A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 21
21 — Saudade


Notas iniciais do capítulo

Oi gentinha, tudo bom? ♥ Eu demorei mais do que esperava pra voltar, e tbm não terminei o capítulo 22, mas senti que deveria vir postar esse aqui, sabe? Eu gostei TANTO de escrever ele (ainda que o resultado final não tenha sido dos melhores hahaha) mas eu realmente espero que vocês gostem e que leiam lembrando que esse é o antepenúltimo capítulo, ok? ♥ Eu não quero me despedir, socorro kkkkkkkk ~rindo de nervoso~

Enfim, espero que gostem meus amores, e boa leitura ♥



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Saudade

 

AS risadas de Yukiteru eram certamente a coisa mais preciosa que Victor já havia ouvido em toda a sua vida. Ver seu filho com o rostinho sujo de farinha, massa de tomate e uma porção de ingredientes aleatórios era algo adorável, e Victor iria abraçá-lo e se sujar sem pensar duas vezes, mas estava na mesma situação.

Hiroko e Mari haviam lhes ajudado com a comida, e bem, Victor se mostrara um desastre na cozinha, de certa forma, mas um talento nato para doces — ainda que fizesse una bagunça enorme. Agora, as duas tinham saído junto a Toshiya para deixar os três e Maccachin a sós naquela noite em que comemorariam o aniversário de Yuuri. Na realidade, eles passariam o resto da tarde com ele, depois que Yuuri saísse do trabalho, e o “devolveriam” à noite.

Agora, pai e filho estavam terminando de decorar um bolo, ou, ao menos, tentando. Estavam sujos e a cozinha extremamente bagunçada, mas Yukiteru parecia estar se divertindo demais com a situação, enquanto comia um morango que tinha sobrado do recheio. Na verdade, de tanto que Yukiteru havia comido enquanto estavam cozinhando, Victor duvidava que ele conseguisse jantar.

Derramou, com cuidado, a calda de chocolate sobre a massa branca, deixando que a cobrisse e toda e observou como os olhinhos dos filhos se focaram no doce. O menino era um comilão, assim como o pai japonês, e pensar nisso fazia o russo rir, melando um dos dedos no chocolate e passando sobre o nariz pequeno da criança.

O menino resmungou, passando o braço para limpar, acabando por se sujar ainda mais, e também a manga de sua blusa. Victor riu, e beijou os cabelos sujos de farinha.

“Hm, parece que esse garotinho precisa de um belo banho!” o de cabelos claros exclamou, fazendo carinho nas madeixas escuras do filho. “Claro, antes nós precisamos limpar isso aqui.” disse para si mesmo, e em seguida Maccachin apareceu, lambendo o rosto da criança. Victor piscou algumas vezes, Yukiteru riu.

“Macca! Cócegas!” o menino disse, ainda que entre risadas e se colocou a brincar com o grande poodle. Maccachin ainda era um pouco maior que ele, o Nikiforov podia notar enquanto observava a cena. Cada um daqueles momentos eram tão preciosos…  Ele não resistiu em tirar algumas fotos antes de se focar na limpeza da cozinha, em varrer o chão e passar um pano para deixá-lo tão impecável quanto Hiroko faria. Deu também uma atenção especial à louça que havia sujado — e que na era, nem de longe, pouca.

Fazer tudo aquilo era cansativo, sem dúvidas, mas era algo que Victor estava fazendo do fundo de seu coração, o que tornava aquele trabalho, sem dúvidas, leve.

Ele não contou quantos minutos do seu tempo precisou tomar para  terminar a organização da cozinha, mas se sentiu aliviado quando terminou, e profundamente agradecido por Maccachin estar “tomando conta” de seu filho enquanto ambos brincavam de correr como se não houvesse amanhã.

De onde vinha toda aquela energia? Da juventude e do açúcar, com certeza.

“Yu-ki.” chamou. O menino parou de correr para lhe encarar com seus grandes olhos castanhos. “Papai terminou de limpar, hora de tomar banho.”

“Eu quero tomar leite.” ele pediu, parecendo ignorar as palavras de Victor. “Por favor?”

Aquela vozinha melosa e aqueles olhinhos desejosos eram o ponto fraco do Nikiforov, mas o tempo de convivência com o pequeno o fizera aprender que apesar de não ter problema as vezes dar o que ele pedia, não podia fazê-lo sempre, ou estaria criando uma criança mal acostumada.

Pegou o menino no colo, e foi com ele até a sala, o colocando sentado sobre o sofá e sentou ao lado dele.

