ASNY - Coup De Foudre escrita por Sabsyoda


Capítulo 1
Tudo começa com um Amo Primo Intuiti...


Notas iniciais do capítulo

Hey! Essa é uma fic para o amigo secreto do Nyah, maaaaaaaaas como eu estou postando antes, não vou dizer pra quem é ainda haha.
De qualquer forma, espero que a pessoa (mesmo sem saber se é ela ou não) goste ♥
Beijos de luz e Boa Leitura haha.



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“Alguns chamam de mundo espiritual, outros dizem que é um novo mundo ou que é paralelo ao seu mundo. Mas a verdade é que esse outro lado é apenas a continuação desse lado. Está tudo interligado. Não tem como um existir sem o outro.

Como aqui, existem muitos... Povos no outro lado. Vocês daqui costumam chamá-los de muitas coisas depois que possuem a oportunidade de conhecê-los, provavelmente já deve ter escutado algo do tipo. Sereias, fadas, elfos, bruxas, criaturas místicas, vocês desse lado costumam ter muitas criatividades nos nomes... a verdade é que nós do outro lado somos todos plenus, a diferença é que alguns são plenus aqua, outros plena ignisplenus terraplenum aereplenus magice."

— Eu sei que falando assim parece ser loucura, mas eu preciso que acredite em mim, preciso da sua ajuda para ajudar um amigo. Se não fosse necessário, acredite, eu nem estaria aqui agora. Eu preciso de alguém desse lado para me guiar e eu gostaria que esse alguém fosse você, Wendy.

Para Wanessa — Wendy — Duncan  tudo tinha uma explicação. Como, por exemplo, a cor normal do mar ser azul por causa das partículas de areia e dos microorganismos que refletem essa tonalidade quando atingidos pela luz solar. Isso faz o total sentido. Mas nesse momento a morena do apartamento 27 não sabe explicar o porquê de três garotos estarem em seu quarto, mais especificamente, sentados em sua cama.

Todo dia Duncan ia da faculdade para o trabalho e então para casa, contudo, seu chefe lhe dispensou mais cedo que o previsto — outra coisa sem explicação, afinal o velho nunca dispensava ninguém cedo — e isso fez com que a morena fosse para casa antes do horário normal de ir para casa. Até esse ponto poderia ser só um evento normal — um pouco inesperado, mas normal — mas é claro que isso não aconteceu.

Assim que chegou a seu pequeno apartamento — após subir cinco andares pela escada já que ali não possuía elevador e seu apartamento ficava no ultimo andar — Wendy começou a se despir.

Primeiro, tirando seus sapatos na entrada, depois, tirando a echarpe enquanto passava pela minúscula cozinha e então quando chegou ao quarto — sem nem ao menos parar para acender a luz—  tirou a jaqueta jogando a mesma no chão. Ou ela pensava que era no chão. Um grito agudo soou pelo quarto, assustando Wendy que tropeçou nos próprios pés e...caiu em cima de um corpo.

E foi assim que a morena acabou por encontrar aqueles três garotos estranhos e ouvir a explicação do mais alto deles, o garoto que ela tinha caído em cima. Antes mesmo de ter ido acender a luz correndo, com medo de algum ladrão estar ali, Wendy percebeu que o corpo embaixo de si era maior que si e conseguiu sentir a textura macia do braço do individuo.

Sammuel é o nome dele, do mais alto. O garoto a sua frente é alto e esguio, é possível perceber isso na forma como ele está sentado, as pernas enormes um pouco afastadas, o tronco reto. Seus olhos em — quase — forma de gotinhas e extremamente negros fitavam Wendy intensamente, de um jeito que até a deixou um pouco corada. Os lábios são levemente cheios numa boca mediana e as sobrancelhas retas com um pequeno toque arqueado no final formam uma expressão séria no rosto do rapaz. A pele branca entra em contraste com o cabelo tão escuro quanto seus olhos, o deixando mais atraente.

O rapaz ao lado direito de Sammuel se chama Ryan e é provavelmente o mais baixo e inseguro dos três. Seus olhos realmente parecem gotinhas castanhas com puff eyes, as sobrancelhas grossas e a boca pequena com somente o lábio inferior cheio. O garoto de cabelos roxo parece ser o mais encorpado dos três, apesar de sua altura, os braços fortes e a camisa grudada em seu tronco dava a entender que o garoto malhava bastante. Já o rapaz ao lado esquerdo de Sammuel apesar de também possuir olhos negros parece ser o mais carinhoso dos três. O rosto mais alongado com somente o lábio inferior cheio possuí um belo sorriso que deixa a mostra uma bela covinha. O nome deste é Jason e com certeza ele é o mais descontraído dos três.

E de alguma forma estranha, esses três rapazes estão sentados em sua cama esperando uma resposta enquanto Wendy está sentada em um banquinho que pegou na cozinha os encarando, tentando decidir se acredita ou não na história deles.

De acordo com Sammuel — provavelmente o líder desses garotos delinquentes — eles precisam de ajuda dela para irem até SunVille atrás de um tal de Jesse para ajudá-los a encontrar uma moça chamada Dalila e resolverem um mal entendido. É claro que ela quase os expulsou na mesma hora, mas Sammuel insistiu para que a morena o ouvisse até o final. Aparentemente para Sammuel, ele e os outros garotos são algo como seres místicos que existem em paz com os humanos há anos, mas que agora estão querendo se vingar só por causa de uma história de amor mal acabada.

— Olha, me desculpe, mas essa é a história mais falsa que já ouvi na vida. Não tem como esse outro lado que você falou existir e eu tenho certeza de que você entrou aqui só pra me roubar — Wendy disse, após ouvir tudo o que o rapaz Sammuel lhe disse — Admito que seja estranho você saber meu nome sem eu ter me apresentado antes, mas só isso. Peço que se retirem daqui antes que eu chame a policia para vocês.

