A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 18
18 — Livre


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bom? ♥ Bem, eu tinha prometido que ia tentar postar esse capítulo no sábado, e graças aos céus e a todos os seres divinos existentes, EU CONSEGUI!!! ~não fiz mais que a minha obrigação, mas tô filiz~ Como eu havia dito também, esse é um capítulo programado. Eu o terminei na terça dessa semana e programei a postagem na quarta, porque minha mão já tava coçando pra postar XD

Hoje (quarta-feira, 17/05) eu tenho quase certeza de que não vou viajar, mas tô programando esse bagulho do mesmo jeito porque vai que né. E MAIS UMA COISAS PESSOAS LINDAS DO MEU CORAÇÃO: nesse dia 20, eu, autorinha que vocês amam (vcs me amam, né?) estou fazendo 18 aninhos de pura crise existencial! ♥

Há dezoito anos atrás, às 22h45 numa cidadezinha de fim de mundo mainha estava me parindo, e há 75 anos, minha bisa estava parindo minha vó, então se eu fosse viajar (ou se eu estivesse viajando) seria para a festa de aniversário dela XD

Eu estou muito feliz de trazer um capítulo no meu aniversário, sério ♥ E espero que vocês gostem de ler esse capítulo tanto quanto eu gostei de escrever ♥

Edit 1: Oi gente ♥ Então, eu não fui viajar -p Esse capítulo havia sido agendado para ser postados às 02h05 de hoje, mãs como a viagem molhou, eu resolvi tirar o agendamento e postar por mim mesma agora.

Edit 2: Adivinhem quem passou uma noite chorando por que a irmã deixou bem claro que preferia ir pra uma festa do que passar o seu aniversário ao seu lado? E que essa mesma irmã ainda por cima agiu como se estivesse me fazendo um FAVOR ao me dizer isso? Eu sou muito tonta por ficar triste com essas coisas, pqp. Desculpa os desabafo e vamô lê.

Boa leitura ♥

PS: segurem os forninhos.



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Livre

 

EM todos os seus anos como patinador profissional, Victor nunca havia chorado tanto em uma final de campeonato, ainda mais quando ele mesmo não estava participando. Ver a apresentação de seus atletas com os programas que havia feito evoluindo com o passar do tempo até atingir o pódio era algo que o fazia feliz como nada mais faria, ainda que naquele ano o ouro tenha sido de JJ — e precisava assumir que o canadense havia merecido.

Era gratificante ver o largo sorriso no rosto de Yuri ao beijar os lábios do noivo com as medalhas de prata e bronze a decorar seus pescoços respectivamente. Foi como se um um filme de todo o esforço dos dois passasse por sua cabeça, como se conseguisse se lembrar de cada uma das feridas que eles tinham nos pés, cada noite mal dormida por conta do treinamento, cada gota de suor, cada lágrima.

E tudo simplesmente valia a pena.

Para Victor, de nada importava se eles haviam conquistado o ouro ou não — parara de se preocupar tanto com isso depois que o ex-noivo parou de patinar. Eles estavam felizes, radiantes, juntos no pódio, e isso sinceramente era mais importante que algo redondo e dourado.

Yukiteru em seu colo e estranhamente acordado o olhava com curiosidade m seus expressivos olhinhos castanhos, como se perguntasse o motivo de tamanha emoção. Não que entendesse completamente o que havia acontecido ali.

"Victor tá chorando?" perguntou, e o platinado riu, secando algumas das lágrimas.

"Estou sim, Yuki." respondeu, dando de ombros levemente. "Quer saber por quê?" a criança assentiu animadamente, e um risada escapou por seus lábios. "Porque o tio Yurio e o tio Beka estão no pódio."

"Eles ganharam?"

"Não, mas quase. Ano que vem eles com certeza ganham." disse, completamente confiante de suas palavras enquanto via a cerimônia de premiação terminar e os medalhistas patinarem para fora do rinque. Eles precisavam se preparar para a apresentação de gala, mas JJ foi direto abraçar a esposa e a filha, que ria alto com o carinho.

