A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 22
22 — Distância


Notas iniciais do capítulo

Er... Oi pessoinhas, faz tempo né? hehehe Tipo, mais de três meses, acho?

Bem, eu não tenho exatamente desculpas para dar, pq foi por motivos bem... pessoais que me causaram um bloqueio e me desmotivaram a escrever por esse tempo :/ MAS ENFIM o penúltimo capítulo tá aqui, fresquinho, e eu espero que vcs gostem ♥

Até lá em baixo ♥



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Distância

COM o passar dos dias o outono parecia esfriar cada vez mais, e com o frio, algumas gotas de chuva se faziam presentes. Dezembro havia chegado, e com ele, as aulas daquele ano no Ice Castle tinham acabado e com isso Yuuri agora poderia dizer que tinha mais tempo para passar ao lado de Yukiteru e de Victor, e isso o deixava extremamente feliz enquanto tomava uma boa porção de seu café quente, observando as gostas de chuva escorrendo pela janela de seu quarto.

A tarde havia chegado preguiçosa, e Yukiteru demonstrava estar preguiçoso também, dormindo de forma relaxada sobre Maccachin que parecia não se importar de ser usado de travesseiro. E isso era outra coisa que deixava o Katsuki alegre: o fato de seu menino não demonstrar ser alérgico a cães, e isso o fazia pensar seriamente em adotar mais um cãozinho.

Mais um?; Pensou consigo mesmo. Já estou considerando o Maccachin como meu também.; riu com o pensamento, apertando  a xícara de café entre os dedos, sentindo a pele fina e delicada aquecer. Tinha sobre seu corpo roupas pesadas, que o aqueciam bem e lhe deixavam confortável.

E pensando sobre os últimos dois meses, Yuuri podia refletir bem o quanto sua vida mudou desde que Victor havia entrado nela novamente, e se fosse sincero com seus próprios sentimentos, não gostaria que o outro se afastasse novamente fossem por erros dele, ou seus. Era incrível como dois meses, dois míseros meses conseguiram mudar tudo, lhe dar uma nova cor a vida.

E a de Yukiteru também, precisava admitir. Para uma criança não tinha gostado nada da idéia de ter outro pai, atualmente ele parecia estar aceitando bem. E não apenas isso, parecia gostar bastante da idéia, gostar de passar seu tempo ao lado de Victor, de ser abraçado e ver desenhos ao lado do russo. Era bonito vê-los juntos, ambos sempre sorriam.

Tomando mais um gole de seu café, Yuuri ajeitou o casaco sobre seus braços. Ele sempre achou que, se um dia encontrasse Victor e eles reatassem, ficaria pensando em tudo que poderia ser diferente se eles não estivessem se separado, mas olhando para o seu agora, Yuuri simplesmente não conseguia pensar nisso, no que poderia ter sido, e sim, só conseguia pensar no que viria a ser a partir dali, levando em conta que já havia aceitado muito bem a idéia de que já eram uma família, e como família, precisavam de seu próprio canto.

Bem, talvez ele estivesse pensando demais no futuro e sendo apressado, sequer sabia se eles juntos continuariam a dar certo, de Victor iria querer viver ali no Japão. Yuuri sentia uma pontada de medo com tudo aquilo, medo de se adiantar demais e acabar estragando tudo. Não havia sido ele mesmo quem dissera que eles precisavam ir com calma? Pois bem, era disso que ele precisava agora, de calma.

Seus olhos castanhos se voltaram para o filho, que dormia tranquilamente. Deixando o café de lado sobre um criado-mudo, Yuuri se aproximou da cama, se sentando ao lado do menino adormecido e se pôs a lhe acariciar os cabelos escuros com ternura.

“Ah, Yuki...” murmurou, observando a expressão serena do menino que pequeno. “Você não sabe o quanto é bom ser desse tamanhinho e não ter preocupações, meu filho... Aproveita bem esse tempo viu?”

Yukiteru murmurou alguma coisa inteligível, se virando para o lado e o mais velho sorriu com zelo, desejando do fundo de seu coração que seu filho não passasse por preocupações assim.

Resolveu, por fim, se levantar e terminar seu café, mas naquele mesmo instante a porta se abriu e Victor adentrou o quarto, recém saído do banho, com os cabelos claros molhadas. Yuuri não conseguia acreditar como, naquele frio, o outro lava o cabelo com tanta freqüência.

