A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 23
23 — Yuuri (Começo)


Notas iniciais do capítulo

Toda história chega ao fim, e (in)felizmente com essa aqui não foi diferente. Eu lembro até hoje de quando eu comecei a escrever "A Piece of Us" motivada por um sonho lá no final de 2016, lembro também de quando eu a publiquei no Nyah! Fanfiction, com dois capítulos prontos, o terceiro pela metade. Foi com um susto que eu tive uma recepção tão boa! Tantos comentários e favoritos... Cara, eu realmente não conseguia lidar, aquela era mesmo a minha fanfic?

Eu lembro das minhas frequências de atualizações, das minhas horas insones, dos meus desabafos nas notas finais, da alegria de atualizar de três em três dias, da tristeza de passar de sete para sete dias, pra no final, sumir por meses (tanto que olha, o capítulo tá saindo quase um ano depois do anterior).

A verdade é que a minha vida mudou, deu uma estancada e não quis mais andar. Depois ela melhorou, e eu voltei a conseguir caminhar, mas pensar nessa fic, abrir o Word para escrever uma única palavra me fazia lembrar lá do começo de 2017. Se vc me acompanhou no Nyah, leu aqueles textões nas notas iniciais, ce sade do que eu tô falando.

Eu sei também que, nesse meio tempo, eu não fui boa autora, que tem muitos comentários sem uma resposta digna, mas quero dizer que, apesar disso, eu li cada um deles, amei cada um deles e senti o que vocês tentaram me passar ♥ eu agradeço demais a que, apesar dos pesares, não desistiu de mim e está aqui até hj, agradeço também a quem desistiu (eu também teria desistido, não nego hahaha), obrigada por ter tentado, isso foi muito importante pra mim ♥

Hoje "A Piece of Us" não é mais amor da minha vida, estive relendo alguns capítulos e notei o quanto eu era imatura com algumas (muitas) coisas, o quanto tudo poderia ter sido melhor, desgostei de muitas partes, não vou negar. Mas não me arrependo por ter começado esse projeto, pois graças a ele e cresci, eu amadureci, e recuperei um pouquinho daquele amor que eu tinha pela escrita ♥

E é isso gente, aos trancos e barrancos a fic chegou ao final XD Eu agradeço mais uma vez a você que leu, comentou, favoritou e esperou. Agradeço a você que começou e desistiu, a você que nem começou. Meus mais sinceros muito obrigada ♥



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Começo

X

 

DEZEMBRO estava quase no fim, e janeiro se aproximava a passos lentos. Ao menos era isso que Yuuri pensava enquanto penteava com cuidado os cabelos escuros de Yukiteru, que tinha um pequeno e adorável biquinho em seus lábios por conta da bronca que havia levado momentos antes, deixando seu pai em saber se deveria sentir pena ou achar graça da expressão irritada de um garotinho daquele tamanho.

Parando para pensar naquilo, ele parecia o quanto seu bebê cresceu. Lembrava-se bem da primeira vez que o pegou no colo, aquela carinha enrugada, vermelha, aquele rosto parecido com o de tanto outros bebês — mas ainda assim, era o seu bebê, que ele jurou cuidar e proteger durante toda a sua vida, ainda que soubesse que querendo ou não, era impossível proteger seu filho do mundo.

Isso não quer dizer que Yuuri não tentou, e talvez conseguisse se o imprevisto Victor Nikiforov não tivesse voltado para suas vidas. Aliás, talvez ele nunca devesse ter saído na verdade. Ou talvez os dois precisassem daquele tempo para crescer, amadurecer, e se tornar os pais que ambos se tornaram.

E pensar que, por um momento, Yuuri imaginou que Victor não amaria Yukiteru. Bem, ele não queria se gabar, mas era impossível não amar seu filho. Yukiteru era simplesmente a criança mais adorável que conheceu em todos os seus vinte e oito anos de vida. Claro que tinha a ciência que o fato de ter carregado o menino durante nove meses e ter criado com todo o amor que nem sequer sabia que poderia dar a alguém influenciava diretamente em sua opinião.

