402 escrita por LC_Pena, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
Capítulo 1. Seis anos


Notas iniciais do capítulo

Bem... Minha amiga secreta já sabe quem é, pq simplesmente é a dona dessa bagaça, sim, meus caros, eu tirei Ana Elisa a.k.a Ly Anne Black!

Além de admirá-la muito como autora e profissional (sim, adoro a quase doutora em cérebros tb, rsrsrs), ela ainda é uma grande amiga, daquelas que vc ganha na loteria da vida e reza para conservar para sempre!

Então, espero que curta muito isso aqui, pq foi feito com todo carinho e cuidado, afinal, meu presente pode até ser uma meia furada, mas é uma meia furada pesquisada, revisada, cheirosa e embalada, kkkkkk



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O último mês havia sido um inferno, porque, já tendo lidado com medibruxos incompetentes, curandeiros cheios de mãos para cima de sua filha, a calda no bolo de caldeirão era,  sem dúvidas, a perda de seu precioso tempo discutindo pormenores jurídicos com a maldita bruxa que lhe havia prometido o mundo há sete anos atrás.

— Entendo que a situação é difícil, mas...

— Não, a senhora não entende, se entendesse mesmo, essa conversa já teria chegado ao fim na primeira vez que enviei uma carta a sua agência! – A mulher, com uma leve camada de suor no rosto pálido, balançou a cabeça pela milésima vez, balançando também a papada que tinha em baixo do queixo. Pansy respirou fundo e foi mais enfática.–  O que há para ser sopesado aqui? Estamos falando de uma vida inocente!

Seu discurso inflamado teria feito rir suas antigas amizades de escola porque, céus, estava falando como uma maldita grifinória! Mas teria azarado todas elas, afinal de contas estava lutando por seu bem mais precioso aqui.

— Quando a senhora assinou o contrato de prestação de serviço com a nossa agência, sabia que o nome do doador seria mantido em sigilo, as cláusulas pétreas dizem...

—  As cláusulas pétreas também se referiam a um doador saudável, que geraria uma criança saudável, mas que surpresa, não foi o que aconteceu! – Odiava falar assim, quem a ouvisse de fora poderia até pensar que gostaria de mudar alguma coisa em Eileen, ter uma outra criança saudável no lugar dela, mas a verdade é que adoraria apenas que o maldito bruxo anônimo, que doou o esperma para esse maldito banco, não tivesse essa maldita doença!

— Não tínhamos como prever que...

— Eu tão pouco! -  Pansy estava controlando sua respiração agora, porque sabia que a mulher estava pronta para lhe dar o nome do bruxo que doara o material genético para a concepção de sua filha, mas foi só a assistente nervosinha flutuar a pasta parda até suas mãos gorduchas, que a dona redonda resolveu mudar de ideia.– Olha... Eu não sou a bruxa mais paciente do mundo e porque não quero acabar em Azkaban enquanto minha filha padece em um leito de hospital qualquer, eu vou te dar mais uma chance...

— Por favor, senhora Parkinson...

Senhorita Parkinson. –  A sonserina segurou a varinha em seu colo com mais firmeza. – Eis aqui a sua chance: vai me passar essa ficha em suas mãos bem discretamente nesse exato momento e não sairá da minha boca, muito menos da sua, a maneira que fiz para conseguir esse nome.

— Eu não posso...

— Ou podemos seguir para a outra opção, que sou eu te azarando, pegando a ficha dos seus dedos congelados e pisando em cima dessa sua mão enorme com os meus saltos, só porque é um grande desperdício não fazê-lo, o que acha?

Talvez tenha sido o sorriso maldoso nos lábios finos na mulher elegante a sua frente ou o leve balançar dos ditos saltos vermelhos que havia cobiçado ao ver a senhorita Parkinson adentrar na sua sala, mas, de toda forma, Matilde Page arrastou o pergaminho sigiloso até chegar na mão de sua antiga cliente.

— Que boa escolha. – Pansy ampliou o sorriso felino, mas sua diversão superficial não durou muito, porque assim que escorregou os olhos até o nome do doador e pai biológico de sua única filha, seu coração gelou.–  Morgana, você só pode estar de brincadeira!

***

Aparatou direto dentro do hospital St. Mungus, mesmo já tendo sido advertida que aquele artifício era apenas em situações de emergência. É uma situação de emergência, pensou irônica, enquanto transfigurava seus saltos em sapatos confortáveis e a saia lápis negra, em algo mais apropriado a um hospital.