— Eu sabia, sabia, sabia... — o mais baixo, Ryan, começou a murmurar — Eu te disse que ela não acreditaria na gente, Sam! E agora? Se o Michael souber disso, ele vai nos matar, eu sei que vai!

—  Ryan, calma. Wendy, por favor, confie em mim. Tudo o que eu lhe disse é real.

— Você quer mesmo que eu acredite que o meu lado está sendo ameaçado por causa de uma história de amor mal resolvida?

— Sim — respondeu Sammuel e Wendy se levantou num pulo.

— Já chega! Essa brincadeira de vocês passou do limite, saiam agora.

— Wendy — Sammuel também se levantou e parou de frente para Wendy — Tudo o que eu disse é verdade, sei que parece invenção, mas é a realidade — a garota tremeu quando Sammuel segurou suas mãos. As mãos dele são tão quentes! — Sente isso? É o meu poder, como vocês humanus gostam de chamar. Faz parte do que eu sou. Um plenus ignis.

As mãos de Sammuel pareciam que tinham sido deixadas dentro do forno, pois estão extremamente quentes. Wendy encarou para suas pequenas e delicadas mãos perdidas nas enormes mãos de Sammuel por um momento, e então, fitou os olhos dele.

Os olhos negros de Sammuel hipnotizaram Wendy por alguns instantes. É como se ele possuísse a própria magia dentro de seus olhos, magia essa que deixou a morena sem fala por um momento.

— Por favor, Wendy. Eu preciso que você acredite em mim. Você é a minha única esperança.

E então ele sorriu. A linha da boca fez uma curva para cima e seus lábios levemente cheios se esticaram num lindo sorriso, os olhos antes completos de mistério e seriedade se tornando amigáveis e esperançosos.

Wendy engoliu em seco, jamais tinha visto sorriso mais bonito que deste menino a sua frente. E talvez seja por esse motivo que aceitou a proposta de um estranho.

«»

— Vocês querem ir no meu carro? — Wendy franziu o cenho, encarando os três rapazes que se postaram diante de seu carro.

— Nós não temos dinheiro para ir de trem e o Ryan tem medo de avião.

— Eu não gosto de ir pelo caminho dos ares — o garoto de cabelo roxo, Ryan, sussurrou para si mesmo, mas a me acabou escutando, assim como os outros.

Garotos estranhos pensou. Wendy deu de ombros e destravou o alarme, abrindo a porta do motorista para todos entrarem. A morena não possuía o modelo de carro mais novo no momento, na realidade, seu carro era um antigo Gol que nem ao menos tinha quatro portas, porém a seu ver isso não foi impedimento nenhum para Ryan entrar rapidamente no carro.

— O que é um trem, Sammuel? — Jason, o mais calmo deles, questionou.

— É um meio de transporte dos humanus. Lembra que eu te falei sobre os meios de transporte deles? — Sammuel se aproximou de Jason, dando tapinhas em sua costa, o incentivando a entrar no carro de Wendy.

— Ah — os olhos do garoto brilharam — Lembro sim, que divertido. É uma pena não irmos de trem, aposto que Joy iria amar essa aventura.

— Quem é Joy? — Wendy indagou enquanto esperava todos entrarem em seu carro.

— É o meu Amo primo intuiti — Jason riu, achando graça da pergunta.

A morena suspirou. Por que esses garotos continuavam a dizer coisas sem sentido algum?

— Tradução, por favor? —  Wendy olhou para Sammuel que fitava Jason com um sorriso nos lábios.

— O amor à primeira vista dele. — Sammuel disse a voz grave se tornando um pouco rouca ao falar — Para nós, pleunus, o amor à primeira vista é a sua alma gêmea. No momento em que você vê a pessoa amada, sabe que seu coração vai pertencer a ela pelo resto de sua vida.

Ao terminar de falar, Sammuel fitou Wendy intensamente. A morena não aguentou nem ao menos três segundos daquele olhar, virou seu rosto para frente, tentando ignorar o rubor em suas bochechas.

— Mas então, Jason — praguejou-se mentalmente por gaguejar e respirou fundo — Se essa tal Joy é a sua alma gêmea, onde ela está agora?

— Ora, que pergunta Wanessa — Jason ri e animadamente tira um potinho transparente e pequeno de dentro da sua mochila — Aqui está a Joy.

Wendy encara seriamente Jason e o potinho que ele segura, questionando a si mesma mais uma vez o porquê de ter aceitado levar aqueles três até SunVille. Estava claro o tempo todo que eles não passam de um bando de doidos! Quem em sã consciência se apaixona por um potinho transparente?

Eles me enganaram, contaram essa história esperando que algum trouxa acreditasse e eu fui tola o suficiente para exercer esse papel...

— Ah não... — a voz de Sammuel a fez acordar de seus devaneios e a morena encarou o rapaz ao seu lado,  confusa — Posso ver que está entendendo tudo errado, Wendy.

— Me desculpa, mas isso tudo parece ser uma grande mentira.

— Pensei que já tínhamos passado dessa fase...

— Passado por cima, você quis dizer, né? Por que você ainda não me explicou nada direito, Sammuel. Eu nem sei como eu mesmo estou caindo nessa, vocês provavelmente vão me matar e me jogar em algum lugar.

— Eu jamais faria isso.

Wendy tremeu. A voz de Sammuel soou tão sério que a morena teve que pensar duas vezes antes de se virar na direção do outro. Como ele podia ser tão lindo assim? Mesmo estando sério, a beleza dele chega a assustar, pensou.

Sammuel fitou Wendy intensamente por alguns segundos, e então, como se tivesse encontrado algo diferente do rosto da garota, a expressão na face do rapaz se suavizou e seus olhos encararam carinhosamente Wendy.

