Medos escrita por Kali


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Então.. Não sei nem como começar.

Quando o nome na senhorita apareceu na tela do meu not, indicando que tu seria a minha coelhinha secreta, eu quis me jogar no chão e chorar. Como diabos eu escreveria algo para a minha autora de fanfics SasuSaku favorita?! Sacanagem. Todos os dias que conversamos, durante os quatro meses que se passaram, eu sentia vontade de te contar e pedir a sua ajuda HEHE Você não é só a minha autora fofolet. É a pessoa que me escuta quando estou surtando, ou quando estou triste sem motivo algum. Me aconselha da melhor maneira possível. Se acontece algo de interessante (coisa que é raridade na minha vida) já penso: PRECISO CONTAR PRA BELA.
Eu não tenho palavras para te agradecer por ser essa pessoas LINDA em todos os sentidos e por estar na minha vida. Se eu gostasse de "seruhumaninhAs" te pegava mesmo! Falo mesmo.

É o seu primeiro ano participando do nosso amigo secreto e espero que tenha gostado.

Juro que me esforcei ao máximo para escrever algo bom, que talvez te agrade hehe.



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Medos

“Meus medos normalmente tem a ver com perder você.”

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Escrita por Kali

Dedicada a Coffee (Bela)

No fundo eu sempre soube que seria ela. Por mais que eu tentasse não pensar, esquecer que ao meu lado durante os treinos e missões existia uma garota de longas mechas cor de cerejeiras, mas que intrigantemente cheirava a pêssegos, sempre com um sorriso gentil em minha direção, no fim do dia quando meu corpo dolorido buscava por conforto no colchão espaçoso demais no silêncio do meu quarto, minha mente traiçoeira sempre desenhava a sua imagem no simples fechar de minhas pálpebras, e as falhas nas batidas descompassadas do meu coração assustavam-me.

Sua nada sutil presença me fazia feliz, e isso me dava medo.

Um vingador, com um único proposito na vida, não podia se dar o luxo de sentir aquele tipo de sentimento arrepiando suas entranhas. Na verdade não podia se permitir sentir nada além de ódio, raiva e sede por vingança, e por mais que sentisse era obrigado a fingir que não sentia nada, para talvez conseguir não sentir.

Eu sabia sobre a paixão que ela, e o resto das outras garotas da vila nutriam. Era uma tolice. E ela era a mais tola entre todas, com aqueles olhos reluzentes sempre tão cheios de alegria e inocência. Qualquer um que a olhasse poderia ter a certeza de que nada conhecia do sofrimento, e talvez, por isso, minha mente gritava para que eu a odiasse com todas as minhas forças, para nunca deixá-la se aproximar, e desprezá-la.

E assim eu fiz.

Maltratando-a.

Ignorando-a.

Mas que saco era essa garota que nunca desistia. Não importava o que eu fizesse, ela sempre estava lá chorando desesperadamente sobre meu corpo desfalecido, falhando as batidas do meu coração com seu perfume irritante e iluminando a escuridão que me perseguia.

O engraçado é que mesmo eu me esforçasse para não deixar que ela me tirasse do caminho que eu deveria seguir, sempre que o idiota do Naruto a convidava para um encontro o medo suava a palma das minhas mãos e, secretamente, eu observava sua reação; as expressões cômicas mudarem em meio segundo.

Ela inclinava a cabeça levemente para o lado, franzindo a testa e unindo as sobrancelhas, e no mesmo instante sentia seus olhos sobre meus ombros. Às vezes ela demorava a responder, e eram essas vezes que pensamentos conturbados tomavam minha mente.

E se ela aceitar? Assim ela sai do meu pé.

E se eles começarem a namorar? Assim ela sai do meu pé.

Mas e o que ela diz sentir por mim? Assim ela sai do meu pé.

Mas e o que eu sinto?... Você não pode sentir.

Ela nunca aceitou. E, durante todo o tempo que passamos juntos quando genins, eu me odiei por desejar aquilo.  Era egoísmo da minha parte. Eu não podia tê-la, mas também não aceitava a ideia de vê-la com nenhum outro.