Eram uma família linda, e parte de si invejava aquilo.

Em seguida viu Yuri e Otabek se aproximando. Já haviam recebido felicitações de Yakov e de Lillia que estava no telefone com o idoso. Victor os abraçou com força, quase esmagando Yukiteru no processo que resmungou, fazendo um biquinho de choro.

"Viu o que você fez, velhote?" o louro quase gritou, trazendo a criança para seus braços e lhe acariciando os curtos cabelos negros. "Tudo bem, tudo bem Katsudon Jr., nem doeu."

"Doeu sim!" o menino exclamou manhoso, e Otabek riu quando o noivo deitou a cabeça dele sobre seu peito, coberto pelo figurino do programa livre. "Tio Yurio mau!"

Nenhum dos três presentes ali conteu uma exclamação de surpresa, enquanto Yuri o encarava com seus olhos verdes arregalados. Daquele bando de estrangeiros, o único que Yukiteru tratava como algum parente era Yakov, o seguindo para cima e para baixo, o chamando de "vovô Yakov".

Aquilo era um grande avanço, e nenhum deles podia deixar de se sentir feliz.

 

 

—...—

 

 

Já passava das onze da noite quando Yuuri recebeu dois patinadores exaustos, uma criança adormecida e dois técnicos falando do quão incrível havia sido aquela final e o japonês não pôde deixar de se sentir tão empolgado quantos eles, enquanto felicitava os dois atetlas que, de lá, ainda teriam de ir no banquete.

Victor já dissera que arrumaria um jeito de fugir dali mais cedo, enquanto entregava Yukiteru dormindo em seus braços. O garoto havia caído no sono logo depois da apresentação de gala de JJ, e Yuuri comentou o quanto havia demorado para isso acontecer. Decidiu que não deixaria o filho repetir sobremesa da próxima vez.

"Tem certeza de que não quer vir conosco?" perguntou, enquanto o Katsuki colocava o filho na cama, o cobrindo. "Não vão ter repórteres lá."

"Temos uma criancinha dormindo aqui, Victor." o japonês deu de ombros, sorrindo em resposta. "Divirta-se, não precisa se preocupar com a gente, Yuki estará me fazendo companhia."

Um silêncio caiu sobre eles, mas não era desconfortável como nas primeiras vezes desde que se reencontaram. Era um silêncio respeitoso, agradável, enquanto ambos observavam o filho dormindo, como dois pais babões que realmente eram. Yukiteru era a coisa mais preciosa de suas vidas, e ambos o queriam sempre ali, tão próximo.

Victor deixou-se colocar uma mão sobre o ombro de Yuuri coberto pelo grosso casaco, que lhe dava um aspecto mais gordinho do que realmente estava. E bem, estavam fora de temporada, além de Yuuri nem mesmo patinar, ele achava adorável pensar em que como seria brincar com suas gordurinhas.

Yuuri sorriu, apreciando o toque ainda que superficial. Era impressionante como, de uma hora para a outra, fosse como se o passado não mais existisse. Ele gostava da sensação de paz que se estabelecia sobre eles.

"Ele é lindo dormindo, não é?"

"Como você."

"Victor!"

Riu, sem graça, enquanto que o russo deixava que um largo sorriso se desenhasse em seus lábios quando se permitiu abraçar os ombros do Katsuki. Havia tanta coisa que queria dizer, que queria discutir, conversar. Eles tinham tantos motivos para rir, chorar e até mesmo brigar, mas Victor não queria nada além de apreciar a presença do outro ali.

Mais uma vez o quarto se tornou silencioso enquanto que a única coisa que podia ser ouvida era a respiração dos três ali. Os dois pares de olhos abertos focados na criança adormecida, observando com ternura a forma com que o peito de Yukiteru subia e descia lentamente, tranquilo e alheio a tudo que poderia estar acontecendo.

