A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 2
02 — O outro pai


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente (fora Temer) feliz natal pra todxs vocês coisas lindas do meu coração ♥♥ Vocês não sabem o quanto eu estou feliz por todo esse carinho, e eu não tô acreditando que partes de vocês encontraram essa fic em grupos e discussões sobre mpreg! Mano, EU TÔ TREMENDO HAHAHA ♥ E eu agradeço e muito por todo esse carinho

Esse capítulo foi feito com muito carinho e temos uma aparição de outros personagens, além do Victor, e aqui teremos meio que "um ponto de vista" do nosso patinador russo platinado, viu? ♥

Espero que gostem desse tanto quando outro, e eu já vou responder os comentários, viu? Beijos e EU AMO VOCÊS ♥



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O outro pai

 

NA realidade, Yuri Plisetsky não costumava acordar aquela hora da manhã nem para os treinos, mas o maldito barulho incessante de seu celular com as notificações não o deixavam continuar repousando, mesmo que seu corpo pedisse descanso após a Copa da Rússia. O louro resmungou algumas palavras de baixo calão e entreabriu os olhos de um verde intenso, fitando o o cazaque ainda adormecido ao seu lado, enquanto que o braço deste envolvia seu corpo, como num abraço que não cessa mesmo após uma noite inteira.

Aos dezenove anos de idade, medalha e ouro em três dos quatro Grand Prix em que já havia competido, ele nunca se sentira tão completo como quando assumiu publicamente o relacionamento com Otabek Altin, há dois anos. E agora, com extrema alegria encarava as alianças douradas que adornavam tanto o se anelar, quando o de seu atual noivo, e futuro marido.

Por mais que, no país em que vivia enfretasse todo o tipo de preconceito por conta de sua assumida orientação sexual — que ainda para os russos era um tabu, tendo a grande maioria da população tendo respulsa pela homossexualidade —, ele tinha seu avô ao seu lado, e também o homem com quem queria dividir sua vida, então nada mais importava. E além deles, Yakov, Lillia, alguns colegas de rinque, e também, seu técnico e coreográfo, Victor Nikiforov.

Mesmo que longos quatro anos tivessem se passado, o Plisetsky não conseguia esquecer aquela noite que havia destruído Vitor por dentro completamente, quando ele e o Porco tiveram uma feia discussão antes da final, e uma pior ainda depois, e pouco depois o moreno anunciara a aposentadoria da patinação competitiva. Na época aos quinze anos de idade, ele vira dois de seus grandes amigos — ainda que jamais fosse admitir isso em voz alta, para nenhum deles — se separem sem uma despedidam, e acabarem com um relacionamento, e também com um noivado saudável, lhe deu uma sensação de estar perdendo um pedaço de si.

Suspirou, sentindo o corpo inteiro doer por conta do programa complicado da noite anterior, e também a cabeça pelas notificações que não paravam de chegar a todo minuto. Tudo o que desejava era tacar o maldito aparelho na parede e soltar um belo palavrão, mas também não queria acordar Otabek.

No entanto, ou era acordá-lo enquanto se mexia, ou com um grito, porque não aguentava mais.

Rolou para o outro lado da cama, bagunçando ainda mais os lençóis e sentindo o novo se mexer, ainda que ele continuasse adormecido. Suspirou e pegou o celular, desbloqueando a tela em seguida. Um de suas sobrancelhas douradas foi levemente arqueada quando notou que estava sendo bombardeado de mensagens, e sendo marcado em vários vídeos nas redes sociais em que tinha conta. E estranhou mais ainda ao perceber que tais vídeos vinham de uma pessoa.

O Porco?; perguntou a si mesmo, ao abrir uma mensagem de Mila, o conteúdo era apenas da reprodução audiovisual e alguns emojis que demonstravam surpresa. Revirou os olhos, entediado.

Era bem verdade que o Yuuri japonês andava afastado de tudo depois de sua aposentadoria, e que até mesmo sua conta no Instagram estava inativa há dois anos. Na realidade, a últimas fotos que havia visto dele foram apenas as postadas por Phichit, meses antes. E apenas por isso resolveu dar play no vídeo, vendo logo no começo algo que o deixou desconcertado.