— Se eu te contar tudo, exatamente tudo, sobre o meu povo, você acredita em mim? — Wendy fitou o dono da pergunta sem saber o que dizer.

Ela acreditaria em Sammuel? Teria algo que a faria não acreditar no rapaz a sua frente?: Droga, se Sammuel chegasse dizendo que era um ídolo de algum grupo masculino famoso Wendy teria acreditado sem ao menos pensar duas vezes. Mas acreditar num outro lado — sem esquecer que esse mesmo lado é mágico — onde vivem criaturas místicas? Plenus? E o que raios significa plenus? Ele disse que era um plenus ignis, mas isso e nada era a mesma coisa para Wendy. Como ela poderia acreditar? A morena sempre achou que houvesse uma explicação lógica para as coisas, nunca foi de acreditar nessas histórias de bruxas, fadas, sereias e outros seres, afinal, simplesmente não existia uma explicação lógica para isso.

Wendy? — Sammuel esperava uma resposta.

Wendy suspirou: — Dependendo do que você me contar eu avalio se merece ou não a minha crença.

Sammuel sorriu e mais uma vez deixou a menina encantada com seu sorriso.

— Posso lhe contar no caminho? Creio que assim ficará mais fácil, tanto pra mim quanto pra você.

Wendy assentiu e deu partida no carro. De BanVille até SunVille de carro eram 4 horas e treze minutos, caso se apressassem conseguiram chegar lá por volta das dez e meia.

— Ok, garoto ignis. Me divirta com suas verdadeiras histórias.

«»

Ryan e Jason conversavam entre si baixinho — e com Joy também, o potinho transparente  — ao mesmo tempo em que Sammuel explicava tudo sobre o outro lado.

— Por onde eu devo começar? — Sammuel questionou para si mesmo, batucando os dedos na porta do carro.

— Sei lá, pelo começo? — Wendy respondeu e mesmo estando concentrado em dirigir sem bater em nenhum outro carro ou coisa, conseguiu ver pelo canto do olho o brilho nos olhos de Sammuel.

— Sim, mas é que eu não queria te assustar — a suavidade na voz do outro surpreendeu Wendy, e a morena conseguiu identificar outra coisa além da suavidade... Timidez?

— Bem, acho que falhou miseravelmente nisso quando você e seus amigos resolveram pedir ajuda invadindo a minha casa.

— Me desculpe.

— Sem problemas, só me conta tudo o que existe para contar. Como isso funciona? Digo, ninguém desse lado acaba se encontrando com alguém do outro? Como é que é lá? Você disse que existe vários plenus, mas o que isso significa? O que é um plenus? Você me deixou muito confuso.

— Como eu disse antes, o meu lado é a continuação do seu lado. Por muito tempo vivemos em harmonia e até mesmo era possível a relação de humanus com plenus...por exemplo, eu sou um plenus ignis, ou seja, a minha essência é de fogo. Todos nós, ignis, possuímos o controle do fogo o que me faz ser mais quente que a maioria dos outros seres. Já Ryan é um plenus glaciem, o que o faz ter a essência de gelo enquanto Jason é um plenus sanate e possuí a essência de cura.

— Então, basicamente falando, Ryan tem o poder do gelo e o  da cura?

— Sim, é isso mesmo.

— E a Joy? Aquele potinho transparente?

— Oh — Sammuel riu de um jeito tão doce que fez Wendy abrir um sorriso involuntário — Joy não é o potinho, é o que tem dentro do potinho.

Wendy franzi o cenho, sem entender. Como Joy é o que está dentro do potinho se não tem nada dentro do mesmo?

— Joy não chegou a sua maturidade ainda — Sammuel percebeu que Wendy ainda está confusa — Veja bem, Wendy, a Joy é um plenus aere, o que torna sua essência de ar. Ela tem o controle desse elemento e diferente dos outros plenus ela possuí asas. Porém, essas asas só florescem quando o plenus aere chega à maturidade, até lá ela pode usar sua forma normal ou sua outra forma, que é o ar.

— Mas o que... — Wendy quase entrou na rua errada enquanto Sammuel explicava — E você? Por acaso se transforma em algo?

— Bem... — pelo canto do olho Wendy percebeu um leve rubor no rosto do outro — Eu consigo ter a forma de uma chama. Não é nada tão incrível quanto à forma do ar ou gelo, mas dá para o gasto.

Wendy ficou pensativa. Em sua mente, uma pequena e fascinante chama azul apareceu. Será que é assim a forma de Sammuel?

— O que mais você perguntou? — Sammuel se questionou — Você quer saber se os plenus se encontram com os humanus? Acho que o nosso encontro responde a sua questão, não é?

— Você sabe que não é isso o que eu quero saber. — Wendy revira os olhos.

— Eu já te disse antes — a voz de Sammuel parece triste, como se recordasse de algo triste — Como eu disse antes, há um ano atrás a relação de humanus com plenus era possível. O tempo corre diferente para nós, a cada dez anos mortais um ano de passa. Mas não é como se realmente percebêssemos isso.

— O que aconteceu? —  Wendy não olhou para o lado quando fez a pergunta com medo de não conseguir voltar a prestar atenção na estrada afora.

— Um plenus conheceu uma humanus, mas... a relação deles era diferente, era um...

— Coup de Foudre — a voz de Ryan soou gélida, cortando friamente Sammuel no meio de sua frase.

— Coup de...?

— Coup de Foudre — Sammuel repetiu e sua voz soou sem vida — É como se fosse um amor à primeira vista, sabe?

— Está mais para desgraça à primeira vista — Wendy percebeu a tristeza escondida na voz de Ryan.

— Você sabe que não foi assim, Ryan. Eles se amavam!

— Se eles se amavam tanto, — conforme a voz de Ryan fica mais fria, o ambiente no carro começa a esfriar — então, por que raios Dalila o deixou?

