Chole estava andando próxima a Champs Elysées.

A raiva se retirara de si e dera lugar a tristeza em seu coração. Ninguém acreditava em si e nem seus amigos confiavam no que a garota dizia. Nunca pensara que depois de tudo o que havia feito por toda a sua equipe aquilo aconteceria. De onde vinha tanta desconfiança com ela? Só por conta de um livro idiota? Só a ideia de que uma enciclopédia velha e empoeirada derrubar tudo o que a loira havia mudado em si mesma fazia sua cabeça explodir de irritação. Ela havia mudado. Ela era sim outra pessoa. Ou... era só o que ela acreditava? E se realmente não tivesse mudado em nada?

— Se acalme Chole. – pediu Lily, sua kwami abelha vendo o estado em que sua portadora se encontrava. Uma mistura de emoções tomava conta do rosto da loira e o pequenino ser amarelo sentia-se preocupado com a garota. – Olha... Talvez eles tenham falado só da boca para fora e...

— Não Lily. – a interrompeu sem encarar a kwami. Seus olhos suportavam as lágrimas de decepção que queriam escorrer por seu rosto. – Eles não confiam em mim. Talvez jamais confiaram. – afirmou com um pouco de dúvida em sua voz. – Nunca pensei que a minha heroína favorita falaria de mim pelas costas.  

— Só quero que você saiba que eu acredito em você Chole. – Lily afirmou convicta. Esboçou um mínimo sorriso quando viu o rosto de sua “dona” se luminar diante de si. – Sempre acreditei na Abelle que ajudou a salvar Paris. Não será diferente agora.

Limpando rapidamente algumas lágrimas solitárias que escorriam pelo seu rosto, Chole sorriu para a pequena abelha em sua bolsinha.

— Obrigada Lily. – agradeceu respirando fundo. – Eu... Realmente precisava ouvir isso.

Lançando mais um sorriso para a kwami listrada, a garota fechou a bolsinha com cuidado e seguiu seu caminho até o último lugar que se encontrara com Alex.

De alguma forma aquele garoto sabia o que estava acontecendo e a loira estava disposta a descobrir como e o porquê daquilo. Desde a sua repentina aparição toda a cidade de Paris estava mergulhada na desconfiança e até mesmo os heróis da cidade sofriam com as suas consequências. Afinal, quem é Alex Zuberg? O que ele tinha relacionado com Style Queen? Porque sentia que havia algo entre ambos quando encontrava com o mesmo?

Sua cabeça girava com tantas perguntas enquanto caminhava até o parque do centro de Paris. Ao longe podia ver o loiro do mesmo jeito que estava antes de ir até a casa de Kattie: com uma camisa preta escrita “Crazy 4 U”  em prateado, uma calça jeans azul escura e cabelos ondulados bagunçados pelo vento. O mesmo não se surpreendeu nem um pouco quando Chole se aproximara de si com os braços cruzados e apenas arqueou as sobrancelhas.

— E então, o que eles disseram? – indagou observando a expressão da loira a sua frente. – Não, não, deixe-me adivinhar. Eles nem sequer ouviram você se explicar ou dizer alguma coisa?

— Porque você está fazendo isso? – Chole perguntou, ignorando o sorriso cínico no rosto do garoto.

— Isso o que Bourgeios? – Alex rebateu, fingindo estar desentendido. – Não tenho nada a ver com o que está acontecendo com os seus amigos. Você está...

— Você sabe sim. – a loira o interrompeu bruscamente, apontando o dedo na cara do mesmo com raiva. – Você de alguma forma sabe de muitas coisas e está fazendo de tudo para me atingir! Atingir os meus amigos! – gritou, o fazendo esticar as mãos em sinal de rendição.

— Escute Chole eu não sei de nada!– gritou no mesmo tom que a garota.

— Não negue Alex. – Chole rebateu olhando no fundo dos olhos castanhos a sua frente. Sabia que ele estava mentindo e iria continuar até que admitisse. – Eu sei que foi você que atacou aquele avião hoje mais cedo. Eu sei que você está relacionado a Style Queen e eu sei que você é o Bombz. O mesmo que está espalhando boatos pela internet e o mesmo que tem um cristal idêntico ao que Kattie encontrou no quarto dela.