Foi com a cabeça focada nisso que ele sorriu, depositando com carinho um beijo na testa do garoto que resmungou, mas riu em seguida, estendendo os braços para pedir colo, pedido que foi prontamente aceito. Yuuri não pensou duas vezes antes de beijar a bochecha gordinha dele e sentir o cheiro de sabonete infantil advindo do banho recente.

“Alguém está bem cheiroso.” o adulto disse, observando a forma que os braços curtos circundam seu pescoço, e a cabeça repousavam com cuidado em seu ombro. “Hora de dormir, Yuki.”

Como num passe de mágica, ouvir aquelas palavras fizeram o garoto levantar o corpo de maneira brusca. Não fosse o instinto paterno e os instintos de Yuuri para colocar sua mão nas costas dele, ele certamente teria caído para trás.

“Ah não papai…” Yukiteru choramingou, olhando no fundo dos olhos castanhos de seu pai, quase como se soubesse que poderia ganhá-lo apenas com isso. “Cinco minutinhos só.” pediu, abrindo a mão pequena para mostrar o número.

O adulto suspirou, sabendo que não era prudente ceder assim tão fácil, mas em contrapartida sem vontade de negar. Ele sempre tentou dar a melhor educação possível para seu filho, e nunca voltou atrás de um “não” independente se havia choro ou birra depois. Não faria mal fazer a vontade dele daquela vez.

“Tudo bem, mas só dessa vez mocinho.” a criança bateu palmas com as respostas, sorrindo de ponta a ponta. O sorriso mais lindo do mundo. “Mas agora você vai pro chão, tá pesado demais pra mim, nem cabe mais no meu colo.” claramente aquilo era uma brincadeira. Yukiteru nunca seria grande ou pesado o suficiente para que Yuuri quisesse deixar de envolvê-lo em seus braços.

“Tá bom.”  o garoto deu de ombros, sentindo os pés cobertas por meias de pares diferentes tocarem o chão de madeira. Ele pareceu pensativo por um momento, olhando para o notebook do pai.

Yuuri arqueou ambas as sobrancelhas, se questionando o porquê daquilo, até que percebeu que perguntar a si mesmo não adiantaria de nada. Ele se abaixou para ficar próximo a altura do filho, pegando uma de suas mãos para chamar sua atenção.

“O que foi, Yuki?”

“Papai Victor.” o menino respondeu prontamente, voltando a apontar para o computador portátil. “Vamo falar com ele?”

Então a compreensão chegou no Katsuki quase como um soco no estômago. Victor estava longe há uns dias, e Yukiteru tinha começado a se apegar ao seu segundo pai. E era claro que sentia sua falta e sua ausência. A cena do aeroporto, da mão colada à parede de vidro e os olhos cheios de lágrimas talvez um dia saísse da memória de seu filho, mas Yuuri nunca esqueceria.

“Mas a gente falou com ele hoje a tarde, lembra?” ele perguntou, ainda que tenha caminhado até o aparelho para levá-lo até a cama. A expressão de contentamento do filho quase o fez parar tudo para lhe abraçar. “Espero que ele esteja acordado…”

Parando para olhar o relógio, passava alguns minutos das nove da noite. Provavelmente era pouco mais de três da manhã e São Petersburgo. Talvez fosse melhor ligar antes. Olhando para Yukiteru, podia ver o quanto ele parecia ansioso enquanto subia na cama de maneira bastante desajeitada. Yuuri quase riu com a cena, e colocou o computador por sobre o colchão com cuidado.

“Eu vou ligar pro papai, você espera aqui, okay?”  menino assentiu de maneira nervosa, cruzando as pernas e o adulto tornou a suspirar. O celular estava carregando na cozinha. “Se comporte.”

Os olhos castanhos de Yukiteru acompanharam o movimento o adulto até que ele sumisse de vista, antes de caírem por sobre o notebook. O papai tinha mandado esperar e se comportar, mas não que não podia chamar o papai Victor. Com isso em mente, ele deslizou o dedo pelo mouse e clicou no ícone do Skype assim que o reconheceu. Essa parte foi fácil para sua cabeça de três aninhos, difícil foi achar seu pai.

