Ao contrário do que todos em Hogwarts pareciam acreditar, Lily Evans não odiava os Marotos.

Ódio é uma palavra muito forte e Lily preferia evitar usa-la para qualquer coisa. A não ser para puristas e rabanete.

Então Lily não odiava os Marotos. Mas, se por algum acaso do destino, eles fossem expulsos de Hogwarts –por exemplo –ela não ia sentir falta deles.

E se Sirius Black pegasse fogo nesse exato instante... Bom, ela ia esquecer que tinha uma varinha em mãos e deixa-lo torrar.

—Eu fiz uma aposta que conseguia te pegar. –ele falou, sem um pingo de vergonha na cara –São quinze galeões, Evans. Eu divido com você.

Sirius Black obviamente não tinha noção do perigo.

—Eu acho bom isso ser uma piada de mal gosto. –ela falou por entre os dentes.

—Não é! –ele insistiu –Presta atenção. Amos Diggory disse que eu nunca conseguiria por as mãos em você. Se não me engano ele te chamou de Santa Evans. Eu disse que claro que consigo, porque ninguem resiste ao meu charme, nós trocamos insultos e fizemos uma aposta.

Lily encarou o maroto com uma expressão que deixava bem clara que ele devia calar a boca. Sirius ignorou tudo isso.

—Mas acontece que eu não posso simplesmente dar em cima de você. –ele declarou –E você é esperta demais para cair na minha conversa e eu só tenho duas semanas para te conquistar. Assim sendo, eu resolvi ser honesto.

—E você achou que vindo até aqui, me dizendo que você fez uma aposta sobre “me pegar” e oferecendo para dividir o dinheiro comigo ia me fazer concordar com isso? –ela perguntou de forma seca.

—Exatamente. –ele declarou de forma orgulhosa.

—Sai daqui, Black. –ela revirou os olhos e voltou sua atenção para o seu livro.

—Qual é, Evans! –Sirius protestou –Imagina nós dois saindo? Essa escola ia subir pelas paredes!

—Eu não vou sair com você, Black. Nem que você me pague.

—Você não precisa sair comigo de verdade. –ele insistiu –Nós só vamos fingir o bastante para eu ganhar a aposta.

Lily lançou um olhar que deixava bem claro que não acreditava nele.

—Você vai se aproveitar para tirar uma casquinha. –ela falou.

—Claro que não. –ele falou inconformado –Não seria por falta de vontade, eu confesso. Mas eu nunca tiraria uma casquinha de você.

Ele foi tão sincerto e firme na resposta que agora ela estava desconfiada.

—Por que?

—Vários motivos. –ele deu de ombros –Primeiro porque não é certo. Eu não sou um completo cretino, Evans. Segundo, porque essa relação é totalmente profissional, então você vai ter que se conter também.

Lily revirou os olhos, mas teve que segurar um sorriso.

—Mas principalmente porque o Pontas é louco por você. –ele admitiu -E mesmo que vocês nunca tenham nada, eu não acho certo fazer isso com ele.

Lily estava analisando Sirius com muito cuidado agora.

—Aliás, essa é a razão pela qual eu estou aqui falando com você, ao invés de estar realmente tentando te seduzir. –ele informou, como se estivessem tendo uma conversa normal –Eu prefiro deixar tudo claro, assim eu posso falar pro James que não é nada disso que ele ta pensando.

Lily bufou.

—Olha, Black...

—Quinze galeões, Evans! –ele insistiu.

—Isso não é pelo dinheiro pra você. É seu orgulho.

—Sim. –ele admitiu mais uma vez, sem vergonha alguma –Mas o dinheiro é um bom incentivo.

—Mesmo que eu aceitasse esse seu plano idiota, ninguem acreditaria que eu aceitei sair com você de uma hora pra outra. –ela indicou.

—Claro que não. Por isso eu preciso de conquistar antes.

—Vai embora, Black. –Lily bufou, pegando seu livro e dando as costas para ele.

—Evans! Qual é! Vai ser divertido. –ele insistiu.

—Pra quem?

—Pra nós dois! Imagina a bagunça que nós podemos causar nessa escola? –ele falou –Hogwarts não ia saber o que fazer com nós dois saindo juntos.

Lily revirou os olhos, mas como ainda estava de costas para Sirius ele não viu.