— Pessoal, não vamos brigar, por favor — Jason tentou transparecer calma em sua voz, mas Wendy conseguia perceber a tensão.

— Ele também era meu amigo. Não se esqueça disso, Sammuel.

— Não tem como eu esquecer isso, Ryan. Dave é o meu melhor amigo.

Um silêncio agoniante se instalou no carro, sendo seguido de um frio insuportável. Wendy conseguia ver pedras de gelo se formarem nos bancos do carro e atribuiu isso ao pode de Ryan. O garoto de cabelos roxo provavelmente está nervoso e isso é refletido em seu poder. A morena precisa dar um jeito nisso ou morreriam congelados.

— Escute o Jason, não quero ver briga aq...

— Você gostaria de saber o que aconteceu com Dave?

 A pergunta de Ryan deixou Wendy em alerta. A garota sabia que uma palavra errada poderia significar muita coisa, Wendy não quer errar. Porém, antes que Wendy dissesse qualquer coisa, Ryan tomou a decisão por ela.

— Dave era um plenus magice — o verbo usado no passado por Ryan causou um arrepio estranho em Sammuel e Wendy percebeu isso pelo canto do olho — Sua essência era a magia em seu estado mais puro. Dave era tão feliz e alegre que contagiava à todos com seu jeito de ser — riu sem graça — ele também era meu amigo...E talvez, por isso nós fomos os primeiros a saber. — a voz de Ryan soou quebradiça, melancólica — Um dia ele conheceu uma humanus, disse que foi a melhor coisa que já o aconteceu. Se fosse somente uma paixão...Mas não! Dave precisava amar aquela humanus. Dalilai era o nome dela, Dave ficava repetindo sem parar, maravilhado. Percebemos antes que ele falasse, é claro que ele havia sofrido um Amo Primo Intuiti por aquela humanus. Naquela época, era normal a relação entre plenus com humanus, mas nunca uma relação amorosa, nunca houve um relato de algo semelhante que ocorreu. Todos ficaram surpresos, menos Dave. Ele provavelmente foi o que menos se importou com isso, ele amava Dalila. Se nos darmos conta, Dave continuou a ter encontro com aquela humanus, ficando a cada dia mais radiante, mais confiante em seus poderes. Sua essência estava tão forte que aquele tempo foi o mais feliz que ele teve.

Ryan terminou seu relato mas Wendy percebeu que a história não chegou a terminar.

— O que aconteceu? — se forçou a questionar.

— Logo após algumas semanas juntos, Dave veio até nós transtornado, sem saber o que fazer. — quem continuou a contar a história foi Sammuel. Wendy sentiu a melancolia em cada palavra proferida pelo garoto — Dalila tinha o rejeitado, não sentia a mesma coisa que Dave e nunca mais queria vê-lo. Aquilo acabou com Dave, ele ficou sem chão depois das palavras de Dalila, não conseguia fazer outra coisa além de chorar e dizer que a amava. Mas Dalila nunca iria escutar aquelas palavras e mesmo que nós disséssemos isso para Dave ele não nos escutaria. Não sabíamos o que fazer para alegrá-lo e então os patronus vieram. Disseram que Dalila havia estava matando com Dave aos poucos. Você precisa saber que somos imortais, Wendy. Para nós, os plenus, apenas uma coisa é possível nos deixar fraco ao ponto de perdemos nossa imortalidade e foi justamente isso que aconteceu com Dave. Ele começou a definhar, pouco a pouco...Os patronus não deixaram isso barato, é claro.  Declararam que o que Dave havia tido era um Coup de Foudre e não um Amo primo Intuiti e deixaram claro que isso não só os mataria como mataria todos os outros plenus. Proibiram de vez a relação dos plenus com os humanus e fecharam todos os portais do nosso lado para o de vocês. E agora, eles querem vingar Dave pelo que Dalila o fez passar — a ultima parte da história foi praticamente sussurrada por Sammuel — Mas isso não é o certo, Wendy. Seulgi realmente amava Dave, eu sei disso porque vi o amor dos dois. Alguma coisa de errado aconteceu e eu preciso arrumar isso antes que algum desastre ainda maior ocorra.

Wendy não soube o que falar. Aquela história que os dois rapazes contaram é tão triste que deixou Wendy estranha, sua garganta parece que está sendo fechada por algo e um aperto em seu peito a faz piscar rapidamente.

Wendy — novamente Sammuel o chama pelo apelido sem ao menos ser seu amigo e mais uma vez Wendy treme ao perceber o tom carinhoso e intenso do rapaz — Não chore, por favor.

Espantado consigo mesma, Wendy percebe que o tempo todo ela só tentava controlar o choro que ameaçava sair e que Sammuel percebeu. A menina respira fundo, duas vezes, e pisca bastante, aproveitando que o farol está fechado. Antes que ela pudesse dizer a Sammuel que estava bem, a mão quente do plenus ignis afagou sua bochecha, um toque tão leve e delicado que se não fosse quente Wendy provavelmente não teria percebido.

— Você entende agora o porquê de ter que me ajudar?

Wendy aquiesceu. É claro que ela entendia o garoto ignis já tinha lhe falado antes, a morena só fora estúpida demais para não acreditar totalmente. Dez anos haviam se passado desde que tudo aquilo ocorreu, mas Wendy não se importava — nem Sammuel, Ryan ou Jason se importavam, por que ela se importaria? —, na realidade, não ligaria nem se tivesse passado quinze anos. O que aqueles garotos lhe disseram lhe tocou de uma forma como nunca algo tinha tocado antes. Mesmo que fosse uma loucura de se fazer, Wendy iria até o fim.

«»

Duas horas já haviam se passado e Wendy começou a sentir o cansaço tomar conta de seu corpo. Suas mãos seguravam o volante de qualquer jeito e seus olhos começaram a querer se fechar a cada cinco minutos.