“Yukiteru” começou, olhando dentro dos olhos brilhantes do  menino. “Se você tomar leite agora, não vai ter lugar nessa barriguinha para comer quando o papai Yuuri chegar. Que tal guardar espaço para jantar com ele?”

Apesar de se emburrar num primeiro momento, Yukiteru assentiu, estendendo os braços para ser pego no colo novamente, e. sorrindo, Victor o fez. Precisava tomar um belo banho e dar um banho bem dado em seu pequeno  menino.

 

 

—...—

 

 

Respirando fundo e sentindo o coração bater forte demais, Yuuri se sentia em meio a uma crise de ansiedade quando se aproximou da porta de sua casa. Havia passado um fim de tarde agradável com seus pais e seus irmãos, mas a noite lhe prometia uma surpresa e isso o deixava nervoso, o fazia suar frio enquanto tentava criar coragem para abrir a porta.

“Nós voltaremos pelas onze horas.” sua mãe dissera quando haviam se separado na cidade e ela também tinha dito para ele se divertir, mas se Yuuri fosse sincero consigo mesmo, diria que queria fugir dali.  No entanto, Yukiteru demonstrara tanta, mas tanta felicidade em dizer que estava preparando uma surpresa para si que o Katsuki não conseguia nem pensar em desapontá-lo.

Nervoso, ele tocou a maçaneta da porta, perdendo as contas de quanto tempo passou segurando o metal frio, escutando as vozes que vinham por trás da madeira. Conseguia ouvir Yukiteru brincar animado, ainda que não entendesse uma palavra sequer vinda do filho pequeno, sua criança mais preciosa.

Respirou fundo, tentando afastar a ansiedade — ainda que soubesse ser impossível, afinal, convivia com ela há anos, como uma velha companheira —, e resolveu, por fim, girar a maçaneta e abrir a porta, encarando seu nervosismo.

Isto é, até que em seguida por derrubado por animado Maccachin que parecia ter sentido sua falta durante suas horas e ausência e lambia seu rosto com alegria, lhe tirando algumas risadas. Estar com o cão, de uma maneira ou de outra, sempre o fazia se sentir bem, e de forma quase automática o abraçou. Ah, seu coração estava batendo tão rápido...

“Papai chegou! Papai chegou!” Yuuri ouviu a voz de seu filho exclamar, e em seguida, foi Yukiteru quem pulou sobre ele, o abraçando também e parece alegre. “Feliz aniversário, papai! A gente fez comida pra você, e eu comi morango!” observando o sorriso largo, o japonês diria que nunca havia visto uma criança tão feliz por comer morango. “Vem comer com a gente papai!”

“Calma, quanto açúcar você comeu hoje?” o mais velho arqueou uma sobrancelha, e tirando tanto Yukiteru quanto Maccachin de seu colo, se levantou. Tanto a criança quanto o cachorro continuavam a parecer bastante alegres, e isso, de certa forma, o acalmava.

Claro, nada aquilo era o suficiente para tirá-lo de uma crise de ansiedade, e só quem passava por aquilo, sabia o quão horrível era, mas estar ao lado de ambos fazia com que a sensação ruim que consumia toda a sua mente e o seu corpo “diminuísse” aos poucos. Dar a mão para o filho enquanto adentrava a casa, sentir o conforto de seu lar e o cheiro da comida também o ajudavam, ainda que toda aquela “surpresa” — que já não era tão surpresa assim — lhe tivesse deixado com os nervos à flor da pele.

Entrou, fechando a por atrás de si e viu Victor aparecer no mesmo instante, com seu típico sorriso que lembrava um coração. Sorriu de volta.

“Yuu-ri! Bem vindo a sua surpresa de aniversário que já não é mais tão surpresa porque um pequeno fofoqueiro contou.” Disse, e tomou uma das mãos do mais baixo, beijando-as com carinho. Yuuri corou.

“Ah... Obrigado.” o japonês sibilou, suas bochechas completamente tomadas pela tonalidade vermelha. “Yuki disse que você fizeram o jantar. E que ele comeu morango.”

“E o que esse menino não comeu?” o russo arqueou ambas as sobrancelhas, fazendo Yuuri rir, ainda vermelha. Yukiteru soltou uma risadinha inocente. “Nosso menino é um pequeno saco sem fundo, nem sei se vai conseguir jantar. Como cabe tanta comida em uma coisinha tão pequena?”

“Eu me pergunto isso todos os dias desde que ele nasceu. Você não imagina o quanto esse gulosinho mamava.” Ele respondeu, acariciando os cabelos do menino que parecia fingir que não era com ele. “E vou tomar um banho, tudo bem? E depois podemos comer.”

