A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 19
19 — Criança


Notas iniciais do capítulo

Oi gente ♥ Então, depois de quase dois meses desaparecida, eu ainda não morri e não pretendo fazê-lo antes de finalizar essa história!

Mas vocês já esperaram demais e não querem ler textão agora, né? Então eu deixei lá nas notas finais, ok? ♥

Boa leitura ♥



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Criança

 

ABRAÇAR alguém por livre e espontânea vontade não fazia o estilo de Yuri Plisetsky e todos ao seu redor sabiam muito bem disso. Mas naquele momento em especial ele abraçava Yukiteru com tanto carinho que Victor chegou a duvidar que um dia ele fosse soltar seu filho, ou mesmo que fosse o Ice Tiger da Rússia ali.

Ao lado do noivo, Otabek sorria com tranquilidade e Victor se perguntava quando ele havia ficado mais baixo que o loiro, não que isso fosse algo realmente importante ou mesmo relevante. Yuri, a criança que havia visto crescer e desabrochar nas pistas de gelo agora era um adulto, e futuramente Yukiteru seria um também.

Pensar nisso o fazia se sentir terrivelmente velho.

Tentou entrelaçar seus dedos nos de Yuuri, mas o japonês, envergonhado, se afastou. Soltou um longo suspiro, um pouco decepcionado. Tudo bem, ele precisava de um tempo e iria respeitar isso.

Lhe lançou um pequeno sorriso para o outro, sendo retribuído instantaneamente, sem sequer perceber a careta do jovem de cabelos claros, ou mesmo os olhinhos castanhos e repletos de curiosidade de Yukiteru encarando os dois.

"Vocês me dão asco!" o russo mais novo resmungou, pegando a criança em seu colo. Victor fez bico. "Katsudon Júnior, você trate de controlar esses dois e mantê-los na linha, viu?" o Nikiforov resmungou alguma coisa, fazendo-se de ofendido. Yuuri apenas riu baixo. "Promete?"

"Prometo!" Yukiteru respondeu, em meio a uma risadinha infantil, antes de envolver o pescoço de Yuri novamente, a expressão tornando-se um pouco tristonha. "Saudade."

Yuri apertou a criança um pouco mais forte, sentindo um nó em sua garganta. A cabeça do menino repousava em seu ombro, então não conseguia ver o princípio de choro no rostinho vermelho, ainda que imaginasse que o pequeno estivesse assim. Oh Deus, aquela coisinha pequena sabia que eles iam embora. E por mais óbvia que aquela afirmação pudesse soar — Yukiteru podia só ter três anos, mas não era um bebê —, ainda assim parecia que seu coração ia se quebrar em milhões de pedaços.

"Nós também vamos sentir muito a sua falta." ouviu Otabek dizer, e agradeceu internamente pelo noivo tê-lo feito. Não confiava bada em sua voz naquele momento. "E quando você vier pra Rússia, vamos brincar os três juntos com a Puma Tiger Scorpion."

"Tio Beka..." Yukiteru murmurou choroso, para depois estender os bracinhos para o cazaque, pedindo colo e sendo atendido.

"Fizeram meu filho chorar, parabéns! Que péssimos tios vocês são!" Victor resmungou, fazendo Otabek rir baixo. Yuri queria socá-lo, ele era um ótimo tio. "E que diabos de nome é esse? Coitada da gata. Prefiro Potya, né, Yuuri?"

"Você não tem que preferir nada, velhote!" gritou e leventou o dedo médio. Yuuri pensou que se Yukiteru copiasse, ele mataria um certo russo mal saído da adolescência. "O nome do deu cachorro pulgento é ridículo e ninguém diz nada."

"O nome do Maccachin é maravilhoso! E ele não tem pulgas, eu certifiquei vinte e sete vezes na última vez que dei banho nele e..."

Yuuri sorriu, observando aquela discussão sem objetivo algum senão descontrair aquela despedida. Estava tão acostumado a tê-los em sua casa que seria quase estranho voltar sem eles estarem lá. Bem, poderiam visitá-los a qualquer momento, se assim desejassem.