— Você me parece cansada.

A voz de Sammuel fez Wendy sorrir. Depois daquela tensa conversa sobre Dave e Dalila, o clima no carro pareceu relaxar — talvez eles precisassem mesmo dessa conversa. Apesar de Wendy já ter entendido toda a situação em que se encontravam, Sammuel resolveu lhe contar mais coisas. Como, por exemplo, o que, ou melhor, quem eles queriam encontrar. Jesse é um plenus magice que durante o problema de Dave e Dalila renunciou sua casa junto aos outros plenus magice e foi morar no outro lado, mais precisamente, aqui. De acordo com Sammuel, antes de Dave surtar completamente por causa da rejeição de Dalila, o plenus havia descoberto algo sobre o conselho dos patronus, algo que todos deviam saber, porém, Dave nunca conseguiu dizer a Sammuel o que queria dizer sobre isso. Por isso, na perspectiva de Sammuel, seu amigo Dave não sofrera um Coup de Foudre e sim um Amo primo Intuiti, o que significa que alguém planejou isso contra o plenus magice. Alguém que provavelmente não queria que o segredo que Dave descobriu fosse descoberto. E a única maneira de arrumar tudo isso e fazer o Dave recuperar sua essência é encontrando Jesse, porque — para Sammuel — se tem alguém que sabe alguma coisa, esse alguém é o Jesse. E a única forma de encontrar Dalila também é encontrando Jesse. Jason acha que Dave não acreditara que tudo não passou de uma armação se a própria Dalila não contar. Ryan disse que os patronus fizeram uma magia em Dalila, publicamente, pela dor que essa humanus fez o plenus magice passar. E de alguma forma também deram um jeito de ninguém conseguir rastrear Dalila, de modo que eles não conseguiram ir até a humanus antes. E é exatamente aí que Wendy entra. Mas agora a garota está tão cansada que se indaga mentalmente como consegue se manter acordada.

— Mais ou menos.

— Deu pra perceber. — a risada de Sammuel causou uma estranha sensação em Wendy — Se você quiser, eu posso dirigir pra você. Passei tempo mortal o suficiente para lhe observar e saber como dirigir esse carro.

— Tem certeza? Talvez fosse melhor se nós pararmos um pouco e...

— Não podemos perder tempo. — a voz de Sammuel soou séria mas sua expressão era calma — Eu me garanto, Wendy. Você pode contar comigo para as coisas.

Wendy sentiu seu rosto esquentar e sabia que estava rosada. A morena não queria dormir e deixar o carro nas mãos de Sammuel — não por medo de Sammuel não conseguir dirigir o carro. Wendy confiava plenamente em Sammuel para fazer isso, o que lhe aflige é outra coisa — mas seus olhos estão tão pesados que ela não sabia se realmente conseguiria dirigir por mais duas horas acordada.

— Tudo bem, vamos só ao menos parar por um momento para você trocar de lugar comigo.

Sammuel, meio a contra gosto já que de acordo com ele os dois poderiam trocar de lugar sem precisarem parar concordou. Wendy rapidamente estacionou no primeiro lugar que encontrou para estacionar e desceu do carro, para trocar de lugar com Sammuel — que apenas passou para o banco do motorista dentro do próprio carro.

— Pronto, Wendy, agora você pode dormir um pouco — Sammuel parecia feliz consigo mesmo por ser confiável o suficiente para dirigir o carro do humanus.

— Quem disse que eu quero dormir? — Wendy se ajeitou após entrar no carro e colocou o cinto de segurança — Não se esqueça de colocar o cinto, tá? Não quero ver nenhum acidente aqui.

— Seu pedido é uma ordem.

Sammuel colocou o cinto enquanto Wendy observava os outros dois ou no caso três rapazes dormindo no banco de trás. A morena suspirou. Em alguns momentos, ela acreditava fielmente em Sammuel, mas em outros momentos Wendy também se questionava se não estava fazendo a maior burrada de sua vida. Wendy esperou que Sammuel começasse a dirigir o carro, mas o garoto ignis permaneceu em silêncio.

— Wendy?

— Sim...?

— Eu não sei o caminho.

 Wendy suspirou e pegou seu celular em sua mochila que estava com Jason e Ryan adormecidos no banco traseiro. Desbloqueou o celular e abriu o aplicativo de GPS, agradecendo mentalmente por seu 3g estar funcionando sem erros ali.

— Aqui, esse é o meu GPS, ele vai te mostrar onde você tem que ir, quais ruas tem que pegar, essas coisas. Acho que você consegue entender tudo que está aqui, não é?

Sammuel assentiu e colocou o celular entre suas duas pernas, pronto para olhar aquele tal aparelho pequeno e estranho assim que precisasse. Wendy voltou a observar os garotos no banco de trás.

— Quer que eu cante para você dormir? — a voz do garoto atrás do volante despertou Seungwan de seu transe, a fazendo fitar o mesmo — Eu posso fazer isso se você quiser, Wendy.

— Eu já disse que não quero dormir — Wendy tentou ser convincente ao máximo apesar de achar que Sammuel não acreditaria em si. Estava claramente escrito em sua testa que precisava de um tempo para dormir — E por que você fica me chamando de Wendy? Esse é o meu apelido e só os mais próximos de mim me chamam assim. Sammuel ficou em silêncio. Wendy só ouvia a respiração dos outros dois plenus e a batimento de seu próprio coração. Será que ela fora muito grosso com Sammuel? Mas o que ela podia fazer se essa é a verdade? Em toda sua vida, somente as pessoas mais próximas a chamavam de Wendy.

— Eu gosto de pensar que somos íntimos o suficiente para isso — Sammuel deu partida no carro que a essa altura do campeonato já morrido — Às vezes eu sinto como se te conhecesse há anos, Wanessa. Você não sente isso?