“Tudo bem!” Victor assentiu, e estendeu os braços, fazendo Yukiteru correr até ele. Cuidaria bem dele até que Yuuri retornasse e eles enfim pudessem ter sua comemoração de aniversário.

 

 

—...—

 

 

 

Banhado, e com roupas simples que usava no dia a dia, Yuuri não entendia o porquê de Victor e Yukiteru insistirem de lhe tapar os olhos enquanto o guiavam para onde iriam comer, e quase sentia o nervosismo e uma nova crise de ansiedade atacar novamente, mas nada chegou a dizer, apenas se deixando ser guiado. Seu filho segurava uma de suas mãos, pulando alegre e Victor segurava seus ombros, impedindo que ele trombasse em qualquer coisa.

Quando finalmente chegaram, Yuuri sentiu o característico cheiro de comida caseira e o russo lhe tirou a venda, deixando que o moreno observasse à pequena “surpresa” preparada para ele.

Para qualquer um, os pirozhki de katsudon e o bolo de morango com cobertura de chocolate sobre o kotatsu podiam ser uma coisa simples, algo que poderia ser ignorado, talvez. Mas para Yuuri, naquele momento, aquela era uma das coisas mais lindas que alguém poderia fazer por ele, porque ele podia sentir o carinho emanar de tudo aquilo. O carinho e o amor.

Na verdade, vendo tudo aquilo, ele quase sentia vontade de chorar. Era como uma calmaria vinda antes da tempestade, mas Yuuri não queria pensar. Yukiteru exclamava alegre, como fora divertido fazer tudo aquilo, e o moreno não tinha palavras para dizer o quanto estava feliz. Qual havia sido a última vez que seu coração batera tão rápido, sem ser por causa da ansiedade? Ele não se lembrava.

Sentiu a mão de Victor se entrelaçar a sua, e levantou os olhos castanhos para fitar os azuis do outro. Ele não sabia explicar o quanto estava feliz, o quanto sentia as borboletas brincarem em seu estômago, e elas pareciam se agitar ainda mais quando Victor sorriu, se aproximando se si.

“Feliz aniversário, Yuuri.” O russo disse, depositando um selinho singelo sobre os lábios do outro. Yuuri sorriu.

Ele nunca se imaginaria tão feliz assim.

 

 

—...—

 

 

 

Depois de comer, rir, se divertir e lavar os pratos — e não tocar numa única gota de álcool — Victor e Yuuri talvez pudessem dizer que estava exaustos, além de felizes, é claro. E se eles não dissessem, Yukiteru diria, quase dormindo sobre o pelo macio de Maccachin que já tirava seu cochilo.

O japonês riu, olhando o relógio. Faltava pouco mais de dez minutos para as onze da noite, horário em que sua mãe disse que voltaria. E bem, ele até gostaria de esperá-la, mas o cansaço naquele fim de noite parecia falar mais alto. E Victor quase caindo no sono junto ao filho, parecia concordar plenamente com aquilo.

Yuuri se levantou, pegando Yukiteru no colo e ainda assim fazendo a criança levantar a cabeça num sobressalto, arregalando os grandes e expressivos olhos castanhos antes de relaxar novamente sobre os braços do pai. O moreno o olhou de maneira terna, e Nikiforov, sonolento, fez o mesmo, pegando Maccachin para levar para o quarto.

Normalmente o Katsuki trocaria o filho, colocando nele um pijama confortável e faria o mesmo consigo, mas abriria uma exceção para aquele dia, adentrando o quatro. As duas camas já estavam juntas e cobertas, Victor deixara tudo muito bem preparado.

Sorriu, colocando o filho na cama enquanto observava o russo deixar Maccachin no chão e se deitar, e o cachorro em seguida correr para se deitar os pés do dono, e Yuuri não conseguiu deixar de pensar que eles pareciam uma família.

Não, ainda melhor, eles eram uma família feliz.

Deitou-se, se cobrindo em seguida e sentiu a mão de Yukiteru se enroscar em sua camiseta. O menino fazia o mesmo com a de Victor.

“Boa noite papai.” Ele sibilou, se voltou para Victor, uma expressão serena e sonolenta. “Boa noite papai Victor.” Murmurou e dormiu em seguida.

Yuuri sorriu, terno, enquanto observava Victor, emocionado — e ele se emocinava cada vez que Yukiteru o chamava daquela maneira — acariciar os cabelos negros do garotinho adormecido.

É, definitivamente eles eram uma família feliz.


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Notas finais do capítulo

Esperam que tenham gostado, eu amo vocês ♥



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