Bem, ele foi no primeiro contato que começava com “V”. Se tinha “V”,  deveria ser Victor, pela sua lógica. Agora, era só esperar.



— ... —



Passava das três da manhã do dia vinte e três de dezembro e São Petersburgo, e Vitor não conseguia pregar os olhos. As malas estavam prontas, as passagens compradas e ele não tinha a menor ideia de como ia enfiar no avião os presentes que pretendia levar para Yukiteru. A compra de sua casa no Japão estava quase acertada, faltavam poucos detalhes e no começo de janeiro os novos moradores ocupariam seu apartamento.

Havia quem dissesse que era loucura deixar para trás toda a vida que tinha na Rússia para viver junto de Yuuri e seu filho. O Nikiforov,  porém, não se sentia assim. Ele e Yuuri ainda não tinha voltado a ser um casal por completo, estava se conhecendo novamente, mas nenhum dos dois tinha dúvidas de seus sentimentos. Eles só precisavam ir devagar, e ser sinceros um com o outro.

Maccachin estava adormecido sobre suas pernas, e seu notebook sobre seu colo. Foi com certa surpresa — e uma dose de susto — que a notificação de uma chamada de Yuuri. Arqueando uma única sobrancelha. ele aceitou. A primeira coisa que surgiu em seu campo de visão foi o rosto arredondado do filho, como se o pequeno procurasse por alguma coisa.

Piscando algumas vezes, confuso, ele entreabriu os lábios, os fechando novamente sem saber o que fazer. Bem, na verdade ele sabia, precisava falar alguma coisa.

“Yuki?” ele chamou, vendo os olhos dele se focarem em si de forma bastante curiosa. A criança sorriu. “O que você está fazendo aí?”

“Oi papai Victor, boa noite.” é, não teve resposta nenhuma, mas ouvir aquela vozinha — ainda que a tivesse ouvido na tarde anterior — já era o bastante. “O papai foi ligar pra você.”

“E o que o mocinho está fazendo aqui se o papai foi ligar para mim?”

Touché; Victor pensou quando Yukiteru forçou um bico. Ele sempre fazia aquilo para parecer bonitinho quando aprontava alguma coisa e o Nikiforov sempre caía como um patinho. “Acho que um certo floquinho de neve está aprontando.”

“Não tô!”  Yukiteru respondeu, e cruzou os braços de forma manhosa.

Naquele momento Victor só conseguia pensar no quanto queria voltar, no quanto queria abraçar aquele corpinho pequeno, dar banho, alimentá-lo, vê-lo dormir. Era incrível lembrar que dois meses antes nunca sequer havia pensado em fazer algo assim, nunca tinha nem pensado em ser pai.

Sua vida tinha sofrido uma grande reviravolta desde então, e sendo sincero consigo mesmo ele não poderia estar mais feliz.

Seus pensamentos, porém, foram interrompidos pelo som do celular tocando, e não precisou ler o nome para saber se tratar de Yuuri como o filho havia bem dito anteriormente. Atendeu, informando ao japonês que já estava falando com o garoto, ouvindo o outro gritar um “O quê?” do outro lado da linha, o fazendo rir. Ele ainda ouviu o mais novo subir as escadas, antes de encerrar a ligação e aparecer em seu campo de visão abraçando Yukiteru.

“Parece que eu achei um pequeno enxerido.” o Katsuki brincou, fazendo cócegas no menino. E depois seus olhos se voltaram para a tela, sorriu. “Oi Victor.”

“Yuu-ri, você demorou!” Victor sorriu de volta, se sentindo contagiado. É, passar  aquela madrugada insone falando com os dois certamente seria o melhor a se fazer, e Victor não podia negar o quanto isso lhe fazia bem.

Yuuri era bonito. Victor sempre soube disso, desde a primeira vez que o viu, mas parecia que cada vez que se afastava o japonês ficava ainda mais bonito. A risada de Yukiteru também ficava cada vez mais gostosa de se ouvir, conversar com eles de certo era o melhor que poderia fazer. Não importava o momento.

“Papai Victor.” Yukiteru chamou, tirando o russo de seus pensamentos. Os dois encararam o menino. “Você e o papai namoram né?”