Wendy permaneceu em silêncio. Sim, ela sentia uma sensação estranha perto de Sammuel, como se o garoto ignis o completasse, mas ela certamente não falaria isso para ele.

— Não.

— Ah — Sammuel riu, sem graça — Acho que é coisa da minha cabeça. Me desculpe.

O silêncio voltou a reinar. Wendy não ficou nem um pouco surpreso ao saber que Sammuel dirigiria o carro sem problema algum, mas ficou levemente chateado por não ter ninguém para conversar durante a viagem. Cinco, dez, quinze, vinte, vinte e cinco, trinta minutos se passaram somente com o resmungar de Jason e Ryan durante o sono.

— Sammuel? — o rapaz soltou um "Hummm...?" sem prestar atenção nela — Você pode cantar para mim?

Por mais alguns minutos nada aconteceu e Wendy ficou muito chateada. Mas, então, sem nenhum aviso prévio, Sammuel começou a cantar e sua voz preencheu o carro e tudo o mais. A voz grossa de Sammuel durante a fala se tornou extrema e deliciosamente agradável. Wendy não conhecia aquela letra e muito menos a melodia que ele cantava.

— Eu deixo você me chamar de Wendy se quiser, Sammuel — a voz de Wanessa soou após o término da música, a garota se sentando confortavelmente para então fechar os olhos e se deixar levar por outra melodia de Sammuel.

"... As palavras que queria dizer e que perdi a chance de dizer, as palavras que perdi a chance de dizer eu vou confessar, então escute..."

E naquele momento Wendy não comentou mais nada com o garoto ignis e se deixou levar pelo sono.

«»

Seungwan acordou tendo plena certeza de que eles tinham chegado a SunVille. Não precisava nem indagar a Sammuel, bastava ver o sorriso animado do maior. 

— Hmmm..., acho que chegamos a SunVille, não é mesmo?

— Sim! — os olhos de Sammuel brilhavam de ansiedade — Agora só precisamos saber onde que o Jesse mora.

O queixo de Wendy foi ao chão. Como é que eles não sabiam o endereço exato do tal Jesse? Wendy estava prestes a reclamar e xingar os três rapazes quando percebeu uma mudança em Sammuel. O garoto ainda possuía a mesma fisionomia de antes com alguns acréscimos. Por exemplo, ele sempre teve as orelhas tão pontudas assim? E seu cabelo possuía algumas nuances vermelhas entre o preto? Não, não é possível! Wendy podia jurar que o cabelo de Sammuel era completamente preto. Como se sentisse que a morena estava confusa, Sammuel se virou para encarar a humanus, a examinando de maneira minuciosa.

— Você está bem, Wendy? 

No lado direito do rosto de Sammuel pequenos desenhos se formavam, tão claros que quase não dá para ver.

— O q-que é isso? — Wendy estendeu a mão e tocou os desenhos na face de Sammuel. O maior arregalou os olhos devido ao toque inesperado dela, mas logo entendeu o que estava acontecendo.

— Você está começando a acreditar no que eu digo — Sammuel murmurou, um sorriso ameaçando surgir em seus lábios — Não precisa se assustar, você só está começando a ver a minha verdadeira forma.

— Verdadeira forma...? 

— Sim, ou você achava que eu poderia sair por ai do jeito que sou sem assustar os outros humanus? Não acho que eles aceitariam isso tão bem assim.

— Sammuel tem razão, Wanessa — Jason diz, atraindo o olhar espantado de Wendy para ele.

Jason possuía um brilho prateado natural, além dos desenhos — estes diferentes dos de Sammuel não somente na cor cinza, mas também nas formas — no belo rosto. Wendy abaixou a mão de Sammuel e arriscou um olhar para Ryan que observava atento a conversa deles. A cor roxa de seus cabelos virou um azul escuro e sua pele parecia fria. Na verdade, Wendy consegue ver o gelo grudado em seus lábios além do rapaz também possuir a orelha pontuda.

— Como isso é possível? — Wendy sussurra para si mesma, ainda espantada.

— Sendo possível — Ryan que respondeu, fitando Wendy — Você entenderia melhor se nos chamasse pelo nome que os humanus nos deram?

A morena ficou confusa. O que aquele plenus glaciem quis dizer?

— Quando ocorreu o primeiro contato com os humanus, eles nos deram nomes... — Ryan revira os olhos, como se aquilo tivesse sido uma ideia tola — Ao que parece esses nomes pegaram. Se você achar que assim vai nos entender com mais facilidade...

— Acho que essa é uma boa ideia, Ryan — Jason interrompe a fala do amigo — Para vocês, nós somos apenas elfos. Bem, na verdade Sammuel e Jason são elfos, ao que parece elfos tem o controle de um dos quatro elementos, então eles meio que se encaixam nesse conceito.

— E você?

Elfos. Wendy nunca se aprofundara nesse lance de misticismo, então não poderia saber se os dois garotos realmente se enquadravam nessa categoria.

— Eu? — Jason ri e Wendy pensa que é a coisa mais linda que já ouviu. Será que ter charme faz parte do que Jason é? — Bem, da última vez que eu tive contato com um humanus ele me chamou de estrela ca...como é mesmo o nome?

— Estrela cadente? — Wendy arregala os olhos, mais chocada que antes.

— Sim! Esse nome mesmo — Jason ri mais uma vez e então pega o potinho transparente onde Joy está — E a Joy é uma fada. Incrível, não é? Vocês dão cada nome, é uma pena que eu não entenda nada do que vocês dizem.

Um suspiro triste em conjunto partiu dos três rapazes. Wendy balançou a cabeça, ainda tentando entender tudo.

 — Isso parece um sonho — a garota comenta fascinada. Elfos, estrela cadente, fada? Nem em seus mais loucos sonhos imaginaria estar vivenciando algo desse tipo.
— Muitos humanus  dizem isso quando nos conhecem — Jason suspira, triste — Bem, diziam isso.