O rosto do loiro de olhos chocolate empalideceu.

Então era mesmo verdade. Ele era o causador de tudo aquilo.

 Por longos minutos que pareciam uma eternidade, ambos se encararam sem dizer mais nenhuma palavra e, subitamente, foi cortado por Alex arrastando Chole para o local mais afastado e deserto do parque. Estava nervoso, mas não quis deixar passar tal prazer aos olhos da abelha a sua frente e permaneceu sem expressão até as palavras voltarem a sair de sua boca. Poucas mas que foram o suficiente para arrepiar a loira dos pés a cabeça.

— Você não sabe de nada Abelle. – sibilou com os olhos saltando das órbitas. A mesma não pôde deixar de dar um sorriso com a frase citada e se aproximou intimidadora do rapaz.

— Não Bombz. – disse com calma enquanto tocava seu peito e levemente o empurrou para trás. – Você é quem não sabe de nada. – afirmou enquanto o observava respirar fundo algumas vezes. – Qual o problema? Você pode descobrir a minha identidade secreta e eu não posso descobrir a sua?

— Eu nunca disse que você era Abelle. – Alex argumentou.

— Imagina se tivesse dito realmente. – retrucou com um sorriso sarcástico. – Imagina as manchetes: “Filha de prefeito da cidade se declara super-heroína que ajudou Ladybug a salvar Paris”. Ou então: “Bourgeios entrando no universo das mentiras: filha de André Bourgeios afirma ser a heroína de listras Abelle.”. Seria um escândalo não acha?

— Porque tem tanta certeza que eu gostaria de arruinar a sua identidade secreta? – perguntou encarando fixamente os olhos irônicos da garota. Ela ainda era mais baixa que si. – Não acha que se eu quisesse isso já não o teria feito?

— Não sei. – deu ombros e desviando o olhar do novo adversário. – Talvez tudo isso seja um plano seu e de Style Queen. Um plano para me usar para destruir a união do meu grupo, dos heróis de toda a França porque vocês sabem que só nós podemos derrota-los. Afinal... Eu mais que ninguém tenho motivos para suspeitas em todo aquele grupo.

— O meu alvo não é a sua equipe Chole. – Alex revelou fazendo a mesma se virar e bater de cara com o garoto a poucos centímetros de onde estava. Ambos sentiram seus corpos estremecerem com a pequena aproximação. – Tanto eu quanto Mestre Fu e todos vocês quero destruir Style Queen. Ela tem algo que me pertence e eu preciso pegar de volta.

— E o que exatamente te pertence? – indagou desconfiada.

— Eu não posso dizer. – o garoto respondeu pegando o colar com o mesmo pingente dourado que a filha do prefeito já havia visto nas mãos da O’Green e o mostrando para si. – Segundo a lenda, somente o escolhido da Rainha do Estilo pode derrotá-la. Apenas nós dois podemos fazer isto Chole.

— Como assim apenas nós dois? – a mesma questionou surpresa.

— Porque existe outro cristal  e ele pertence a você Chole. – Alex contou vendo o horror atravessar o olhar da loira a sua frente. – Ela te escolheu também.

***

— Mais rápido Marinette! – Louis gritou enquanto observava a garota avançar sobre o colar possuído que flutuava a poucos centímetros de distância de si. – Tá na mão Mari!

A garota agarrou o pequeno objeto com força e acabou por se desiquilibrar, tropeçando e rolando pelo gramado. Não ligando para os pequenos arranhões a mesma xingou-se mentalmente  pelo fato do pequeno pingente escapar de seus dedos e desaparecer em meio o extenso gramado. Bufou de raiva. Havia vacilado mais uma vez.