Os adultos ficaram em silêncio por alguns momentos, processando a pergunta e o significado por trás dela, ainda que soubessem não havia nenhuma intenção nela senão a de sanar a curiosidade infantil.

“Yukiteru Katsuki” Yuuri começou, ouvindo Victor murmurar um “Katsuki-Nikiforov” do outro lado. Eles ainda tinham que discutir isso direito futuramente. “De onde você tirou isso?”

“A tia Mari disse que o vovô e a vovó são namorados pra todo sempre.” ah, Yuuri se lembrava desse dia. Na verdade sua irmã havia dito que eles eram eternos namorados, explicado que eles se gostavam. Hiroko e Toshiya eram suas referências paternas, enquanto ele e Victor eram as referências paternas de Yukiteru. Ele provavelmente tinha associado.

“Seus pais não precisam namorar, Yuki.” foi Victor quem tomou a palavra e por consequência a atenção do garoto. “Eu não preciso namorar o Yuuri para te amar e querer te encher de beijinhos e cócegas. Mas se o Yuuri quiser, eu estou solteiro.”

Quase que de forma instantânea as bochechas do japonês foram tomadas por uma coloração extremamente vermelha. O Nikiforov riu, enquanto Yukiteru o encarou, confuso.

“Pare de flertar comigo na frente do nosso filho, Victor!”

“O que fe.. fule… Isso aí?” o menino perguntou, em uma tentativa falha de pronunciar aquela palavra difícil.  Yuuri fuzilou Victor com o olhar antes que ele tivesse chance de continuar rindo da situação. Ele mal sabia explicar aquilo para si mesmo, quanto mais para a sua criança.

“É tentar conquistar uma pessoa, Yukiteru. Tentar fazer ela gostar de você.” é, talvez não fosse a forma de explicar o significado para o filho, mas ele tentou.

“Mas você já gosta do papai Victor um tantão assim” o menino falou, abrindo os braços o tanto que conseguia, querendo mostrar que o mais velho gostava muito, muito mesmo do outro pai. “Não precisa fefetar mais.”

Yuuri voltou a corar, e a risada do russo foi ouvida mais uma vez, de forma quase melodiosa. Era incrível como pai e filho se pareciam nesse ponto, o deixando extremamente envergonhado. Ele escondeu o rosto vermelho entre as mãos, se sentindo ser abraçado pelo pequeno que ria de seu embaraço, enquanto Victor, do outro lado, achava a cena adorável.

“Não precisa ficar assim Yuuri, eu também gosto de você um tantão assim.” o russo brincou, também abrindo os braços o máximo que podia, vendo o mais novo encarar a tela, e abrir um sorriso pequeno, não demorou muito, ele e Yukiteru começaram a competir para ver quem amava mais Yuuri.

Se um dia o Katsuki duvidou que era amado pelos dois, naquele momento ele teve total certeza de que o amor que sentiam por si era mais que verdadeiro.



— ... —



Foi com um susto que Victor percebeu que eram cinco da manhã ao olhar em seu relógio. O tempo parecia ter passado voando enquanto conversava com Yuuri e Yukiteru - este que agora se encontrava dormindo apoiado no japonês, nada fora do normal - e duas horas pareciam ter sido dois minutos. Os adultos ficaram em silêncio por um tempo, apenas admirando o garotinho adormecido, enquanto o Katsuki acariciava os finos fios de cabelo.

Ah, eles tinham tanta coisa pra conversar! Tanta coisa de “gente grande” para falar um com o outro que sequer sabiam por onde começar.

“O Yuki está sentindo a sua falta.” Yuuri foi o primeiro a falar, voltando a encarar a tela do notebook. “E eu também, Victor.”

O coração do russo disparou, e ele não conseguiu controlar o sorriso tocado que se desenhou em seus lábios. Os olhos azuis se desviaram para a bagunça do quarto, querendo se certificar que o mais novo não visse suas malas. Queria que tudo fosse uma surpresa. Uma boa surpresa.

“Eu estou morrendo de saudades de vocês dois, também…” ele respondeu, vendo Yuuri retribuir seu sorriso do outro lado da tela. “Prometo que não vou demorar pra voltar.”

