A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 5
05 — Dias


Notas iniciais do capítulo

ADVINHA QUEM CHEGOU DE VIAGEM ONTEM E QUASE MORREU PORQUE O GATINHO TINHA SUMNIDO? Eu mesma, Caroline Mello -p Enfim, o gato apareceu de novo e eu estou bem feliz ♥ E sabe o que me deixa mais feliz ainda? Os comentários maravilhosos, amo todos vocês ♥♥

Capítulo novo aqui com a Mari falando umas coisas que eu queria ter dito pro Victor no ep 11 -p

Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719368/chapter/5

Dias

 

YURI soltou um suspiro profundo enquanto eles faziam o trajeto de saída do Hasetsu Castle, incomodado pelo silêncio brutal que havia se instaurado sobre eles. Ele observava como Yuuri Katsuki andava a frente do "grupo", com o filho adormecido nos braços e Victor logo atrás, mesmo que eles não trocassem nenhuma palavra enquanto desciam as escadas naquela noite particularmente escura demais. O louro queria, naquele momento, berrar com ambos os mais velhos, que mais pareciam agir como crianças.

E talvez o Plisetsky apenas mão tivesse feito isso por ter Otabek segurando uma de suas mãos com carinho, e ainda assim, firmeza. O cazaque sabia bem que, quando descontrolado, o noivo causava, e causava muito, mas o que Yuri menos precisava naquele momento, era de algum escândalo envolvendo sua imagem artistica e pessoal.

"Yuri" ouviu a voz de Victor lhe chamar, e encarou o outro que havia parado em um dos degraus, enquando o japonês continuava descendo com a criança no colo. "Por que você parece tão distraído, preste mais atenção no caminhou, ou eu vou te deixar para trás. E o Otabek não sabe onde fica Yu-topia."

"Você não vai ficar na hospedaria dos meus pais." dessa vez, o Katsuki se pronunciou, olhando com firmeza, e também, mágoa para o russo que fez apenas dar de ombros, como se não se importasse.

"Não são apenas seus pais, são os avós do Yukiteru" do meu filho, pensou em acresentar, mas acabou que ficou em silêncio, vendo Yuuri morder o lábios inferior e lhe dar as costas novamente.

Victor apenas respirou fundo, e seguiu caminho.

"Eles são dois idiotas." Yuri resmungou para o noivo, fazendo uma careta de desagrado, mas não podia negar que sentia uma pontada de felicidade por eles não terem discutido, como pensou que fariam. "Ficam se encarando dessa forma desagradável, nem parece que o Yukiteru é a criança aqui."

"É bom ver que você se importa, Yuri." o cazaque disse, e o louro se voltou a ele com uma expressão de surpresa. "Nunca se contentou com o término dos dois, não é?"

"Você está falando coisas estranhas e sem sentindo, Otabek." resmungou, mas sentiu as bochechas esquentarem, e o sorriso nos lábios do outro dizia quase tudo. "Tudo bem, não superei. Esses dois são idiotas que discutiram à toa e agora estão aí sofrendo mais à toa ainda. Tenho vontade de fazer pirozhki de ambos, do Porco e do Velho."

"Isso não seria nada delicioso." Yuri encarou o cazaque, um pouco confuso, enquanto o via rir em seguida. "Ignore, Yuri. Vamos, você deve estar cansado.

Yuri assentiu, e apertando a mão do noivo com mais força, seguiu junto dos outros pelas ruas escuras de Hasetsu.

 

—...—

 

Victor realmente não esperava ser bem recebido quando colocasse seus pés na pousada dos Katsuki, mas também não esperava que eles nem ao menos lhe encarassem, indo diretamente em direção de Yuuri e perguntando o que havia acontecido. O russo respirou fundo, tentado a abraçar todas as pessoas ali presentes, mas não o fez. Ah, como sentira uma tremenda falta deles!

Apenas naquele momento, enquanto entrava sem ser convidado a procurar de Yakov, pensava se não havai sido impulsivo demais, a ponto de ser irresponsável. Bem, havia tirado uma criança de dentro de sua escola, sem a permissão prévia do pai, usando da inocência infantil de Yukiteru e do fato de... Ser Victor Nikiforov.

Começava a achar que havia agido errado.

Complexo de culpa não era algo que combinava com ele, e Victor sabia bem disso, mas aquele sentimento não conseguia deixar seu peito enquanto ele caminhava em direção ao quarto que havia ficado da última vez, e deixou que o lábio inferior caísse assim que viu a mudança ali: tinha se transformado num depósito.

"O Yuuri queria tapar as lembranças que tinha sobre você. Modificar o quarto foi uma delas." Victor se virou, e cumprimentou Mari com um movimento de cabeça, enquanto a mulher acendia um cigarro. "Não pensei que ia te ver de novo. O Yurio está aí também?"

"Sim, na verdade é por causa dele que eu estou aqui." respondeu, e em seguida se corrigiu. Aquilo não era verdade. "Ou melhor, eu vim pelo Yukiteru, mas foi o Yurio quem me mostrou o vídeo."

"Ah, entendo." Mari disse, para em seguida soltar a fumaça cinzenta por entre os lábios e as narinas. "Pelo jeito, esconder o vídeo do Yuuri não adiantou de nada."

"Ao que parece."

"E o que você pretende fazer?"