Assim que chegou ao quarto de sua filha, Rane desaparatou com um barulho seco e discreto, como a elfa doméstica bem treinada que era. O embrulho debaixo dos cobertores se moveu um pouco, mas continuou a dormir. Pansy sorriu para isso.

Em outros tempos a menina teria acordado com o menor barulho, mas nesses dias ela estava se mostrando uma pequena pedra, pelo que a bruxa era grata. Agora haviam muitos cutucões, bipes e gente entrando e saindo do quarto a qualquer momento do dia ou da noite de uma maneira irritante. O sono leve seria mais uma maldição do que bênção nesses tempos incertos.

Sentou-se na poltrona próxima a cama, oferecendo a mão para que sua pequena pegasse inconscientemente. Pansy suspirou pesado, tirando um pouco do cabelo rebelde da menina do rosto.

Eileen era uma criança bonita, ninguém diria o contrário. Tudo em sua aparência demonstrava o seu caráter prático, decidido e até mesmo um pouco petulante, esse último a mulher sabia ter passado para filha, quase como um legado.

Tinha o nariz empinado como o seu, um queixo teimoso e um jeito de andar muito decidido para ser considerado elegante. Mas enquanto a sonserina tinha uma figura longilínea, discreta e suave, embora fosse considerada baixinha, Eileen tinha membros magricelas, um cabelo cheio de ondas rebeldes e um sorrisinho que sempre lhe pareceu familiar.

Bem, ao menos agora sabia de onde vinha essa sensação de reconhecimento, o sorriso de sua filha era o mesmo que estampava as capas das revistas de fofoca, as matérias inúteis do Profeta Diário e até mesmo um ou outro anúncio de produtos mágicos.

Resistiu ao impulso infantil de tirar uma mecha de cabelo escuro da testa de sua garotinha de novo, agora que sabia quem era o pai dela. Não podia evitar pensar que nunca mais poderia rir com o mesmo desprendimento das piadas estúpidas de Blaise a respeito do Sr. Testa Rachada.

— De todos os bruxos, Merlin, tinha que ser Harry Potter?

***

Não sabia ao certo o que a tinha feito acordar, então não se moveu muito da poltrona transfigurada em uma razoavelmente confortável chaise longue. Só quando ouviu a voz de sua filha sussurrando algo novamente, Pansy se deu ao trabalho de abrir os olhos.

— Ai, minha nossa, Rane, sabe o que isso significa? – Olhou para sua filha desperta, fora da cama e descalça com um sorriso resignado. Não importava a situação, enquanto Eileen tivesse alguma energia no corpo, ela estaria aprontando alguma coisa.–  Significa que a partir de agora todo mundo vai me chamar de Eileen Potter, a menina que sobreviveu!

Pansy se espreguiçou, admirando que hoje a menina havia acordado corada e... Espera, o quê? Notou pela primeira vez o pergaminho que a filha segurava com emoção, os olhos muito verdes por trás dos óculos pregados no papel.

Sua elfa de confiança devia ter sentido a mudança de humor da mestre, porque saltou assustada ao vê-la desperta, aparatando para longe assim que teve a chance. Por que demônios havia trazido aquela porcaria de pergaminho para o hospital?

— Eileen Mérope Parkinson! O que eu te falei sobre fuçar nas coisas dos outros, como uma maldita doninha? -  Pansy levantou e tomou o papel das mãos da garotinha abruptamente, mesmo sabendo que aquela era uma batalha perdida. Sua filha quicava na própria pele como uma... Bem, como uma doninha.

— Será que meu pai vai me levar para andar de hipogrifo? Ou vai me deixar dar uma volta de vassoura ao redor do dirigível ministerial ou...

— Deixe de besteira, menina, não tem essa de meu pai isso ou aquilo, lembra?  Já tivemos essa conversa, você é minha, só minha.

Pansy carregou a menina de volta para a cama com um movimento fluído, depois de quase três semanas de internação, aquele movimento já estava bem gravado em sua memória muscular, embora a garotinha de seis anos já não fosse mais nenhuma pena.

— Mas, Pansy, no papel diz... – A mulher cerrou os dentes com a alcunha que a menina usava sempre que tinha um argumento completamente plausível em suas mais diversas discussões estapafúrdias.

—  O papel diz um monte de coisa e você entendeu tudo errado. – Fez questão de prender as pontas dos lençóis ao redor de Eileen com mais força do que o necessário, a deixando aprisionada em sua própria cama.–  Não me lembro de ver nada em lugar nenhum com as palavras “Filha do Sr. Cicatriz”...