"Yuuri?" Victor chamou, depois de longos momentos quieto. Ele ainda teria que acompanhar seus atletas no banquete, mas não desejava sair dali.

"Hm?"

"Não acha que está na hora de conversar sobre nós?" o russo perguntou, por fim, e notou como o corpo de Yuuri parecia ficar rígido, mas sua expressão não apresentava nenhuma mudança, como se na verdade esperasse por aquilo.

"Acho." Yuuri replicou, seguido de um longo suspiro. "Mas não hoje, Victor. Você tem uma festa para ir com seus atletas, e nós temos tempo até que você vá embora. Não vamos apressar demais as coisas, sim? Isso não eu muito certo da última vez."

Desta vez, Victor que suspirou, assentindo ainda que um pouco contrariado, mas concordava com o japonês. Era melhor irem devagar.

"Mas..."

"Mas?" arqueou uma sobrancelha, esperando que o japonês continuasse, e viu Yuuri corar.

"Mas de uma coisa você pode ter certeza: eu ainda não esqueci você."

 

 

—...—

 

 

Após a volta para Hasetsu os dias pareciam passar de forma mais arrastada, quase engatinhando. Yuri e Otabek preparavam as malas para partir de volta à Rússia e em seguida ao Cazaquistão com o objetivo de descançar antes dos treinamentos para a próxima temporada se iniciarem. Victor já havia conseguido convencer Yakov que ficaria no Japão por pouco mais de um mês, prometendo que usaria esse tempo para tomar conta de Yukiteru.

Yuuri havia voltado ao trabalho em horário integral, o filho a creche e os dias de Victor se tornavam um pouco vazios. Claro, ele ia com o japonês levar a criança para a escolhinha todos os dias, encarava as roupinhas de Yukiteru religiosamente e já tinha visto os albúns de fotos do pequeno tantas vezes e tirado tantas fotos dele que quase tinha lembrança suficientes para uma vida inteira.

Naquela tarde de sábado em especial que antecedia a partida dos dois patinadores e do idoso, Yuuri conseguira sair das aulas mais cedo e deixou um largo sorriso se desenhar em seus lábios assim que viu o filho de longe, correndo para apertá-lo entre seus braços protetores.

"Como está essa coisinha mais linda da minha vida?" perguntou, quebrando o contato do abraço para fitar o rosto redondo da criança.

"Yuki tomou sorvete com Victor!" o menino respondeu, e Yuuri levantou os olhos castanhos para fotar Victor com seriedade. Estava frio demais para aquilo!

"É que você não viu a carinha que ele fez, Yuuri." o russo choramingou, se aproximando com um biquinho. As expressões do pequeno por vezes eram irresistíveis de tal forma que... "Desculpe, não faço mais."

"É a terceira vez que você diz isso!" resmungou, e viu como o filho ria da situação. Aqueles momento eram tão preciosos. "Por que você não vai brincar com o Maccachin, querido?"

"Pode dormir com ele?" os olhinhos castanhos brilharam, e o Katsuki mais velho quase deixou. No entanto, dormir com o grande poodle trancaria completamente o nariz do menino.

"Não hoje, Yuki." respondeu, dando um sorriso doce ao filho. "Vamos à praia com o papai e com o papai Victor hoje?"

"Vamos!" Yukiteru soltou uma exclamação alegre, e por mais que estivesse um pouco frio Yuuri se sentiu ansioso pelo passeio. E olhando para Victor, podia perceber que ele pensava da mesma maneira. Os olhos azuis brilhavam.

"Então você fica com o papai Victor enquanto eu tomo um banho?" perguntou. Yukiteru fez uma pequena careta, mas acabou por assentir, correndo em direção ao cachorro peludo. Yuuri achava bonita a amizade que as crianças desenvolviam tão facilmente com os animais.

Mirou Victor, lhe lançando um sorriso que logo foi retribuído antes de subir as escadas da varanda e entrar na pousada, deixando o ex e o filho sozinhos por mais algum tempo. Era interessante a forma como o filho e o russo se aproximavam, pouco a pouco, com o passar dos dias.