Ao longe a morena viu uma figura familiar e se surpreendeu quando viu o estado que a mesma se encontrava. Chole estava sentada em um dos bancos públicos do parque diante de todos, totalmente pálida e nervosa, quando percebeu a sua presença ali. Ia dizer alguma coisa, mas ao vê-la correndo em sua direção para auxiliá-la decidiu deixar para outro momento. Ela não parecia preocupada em seu estado de espírito, mas naquilo que Marinette havia segurado em uma das mãos. Sentiu-se incomodada com a aflição em seu olhar no chão e uma dor repentina apareceu em joelho quando Adrien surgiu para socorrê-la, não se esquecendo de lançar um olhar agradecido para a loira perto de si. O pingente havia incômodo a mesma e aquilo só podia significar uma coisa. Ela era a verdadeira dona do colar da lenda de Style Queen.

— Não se preocupe comigo Adrien, eu estou bem só... Só ralei um pouco o joelho. – assegurou tentando tranquilizar o namorado enquanto olhava as esmeraldas diante de seus olhos. – Eu tô bem sério. Nós...

— Tem certeza disso Mari? – o loiro indagou preocupado com o tombo que a vira tomar.

— Vou sobreviver meu amor. – garantiu com um pequeno sorriso e recebendo um pequeno beijo do namorado em sua testa.

Encarou rapidamente Chole próxima de si e ficou boquiaberta com o que viu. O colar brilhava cada vez com mais intensidade em suas mãos, obrigando-a fechar os olhos com força. Seu miraculous em forma de pente se acendeu e ao seu redor uma coroa bem detalhada com sete espaços surgiu sob sua cabeça. Logo os brincos de Ladybug e o anel de Chat Noir também fizeram o mesmo e começaram a emanar um brilho branco e preto. Em seguida os três sentiram uma onda ultrapassar seus corpos e envolver todo o espaço onde estavam criando um tipo de congelamento do tempo em que todos os heróis se encontravam.  A respiração ofegante e aparência assustada do portador do miraculous da tartaruga foi o suficiente para mostrar a quão estranha aquela situação estava se tornando. Enquanto os cabelos ruivos de Kattie voavam pelo ar e seu miraculous se tornava azul, aos poucos a garota só pensava em uma coisa: o que tudo aquilo significava.

— Chole Bourgeios, você é a escolhida para derrotar Style Queen e desvendar seus segredos místicos.— um pequenino ser muito parecido com a abelha gravada em seu miraculous disse parando a poucos centímetros da loira. – Meu nome é Henyt, o guardião da coroa de Órion que está sob sua cabeça. A partir de agora, você e seus amigos estão destinados a encontrar as sete pedras do oráculo e ativá-la para a ruína total da Rainha do Estilo. Todos vocês passarão por sete testes. – o pequenino ser explicou, fazendo a imagem de como as “supostas” pedras mágicas se pareciam. – Como todos já sabem, cada prova é uma pedra e cada pedra dessas representa o miraculous de vocês. Encontrem todas e então tudo voltará a ser exatamente como era.

— E se nós falharmos? – a loira perguntou sentindo as forças se esgotando rapidamente.

— Então será o fim de Paris e do mundo inteiro. — Henyt respondeu com seriedade, como se soubesse que tudo fosse acabar bem. Ou não... – O primeiro teste é o teste de lealdade. Boa sorte.

Então a onda recuou, fazendo todos voltarem ao último movimento que realizavam e, quando chegou a Chole novamente, fez com que a coroa e com que a própria garota voltasse ao normal, deixando-a ajoelhada com o pingente em suas mãos.

— E então, o que você descobriu? – Louis perguntou ansioso.

— Aquela criaturinha te disse alguma coisa? – Marinette indagou aflita. - Você está bem?

— Vamos passar por um teste da lealdade a qualquer minuto. – anunciou com a voz baixa, deixando todos apreensivos. Respirando fundo a loira se levantou do chão e prendeu o colar em seu pescoço. – Precisamos estar preparados para ele senão não conseguiremos a primeira pedra do oráculo.

— Eu ainda não estou entendendo nada. – Adrien revelou. – Será que você não poderia explicar de novo, não?

— Que bom, achei que eu era a única que teria que perguntar o que houve aqui.

 Surpresa.

Essa foi a palavra que descreveu a cara dos quatro heróis de Paris quando se viraram para ver quem havia dito tal coisa.

Agora o time estava completo novamente e ninguém sabia se era algo bom ou ruim.

— Lila?