“Wow, que cena mais linda.” O russo sorriu, o que foi correspondido pelo Katsuki, enquanto este tratava de se sentar ao lado dele. “É incrível como tem dias em que o Yuki pula, brinca e corre o dia inteiro e não dorme nada, e em outros dias dorme como uma pedra mesmo sem fazer quase nada.”

“Acho que crianças são assim mesmo.” Yuuri deu de ombros. “E bem, o dia está bastante preguiçoso hoje, e o Yukiteru também. Bem, ao menos ele não inventou de brincar na chuva como ontem.”

Victor riu, se lembrando muito bem do dia anterior. Eles estavam sentados do lado de fora da casa quando começou a chover e Yukiteru simplesmente havia se levantado e corrido para a chuva. E bem, levado uma bela bronca depois.

“Sabe como é criança, não é? Só não quer saber de água quando vai tomar banho.” Disse, e concordando, Yuuri riu. “Mas Yuuri, tem outro assunto que eu gostaria de discutir com você.”

O japonês arqueou de leve uma sobrancelha, sentindo o coração bater mais rápido, levemente preocupado, como se adivinhasse o assunto daquela conversa. Ele baixou os olhos escuros, e se focou em Yukiteru por um momento, dormindo como se nada pudesse atingi-lo. Às vezes Yuuri queria ser como ele.

Soltou um longo suspiro, tomando coragem para erguer a cabeça novamente.

“Você vai voltar para a Rússia?” perguntou, repousando ambas as mãos sobre suas pernas, sentindo-as tremer um pouco. Por mais que ele estivesse tentando parecer calmo, sabia que estava falhando miseravelmente.

“Sim.” Victor respondeu, e ficou em silêncio por um momento. “Apenas porque há coisas que eu preciso resolver. Teoricamente, eu tenho um contrato com a federação russa de patinação com o Yurio e o Otabek, e estou aqui somente porque a temporada acabou. Meu contrato termina esse ano e eu preciso voltar para dizer formalmente que não irei renová-lo.” O mais velho disse, e deixou que as pontas de seus dedos tocassem o rosto de Yuuri. Oh céus, como ele conseguia ser tão bonito com aquela carinha de desconfiado? “E eu vou voltar o mais rápido possível, assim que tudo estiver terminado. Quero voltar para vocês.”

“Eh?” foi a única coisa que o moreno externou, sem saber ao certo se tinha entendido ou não, ainda que o forte rubor em suas bochechas parecesse quase automático, e Victor arqueou ambas as sobrancelhas.

“Eu faço a maior declaração de amor da minha vida e você reage assim? Ah, como Yuuri Katsuki é cruel.” O russo choramingou de forma dramática, levando uma de suas mãos ao peito, corando mais ainda, o outro começou a gesticular de forma nervosa.

“N-não! Não é nada disso, é que...” ia dizendo de forma quase travada, balançando os braços na frente de seu corpo. O rosto de Katsuki estava quente e vermelho como um pimentão.

Victor riu, envolvendo o japonês com carinho entre seus braços quentes. Yuuri era tão precioso, sentir que precisava protegê-lo de tudo, inclusive da própria insegurança. Mas realmente era uma pena que não poderia protegê-lo de sua ansiedade.

“Eu estou brincando, Yuu-ri!” ele respondeu, rindo baixo. Ainda que bastante vermelho, o outro lhe seguiu. “Você fica tão fofo assim, é exatamente a mesma carinha do Yukiteru.”

“Talvez porque eu seja o pai dele.”

E eles permaneceram ali, abraçados por um bom tempo, apreciando o calor dos braços um do outro, desejando jamais precisar sair dali. Mas bem, com Yukiteru acordando logo em seguida e pedindo por colo pelos pais, extremamente manhoso. Nenhum dos dois chegou a dizer alguma coisa, mas a criança os completava a cada mínimo sorrisinho e a cada palavra.

 

 

—...—

 

 

Conforme a tarde resolveu cair, e após alimentar o pequeno comilão de cabelos negros — e limpar suas bochechas gordinhas, pois se havia algo que o menino fazia, era se sujar quando comia —, Victor e Yuuri resolveram que o melhor lugar para falar sobre a partida com o filho seria, certamente, no Ice Castle, fazendo com que a criança ficasse animada quando lhe contaram sobre o “passeio”.