Olhou para o lado de viu Yakov se aproximando, ele havia ido resolver alguma coisa relacionada as passagens, trocar por um outro horário, algo assim. Inicialmente eles iriam partir tarde da noite, mas o idoso particularmente preferia ir mais cedo. Ele chegou, resmungando que eles já deveriam ir e os grupo seguiu para o embarque. Yuuri não queria se despedir, mas precisava.

"Trate de cuidar muito bem dos dois, Vitya." ele ouviu Yakov dizer ao ex-noivo, e viu Victor o abraçar com força e carinho. Yakov abraçou Yuuri também, ainda que o contato tenha parecido desconfortável para ambos.

E por fim, Yukiteru. O Katsuki até diria que ele tinha chorado, mas não viu seu rosto. Ele sabia que seu filho tinha chorado.

Ele também de despediu de Yuri e Otabek, o primeiro lhe dizendo que era melhor cuidar bem do "Katsudon Júnior", senão pegaria o primeiro vôo da Rússia para lá para socá-lo. Sorriu, esse era o jeito de Yurio dizer que sentiria falta.

Bem, Yuuri também iria sentir.

 

—...—

 

Victor os havia convencido a dar uma pequena volta por Tóquio antes de voltar para Hasetsu, e Yukiteru parecia um pouco emburrado naquele fim de manhã. Bem, Yuuri sabia que era por conta da despedida, e que a primeira coisa que o menino faria ao chegar em casa seria procurar pelos russos e pelo cazaque, e que depois ele choraria aos montes de saudades. Era doloroso, mas essa era a sua realidade de agora.

E Yuuri admirava a forma que Victor tentava animar o pequenino, lhe oferecendo alguns presentes, doces, mas a criança não parecia disposta a desamarrar o bico. Ele acharia adorável se não fosse quase deprimente ver seu filho chateado.

"Victor, dê um tempo a ele." pediu, acariciando os cabelos macios do garoto, que recostou a cabeça sobre seu peito. Deveria estar com sono.

"Mas Yuuri..." Victor choramingou, mas não decidiu por acatar o pedido do japonês. "Yuki vai dormir?" perguntou, após um suspiro. Tinha desistido de oferecer um doce qualquer ao filho.

"Acho que sim, nós o tiramos da cama cedo demais." respondeu, e deu de ombros. "E ele está tristinho também, vai ficar emburrado desse jeito por um bom tempo." Yuuri deixou um sorriso leve se desenhar por seus lábios, e Victor realmente se perguntou e havia no mundo um homem mais bonito do que ele. E então, os olhos de castanhos de Yuuri mudaram de foco, já não mais fitando os cabelos negros de Yukiteru.

Victor seguiu o olhar dele, indo diretamente para a loja que o outro encarava. Uma loja de vendas de animais e ele podia ouvir o barulho que eles faziam, como se tentassem chamar a atenção de algum possível dono. "Você quer comprar um?"

O rosto de Yuuri foi tomado por um rumor repentino, suave.

"Eh?" Não, não, de maneira alguma!" Yuuri exclamou, e escondeu o rosto por entre os cabelos perfumados de Yukiteru. "Eu... Sabe, não gosto muito dessa coisa de comércio de animais... Não acho justo..."

"Oh, acho que entendo bem." deu de ombros, achando-o incrivelmente adorável daquela maneira. "Você adotou o seu cãozinho?"

"Sim, a cadela da moça da loja de conveniência tinha tido filhotes na época, e eu fiquei com o Vicchan." o de cabelos escuros respondeu, e em seus olhos castanhos havia um brilho de saudades. "Ele era tão pequeno... Mas não cresceu tanto quanto o Maccachin."

"Meu deus, me disseram que o Maccachin não cresceria muito quanto eu peguei ele. Me senti enganado!" Victor exclamou, fingindo indignção, o que fez Yuuri rir. Ele gostava do som daquela risada.

Victor sorriu, e discretamente deixou que sua mão repousasse sobre o ombro do japonês. Yuuri levantou o olhar, corado, mas nada disse e o russo entendeu como uma permissão para manter a mão ali. É, eles iriam devagar, aos poucos, entendendo um ao outro.

Assim seria melhor para os dois.