Assim que viu o japonês se afastar, o Nikiforov deu alguns passos em direção ao menino que tinha o cão sobre si, lhe lambendo as bochechas e a lhe arrancar risinhos divertidos. Ele gostava do som das risadas de Yukiteru. Era doce, fina, infantil e permada de ternura.

Maccachin o viu e correu eu sua direção, com o menino de cabelos escuros em seu encalço. Cabelos estes, que fez questão de bagunçar, enquanto observava a sujeira que se espalhava pelas roupas claras do pequeno. "Acho que você também precisa de um banho, não é?" riu-se, pegando o garotinho no colo e caminhando para a parte interior da casa, enquanto o poodle os seguia.

Perguntou à Hiroko se podia tirar o excesso de sujeira da criança no banheiro da ex-sogra e depois levá-lo às termas, recebendp uma confirmação animada por parte da mulher baixinha. Perguntou também sobre Yakov e o casal de noivos, e ela explicou que haviam saído para um último passeio naquela visita a Hasetsu. Sorriu e deu de ombros, para em seguida caminhar para o quarto de Yuuri, pegando uma toalha e o pequeno roupão do filho, de lá, para o quarto dos avós de Yukiteru.

Com cuidado, ligou o chuveiro e esperou que a temperatura estivesse agradável o suficiente para que retirasse as peças de roupas que cobriam o corpo pequeno do menino, e lhe tomando pela mão, o guiou para debaixo d'água, agradecendo a todas as entidades que naquele dia sua cria não quisesse jogar água para todo canto.

"Victor." ouviu a vozinha fina lhe chamar, e parou de lavar a pele suja de terra para encará-lo, lhe dando confiança para continuar. "Você também é meu papai?"

O russo parou por um momento, tentanto digerir a pergunta direito. Nos últimos dias Yuuri e ele haviam conversado ainda mais com o menino a respeito daquele assunto, mas era a primeira vez que ele demonstrava ceder, ainda que bem pouco.

"Sou sim, Yuki." fez uma pausa, pensando em quais seriam as melhores perguntas a serem escolhidas. Não queria errar ali e acabar com a relação que estava começando a ter. "Sabe, seu papai e eu nos amavámos muito."

"Não ama mais?" a segunda pergunta era como um soco no estômago, e por mais que tivesse dito ao Katsuki mais velho que precisavam conversar sobre "eles", não sabia o que responder. "Papai disse que ama você."

Um baixa exclamação surpresa deixou os lábios brancos de Victor e nada mais, enquanto ele arregalou os olhos claros e encarou a criança que lhe fitava com curiosidade. Ele piscou os olhos três ou quatro vezes, tentando absorver a informação ou formular uma frase. Não conseguiu.

"Você não ama o papai?" Yukiteru perguntou novamente, e Victor se sentiu puxado de volta para a realidade.

Ele não amava Yuuri? A resposta era óbvia, e ele não via motivos para não sorrir e deixar seu coração bater de forma descontrolada.

"É. Eu amo o seu papai."

 

 

—...—

 

 

As palavras ditas pelo filho não saiam de sua cabeça, e Victor sentia como se não pudesse relaxar, mesmo sentado sobre as areias fofinhas da praia de Hasetsu e observando o menino correr e gritar feliz enquanto Maccachin o acompanhava como fiel companheiro. Yuuri estava ao seu lado, trazendo um sorriso radiante enquanto não hesitava em tirar várias, várias fotos que se transformariam em doces lembranças.

O russo não sabia como iniciar uma conversa, coisa rara de se acontecer. Tinha tantas perguntas e tão poucas certezas.

Crianças não mentem.; pensou. Seu coração batia forte, rápido. Tinha certeza de que Yuuri conseguiria ouvir. Mas Yuki pode ter se enganado. Yuuri pode ter falado do falecido cachorro dele... Tudo bem, ele disse que não te esqueceu, mas foi só isso.