Em certo momento da minha vida me vi perdido em meio ao fogo. De um lado chamas negras quanto o fundo do oceano envolviam os corpos dos meus pais mortos diante dos pés do meu irmão. E do outro estava ela, queimando numa chama tão rosa quantos seus cabelos oferecendo-me sua mão e todo seu amor, dizendo-me que juntos seriamos felizes, que eu não estaria nunca sozinho.  Se eu esticasse a mão poderia sentir a essência da alma pura que exalava daquelas chamas rosadas, e seria um caminho sem volta. Sem vingança. Sem dor. Eu esqueceria o fato de ter o Clã aniquilado pelo próprio irmão e ser o único poupado sabe-se lá por qual motivo. Talvez eu conseguisse alcançar a felicidade, talvez me tornasse forte sendo treinado por Kakashi. Talvez...

Eram muitos talvez para pouca certeza.

E sem olhar para trás, deixando minha companheira de equipe desacordada sobre um banco gélido na calada noite, eu parti como um falcão solitário.

Naquela noite o medo se apoderou do meu corpo. De cada parte dele. Era como se eu estivesse derretendo começando pelo meu cabelo encharcado de suor. Aquela sensação foi descendo, percorrendo cada centímetro do meu corpo, e eu não fazia ideia de como me controlar. Fui preenchido pelo pior sentimento que existe.

O irônico é que, a cada passo dado, aumentando a distancia entre eu e a vila – ela -, eu me sentia mais vazio, oco por dentro. Minha mente gritava, dizendo-me que estava fazendo o certo, e mesmo com o medo, com uma tristeza que não sentia há anos e uma das piores sensações invadindo meu corpo e alma, eu não olhei para trás.

Os anos que se passaram foram somente dedicados em me tornar forte. Eu não pensava. Recusava todos os convites de Kabuto para uma meditação porque fechar os olhos era como vê-la perfeitamente com aquele sorriso irritantemente gentil.

No inicio costumava descontar toda a minha frustração nos treinos. Não comia, não dormia, não fazia pausas para respirar depois de um treino pesado, e ignorava os protestos de Orochimaru sobre os ferimentos que meu corpo havia adquirido e não eram tratados.

Por inocência minha pensei que seria fácil deixá-los e esquecer tudo o que havia vivido com aqueles que, mesmo não admitindo, se tornaram minha família. Pensei que no momento em que passasse pelo portão de Konoha estaria deixando tudo para trás. 

Engano meu.

Perdi as contas de quantas noites passei em claro imaginando estar escutando os berros incessantes do Naruto, escutando o brando som da voz dela perguntando se eu estava bem, se estava feliz com a minha escolha.

Eu os carregava comigo, e com o passar dos anos a saudade que eu recusava a aceitar, os sentimentos ocultos que eu tanto desprezei por não serem tão ocultos quanto gostaria, fora se transformando em rancor, repulsa, e descobrir a causa da morte da minha família cegou-me definitivamente prendendo-me numa gaiola entre sombras que sussurravam em meu ouvindo feito cobra, levando-me a cometer inúmeros erros.

Em certos momentos, quando o desespero me consumia de maneira voraz impossibilitando-me de reconhecer meu próprio reflexo nas raras ocasiões em que me vi diante ao espelho, eu desejava fugir de tudo aquilo. Mas, em meio a toda vontade de desaparecer, eu pensava; para onde iria?

E foi quando caiu a ficha.

Eu não tinha lugar algum para ir. Caso desse errado, mas do que já estava dando, eu não teria para onde correr. Havia traído a vila, os meus amigos, e tirado a vida de meu irmão.

Durante noites em que me escondia da chuva em algum buraco, enquanto o céu chorava lá fora, eu me permitia chorar lá dentro ouvindo os estouros dos trovoes que mais pareciam as tragédias da minha vida. Era um choro silencioso, sem soluços, apenas lágrimas, mas em cada uma delas havia uma dor diferente. Doía bem lá no fundo, fazendo um estrago daqueles bem grandes, mas invisíveis também. Ninguém sabia, ninguém enxergava, porque não havia ninguém.