 

—...—

 

Já era um pouco tarde quando eles finalmente regressaram a Hasetsu e à Yu-topia, com um Yukiteru faminto que deixou seu prato de katsudon na metade antes de adormecer no colo de Yuuri. O aroma quente da comida encantava Victor, e ele se sentia extremamente aquecido tendo os pés envoltos no kotatsu da sala. Aquele era um ambiente tão familiar que o russo se sentia emocionado.

"Esse garotinho aqui deveria estar na cama" Yuuri resmungou, tocando o ombro do filho e balançando com carinho. "Yuki, hora de ir dormir... Yuki..."

"Ah, ver vocês dois assim é tão lindo." Victor disse, sua cabeça apoiada em sua mão e o sorriso largo em seu rosto. Yuuri corou. "Por que não o deixa mais um pouco? Ele não vai ficar na cama sem você."

"Na verdade, eu ia dormir também." respondeu, e o sorriso de Victor se transformou em um bico chateado. "Você está vindo com a gente?" perguntou de forma inocente, livre de qualquer malícia. Desde a vez dos comentários desagradáveis, enquanto estavam na pousada dos Katsuki, não era incomum que dormissem ambos lado a lado, com o filho ressonando tranquilamente entre eles. Era, de certa forma, a maneira deles de manter a paz.

O russo assentiu, o sorriso voltando a se desenhar em seus lábios quando pegou a criança no colo para que Yuuri pudesse se levantar, e juntos, seguiram pelas escadas, pelo corredor, e por fim, até o quarto de Yuuri. Yukiteru parecia um pouco mais acordado devido ao pequeno "passeio" da sala de jantar até ali.

"Papai... Soninho..." ele resmungou contra o ombro de Victor, que apenas fez acariciar os curtos cabelos escuros. Oh céus, como ele amava o calor daquele corpinho pequeno.

Yuuri riu obsservando a cena e a achando extremamente terna. As duas camas, a de Yukiteru e a sua, permaneciam grudadas uma a outra a muito tempo. Ele, no entanto, desviou o olhar, agora, para si mesmo. Usava uma calça de moletom simples, larga, mas a camiseta não lhe deixava confortável o suficiente para dormir, e queria se trocar.

Ponderou se deveria fazer aquilo com Victor ali, afinal, sempre fora extremamente inseguro com seu corpo. Contudo, o moreno sabia que o outro não só respeitaria seu espaço caso pedisse que ele se retirasse, afinal, estavam indo devagar em relação a "refazer laços", como também sabia que ele nunca zombaria de si.

E Yukiteru dormia no colo dele, o que fazia com que o japonês decidisse por apenas permitir que ele continuasse ali. Deu-lhe as costas e em meio a um longo suspiro, puxou a camiseta por cima de seus ombros.

Apesar de dar aulas de patinação, Yuuri estava aposentado — e consequentemente fora de temporada —, então passou a não se importar tanto com a gordura que se acumulava em seu corpo. Sequer era aquilo que estava apreensivo que Victor visse, e sim, as estrias que se espalhavam pelo colo, próximas a marca da cesária. Aquela cicatriz nunca iria sumir.

Mais que depressa, pôs uma de suas camisas velhas, estas largas e confortáveis, e andou em direção aos dois que estavam ali. Victor estava sentado na beirada da cama, observando Yukiteru dormir chupando um dos dedos, o peito subindo e descendo de forma lenta.

Sorriu, e se juntou a eles.

"Como foi?" a pergunta fez o japonês levantar o rosto e franzir a testa, confuso. "Como foi no dia em que o Yuki nasceu? Você não me contou muito sobre isso, e eu basicamente só sei que não foi parto normal."

"Céus Victor, são onze da noite." respondeu, balançando a cabeça de maneira negativa. Ele podia ver Victor murchar com a resposta. "Se eu começar a falar agora, vou ficar aqui a noite toda, porque é muita informção."

"Eu não me importo!" a exclamação do russo veio seguida de um olhar pidão, e não era como se o moreno conseguisse simplesmente resistir aquilo. "Por favor, Yuuurii."

As bochechas do Katsuki tomaram um leve tom avermelhado, enquanto o outro piscou sem entender. Yuuri gostava, de certa forma, quando Victor puxava as vogais de seu nome. "Está bem, mas depois vamos dormir, tudo bem? Vou falar da versão resumida."