Naquele momento, Victor não podia negar que a pergunta o pegou de surpresa. Na realidade, tinha saído da Rússia por impulso, sem pensar em nada e ignorando tudo ao seu redor. Fora da mesma maneira quando resolveu treinar Yuuri, e a única diferença era que, há quatro anos, tinha um objetivo fixo.

E agora não sabia o que fazer.

"Eu... Não sei." confessou, em meio a suspiro pesado. "Talvez conhecer o menino melhor." ia dizendo, ainda incerto ao pensar em entrar de paraquedas na vida de uma criança tão adorável. "Sabe, isso está sendo bem difícil pra mim, essa história todo de... De ser pai..." a última frase soou quase num sussurro, enquanto seus olhos azuis fitavam o chão.

"Só espero que, se for para entrar da vida do Yuki, você não saia simplesmente, como foi com o Yuuri."

Para Victor, aquelas palavras, tão simples, formando uma frase tão curta, o feriram mais do que todas as pancadas que a vida tinha lá dado até aquele momento, em seus trinta e dois anos de vida. E junto dessa dor, sentiu uma forte vontade de chorar.

Ele, Victor Nikiforov chorando porque a irmã de seu ex-noivo jogara umas verdades em sua cara? Nunca.

"Yuuri quem quis sair da minha vida. Eu sempre disse que o amava e ele simplesmente quis acabar tudo que tinhámos." respondeu, e foi como se tirasse um peso de suas costas. Há quando tempo não falava sobre aquilo com alguém? "Eu queria ficar com ele, vê-lo ganhar uma medalha de ouro, mas o Yuuri simplesmente resolveu se aposentar."

"Victor, eu estava naquele dia, do programa curto." Mari continuou, sem se deixar abalar pelas palavras do homem a sua frente. "O Yuuri estava nervoso, toda a coreografia foi feita como se ele estivesse com raiva, não seduzindo." disse, não que Victor não tivesse percebido aquilo. "Mas você não deu o apoio necessário a ele. Yuuri é ansioso, a transexualidade dele não é bem aceita por todos, e sabe disso, não sabe? E depois de um programa falho, o que ele mais precisava, era ter você ao lado dele... Mas a única coisa que Victor Nikoforv fez foi admirar os outros patinadores, e não apoiar seu noivo."

Victor ainda fez menção de responder, contudo acabou por ficar em silêncio. Odiava quando um outro alguém tinha razão, da mesma maneira que Mari Katsuki.

 

—...—

 

Quando um novo dia amanheceu, Yuuri ainda tentava pegar num sono. O corpo de Yukiteru estava sobre o seu, adormecido, e ele sentia uma leve pontada de inveja do filho, tão tranquilo, sem sequer imaginar o conflito interno que o pai passava. Victor estava em sua casa, à três portas de distância, e Yuuri não sabia o que fazer.

Na noite anterior, durante o jantar, Victor não havia aparecido, mesmo que Yurio e Otabek estivessem na mesa junto deles. Até tentou ignorar, os hóspedes podiam ter suas refeições em seus respectivos quartos, e Yakov também não tinha descido para se alimentar, no entanto, mesmo a ausência do ex-noivo lhe tirava a fome. Na mesa, resolveram que era hora de lhe contar sobre o vídeo, que ninguém sabia se fora postado ou não pelas trigêmeas — e para ser sincero, Yuuri também não se importava mais —, e ele aproveitou para explicar melhor sobre a situação em que Victor o havia colocado, a irresponsabilidade dele e dos funcionários da creche de Yukiteru. Chegou a dizer que, se Hasetsu não fosse uma cidade tão pequena, e a instituição a única, transferiria seu filho.

E agora, precisava levantar da cama para levar aquela criança que aos poucos acordava à escola. Sorriu, cacoalhando o corpinho que aos poucos despertava e lhe contagiava pela expressão sonolenta naqueles olhos castanhos. Yuuri o pegou no colo, levantando em seguida e dali passou a cumprir com seus afazeres com pai, dando banho e alimentando a criança. Deixaria para arrumar o quarto assim que retornasse, e qual não foi sua surpresa, ao abrir a porta da saída e encontrar com Victor?

Este, que trazia o mesmo sorriso forçado do dia anterior.

"Bom dia, Yuuri."

"Vic-" estava surpreso, e não podia negar, mas não conseguiu externar, afinal, mal começou a dizer o nome do homem a sua frente, e Yukiteru soltou sua mão, correndo para abraçar o russo.

"Victor!" o menino exclamou, sorridente. "Você vai morar com a gente? na casa da vovó."

"Eu não vou poder morar com vocês, querido." Victor sorriu, e Yuuri diria que, desde que se reencontraram, foi seu primeiro sorriso sincero. "Mas vou ficar o tempo que for preciso, para você me amar tanto quando ama seu papai."

Os olhos escuros de Yuuri se arregalaram levemente, enquanto ele não conseguia crer nas palavras do mais velho, e sentiu mãos tremerem e soarem frio. Victor não podia estar fazendo aquilo com ele, e maneira alguma. Nem com ele, nem com Yukiteru. Victor não podia simplesmente aparecer na vida deles do nada para, depois sumir, como tinha certeza de que o outro faria.

Victor não iria fazer com que parasse sua vida novamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado, e o próximo saí assim que eu conseguir terminar, viu? Beijos e até o próximo ♥

Amo vocês ♥