Para ele, não saber o que dizer ou mesmo como agir era uma novidade. Bem, ele era Victor Nikiforov, sempre tive o mundo sob as lâminas de seus patins, mas as coisas não funcionavam dessa maneira se tratando de Yuuri e de Yukiteru.

Mordeu o lábio inferior, uma infinidade de frases passavam por sua cabeça, embaralhadas enquanto tentava escolher uma única para dizer. Seus olhos azuis miraram seus pés desnudos, e podia sentir o perfurme de Yuuri, sendo levado pelo vento leve e frio que os atingia em cheio. Se lembrava da vez que estivera ali com ele, pouco antes das competições nacionais e do programa livre dpo Katsuki ficar pronto.

Quando ofecereu ser seu namorado.

Aqueles eram bom tempos que não voltariam, apenas memórias de um acontecimento de quatro anos atrás, Victor sabia disso. E sabia também que podia criar novas memórias, essas que agora tinha a chance de se tornarem eternas, e não apenas serem deixadas para trás.

"Yuuri." chamou, finalmente tendo coragem o suficiente para tal. O outro o fitou, seu rosto redondo não estava coberto pelos óculos de armação azul, estes colocados cuidadosamente sobre a areia. "Acha que... Nós já podemos ter a nossa conversa?"

O japonês pareceu ponderar, demorando um pouco a responder. Na verdade, Yuuri sentia seu coração bater mais forte, era como se Victor lesse seus pensamentos, já que iria propor aquilo.

"Sim, eu acho." respondeu, e o russo notou como a cor tomava conta de suas bochechas. Aquele rubor que tanto achava adorável. "Mas... Eu não sei o que dizer."

"Nem eu." o de cabelos platinados se riu, de modo a tentar tranquilizar o mais novo. Precisava ser cauteloso, escolher bem as palavras. O silêncio caiu sobre eles por um tempo, e se colocou a fitar o filho brincar de fazer um castelhinho de areia, enquanto Maccachin cavava ao lado dele. "Hoje o Yuki disse que você me amava."

Ouviu o homem ao seu lado engasgar, e mesmo sem olhar para ele sabia que o rubor em seu rosto havia aumentado. Na verdade, Victor tinha certeza que o vermelho em seu próprio rosto estava intenso, enquanto suas mãos, trêmulas. Se perguntava se fora uma boa ideia iniciar aquela conversa.

"Ele está mentindo?" insistiu, sem nem saber de onde saira sua motivação para fazê-lo.

"Não." a voz do outro vinha baixa, quase que num sussuro, e ainda assim Victor havia conseguido ouvi-la. Seu coração disparou. "Eu o ensinei a não mentir e... Eu me sinto um idiota."

O russo se voltou para dizer que não, que ele não era um idiota. E mesmo se fosse, então seriam dois, porque sentia o mesmo, aquele sentimento que insistia em não morrer de maneira alguma, mas se impediu assim que viu as lágrimas presas aos olhos castanhos do outro, insistindo em querer cair por seu rosto.

Yuuri estava chorando. Segurando o choro, na verdade.

"Yuuri..." sibilou, e estendeu a mão para tocá-lo. Yuuri o afastou.

"Desculpe, desculpe, eu sou um bobo, não sou?" perguntou, abrindo um sorriso triste. Fez menção de secar as lágrimas, mas deixou seu braço pender ao lado do corpo. Não havia o que esconder. "Eu te privei de estar ao lado do seu filho por tanto tempo e ainda me vejo no direito de ter algum sentimento por você..."

Victor se deixou soltar um suspiro, antes de passar os braço por cima dos ombros do outro, a trazê-lo para mais perto. Sentia as lágrimas de Yuuri caindo sobre o tecido de sua blusa, e agradecia o fato de Yukiteru estar afastado, não gostaria de ter que explicar à criança o porquê do outro estar chorando, e se odiava por ser a causa disso.

