só quero que meu melhor amigo fique feliz de novo.

—Só? –ela soltou, claramente descrente.

—A não ser que você esteja oferecendo...

Lily empurrou James, mas estava rindo.

—Já não me basta o Sirius...

—O que ele andou fazendo? –James perguntou confuso.

—O seu amigo tem feito a maior campanha em seu favor, Potter. –Lily o informou –Desde o começo ele estava torcendo para que essa coisa toda entre nós me aproximasse de você.

James riu baixo.

—Ele é um bom amigo.

—Ele é. –Lily concordou, então suspirou –Ok, Potter, você venceu. Eu converso com ele.

—É só o que eu peço. –ele falou sinceramente.

—Só? –ela repetiu, mas dessa vez com um sorriso divertido.

—A não ser que você queira casar comigo e ser a mãe dos meus filhos...

—Potter! –Lily desabou a rir –Isso é um pouco demais, vcoê não acha?

—Eu não acho. –ele falou dramaticamente –Mas se você acha... Que tal me chamar de James?

—E você vai me chamar de Lily? –ela jogou de volta.

—Fechado. –eles apertaram as mãos.

Até que tinha dado tudo certo.