—Evans, um encontro público em Hogsmeade não é o bastante. –Sirius falou com paciência exagerada, como se ela fosse idiota.

—Vai ter que ser. –ela falou por entre os dentes.

—Merlin! –Remus bateu a cabeça contra a mesa –Isso é impossível de assistir. Eles não chegam em lugar nenhum!

—A escola inteira ja sabe que nós estamos indo juntos pra Hogsmeade. –Lily indicou –E eles estão quase surtando por isso. Você sabe quantas pessoas vieram me dizer que eu não posso fazer isso com o Potter?

Isso fez Sirius pausar.

—Ah é? –ele perguntou divertido.

Até James resolveu prestar mais atenção na conversa.

—Aparentemente a escola é Time Potter. –Lily revirous os olhos –Uma terceiranista veio me perguntar se era verdade que eu ia sair com você e chorou quando eu disse sim.

Sirius explodiu em risadas e James teve que lutar pra conter o seu sorriso. Pelo menos Hogwarts estava do lado dele.

—Isso não tem graça! –Lily arremessou um livro em Sirius.

Eles estavam todos reunidos na sala de monitoria para discutir a fase final do plano de Sirius e Lily. James não tinha certeza do que ele, Remus e Peter estavam fazendo ali, já que Sirius e Lily estavam brigando entre eles, mas pelo menos era engraçado.

James adorava ver Sirius conversando com Lily. Os dois se bicavam como irmãos, batiam cabeças, pareciam que iam bater um no outro, depois riam e começavam tudo de novo.

James não sabia o que ia acontecer depois que essa aposta acabasse, mas queria muito que Lily ficasse, que virasse uma Marota honorária, que continuasse aparecendo no quarto deles e fazendo piadas.

James não queria que as coisa voltassem a ser como eram antes.

—Por isso que eu falo, Evans! Um encontro não vai ser o bastante para convencer a escola!

Lily respirou fundo e fechou os olhos.

Opa. James conhecia essa cara. Era a que ela geralmente fazia dois segundos antes de azara-lo.

—Hum... Almofadinhas... Calma. –James falou com cuidado.

—Eu to só falando a verdade! –Sirius insistiu, obviamente ignorando o perigo –Eu sei que ela ama a fama de Santa Evans dela, mas se...

Merda. Ele disse. Ele realmente chamou Lily de “Santa Evans” na frente dela.

O brilho do feitiço veio do nada. James nem tinha visto Lily pegar sua varinha.

—Não me chame de Santa Evans. –ela praticamente rosnou para Sirius, então virou e saiu dali batendo a porta.

Quando James foi ajudar Sirius a se levantar os furunculos ja estavam aparecendo em sua pele.

—Você falou merda, Sirius. –James falou sério –Das grandes.

—Por que? –Sirius gemeu de dor –Todo mundo chama ela assim.

—Pelas costas dela. –Peter indicou.

—Você sabe por que Diggory e os amigos dele chamam a Lily de Santa Evans? –Remus perguntou para Sirius.

—Porque ela é toda certinha. –Sirius falou como se fosse óbvio.

—Não é por isso. –James falou baixo, porque conhecia essa história e odiava.

—O que eu não sei? –Sirius perguntou confuso.

—Você lembra que, no quinto ano, a Lily saiu com um dos amigos do Diggory, o Thomas? –James quis saber.

—Claro que eu lembro, você choramingou o tempo todo que eles saíram.

—A gente não sabe todos os detalhes. –James falou sério –Mas a parte que a gente sabe é que ele pressionou a Lily pra transar com ele, ela disse não. No dia seguinte ele saiu espalhando pela escola que ela era a “Santa Evans” e que só um feitiço era capaz de abrir as pernas dela.

Sirius arregalou os olhos.

—Como eu não sabia disso? –ele quis saber.

—O Remus ouviu, me contou, eu limpei o chão com o Thomas e disse que ia acabar com a raça dele se ouvisse aquela história mais uma vez. –James deu de ombros como se não fosse nada –Mas eu não quis contar para ninguem.

—Só que o Diggory e companhia ainda usam o apelido quando querem ataca-la. –Remus indicou.

—E você chamou ela de Santa Evans. –Peter indicou.

Sirius pareceu finalmente perceber a gravidade do que ele dissera.

—Não é a toa que ela está brava. –ele suspirou.

—E é por isso mesmo que você vai levantar agora e vai la pedir desculpas. –Remus falou sério.

James pegou a varinha e murmurou a contra-azaração para Sirius, e o maroto voltou ao normal.