"Você promete que depois vai me contar com todos os detalhes?" pediu, empolgado. O sorriso do Nikiforov era tão contente que não iria conseguir negar, mesmo se quisesse.

"Prometo, mas fale mais baixo, vai acordar o Yuki." Victor tapou os lábios em um sobresalto, e Yuuri riu baixinho, se acomodando do seu lado na cama, seus braços envolvendo o corpo pequeno da criança ali. "Apague a luz."

O mais velho assentiu, e se levantou para fazê-lo antes de correr novamente para o aconchegou das grossas cobertas do quarto de Yuuri, o perfume do japonês impregnado nelas, mesclado ao aroma de um perfume infantil.

"Eu já estou aqui." ele murmurou e estendeu sua mão para tocar a testa do moreno, seus dedos frios passeando pela pele desnuda enquanto afastava os fios de cabelos rebeldes que compunham a franja de seus olhos. "Sou todo ouvidos."

Um silêncio caiu sobre eles, ainda que este não fosse nada desconfortável. Era, na verdade, como se Yuuri estivesse apreciando o toque de Victor. Os olhos estavam fechados enquanto sentia os dedos brincando com seus cabelos, também se sentia seguro, com confiança o suficiente para falar.

Ele abriu os olhos castanhos, mas manteve a pausa, como se pensasse ao certo por onde deveria começar. Ah! Havia acontecido tanta, mas tanta coisa naquele dia...

"Ele nasceu no dia treze de setembro, mas isso você já sabe." ia dizendo, baixinho. "E estava bem frio, mesmo faltando alguns dias pro outono começar e... Bem, eu estaba no Ice Castle quando a bolsa estourou. Ei já estava de nove meses."

"E o que você estava fazendo com uma gestação de nove meses fora de casa, Yuuri?" Victor levantou ambas as sobrancelhas e franziu o cenho, levemente preocupado. De forma inconsciente, levou suas mãos a tocar o garotinho adormecido, deixando o rosto do ex-noivo. "Podia ter acontecido alguma coisa! Se sentido mal, tido alguma complicação, algo assim!"

Yuuri riu, ainda que sentisse um pouco de falta o toque das mãos fria sobre a pele de sua face. "Meus alunos estavam ensaiando para uma apresentação o gelo. A gerência tinha me proibido de colocar patins e dar aulas, mas não podiam me impedir de assistir aos ensaios, nem me manter trancado em casa. Eu não estava doente."

"Mas o bebê..."

"Victor, eu não estava doente." riu-se. "Um pouco barrigudo e pesado, mas não doente. Sequer era uma gravidez de risco, e sim... Uma pequena bolinha de neve  dentro de mim. Céus! Eu amava tabnto quando sentia ele se mexia aqui dentro! Era uma sensação tão maravilhosa..."

"Wow, Yuuri, estou achando isso tão adorável só de imaginar." o russo sorriu, voltando seus olhos azuis para o outro, Era como se a imagem passasse por sua cabeça. Ah, como ele queria ter passado aqueles dias com Yuuri, lhe acariando a barriga e esperando o dia em que Yukiteru iria nascer. "Mas..." parou, voltando a se atentar à história contada pelo moreno. "Você disse que a sua bolsa estourou lá? Como assim?"

"Oh" os lábios rosados do japonês formaram um pequeno biquinho, como se tivesse se esquecido daquilo por um momento. "Bem, eu simplesmente sento uma cor chata, e quando levantei, o líquido já estava escorrendo pelas minhas pernas. Eu entrei em desespeto e a Yuuko começou a gritar. Foi uma loucura."

"Yuuri! Você fala isso com tanta calma que até me impressiona." o russo levou ambas as mãos às bochechas do Katsuki, seu olhar transparecia um pouco de preocupação. Era como se ele quisesse garantir que Yuuri estava ali, ao seu lado, bem seguro. "Te levaram para o hospital depois disso? Você estava sentindo dor? Sua mãe deve ter ficado muito assustada quando ficou sabendo."