Wendy sentiu a tristeza chegar em todos que estão ali, inclusive em si mesma. A história que eles contaram é infeliz, lastimável e vê-los tão dedicados em encontrar um jeito para reverter esse final trágico é de partir o coração. A morena daria tudo de si para que sua ajuda valesse alguma coisa, qualquer coisa. 

— Não fiquem tristes, caso contrário eu também ficarei — Wendy murmura fitando demoradamente cada rapaz — Tudo vai dar certo no final, vocês vão ver.

Ryan solta um suspiro resignado mas concorda com a cabeça, enquanto Jason, ainda triste, tenta sorrir. Wendy começa a tagarelar sobre o motivo que os levou até ali e que eles deviam começar a tentar descobrir o mais rápido possível onde Jesse está para não agirem tarde demais. Jason e Ryan concordam com a garota e se lançam numa conversa sobre onde Key fora visto pela última vez, no entanto, o plenus que mais queria consertar as coisas mal nota as palavras de Wendy. Sammuel observa os lábios, cabelo, olhos, nariz, o rosto da morena, se esforçando para gravar cada mínimo detalhe em sua memória, como por exemplo, a pinta acima de seu lábio superior no lado direito do rosto ou os cílios curtos, mas não menos encantadores em seus olhos sempre tão amáveis.

Sammuel? — a garota o chama pela segunda vez. Seus olhos refletindo a preocupação que sente — O que foi?

— Nada, eu só me distraí um pouco...

A morena observa Sammuel mais uma vez  antes de se lançar novamente na conversa com Ryan e Jason, deixando passar a estranha atitude do garoto ignis.

Sammuel respira fundo e tenta se concentrar no que a garota está falando, forçando sua mente a esquecer a última coisa que Dave disse para si antes de se entregar à loucura.

«»

O plano está feito. De acordo com Jason, se existe alguém capaz de localizar exatamente onde Dave está, esse alguém é Joy.

— Você pode me explicar, de novo, por que tem tanta certeza de quem Joy vai encontrá-lo? — Wendy questiona, saindo do carro e fechando a porta.

Todos já estavam fora do carro esperando a garota. Como Jason pedira, Wendy os levou até um local mais abandonado em SunVille — o que foi uma tarefa muito difícil, já que SunVille é a segunda maior cidade do país além de ser densamente povoada.

— Joy é amiga de James que é amigo de Jesse. Ninguém sabe para onde Jesse foi, ao menos pensamos que não. Algumas semanas atrás descobrimos que James também fugiu e nos disse, bem, disse a Joy para onde ele tinha ido.

— Então, você quer dizer que, esse tempo todo estávamos indo atrás do amigo da Joy para encontrar o Jesse? — Wendy bufou um pouco irritada — Por que não disseram isso logo?

— Você não parecia que ia acreditar em nós tão fácil assim — Ryan deu de ombros — Se te falássemos tudo logo de uma vez, você confiaria em na gente? Porque eu acho que não.

Wendy suspirou, ignorando a pequena onda de irritação que teve. O que Ryan disse fazia sentido, nem quando eles se conheceram ela confiou tanto neles, como confiaria se soubesse que estavam procurando uma pessoa que poderiam nem ao menos encontrar?

— O problema agora — Jason começou, tirando o potinho de vidro de dentro da sua mochila — é fazer Joy abrir a boca para nos contar. Desde quando eu a prendi nesse potinho sua cordialidade foi diminuindo, posso dizer que ela está um pouco... arisca.

— Você prendeu a garota no potinho? — Wendy fita horrorizada o potinho.

— Quando você fala desse jeito até parece que é algo ruim! — um biquinho se forma nos lábios de Jason — Eu amo a Joy e ela sabe disso. Mas também amo meus amigos e farei de tudo para ajudá-los.

Wendy observa Jason colocar o potinho de forma delicada no chão.

— Assim que eu abrir, vocês tem que dar três passos para trás. Eu não sei o quão furiosa ela vai estar.

— M-Mas vocês ficaram conversando no carro... — Wendy engole em seco — Ela não pode estar furiosa até agora, não é?

— A gente conversava com ela, só que ela não chegava a responder — Ryan olha apreensivo para Jason que ainda está com um biquinho nos lábios — Ela nos ignorava totalmente. Se ela tivesse respondido, você com certeza teria acreditado na gente logo de cara.

— Se acalmem, vai dar tudo certo. Ela vai nos ajudar — Jason disse para todos, mas parecia que falava com si mesmo, como um mantra.

Todos observaram Jason abrir a tampa do potinho num único puxar da rolha e deram automaticamente três pulos para trás. Wendy espera uma fúria sem controle de alguém invisível, mas nada acontece.

— Será que ela percebeu que foi solta? — Ryan questiona, dando um passo para frente assim como Jason.

— Claro que sim, Joy perceberia isso na hora... — Jason dá mais um passo para perto do potinho, o observando com preocupação.

— Talvez ela não esteja brava... — Sammuel comentou, as sobrancelhas franzidas.

Bastou Sammuel dizer tal frase que o vento começou a se agitar entre eles fazendo o cabelo de Wendy ir para trás. A morena agradeceu Ryan por ter dado a ideia de ir para um lugar vazio, pois se estivessem algum local movimentado aquela pequena ventania causaria o caos. Wendy colocou suas mãos acima de seus olhos para poder enxergar com mais clareza o que acontecia ali no meio do círculo improvisado deles. A primeira coisa que observou foi que a pessoa que estava no meio, ao lado do potinho, é alta e esbelta, até mais do que Sammuel. A segunda coisa que lhe chamou a atenção foi o tom loiro arruivado das mechas da garota, chicoteando em suas costas como cobras irritadiças.