—  Mas, Pansy...

—  “Mas Pansy, mas Pansy!” – Imitou a vozinha de sua filha, um tom mais agudo do que era considerado lisonjeiro. A menina franziu o cenho chateada.–  Parece até uma vitrola quebrada.

A garota a olhou ofendida, no que foi sumariamente ignorada pela mãe. Pansy já estava fazendo o pedido de café da manhã através do feitiço convocatório padrão do hospital, porque, afinal de contas, não era todo dia que Eileen amanhecia tão bem disposta.

— Ah é? E meu padrinho disse que você parece...

— Não se atreva a repetir...

— ... Uma buldogue com resfriado!

—  Já chega, Eileen! A senhorita está de castigo! -  A menina a olhou no alto de sua indignação infantil e Pansy quis muito acreditar que essa expressão em específico ela havia herdado da família do pai.

—  Como está a minha gatinha... Epa! Hora ruim? – Blaise Zabini havia aparecido na porta com um balão de hipogrifo encantado, que batia as asas e piava, com quase metade do seu tamanho, mas havia estancado ao perceber a tempestade que se abatia no quarto 402.

—  Não, Blaise, hora perfeita. – Pansy tomou o presente da mão de seu melhor amigo, amarrando o cordão do balão na maçaneta da porta, ao estilo trouxa.–  Pronto, agora vamos dar uma palavrinha lá fora.

O homem se encolheu ante o tom de voz falsamente gentil da mulher. Blaise sabia muito bem que nada de bom podia vir de uma Pansy se fingindo de calma e sensata.

—  Já disse o que parece quando discute com sua filha de seis anos. Parece que...

—  Cale a boca, bastardo! – Blaise parou com o discurso de praxe na ponta da língua, encarando a mulher irritada a sua frente. Depois de alguns segundos, que ela usou para respirar fundo, ele resolveu se pronunciar de novo.

— Devo pergun...

— Sabe quem é o maldito doador de Eileen? O imbecil progenitor que passou essa condição rara para minha amada e tagarela filha? – Blaise sabia que era uma pergunta retórica, então apenas cruzou os braços, curioso.–  O pateta de cabelo engolidor de pentes, o energúmeno que usa os oclinhos redondos mais ridículos que se tem notícia, o retar...

—  Deuses, com essas características todas estou quase chutando... – Ele parou de chofre, Pansy batia o pé nervosamente no chão vinílico do St. Mungus e isso não podia ser bom sinal.–  Pansy, isso é ridículo! Sabe quais as chances do Testa Rachada ser o pai de Eileen?

A mulher não respondeu, ao invés disso voltou para o quarto, onde Rane dava o café da manhã de Eileen “de vassourinha” na boca. Não discutiria novamente com a elfa que essa era a coisa mais ridícula de todos os tempos, uma coisa era fazer a brincadeira quando a menina não tinha apetite nenhum, outra bem diferente era tratá-la como um bebê quando ela obviamente tinha energia o suficiente para ser malcriada.

Pegou a ficha da agência de inseminação mágica em cima da mesinha de canto, dando um olhar feio em resposta ao queixo levantado de sua filha atrevida. Só podia ser filha de um estúpido grifinório mesmo!

Blaise sorria galanteador para uma curandeira que passava levando alguns tubos de poções com um feitiço de levitação, então foi pego de surpresa quando sua amiga de infância enfiou o pergaminho com aspecto de oficial em seu peito.

— Veja por si mesmo, Zabini. –  Ele não se fez de rogado, abriu a pasta e não pôde evitar o sorriso sarcástico que apareceu em seu rosto.

— Não posso dizer que estou com pena de você, eu bem que me ofereci para ser o pai da criança, mas você não quis.

—  Não queria ter que explicar a minha filha porque ela ficaria órfã tão cedo. – Respondeu automaticamente a provocação, mas logo suspirou cansada. Talvez tivesse sido melhor ter aceitado a oferta do amigo de longa data, ao invés daquela proposta indecente feita pela mãe de uma colega de escola.–  E agora, Blaise, o que eu faço?

—  Você volta para aquele quarto, faz as pazes com sua coleguinha de pré-escola e para de fazer essa cara de buldogue resfriado. – Pansy fez menção de estapeá-lo, mas o homem não tinha acabado.–  Enquanto eu resolvo seus assuntos com Potter.