"Eu entraria em desespero." Victor confessou, sua voz soando extremamente baixa, enquando que seus dedos escorregaram do rosto do mais novo e procuraram por sua mão. Yuuri riu, permitindo que seus dedos se entrelaçassem por sob as cobertas. "Se tivermos outro filho, eu com certeza vou surtar no dia em que ele nascer." e, dizendo isso beijou-lhe as costas da mão.

Um rubor manchou as maçãs do rosto de Yuuri, e ele sentiu os pelos finos de seu corpo se arrepiando um a um. Céus, o que ele menos estava pensando naquele momento era em ter outro filho. Envergonhado, ele soltou a mão de Victor e escondeu seu rosto corado com as cobertas quentinhas, enquanto que o outro piscava sem entender.

Mas ainda assim, ele gostava de causar aquelas reações em Yuuri. O moreno era tão adorável daquela maneira, sem tirar nem por. No entanto, aquele silêncio que começava a se instaurar o estava incomodando profundamente.

"E depois que vocês chegaram no hospital, como foi?" perguntou, verdadeiramente curioso sobre aquele detalhe.

Yuuri se remexeu sob as cobertas  soltou um longo suspiro antes de descobrir o rosto e voltar a fitar o mais velho. Ainda não tinha terminado de contar sobre aquele dia.

"Bem, acho que demorou meia hora para me encaminharem a sala de parto." respondeu, conforme as lembranças vinham a mente. "E apesar de ser pouco tempo, foram as meia hora mais demoradas da minha vida em uma sala de espera. Eu pensei que nosso filho iria nascer no corredor, Victor. Foi desesperador."

"Que... que descaso!" Victor exclamou, se sentando de uma vez na cama e quase acordando Yukiteru no processo. Ele não conseguia acreditar, muito menos aceitar aquilo. "E ninguém fez escândalo?"

"Ei, vai acordar o Yuki." o moreno resmungou, enquanto o outro fez bico e se deitou novamente. "E bem, eu estava em trabalho de parto, isso nem me passou pela cabeça..." riu sem graça, levantando os olhos castanhos para fitar o teto. Yuuri ficou em silêncio por um momento, antes de continuar. "E quando finalmente fui pra sala, tivemos que mudar os planos do parto. Digo, seria normal, mas eu não tinha dilatação o suficiente para isso e precisaram apelar para uma cesárea. Minha mãe entrou comigo porque eu não queria ficar sozinho. Ela segurou minha mão o tempo todo."

Oh sim, precisava agradecer à Hiroko por isso depois, por não tê-lo deixado só naquele momento tão delicado. Claro, Victor nunca havia passado pela experiência de gerar ou a do parto de uma criança, mas imagina que em um situação tão sublime, ficar sem ninguém ao lado tornaria todo aquele momento ainda mais complicado, mais desesperador. E ele queria mais do que qualquer ter estado ao lado de Yuuri, e lhe confortar a todo momento.

Seu silêncio foi como uma permissão muda para que o japonês continuasse.

"Quando eu peguei ele no colo eu chorei tanto..." ia dizendo, tomado pela nostalgia e pela saudade que aquelas lembranças traziam a sua memória. "De alívio por ele estar bem, de felicidade por ter meu bebêzinho comigo, de arrependimento por ter pensando em abortar... aquele momento foi tão especial! E foi o melhor dia da minha vida também. Aí eu desmaiei."

Victor engasgou.

"Q-que? Como assim? Desmaiou? E diz isso nessa tranquilidade?"

"Agora já passou." deu e ombros. "E bem, depois do parto minha pressão caiu muito e eu desmaiei. Quando eu acordei, estava no quarto, minha barriga estava fechada, tinha um bebê embrulhado no bercinho e minha mãe estava dormindo em uma cardeira super desconfortável. Eu me senti bem culpado de ver ela daquele jeito, sabe? Mas meu bebê tinha acabado de nascer, eu estava feliz demais. Ele era a criança mais linda que eu já havia visto na vida."

"É claro, ele puxou você."

"Victor!" Yuuri choramingou, constrangido, enquanto o russo riu. "Está me deixando com vergonha, droga!"

"Desculpe, desculpe." pediu, e Yuuri resmungou que ele não estava sendo sincero. "Pode continuar."

Yuuri assentiu, ainda que extremamente envergonhado.