Jason McCarthy... — a voz possuía um tom calmo apesar do vento forte quase os derrubando no chão — Você está morto.

E foi então que o caos começou. Wendy tentava capturar tudo o que conseguia mas eles eram rápidos demais, espertos demais e quando percebeu o que ia acontecer a morena foi jogada ao chão por Sammuel e um círculo de fogo se formou ao redor dela.

— Joy, meu bebê, se acalme!

Me...acalmar? Você está de brincadeira? — a voz sibilou — Eu vou te cortar em pequenos pedaços e espalhar por esse lado ridículo desses humanus, seu traidor.

— Eles não são ridículos, você sabe disso — Jason tentava acalmar Joy, mas Wendy percebia a tensão em sua voz. Se ele mesmo não está calmo como vai conseguir acalmar outra pessoa? — O que eu fiz foi preciso, não me odeie por isso. Eu te amo, Joy.

— Se me amasse não teria me trancado na porcaria desse objeto dos humanus!

Entre as chamas que Sammuel fez surgir protetoras em volta de Wendy, a morena consegue ver o que está acontecendo. Jason se encontra prensado num tronco de uma árvore próxima por uma mulher estonteante.  Joy é o que se pode chamar de beleza excepcional, os cabelos enormes e loiro arruivados  adornando seu belo rosto, os olhos azul claros penetrantes, o corpo todo moldado com pernas grossas e seios fartos escondidos sobre o vestido prateado com um enorme decote nas costas. Apesar de estar gloriosa em sua verdadeira forma, Wendy sentia um pouco a tristeza que emanava da plenus aere. Seu rosto parece estar contorcido numa careta, mas quando Wendy foca um pouco mais a visão percebe a decepção nos olhos azuis ao fitarem Jason.

— Joy, se acalme.

— Não se meta glaciem ou eu também vou acabar com você — Joy disse entredentes.

— Olha, isso é uma coisa que eu duvido e muito.

— Ryan, NÃO!

Braços de gelo surgiram do chão e agarraram os pés descalços de Joy, a derrubando no chão.

Seu maldito!

Joy não deixou se levar por cair, estendeu a mão e somente com um comando criou um pequeno tornado no chão que ia ao encontro de Ryan. Mas o garoto glaciem parecia saber o que fazer, pois com um sopro congelou o pequeno tornado que ia em sua direção e prendeu de vez a garota na terra. Wendy, que ainda está presa dentro de um circulo de fogo, observa aterrorizada tudo acontecer.

— Ryan, a solte agora! — Jason se aproximou de Joy no chão, tentando fazer algo para que os braços de gelo se soltem da garota.

— Pra quê? Para ela te matar? — Ryan riu — Me desculpe, J, mas ela vai ter que entender tudo por bem ou por mal.

— Francamente, Ryan, ela nunca iria me matar — Jason lançou um olhar feio para o amigo e então voltou a fitar Joy, que o encarava a um passe de explodir de raiva — Joy, me desculpe. Eu fui muito imaturo te prendendo naquele...objeto dos humanus...mas eu fiz isso porque eu achei que você não me ajudaria. Eu sinto muito por isso, deveria ter confiado que você faria a coisa certa.

A expressão no rosto de Joy vacilou. Os olhos azuis fitaram demoradamente o rosto de Jason antes de se encherem de lágrimas.

— Que droga, Jason! Nunca mais faça isso comigo.

Os braços de gelo soltaram a plenus aere que se jogou em Jason, o abraçando de uma forma que parecia doer no ponto de vista de Wendy.

— Me desculpe, bebê. Eu realmente faço burradas quando se trata da vida dos meus amigos — Jason riu e novamente o som soou incrível para Wendy — e também quando se trata de você.

— Ugh, você poderia ter apenas me pedido ajuda de forma normal — Joy fungou, se afastando de Jason.

— Mas é que você estava tão estranha comigo, Joy. Quando você disse aquilo para Kris sobre termos que "acabar com os estúpidos humanus" eu pensei que você não aceitaria me ajudar — Jason soou confuso e todos pararam para ouvir a resposta da aere. Sammuel aproveitou para apagar as chamas protetoras em volta de Wendy.

— Você pensou que eu não te ajudaria por causa daquilo? — Joy soou surpresa e riu. A risada ainda mais bela que do próprio Jason — Jay, amor, eu falei aquilo porquê estava fingido! Pensei que era óbvio!

— Como assim, óbvio? E fingindo por quê? — para a surpresa de Joy, quem lhe questionou aquilo foi Sammuel, não Jason.

— Vocês sabem o porquê, não sabem? — Joy encarou os três plenus antes de continuar a falar — O motivo pelo qual Dalila deixou Dave e todos os portais para este lado foram trancados e porquê todos os plenus magice foram proibidos de se teletransportarem para cá. O motivo que fez Jesse e James fugirem.

— O que você quer dizer com isso, Joy? —  Sammuel questionou e pela primeira vez em todo o tempo que passou com o plenus Wendy ouviu a voz do garoto tremer.

Wendy sentiu seu coração doer, como se tivesse sido apertado. Fitou Sammuel e percebeu que ele lhe encarava de volta, o horror tomando conta de sua expressão antes mesmo de Joy dizer algo.

— Dalila não deixou Dave porque não o amava, ela foi induzida aquilo, pior ainda, praticamente obrigada! — Joy encara Sammuel que ainda olha para Wendy, respirando fundo antes de continuar a falar. — Eles querem dominar este lado. E não porque Dalila machucou Dave, não por vingança e sim por poder. Os patronus querem dominar todos os humanus, o que aconteceu com Dalila e Dave foi apenas uma desculpa para eles fazerem uma guerra. Sammuel, eles querem matar todos os humanus.


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Notas finais do capítulo

Tem continuação uhuhuhuh



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