A criança que aparecia com o moreno no vídeo, enquanto este executava a coreografia do programa livre. A criança que também deslizava no gelo de mãos dadas com o adulto e que por vezes era jogada pra cima lhe era desconhecida, mas os cabelos negros e os olhos castanhos denunciavam os laços sanguíneos. Ainda que não se lembrasse do fato do Porco ter algum irmão, e seus pais eram velhos demais para ter um outro filho há tão pouco tempo, levando em conta que Mari já passava dos trinta e...

E naquele momento, Yuri Plisetsky sentiu a verdade lhe golpear como um belo soco na cara, quando notou que aquele sorriso definitivamente não pertencia ao japonês, e muito menos aquelas feições européias. Pausou o vídeo, sentindo um nó no estômago e deu um leve zoom na tela, para então não ter dúvidas.

Aquele rosto só pertencia a uma pessoa. E o louro sabia bem disso no momento em que pulou da cama gritando a plenos pulmões aquele nome.

"Victor!"

 

—...—

 

Algumas horas antes, no Japão

Para finalizar o programa livre, Yuuri tomou o filho pequeno nos braços, o girando no ar quanto ouvia as risadas infantis ecoarem por todo o Ice Castle, jogando o corpo pequeno para cima, como se Yukiteru saltasse. na realidade, como um flip quádruplo. Sorriu com a sensação, e após as sequências de giros, parou tendo o filho pendurado em um de seus ombros, ao passo que a outra mão apontava para Yuko, fora do rinque. A expressão da mulher era um misto entre emoção e riso, enquanto ela tapava a boca e o nariz com ambas as mãos, tentando conter as lágrimas.

"isso foi..." a de cabelos castanho-avermelhados começou, a voz embargada. "Foi lindo! Incrível, Yuuri! Foi tão, tão... Natural ver o Yuki e você patintando juntos!"

"Também não é para tanto." o japonês riu, sem graça, enquando colocava Yukiteru no chão para deslizarem juntos até a saída do rinque. Não importava quanto tempo havia se passado, ele ainda não sabia como reagir a elogios, viessem de quem fosse. Deu de ombros com o pensamento, e então seus olhos pararam nas trigêmeas. "Olá garotas." cumptimentou, e viu as meninas o fazerem de volta, assentindo.

Yuuri, no entanto, distraído em conversar com Yuko sequer notou que elas filmavam sua apresentação junto a criança. E se tivesse notado, não se pronunciou, afinal, elas haviam aprendido bem a lição da última vez. na realidade, a única coisa que o de cabelos negros fez foi rir, aparentemente empolgado com algo. Seu dia, apesar de tão ter acordado com Yukiteru ao seu lado, ia bem.

Bem até demais.

Ele e Yuko ainda discutiram um pouco a respeito das aulas do próximo final de semana, as crianças de Hasetsu haviam ficado empolgadas com a patinação e o balé após terem um vice-campeão naquela cidade. E Yuurinão podia negar que lá no fundo, sentia uma pontada de orgulho por ter acendido essa fagulha.

Se despediu da amiga, e com o filho do colo, resolveu que já era hora de ir, afinal, precisava fazer compras e prometera à Mari que a ajudaria com a limpeza das termas. Sem contar que tanto ele quanto Yukiteru precisavam descansar, já que Yuuri daria aula durante a manhã e tarde no dia seguinte e o menino iria para a creche.

Durante aquela volta, na passagem do mercado, na limpeza e mesmo na hora de dormir Yuuri não queria pensar em nada. Não queria pensar em como, depois de tanto tempo, havia executado novamente seu programa livre junto da criança que tanto amava, fruto de um amor tão forte do passado. Yuurisequer desejava olhar para o filho e no sorrisinho dele, encontrar o sorriso de Victor, mas sabia que aquilo não lhe era uma escolha, afinal, havia decidido levar a gravidez até o final.

E, foi lembrando de seus bons momentos com o russo, ele adormeceu, sem imaginar o que lhe esperava.

 

—...—

 

"Oh, Yurio, chegou cedo."