—Remus tem razão, Sirius. –ele falou –Você e a Lily estavam se dando tão bem. Pede desculpas, fala que não sabia.

—E se ela não quiser falar comigo? –Sirius perguntou baixo.

—Por favor. –James revirou os olhos –A única pessoa nessa mundo mais teimosa que a Evans é você, Almofadinhas.

XxX

Como previamente dito, Sirius não era um cretino.

Bom, pelo menos na maior parte do tempo.

O maroto sabia muito bem que seu humor não era lá essas coisas, que podia ser um tanto arrogante e orgulhoso, e que, as vezes, não sabia a hora de parar. Porém ele tentava não fazer nada para deliberadamente magoar as pessoas em geral. (Sonserinos não contavam como pessoas)

Ele nunca –nunca –teria chamado Lily de Santa Evans se soubesse qual era a história por trás do apelido. E ok, talvez mesmo assim ele não devesse ter dito.

Lily era... Uma amiga. Aliás, só pensar na ruiva dessa forma ja era surpreendente, porque Sirius não era uma pessoa que considerava qualquer um seu amigo, mas Lily...

Ele teria que admitir que julgou Lily erroneamente por um bom tempo. Alías, não fosse essa aposta idiota, provavelmente continuaria julgando. Tinha uma imagem tão clara dela em sua cabeça –santinha, certinha, nerd, pentelha –que nunca se preocupou em saber se estava certo.

E como estivera errado!

Sim, Lily tinha uma certa tendência a ser certinha e estudiosa, mas também era engraçada, sarcástica e absolutamente incrível.

Lily era uma pessoa maravilhosa e Sirius finalmente conseguia ver o que James via nela.

E daí tinha que abrir sua boca e estragar tudo.

Pedir desculpas era algo difícil para Sirius, mesmo quando ele estava errado (todo aquele rolo com Snape e Remus era uma prova disso), porém ele realmente queria acertar as coisas com Lily.

Não pela aposta. Não por causa de James.

Porque ela era uma amiga, alguém que ele tinha certeza que queria manter em sua vida.

Então... Desculpas.

Merlin, ela ia mata-lo. Ele tinha certeza.

O Mapa revelou que a ruiva tinha ido se esconder no fim da biblioteca. Sirius só tinha estado naquele lugar duas vezes; e as duas foram porque estava se pegando com Monitoras que sabiam que ninguém ia até la.

Lily queria de esconder num lugar que a deixasse confortável, em meios aos livros e ao conhecimento que tanto respeitava. E a verdade era que Sirius não entendia Lily muito bem, e não achava que conseguiria tão cedo. Os dois eram muito diferentes e ele não entendia porque ela achava que estudar era uma coisa tão interessante...

Mas talvez não fosse da conta dele entender. Só respeitar.

Sabia que estava arrastando os passos, mas eventualmente chegou até onde a ruiva estava. Lily estava sentada no chão, um livro enorme em seu colo, porém fechado. Ela só estava olhando para a capa.

—Eu não sabia. -Sirius falou, sem saber o que mais poderia dizer.

—E teria feito alguma diferença? -ela perguntou para a capa do livro.

—Claro que teria! -Sirius rebateu indignado.

Lily se levantou, abraçando o livro contra o peito, quase como um escudo.

—Só faz diferença agora, porque você descobriu que eu talvez não seja tão chata quanto você achava antes. -ela rebateu -E chata no seu conceito. Agora eu me encaixo no que você acha legal, então agora faz diferença, mas eu sei que você também já me chamou de ‘Santa Evans’ mil vezes, e nunca achou que estava errado.

—Eu não sabia de onde o apelido tinha vindo! -ele protestou.

—Você não sabia e nem ligava, Sirius. Era só mais munição contra mim, e convenhamos, você só nunca me chamou disso na minha cara antes porque sabia que eu iria te azarar. Se achasse que ia conseguir sair impune, você teria usado o apelido contra mim mil vezes. Do mesmo jeito que você faz com vários outros alunos.

—Eu não...

—Faz sim. -ela insistiu -Eu já vi vários vezes você dando e repetindo apelidos, sem estar preocupado com quem se sente magoado com isso. Você só está com peso na consciência agora porque descobriu de onde vem o apelido e a gente anda se vendo mais.

—Por isso eu vim pedir desculpas! -ele insistiu -Porque eu te considero uma amiga.

—Bom, você devia ter pensado nisso antes. -ela declarou, deixando o livro sobre a mesa e deixando Sirius ali.

Sozinho.