Yuuri sorriu com um misto de tristeza e compaixão. Por mais que Yukiteru fosse uma criança, ele sabia bem o que era uma partida, e o Katsuki mais velho temia que seu garotinho sofresse com essa separação, ainda que fosse temporária.

Tomou o menor em seus braços depois de agasalhá-lo muito bem, aquele fim de outono já começava a trazer o frio do inverno, ainda que o pequeno parecesse não gostar daquele tanto de roupa. Victor riu do bico que se formou nos lábios de Yukiteru, lhe bagunçando os cabelos negros.

“Alguém está parecendo um bolinho.” O russo brincou, e de seguida bateu com a ponta do indicador sobre o nariz pequeno do filho. O menino soltou uma risada gostosa, levando ambas as mãos ao local, o cobrindo.

“Parece não!” ele resmungou, em resposta, escondendo o rosto na curva do pescoço de Yuuri, que riu seguido pelo de cabelos platinados. “Yuki parece o papai!”

“Oh sim!” o Nikiforov levou uma mão aos lábios, encenando surpresa enquanto caminhavam, por sorte a distância era curta. “Eu não tinha notado, você é a cara do seu papai! Como pode?”

Yukiteru levou o dedo indicador ao lábio inferior, como se pensasse sobre aquilo, antes de rir, acompanhado por ambos os pais. Durante todo o caminho, ele foi conversando animadamente, falando sobre o quanto estava alegre para tornar a patinar — já há um tempo que não o fazia, afinal.

E então Yuuri olhou de maneira terna para o filho, beijando sua bochecha rosada com carinho, para em seguida bagunçar os cabelos escuros de Yukiteru e ouvindo sua risada gostosa ecoar. Para ambos os adultos estava ali a criança mais inocente e preciosa que conheciam, e que, se pudessem, protegeriam de todo o mal do mundo. Um longo suspiro ecoou por parte dos dois, enquanto tratavam de arrumar um assunto qualquer durante o caminho.

Ao chegarem, cumprimentaram os Nishigori e logo foram por patins antes de partir para o rinque. Assim que seus expressivos olhinhos castanhos visualizaram o gelo, Yukiteru soltou a mão de Yuuri, correndo para lá em meios às risadas infantis. Com um largo sorriso em seu rosto o pequeno olhou para seus pais, ansioso para patinar.

Os mais velhos se encararam, rindo baixo com a atitude do filho, este se colocando nas pontas dos pés para tentar passar em altura a parte que o separava do gelo. O Katsuki foi o primeiro a se mover, caminhando em direção ao menino e dando a mão para, finalmente, entrar. Victor foi logo atrás dele, tomando a outra mão da criança enquanto seus patins deslizavam, calmamente, ao passo que seguiam uma melodia inexistente. Ou melhor, uma melodia compostas pelas gargalhadas daquela tarde que lhes prometia ser bonita e, sem dúvidas, inesquecível.

E para Victor, a sensação dos patins cortando a superfície congelada enquanto tinha suas mãos enlaçadas as de uma criança era completamente nova, e, talvez pela primeira vez, o patinador profissional não sabia ao certo o que fazer ali. O medo de errar mais presente do que nunca, mas, junto dele, e talvez até mesmo numa proporção maior, estava sua vontade, seu desejo de acertar.

 Já havia perdido tempo demais, e queria estar ao lado de seu filho, ver seu sorriso o máximo possível, e por que não fazê-lo onde conhecera o pai do menino, no gelo?

 Aquele era um momento bom, que Victor queria que durasse para todo o sempre.

E em determinada parte, Yuuri se afastou, deixando apenas os dois ali enquanto observava de maneira comovida como os dois corpos, grandes e pequenos se moviam. Não conteve à vontade de pegar o celular e filmar a cena, que de certo ia guardar dentro de si por todo o sempre.

 

 

—...—

 

 

Conforme a noite caia os olhinhos de Yukiteru pareciam cansados, ao passo que esse piscava de forma pesada, com a cabeça apoiada contra o ombro de Victor. Para o menino e para os pais, o dia havia sido especial de uma maneira inexplicável, ainda que ambos os adultos soubessem que logo teriam que explicá-lo sobre a separação temporária.