Otabek não conseguia entender o que estava se passando ali. Na realidade, sequer conseguia compreender o porquê de ter sido acordado com um grito estridente do noivo, chamando alto pelo de cabelos platinados com um tom pocesso enquanto se levantava da cama dizendo com raiva que iria até seu local de treinamento — e se o cazaque não tivesse intervido, ele teria ido sem vestir suas roupas, tamanha revolta.

Na realidade, durante todo o caminho em direção ao rinque de Yakov, o louro passou falando sobre um video, um menino e um Porco e xingando Victor com palavras de baixão calão. Não sabia ao certo o que se passou para que o Plisetsky ficasse daquela maneira, mas realmente havia sido algo sério.

Até porque, mal chegaram e Yuri simplesmente batera a porta do carro e correra até o rinque, gritando com o Nikiforov a plenos pulmões. O Altin chegou a pensar que o noivo paritiria para a agressão com o Victor. E Não imaginava estar certo quando o louro atingiu o outro com um soco.

"O que pensa que está fazendo da sua vida, idiota?"

Victor tocou o queixo, que doía como o inferno. Yurio ficava bem mais forte com o tempo, mas aquilo não vinha ao caso. Ele queria saber a razão de ter levado um soco tão forte.

"Wow, você tem uma forma bem peculiar de comemorar sua vitória na Copa da Rússia, hein?" o mais velho comentou, se levantando. O susto de ter o jovem indo para cima de si o fizera cair. "Espero que eu não tenha quebrado nenhum dente."

"Pare de falar besteiras, seu estúpido!" berrou, segurando a gola da blusa que o mais alto usava. "Vive me falando sobre responsábilidades, mas nunca assumiu as suas com o Katsudon, não é?" a simples menção daquele antigo apelido deixou Victor desconcertado. O Yuri de madeixas louras chegou a notar que o mais velho arregalou levemente os olhos azuis, e sentiu todo o seu corpo mais rígido.

Naquele momento, Yurio começou a pensar se Victor ao menos sabia da existência da criança que vira no vídeo, tanto que, antes que o próprio percebesse, já havia soltado Victor e estava encarando o chão, antes de tirar o celular de seu bolso. "Por acaso você e o Porco chegaram a tran-"

"Por favor, Yurio." o  Nikiforov o interrompeu, antes de ser colocar de pé totalmente, batendo em suas roupas pesadas para tirar o pó, naquele dia em especial fazia frio. "Eu não quero falar sobre o Yuu- sobre ele." e não mentia. Victor havia passado os últimos quatro anos tentando esquecer Yuuri Katsuki de todas as maneiras, o bloqueando em sua redes sociais e tentando ignorar suas ligações, e agora, parecia que o japonês simplesmente reaparcia do nada em sua vida.

"Então veja isso" o louro insistiu, e Victor arqueou uma de suas sobrancelhas. Yurio estava insistindo demais. Olhou para Otabek, mas este moveu a cabeça negativamente, como se não soubesse o que estava acontecendo. "e depois tire suas próprias conclusões se vale ou não a pena falar sobre o Katsudon."

O mais velho soltou um longo suspiro, aceitando a "condição" e pegou o celular, dando play no video aberto na galeria do louro. Em toda a sua vida, jamais deixaria de reconhecer a coreografia do programa livre de Yuuri, ou mesmo a música que haviam nomeado quando foi a Hasetsu. Mas não fora nada disso que lhe chamou a atenção, pelo contrário, foi o mesmo detalhe que fez o Plisetsky sair da cama para ir ali.

O menino junto de Yuuri tinha a sua cara, suas feições, sua maneira de mover, tudo! Não fossem os cabelos escuros, Victor diria que estava vendo a si mesmo patinando quando pequeno. E naquele momento as certezas da fada russa se tornou a sua, quando tirou os fones e respirou fundo, vendo seu antigo treinador se aproximar, provavelmente por conta dos gritos do louro.

"Yakov, vamos ao Japão."


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse cap, gente linda meu amor ♥ O próximo já está pronto, e vai ser mais longo, viram? Haha, eu espero ter todxs vocês lá, viram?

Beijos e até próximo ♥