Até que ponto alguém pode ser tão sozinho?

Não digo que me arrependo de todas as minhas falhas, algumas com certeza, mas não de todas. Infelizmente os erros são precisos. Ou você erra e aprende a caminhar com eles, ou continuar errando impulsivamente sem sair do lugar.

Depois de tanto bater com a cabeça na mesma parede acho que aprendi – ou entendi. O sangue que minha família derramou, o nome que meu irmão carregou, de certa forma foi para um "bem maior" se assim posso dizer.

É difícil conseguir se reerguer depois que um maremoto passa em sua vida destruindo tudo, levando todos os que você ama deixando-o em pedaços, retalhos quase beirando ao pó, a insanidade.

É difícil, mas não impossível.

Existe uma frase que li em algum pergaminho durante minha jornada em busca de redenção que diz mais ou menos assim: "Você só vai superar quando se permitir seguir em frente".

Eu estive tanto tempo correndo em círculos, com um propósito que nem mesmo eu reconhecia mais, quase desistindo, que quando ela apareceu no meio daquela floresta em uma noite misteriosa, toda desajeitada usando os dedos trêmulos fazendo gestos para se explicar, a única coisa que eu pude fazer foi me permitir.

Eu sorri, sem me incomodar com o fato de Uchiha Sasuke estar sorrindo, admirando sua coragem de deixar o medo de lado e seguir em frente, por todo longo tempo que ela não se calou um só segundo atropelando as palavras, gaguejando e corando como se ainda fosse aquela menina sonhadora de doze anos.

E o vento trouxe ela para os meus braços.

No fim das contas eu sempre soube que seriam os lábios dela os primeiros a tocar os meus. O medo, a incerteza, os fantasmas que sussurravam em meus ouvidos, quase todos se foram naquela noite, naquele simples e hesitante contato íntimo que nunca havíamos experimentado. E o sabor não poderia ter sido diferente. “Que tem um simultâneo sabor amargo e doce ou ácido e doce”. Foi Agridoce.

Um amor guardado por tanto tempo. Eu preso no medo que me assombrava de me permitir sentir, me envolver mesmo sabendo que por muito não conseguiria resistir ao maldito – não tão maldito – Akai Ito que teimava em nos unir. Ela presa no medo de ser rejeitada novamente pela pessoa que tinha a certeza a quem pertencia.

Eu tive medo amar, e agora que amo tenho medo de perder. Medo de acordar de madrugada, depois de mais um pesadelo, olhar para o lado em busca do corpo minuo enroscado ao meu, e ver que um terremoto a levou para longe me deixando novamente sozinho.

No fundo eu sempre soube que seria ela. Não importava o tempo que passasse, se ela não me encontrasse eu a encontraria. Podiam se passar sete dias, quinze dias, um mês, um ano, cinco anos. Já estava escrito. Haruno Sakura foi aquela que preencheu a minha vida dando razão a minha existência, e se hoje sou alguém diferente eu devo a ela. A menina/mulher que me aceitou apesar dos erros, mas manias, dos fantasmas...

Embora eu tenha consciência de que o medo sempre vai caminhar ao meu lado, nunca vou me acostumar com a sua presença. Porém é algo que não temos controle. Ele entra sem que ninguém abra a porta, sem ser convidado. Instala-se em nossa vida sem o nosso consentimento nos deixando temerosos, e até o Shinobi mais forte fica vulnerável, com aquela sensação de impotência. O pior de tudo é que existem muitos dele, vários, mas todos se baseiam em somente um. Aquele que mais nos assusta. O medo de perder aquilo que tanto amamos.


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Notas finais do capítulo

Desculpe-me qualquer erro. Revisei umas 599 vezes, mas sempre deixo escapar alguma coisa.

Você me conhece sabe que sou meio retardada e pensei em apagar essa fic umas 99 vezes. A senhorita ia ficar sim sem fanfic de amigo secreto!

Espero que tenha ficado pelo menos bonzinho rsrs.

P.S TE AMO, FADINHA



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