Aquela noite, porém, correu bem. Victor levou Yukiteru ao banheiro nas duas vezes em que ele acordou, pedindo de maneira adorável para “fazer xixi”, desejando passar mais tempo ao lado da criança de cabelos escuros. Se o russo fosse sincero, diria que mal dormiu durante as horas que correram lentamente, olhando como a barriguinha do filho subia e descia tranquilamente enquanto este dormia, e não conseguia deixar de compará-lo a Yuuri. Perguntava a si se, caso viessem a ter um outro filho — ou filha — a criança se pareceria mais com o japonês ou com ele.

E assim uma nova manhã chegou de forma tranqüila com seus raios de sol fracos. Yukiteru demorou um pouco mais para acordar, e quando despertou se deu conta de estar sozinho no quarto. Fazendo um pequeno bico, desceu da cama com dificuldade, procurando pelos demais cômodos pelos pais. O primeiro que encontrou foi Victor na sala de jantar da casa. Este que deu um pequeno sobressalto ao notar o menino no andar de baixo.

“Yuki!” exclamou, quase correndo até o filho e o tomando nos braços. “Você desceu as escadas sozinhos?” a pergunta soou preocupada, afinal, Yukiteru podia ter tropeçado e caído durante o processo.

“Desci.” Yukiteru respondeu sem notar a preocupação do pai, e se notasse, de certo não entenderia o motivo. “Bom dia papai Victor.” Disse, abraçando o pescoço do mais velho.

Contra aquilo o Nikiforov não poderia lutar. O abraço de Yukiteru era confortável, quente e se pudesse, diria que era a coisa mais fofa do mundo — mas bem, tudo o que dizia respeito ao filho, para Victor, era a coisa mais fofa do mundo.

“Isso é golpe baixo!” o russo resmungou, retribuindo o abraço com carinho. “E bom dia para você também, mocinho. Está com fome?”

“Sim.” O menino o soltou, olhando ao redor. “Cadê o papai? Foi fazer xixi?”

Victor riu, colocando o garoto no chão. Hiroko apareceu logo em seguida, repetindo o questionamento sobre a fome do neto e sem hesitar indo buscar algo para ele. Vendo aquilo o homem de cabelos tinha cada vez mais a certeza do carinho que a mulher tinha por seu menino.

Yuuri apareceu logo depois, com os cabelos levemente molhados e o cheiro de sabonete ainda no corpo. Ele sorriu, se aproximando dos dois e beijando a bochecha gordinha de Yukiteru antes de abraçá-lo forte. As risadinhas do garoto ecoaram pelo local a contagiaram Victor de uma maneira que ele mesmo não sabia explicar. Pouco depois Hiroko estava ali, deixando algo para que o neto comesse, antes de sair novamente, se dizendo muito ocupada.

“Pelo jeito esse baixinho está de barriga vazia.” Yuuri disse, sentando-se junto ao filho e pedindo ao Nikiforov que ele fizesse o mesmo. Eles trocaram olhares e, naquele momento, o ex-campeão mundial soube que era à hora. “Hm, Yuki, o papai Victor e eu precisamos conversar com você.”

Por um momento, o menino pareceu pensar, colocando a cabeça um pouco para o lado, com a boca um pouco suja de leite, antes de tornar a sorrir.

“Tá bom!”

Victor quase riu da inocência da criança, sentando-se junto aos outros dois e colocando sua mão sobre o ombro de Yukiteru. Mas, tenso, apenas suspirou enquanto procurava as palavras certas para iniciar aquela conversa.

“Yuki” chamou, e o pequeno levantou a cabeça para lhe encarar dessa vez. “Você lembra que... O Yakov e o Yurio precisaram ir, certo?”

“Yuki lembra.” A resposta foi rápida, e Yukiteru tapou a boca para dar uma risadinha travessa. “Eles vem ver a gente?”

Os adultos tornaram a se entreolhar, preocupados com qualquer que fosse a reação dele. Mas algo podiam dizer que tinha certeza: o garoto ficaria decepcionado.

“Hm... Não.” Victor respondeu, e o sorriso de Yukiteru sumiu quase que imediatamente, como se entendesse o que o pai realmente queria dizer com aquilo. “Quer dizer... Sim! Mas não agora... Digo...” ele suspirou novamente, trocando um novo olhar com Yuuri, que colocou a mão sobre a sua. Sentia-se um pouco mais encorajado. “Você sabe que eu vim da Rússia, não é?”