"Não tem muita história depois disso. Eu levantei da cama, mesmo sentindo muita dor nos pontos da cirurgia e peguei o bebê no colo. Ele se mexeu assim que eu o peguei no colo, se mexeu e resmungou, Victor! Então abriu os olhinhos e começou a chorar, céus, eu achei aquele chorinho de fome tão lindo." havia muita emoção em sua voz, e realmente, o Katsuki se encontrava incrivelmente emocionado. Aquelas eram suas lembranças mais especiais, de seu dia mais especial. "Nem parecia que eu ia passar os próximos três meses sem dormir por causa daquele mesmo choro."

"Três meses?" a pergunta de Victor soou assutada, e ele olhou para Yukiteru no mesmo instante. Era realmente aquele Yukiteru? "Esse menino bonzinho? Tem certeza?"

"Cólicas não escolhem se o menino é bonzinho ou não." riu, para em seguida soltar om longo bocejo. Se ficasse, tinha certeza que passaria a noite inteira contando sobre os primeiros dias de seu filho, como havia sido amamentar, trocar as fraldas, sobre as primeiras palavras... Mas tudo isso ela simplesmente poderia deixar para outro dia. Acariciou os cabelos macios do menino, depositando um beijo leve sobre os fios. Yukiteru se mexeu, mas não acordou. "Agora vamos dormir, e amanhã a noite eu te conto mais, tudo bem? Boa noite, Victor."

O mais velho fez um bico. Não estava cansado e por ele, podiam continuar ali a vida toda, falar sobre Yukiteru e sobre como ele era uma criança fantástida nunca era demais, no entanto, se Yuuri estava cansado, respeitaria isso com toda certeza.

Levantou um pouco seu tronco, antes de incliná-lo e depositar um beijo leve e casto sobre os lábios rosados do moreno, fazendo o mesmo corar, ainda que um sorrisinho bobo decorasse seu rosto. Eles estavam indo devagar, em um ritmo que respeitasse o tempo de ambos, mas Victor não podia negar que amava o gosto dos beijos de Yuuri, e a maneira que ele ficava envergonhado sempre que o beijava.

Na verdade, Victor amava tudo em Yuuri, cada detalhe dele.

"Boa noite, Yuuri." sibilou, antes de beijar a testa da criança adormecida, desta vez ele abriu os olhinhos e Victor o abraçou para que adormecesse novamente. "Eu amo vocês dois."


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Notas finais do capítulo

Então, eu realmente peço desculpas por toda essa demora absurda para atualizar, pq tipo, foram quase dois fucking meses que eu deixei vocês esperando sem nem dar sinal de vida. Sério, eu não fiz isso por querer pq nunca que eu faria isso de propósito, vocês tem sido uns amores comigo, sempre me apoiando mesmo que eu não mereça e nem lhes dê a devida atenção (porque eu ainda não respondi os comentários, coisa que eu deveria ter feito HÁ MUITO TEMPO).

Nos últimos dias, dois fatos me impediram de trazer esse capítulo. O primeiro, foram os problemas pessoais, problemas BEM chatinhos que dessa vez eu prefiro não comentar. Eles me deixaram extremamente bolada a ponto de não conseguir escrever NADA, eu só olhava pra tela em branca e me sentia mal porque simplesmente não saia nada.

O segundo é o mais comum, o temido bloqueio. Sério, eu não sabia o que eu ia fazer nesse capítulo, não sabia começar, não sabia terminar, e eu nunca escrevo sem ao menos tem uma base, é algo meu que eu tenho desde pequena. Esse maldito bloqueio desgraçado filho da puta foi o motivo principal de eu não ter conseguido (porque u até consigo passar por cima dos problemas para escrever), e é isso.

Eu sei que a demora afasta os leitores e estou disposta a arcar com isso, mas eu realmente espero que me perdoem. Eu vou me esforçar para não demorar tanto para trazer os próprios e, consequentemente, o final de A Piece of Us para todxs vocês que me acompanharam até agora, e que me apoiaram seja com o sem sua interação. Vocês são muitos importantes para mim, de verdade.

Eu espero que tenham gostado desse capítulo e que perdoem essa autora aqui. Até os próximos ♥



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