— Por que demônios eu deixaria você resolver alguma coisa, Zabini? – O homem negro deu mais um sorriso de conquistador para alguma pobre coitada fora do campo de visão de Pansy, que revirou os olhos.

—  Porque é isso que os padrinhos fazem: ameaçam os doadores de esperma de suas adoráveis afilhadas.

—  Vá para o inferno, Blaise.

—  Vou, mas antes vou falar com a minha gatinha. – O homem falou divertido, entretanto parou com a porta entreaberta.–  Céus, Pansy, agora que parei para pensar: é um verdadeiro milagre que Eileen tenha nascido uma criança relativamente normal!

Dessa vez a mulher não se segurou: fez questão de estapear o melhor amigo e, assim que lembrou que era uma bruxa, fez questão de fazê-lo engolir aquele risinho irritante dele com uma azaração muito bem executada.

***

— Senhor, o senhor não pode... - Fez um feitiço de corpo preso na pobre assistente, que merecia um aumento, já que era a única alma viva nos escritórios do Quartel General de Aurores. Era de se esperar que o QGA não dormisse, mas os roxinhos de plantão deviam estar assistindo as eliminatórias do campeonato bruxo de Paragliding, que aconteciam do outro lado do mundo.

Elzar Ahmir estava fazendo um excelente campeonato e tendo em vista que nessa fase os atletas teriam que saltar de suas vassouras a 300 metros de altura, usando apenas uma capa e roupas justas, em um alvo de um metro de diâmetro enfeitiçado, entendia porque todos estavam tão focados naquelas engenhocas trouxas que passavam imagens: um erro poderia significar a morte ao vivo e a cores.

Blaise não poderia se importar menos com a segurança do atleta árabe e já que estava nisso, tão pouco se importava com a própria segurança. Derreteu a fechadura da porta do chefe dos aurores - gostava de deixar um pouco de estrago por onde passava, qual seria a graça de entrar e sair de um lugar sem ser lembrado? - e o homem de mesma idade o encarou de sua mesa, varinha a postos, no que o sonserino apenas sorriu, divertido.

—  Parry Otter, venho na mais absoluta paz, juro. - Como prova de suas boas intenções, o jovem bruxo de capa azul meia-noite, bordada com filigranas prateadas, jogou sua varinha desleixadamente na mesa abarrotada de papéis. –  Mas teremos que tratar de assuntos desagradáveis, temo.

—   Se estivermos falando da sua ida voluntária a Azkaban, não será desagradável de forma alguma. - Blaise sorriu sem mostrar os dentes e Harry manteve a sua varinha na mão esquerda, enquanto cruzava os braços.  –  Como passou pela minha secretária, Zabini?

—   Com um sorriso charmoso cheio de dentes e uma piscadela... - O sonserino fechou a porta com um aceno de mão ao notar que a garota vinha em socorro de seu chefe com bastante ímpeto, se o toc toc irritante de seus saltos diziam algo. –  Mas isso pouco importa, porque trago notícias alarmantes.

—  Estou alarmado, não tenha dúvidas. - Harry Potter bebericou um pouco do que quer que tivesse em seu copo com uma petulância e ironia familiares demais para passar despercebidas por Blaise. Ele sorriu para isso, Eileen não tinha ganhado tudo de sua mãe, no fim das contas.

Era bom saber disso.

— Pois bem, não vou tomar muito do seu tempo, tenho certeza que sua senhora deve estar ansiosa para te ter de volta, quem sabe vocês finalmente fazem jus a fama dos Weasleys de coel...

— Veio aqui com algum propósito ou só ficou cansado de não fazer nada o dia inteiro mesmo?

—  Chama-se a nobre arte do ócio e não, nunca me canso de não fazer nada, não recomendaria a você, que logo, logo terá uma prole de uns doze testinhas rachadas correndo por aí para sustentar...

—  Invasão de um órgão do Ministério, azaração de uma funcionária do Ministério, danos ao patrimônio público...  - Harry listou as pequenas infrações de um dos comparsas mais escorregadios de seu antigo rival de colégio, pausando apenas para dar um gole em seu Whisky de fogo.

Geralmente não bebia em serviço, mas estava feliz que havia escolhido hoje para quebrar suas próprias regras. O outro homem sorriu inocente, mal sabendo ele que o maior de seus crimes era ser tão irritante quanto qualquer sonserino poderia ser.