“Papai Victor vai pra lá?” a pergunta soou baixa, enquanto um bico triste se desenhava nos lábios de Yukiteru. Victor o abraçou imediatamente, apertando contra seu corpo. “Vai embora?”

Ah, Victor estava ficando bem triste.

“Ele não vai embora, Yuki.” Yuuri resolveu por intervir, acariciando os cabelinhos escuros. Ver ser filho, seu eterno bebê, tão triste, lhe doía tanto. “É só... Só por um tempinho. Não é Victor?”

“Isso, isso! É só por um tempinho!”

Explicar sobre distância à uma criança depois que ela se apega, porém, não era fácil. Quando essa criança é seu filho pequeno torna tudo mais difícil. Não importa se você o conhece há três anos ou há três meses. Victor e Yuuri sabiam que, dali pra frente teriam que enfrentar problemas juntos, e por conseqüência veriam Yukiteru triste mais vezes. Aquela primeira vez, porém, ficaria marcada em suas almas para sempre.

Parecia que a dor do filho doía três vezes mais neles.

 

 

—...—

 

 

Se explicar para Yukiteru que precisaria ficar distante havia sido difícil para Victor, se despedir dele três dias depois se tornava pior ainda. No aeroporto em um horário de pouco movimento e com os cabelos platinados cobertos por uma touca — não queria ser reconhecido, e por conseqüência expor os dois em meio ao aeroporto internacional de Tóquio —, ele não queria soltar o corpo pequeno que tinha abraçado contra o seu.

O vôo seria chamado em breve, tanto Victor quanto Yuuri sabiam disso, mas, ainda assim, queriam que pudessem prolongar aquele momento. Victor queria se lembrar pelo tempo que estivesse longe do calor do corpo do filho, do cheirinho doce e infantil de suas roupas e de seus cabelos.

“Desse jeito vou ficar com ciúmes.” Yuuri comentou, a voz meio embargada e Victor riu, numa tentativa falha de segurar o choro. Yukiteru não o soltou. “Yuki, você não pode segurar ele aqui.”

“Posso sim!”

Ambos os adultos riram, ainda que com uma pontada de tristeza. A inocência daquela criança era doce, contagiante. Victor o apertou um pouco mais, e Yuuri se juntou aquele abraço, desejando poder proteger o filho de qualquer tristeza que este tivesse que passar, mesmo que soubesse que não tinha poder para isso.

Em seguida, porém, o vôo de Victor foi chamado, e de maneira quase inconsciente o Nikiforov apertou mais os dois, sem querer se separar deles, ainda que fosse por pouco tempo. No entanto, sabia que seria necessário de qualquer maneira.

Foi com pesar e tristeza que o russo afastou Yukiteru de si, entregando-o a Yuuri, para logo depois beijar a testa da criança. Com a promessa que, não importava o que acontecesse, ele voltaria.

 

 

—...—

 

 

Fazia cerca de dez minutos que o avião de Victor havia partido, e Yuuri estava sem coragem para sair dali e afastar seu filho do vidro, o qual Yukiteru fitava de maneira religiosa com os olhinhos castanhos, as mãozinhas grudadas à superfície gelada, como se esperasse que, a qualquer momento, o outro pai descesse de um daqueles aviões.

Era doloroso ver aquilo, de uma maneira que não sabia explicar. Sabia que ambos precisavam ir embora, mas ao mesmo tempo não queria tirá-lo dali.

Por isso Yuuri fez apenas tocar a cabeça do filho, puxando-a um pouco para seu peito enquanto o envolvia com um pouco mais de força. Apesar de ser o adulto ali, estava chorando baixinho assim como Yukiteru, quando achava que deveria ser forte — ainda custava a entender que chorar nada tinha a ver com fraqueza —.

Tudo o que ele queria era poder proteger seu menino, não deixá-lo chorar jamais, mas tinha a noção de que não poderia fazê-lo. Se pudesse, Yuuri tomaria toda aquela saudade para si.


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Notas finais do capítulo

DESCULPA MEU AMOR POR DRAMA E NÃO DESISTE DE MIM
Beijos e até o próximo ♥



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