"Se você é um bobo, eu sou o que?" perguntou, adotando um tom divertido. "Eu disse que te odiava e que nunca mais queria te ver na minha frente nem pintado como uma medalha de ouro. Eu também não contaria a um homem que me disse isso que estou esperando um filho dele."

"Eu não tinha o direito de esconder."

"E eu não tinha o direito de nem tentar te ouvir, Yuuri." Victor sentia que iria chorar também. "Mas por que nós dois bobões estamos falando disso? Nossa conversa não era outra?" riu. Um riso embargado, enquanto ele trazia Yuuri para mais perto, como se pudesse protegê-lo do mundo.

Ele sabia que não podia, que o mundo era cruel, que não podia estar ao lado de Yuuri o tempo inteiro, mas queria. Queria abraçá-lo e nunca mais deixá-lo ir embora novamente. Não sem lutar, não lhe dando apenas um olhar frio e nem mesmo um "adeus".

"Era." Yuuri sussurrou, e se deixou acomodar um pouco mais aos braços calorosos de Victor. Se sentia protegido assim. Aquelas duas semanas e alguns dias foram o suficiente para despertar todos aquelas sentimentos que há muito estavam guardados, trancafiados dentro de si. "Foi o que eu te disse no hotel: eu ainda não te esqueci, e como o Yuki te disse: eu ainda te amo."

"Eu estou surpreso que o nosso pequeno linguarudo não te contou" o russo riu baixo, passando as costas das mãos nos olhos para secar as próprias lágrimas. Ele afastou um pouco Yuuri, e com os polegares tratou de secar as lágrimas dele. Um sorriso de pura ternura enfeitava seus lábios. "Mas esse seu sentimento é bem recíproco. Ou seja, somos dois idiotas."

Yuuri arregalou os olhos castanhos, e os lábios tremeram um pouco, denunciando o choro que voltaria a cair sobre seu corpo, e voltou a se agarrar as vestes de Victor, ao seu calor. O outro o acolheu em seus braços com carinho, querendo mantê-lo por perto.

Victor podia sentir como o peito de Yuuri subia e descia, a respiração difícil, e podia sentir suas próprias lágrimas escorrerem por seu rosto, ainda que o sorriso se mantesse ali, intacto. A voz de Yukiteru ecoava por ali, enquanto que a criança e o cão se jogavam por cima de ambos, um convite mudo para brincar dutante todo aquele fim de tarde. Ele riu, contente ao se levantar e ofecer uma mão a Yuuri que a aceitou de bom grado.

Não haviam se beijado, não haviam se tocado de forma mais íntima, mas ele podia ver os tons do crespúlo contra o rosto do outro, aquele sorriso que fazia como que todo o seu corpo se aquecesse e tinha a certeza de que não acabaria ali.

Para ambos, apenas aquilo era mais que suficiente.

 


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Notas finais do capítulo

Pra quem quiser ser amiguinhx da autora: https://www.facebook.com/profile.php?id=100008307753048, mas antes de mais nada vale lembra que eu, Ana Caroline sou problematizadora/esquerdista/feminista/simpatizante LGBT/Lula2018/negra/que compartilha umas coisa idiota/problematiza 2D. Só pra ninguém se iludir comigo -p

Inicialmente, eu planejava postar um capítulo no dia do meu aniversário do mesmo jeito, mas inicialmente, seria o capítulo vinte e seria o último. PORÉM foi decidido que teremos 22/23 capítulos e não vinte, e trago o dezoito no dia de hoje, que por coincidência (ou não) é a idade que eu estou fazendo.

SOCORRO ALGUÉM ME DEVOLVE PROS DEZESSEIS!
COMO ASSIM EU FAÇO VINTE DAQUI A DOIS ANOS? ONTEM EU TAVA COMENDO TERRA!!!

Espero que tenham gostado, amores ♥ Até a próxima♥

PS: Perdoa meus surtos e não desiste de mim.



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