Os dois ficaram em silêncio novamente, quase como se estivessem aproveitando aqueles instante de calmaria, ainda que tantas coisas diferentes se passassem em suas cabeças… Ah, eles já tinham passado por tantas coisas juntos e separados, e pensar nisso agora só os fazia chegar à conclusão de que podiam superar mais aquele empecilho chamado distância.

Ainda em meio a falta de palavras, Victor estendeu a mão, tocando a tela com a ponta dos dedos. Yuuri encarou a cena por alguns segundos, piscando de maneira confusa antes de voltar a sorrir e copiar o ato. Não havia a sensação de tocar a mão de Victor, ou o sentimento de pele contra pele que fazia com que se arrepiasse ou corasse, mas lá dentro sabia que aquilo, aquele ato mínimo, era mais que suficiente.

Yuuuuri.” Victor chamou, alongando as vogais de seu nome. O japonês o fitou, sem mover a mão, porém. “Eu realmente gosto de você um tantão.”

Yuuri riu com o dito do mais velho, sentindo as borboletas em sua barriga. As bochechas voltaram a ter aquele tom avermelhado.

“Eu também gosto de você um tanto, Victor.” suas palavras foram mais que o suficiente para que o típico sorriso de coração aparecesse nos lábios rosados do russo. Se Yuuri fosse sincero consigo mesmo, diria que queria beijá-lo. “Mais do que você imagina.”

“Yuu-ri, eu vou chorar!” Victor falou, colocando a mão no peito. Se não o conhecesse, diria que ele estava fazendo drama. “Pode dizer isso de novo, por favor?”

“Eu não quero te fazer chorar, Victor.” o Katsuki deu de ombros, quase podendo ouvir o coração do russo se quebrar. “Mas eu gosto de você muito mais do que você imagina. Feliz?”

Victor abriu um largo sorriso, aquele formato de coração se desenhando em seus lábios. Ele não precisava verbalizar para que Yuuri soubesse sua resposta, mas ainda assim o fez.

“Como nunca antes.” falou, encarando as malas atrás do notebook com determinação. Ele ia voltar.

 

— … —



Dia vinte e quatro de dezembro havia chegado e junto dele a véspera de Natal. Era de se esperar que Yukiteru, agora com mais noção do feriado, estivesse animado com a ideia de decorar aquela maldita árvore — que Yuuri só tinha comprado porque o filho a vinha pedindo desde que a viu pela primeira vez em um comercial de televisão seis meses antes, e o garoto sequer sabia para o que servia na época — com aquelas malditas bolinhas coloridas. Tinha até perdido as contas de quantas tinham se perdido abaixo do kotatsu.

“Achei uma papai!”  a criança, exclamou, trazendo uma dourada de debaixo do móvel.

“Eh? Yukiteru, desde quando você cabe lá em baixo?” ele perguntou, não que o filho tenha se preocupado em responder seus questionamentos ao lhe estender a bola.

“Coloca ela!” o menino pediu, balançando o objeto. “O papai Victor vai ajudar a gente a montar a árvore?” Yuuri parou sua mão no meio do caminho para pegar a bola, desviando o olhar. “É o aniversário do papai Victor, a gente vai dar presente pra ele?”

“Você já é o presente dele, meu amor.” o mais velho respondeu, quase que de forma automática, vendo seu pequeno sorrir largamente. Sentiu seu coração ficar apertado, mas retribuiu o sorriso. “Por que você não vai brincar lá fora um pouco? Papai pode terminar aqui.”

Yukiteru o encarou, pensando um pouco na oferta antes de sorrir em aceitação. Yuuri se abaixou para receber um beijinho em sua bochecha, e o retribuiu, beijando a testa de seu filho. Ele ficou alguns segundos observando o filho correr e se afastar, até sumir de sua vista pela porta da frente.

“Eu também queria que o papai Victor ajudasse a gente, Yuki.” Yuuri disse para si mesmo, se voltando novamente para a árvore de natal. Ele suspirou, se abaixando para pegar uma das bolinhas da decoração que estava no chão. Azul, como os olhos de Victor.