—Eu fico te devendo um favor. –ele ofereceu.

Opa, isso sim era interessante. Os Marotos eram forças da natureza dentro de Hogwarts. Um favor de um deles valia muito.

—O que eu quiser? –ela perguntou, ainda de costas para ele.

—Qualquer coisa. –ele falou na hora –A não ser que vá prejudicar meus amigos. Daí nada feito.

Lily tinha que admitir: Sirius podia ser um babaca, mas ele era um bom amigo.

Ela finalmente virou-se para ele.

—OK. –ela cedeu –Mas com condições! –ela falou antes que ele começasse a celebrar.

—Certo, certo. –Sirius cedeu, mas ele mal estava contendo sua animação –Vamos falar dessas condições.

XxX

James Potter considerava Sirius mais que um amigo, ele era um irmão. James sabia que Sirius era a pessoa com quem ele podia contar para qualquer coisa nessa vida e que nunca o trairia.

Então esse boato de que ele fizera uma aposta com Amos Diggory para pegar Lily... James tinha certeza de que havia uma explicação razoável para isso tudo.

Ele certamente esperava que tivesse.

Peter e Remus estavam no dormitório com ele, olhando para o amgo e esperando alguma coisa, alguma reação do amigo. Esperando Sirius voltar e explicar o que estava acontecendo.

Todo mundo esperava que houvesse uma explicação decente a ser dada.

Remus tinha suas dúvidas.

Então Sirius entrou no quarto, como se tivesse acabado de ganhar uma partida de quadribol na final: peito estufado, queixo erguido, sorriso arrogante no rosto. Remus ficou preocupado.

—Pontas, precisamos conversar. –ele declarou para o quarto.

—Que coincidência, eu ia dizer a mesma coisa. –James arqueou uma sobrancelha.

—Deixa eu adivinhar. –Sirius falou entediado –Diggory veio te contar da aposta.

—Um dos amigos dele, na verdade. –James falou –E eu estou esperando você me dizer que é mentira.

—Então... –Sirius limpou a garganta –Na verdade... É verdade.

—Oi?

—Eu fiz uma aposta com o Diggory que envolve a Evans, mas antes que você me mate! –ele quase gritou quando James se levantou –Eu fiz um acordo com ela.

—Um acordo? –James perguntou confuso.

—Eu contei da aposta pra ela, ofereci para dividir o dinheiro, ofereci um favor e tcharan! –ele faz um gesto de mágica com as mãos –A Evans concordou em me ajudar a fingir que ganhei a aposta.

—Fingir? –Peter falou confuso.

—Óbvio. Eu nunca ia por as mãos na Evans, mas eu também não vou deixar o Diggory me vencer, logo tivemos que fazer um acordo. –Sirius explicou.

—A Lily concordou com isso? –Remus perguntou chocado.

—Deu um pouco de trabalho. –Sirius admitiu –Mas eu sabia que ia conseguir.

—Espera um minuto. –James pediu, respirando fundo –Você apostou que conseguia pegar a Evans e daí fez um acordo com ela pra ganhar a aposta?

—Sim. Nós vamos sair de forma totalmente platônica, mas ninguem vai saber que foi platônico. –Sirius falou –James, eu juro que não vou encostar um dedo nela.

James não falou nada e Sirius ficou um pouco preocupado.

—Eu não devia ter feito isso, eu sei. –o maroto apressou-sem em se explicar –Eu sei, desculpa. Mas...

—Sirius... –James bufou –Ta, tarde demais. Você não devia, mas eu confio em você.

Pela primeira vez desde que toda essa bagunça começara, Sirius sentiu-se realmente culpado. Sim, era só uma brincadeira e ele não tinha intenção alguma de tocar em Lily Evans, mas... James era o amigo dele. E ele acabara de pisar na bola.

—James, eu posso desistir da aposta. –ele ofereceu –É só dinheiro e eu não ligo para o que o Diggory falar sobre mim.

—Não, tudo bem. –James balançou a cabeça –Agora eu estou até curioso.

—Por que? –Sirius perguntou confuso.

—Porque se você acha que a Evans vai pegar leve com você... Você é louco. –o sorriso de James era cheio de divertimento.

—Por favor. –Sirius rolou os olhos –A Evans vai ser um doce. Confie em mim.