—  Entendi o recado, irei direto ao ponto: há alguns anos você decidiu que era uma boa ideia bater umazinha e dar ao mundo bruxo um herdeiro de sua magnanimidade, anônimo, claro. Pois bem, acontece que além disso, você deu a pobre criança uma estúpida condição sanguínea que faz seu corpo lutar contra seu próprio sangue mágico.

— Espera, o quê? Eu... - Harry passou a mão pelos cabelos naturalmente rebeldes, tinha sido um dia longo e Zabini tinha o péssimo hábito de falar as coisas entredentes, como se precisasse sorrir falsamente a toda hora. –  Está me dizendo que uma criança foi gerada com meu material genético?

Blaise bateu palmas e apontou para o ganhador do prêmio de segundo bruxo mais esperto daquela sala. Sorriu para a expressão de pateta de Harry Potter, Draco tinha razão, aquele cara era uma piada ambulante.

—  Pois é, meu caro, e como eu disse antes, a pobre criança está doente e não bastando a desgraça de ter você como pai, ainda precisa do seu sangue para a poção de tratamento que...

—  Como sabe que a doença não foi passada pela mãe? Até onde eu sei, não tem casos desse tipo na minha família... E por que seu interesse nisso, de toda a forma?

O bruxo disse bem seguro no que tangia a saúde de sua família, Ginny não brincava em serviço quando o assunto era herdeiros. Nos primeiros anos de recusa de Harry em ter filhos, a ruiva associou o fato a um medo irracional do homem de passar alguma condição genética a criança.

Ela havia se debruçado então sobre os registros médicos, mágicos e trouxas, dos ancestrais Potter até onde conseguiu e nada muito alarmante havia sido encontrado, no máximo seus filhos herdariam, em alguma proporção, a míopia acentuada do pai, mas isso era algo com o que podiam lidar.

—  Você ouviu a parte que eu disse que era uma doença estúpida?

—  Olha, se não for para falar sério, eu...

Harry, querido, estamos te aguardando para o jantar, Rony disse que iria comer os pés das cadeiras de tanta fome e embora isso me pareça promissor, porque estou de olho naquele conjunto da Posthaus, você sabe, Hermione não quer ter que levá-lo de novo para consertar os dentes com o pai dela. Venha. Logo!

O cavalo prateado terminou o recado e se esfumaçou no ar, deixando um Harry constrangido e um Blaise divertido.

— Como eu disse antes, não quero atrapalhar seus planos. Esteja no St. Mungus às 7 horas da manhã de amanhã, que o magibruxo chefe vai te sangrar feito um porco sem...

— Amanhã? Amanhã não posso, tenho que viajar para Gales para investigar um...

— Que horror, Potter, é de uma criança inocente que estamos falando! - Blaise olhou com um falso nojo, sabendo muito bem que o grifinório não iria resistir a seu impulso de herói. Não arriscaria com brincadeiras o destino de Eileen, se achasse realmente que o homem não fosse cooperar, claro. – Depois nós sonserinos é que não temos coração...

— Ok, Zabini, estarei lá, onde te encontro?

—  A mim? Eu não acordo em nenhum horário próximo das 7 horas, meu caro! Não, você falará com o Dr. Fritz, dirá que foi fazer uma doação de mélu... Métu... Enfim, diga que é o progenitor da paciente do quarto 402 e que irá fazer a doação de sangue para a poção da criança.

— Isso é tudo? - Harry anotou com sua pena encantada, para que não esquecesse aquele compromisso de jeito nenhum. Arrumaria uma desculpa para seu atraso em Gales, só não teria uma desculpa para a morte de uma criança com seu sangue ou para uma nova ausência no jantar semanal com seus amigos mais íntimos.

— Quase. Estava pensando em ter um pouco desse seu Whisky, parece coisa boa, foi aquele raro que o chefe de inteligência da MACUSA te deu ano passado? Saiu nos jornais...

— Bem, isso é tudo, senhor Zabini, fico feliz em ver que não está envolvido com nada ilícito ou de caráter questionável. - Harry pegou sua capa, não dando atenção para o bruxo insuportável que continuava sentado elegantemente em sua cadeira para visitantes convidados e não invasores.

Assim que o homem saiu por sua porta de maçaneta derretida, com nada mais do que um bufido de irritação com o prejuízo, Blaise sussurrou para si mesmo, ofendido.

—  Quem disse que não?


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Notas finais do capítulo

Yay! Primeiro capítulo postado, levando bronca da mestra, já que sou uma elfa doméstica natalina. Espero que tenha gostado da abertura, Ly!

Bjuxxx



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