Ele sorriu, tocando o material gelado com a ponta dos dedos antes de envolvê-lo por inteiro em suas mãos. Yuuri fechou os olhos por alguns instantes, quase como se fizesse uma prece e um pequeno e leve sorriso se desenhou em seus lábios.

Foram poucos os instantes em que permaneceu assim, antes de abrir os olhos castanhos e continuar seu trabalho. Era incrível como Yukiteru estava animado com todas a luzinhas momentos atrás, deslumbrado em velas piscando em cores diferentes. Ah, ele ainda tinha tanto o que aprender… Bem, e teria muito tempo para que isso acontecesse.

E Yuuri e Victor estariam ao seu lado nessa caminhada.

Foi pensando nisso que o japonês parou para se atentar as risadas altas de seu filho do lado de fora da casa, se sentindo contagiado pela alegria infantil. Ele era apaixonado pelo som da risada do menino desde a primeira vez que a ouviu.

E então veio o som de latido.

O Katsuki parou de repente, antes de colocar a bola na árvore de natal, sentindo o coração falhar uma batida para logo depois dispara de maneira intensa. Enquanto pensava que era apenas obra de sua imaginação. No entanto, o segundo e o terceiro latido, seguido das risadas de Yukiteru foi mais que suficiente para que soubesse que aquilo era real.

Yuuri sequer viu quando deixou o objeto cair no chão, ou quando largou toda a decoração de uma única vez para correr em direção à entrada. Ele não respondeu quando sua irmã perguntou o que havia acontecido, e nem viu Hiroko sorrir quando passou por ela, apenas correu e empurrou a porta  com força.

Seus olhos castanhos imediatamente buscaram pelo filho, repousando, no entanto, em Maccachin. Ele chegou a entreabrir os lábios para dizer alguma coisa, mas apenas se abaixou para abraçar o cão e sentir um lambida carinhosa em seu rosto.

“O que você está fazendo aqui, garotão?” perguntou, recebendo do poodle apenas um latido como resposta, enquanto Yukiteru surgia em seu campo de visão.

“Papai!” o menino o chamou, correndo em sua direção de forma bastante afobada e puxando a manga de seu suéter. Yuuri sorriu para o filho, o trazendo para seu colo enquanto se levantava. “Olha lá!”

E então finalmente os olhos de Yuuri se encontraram com os dele, e por um momento não pareceu existir nada o redor além dos dois — ou dos três. Quem sabe dos quatro —. As malas estavam todas jogadas no chão de qualquer jeito, e as roupas toda amassadas por provavelmente ter abraçado Yukiteru com força.

E, além disso, os olhos azuis de Victor transpareciam tanta saudade, tanto amor, que Yuuri só conseguia se sentir tentado a envolvê-lo em seus braços, cada vez que dava um passo à frente. Eles tinham tanta coisa para falar… Mas. naquele momento, tudo o que queriam um do outro era um abraço.

“Victor…” o Katsuki disse, assim que estava perto o bastante. Ele nunca foi muito dado aquele tipo de atitude, mas ainda assim, estendeu o braço livre, tocando a pele quente do rosto dele e secando uma lágrima que escorria por sua bochecha. “Bem vindo de volta.”

Victor sorriu, sabendo que, definitivamente não queria ir embora nunca mais ao afastar a mão de Yuuri e beijá-la, envolvendo os dois em um abraço logo em seguida. Yukiteru riu.

“Estou de volta” ele sussurrou abafado, sentindo o coração de Yuuri bater forte, e o seu próprio coração bater tão forte quanto. “Yuuri.”


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Notas finais do capítulo

E é isso gente, "A Piece of Us" finalmente chega ao fim, e como vocês devem ter percebido, eu quis fazer uma pequena referência ao fim do anime, com a última fala sendo o Victor dizendo "Yuuri" XD apesar de não estar marcada como finalizada, ela não terá uma continuação ou mais capítulos, está assim só pq eu gostaria de, futuramente, fazer um extra com as cenas que eu imaginei, as não viera pra cá hahaha

Enfim, aqui encerramos essa jornada! Obrigada a você que leu até aqui e see you next level ♥



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