A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 15
15 — Tóquio


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO MORRI (ainda)

E cá estou eu novamente com um novo capítulo, que, sinceramente, eu espero que gostem ♥Eu terminei ele num surto de inspiração, então tô bem feliz hahaha

Primeiro, eu agradeço aos comentários que vem se seguindo até aqui, e vou tentar começar a respondê-los (mesmo estando em meio a um bloqueio, eu vou me esforçar), e peço desculpas se eu não conseguir :/

Enfim, deixem-me postar isso logo, porque se eu for pega aqui a essa hora... Nossa!

Boa leitura ♥



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Tóquio

 

 

YUURI mordeu o lábio inferior com força, e seus olhos castanhos fitaram as mãos desnudas, enquanto Victor ainda lhe encarava. O convite vindo do outro não era absurdo, apesar de lhe surpreender bastante, mas ainda assim uma onda de nervosismo abateu seu corpo. Yukiteru adoraria ver uma final de perto, nunca levara o filho em uma competição, afinal.

Mas naquele momento não era apenas aquele detalhe que importava, de maneira alguma. O vídeo circulando pelas redes sociais, os comentários a seu respeito, os possíveis pensamentos das pessoas, tudo isso atingiu Yuuri como um flecha em seu coração, e ele sentiu como se começasse a tremer, apenas de imaginar tudo aquilo.

A proposta era ótima, mas cheia de poréns. E Victor pareceu perceber isso, suspirando em meio ao silêncio que o japonês deixara cair sobre o quarto e sorriu em seguida, colocando uma mão sobre o ombro do ex-noivo.

"Eu sei que o que você leu ontem te abalou, e eu estarei aqui para tudo que precisar, tudo mesmo, Yuuri." ele disse, compreensão inundando sua voz. "E não quero que se sinta pressionado a aceitar, quero que você fique bem."

"Desculpe." o Katsuki sibilou, enquanto que o outro se deixou abraçá-lo. Yuuri precisava ser compreendido, e Victor sabia bem disso.

Havia sido por falta de compreensão, que o russo tinha dito que se ele não continuasse patinando poderiam terminar por ali. Por falta de compreensão, o moreno não quis lhe ouvir, quando ele tentou convencê-lo. Mas isso era passado, e ambos queriam viver o presente.

"Você está pedindo desculpas por que, Yuuri?" o platinado levantou uma sobrancelha, um tom divertido em sua voz. O outro podia até jurar que o sorriso dele lembrava um coração. "Não se preocupe, está tudo perfeitamente bem, eu nem fiz reservas a mais..." não ainda, ao menos.

"Eu não queria que... O Yuki perdesse essa opotunidade porque eu sou um idiota fraco emocionalmente..." sibilou, e sentiu as mãos de Victor lhe envolvendo com carinho.

"Yuuri, você não um idiota fraco emocionalmente, e nem tem culpa se pessoas horríveis destilam ódio contra você. Você é incrível, nunca se esqueça disso."

"Pare com isso, você só está sendo gentil." o moreno sorriu, ainda que Victor pudesse ver o pesar em seu olhos castanho escuro. "Eu não sou incrível."

"Você levou uma gravidez sozinho e criou o Yukiteru sem mim durante três anos. Se isso não for ser incrível, eu não sei o que é." disse, e assim que o japonês abriu a boca para dizer algo, o interrompeu. "Tá, o fato de eu não saber não importa agora, Yuuri. E sim, toda a sua trajetória até aqui, afinal, você é o medalhista de prata no seu segundo Grand Prix, certo?"

"Yurio foi medalhista de ouro no primeiro Grand Prix dele." deu de ombros e riu em seguida.

"Ah, deixe de ser um chato exigente." Victor choramingou, parando para ouvir a risada gostada do outro. Como amava quando fazia Yuuri Katsuki rir. "Mas o que eu quero dizer, Yuuri, é que você não deve se culpar por isso, ok? Se não for essa competição em que levaremos nosso floquinho de neve, será numa próxima."

"Está bem..." Yuuri sibilou, e se colocou a fitar suas mãos nuas, enquanto que uma ideia passava por sua cabeça. "Ei, por que não vão só você e o Yuki?"

"Francamente Yuuri," o mais velho começou. "eu não creio que ele iria sozinho comigo para Tóquio e..." observou o semblante do ex-noivo, e o sorriso que ele esboçava. Era como se apenas com aquilo pudesse comprrender cada palavra que o outro queria lhe dizer. "Ah! Entendi! Você iria com a gente, mas não precisaria aparecer na competição."

"Isso, eu não preciso sair do hotel, sequer ficar no hotel oficial, e muito menos privar o Yuki disso."

Victor suspirou.

"Você não estaria privando o nosso filho de nada, e eu não quero que se force demais. É importante cuidar da sua saúde emocional, ok?" dizia, enquanto que os olhos intensos do japonês acompanhavam cada um de seus gestos de mão exagerados. "Você não precisa ir, não precisa se forçar pra ir, muito menos ficar trancado em um hotel o três noites inteiras" ainda mais sem ser o oficial. "só pro Yuki ir comigo. Pode ser em uma próxima vez, eu não ligo."

"Já terminou?"

"Você ao menos ouviu uma palavra do que eu disse?"

"É claro que ouvi, Victor." Yuuri deu de ombros, e apesar de sorrir, no fundo o Nikiforov duvidava um pouquinho, mas não tornaria a perguntar. "E vou repetir, está tudo bem. Yuki e eu iremos juntos, então não se preocupe, tudo bem?"

"Você está me pedindo uma coisa quase impossível, Yuuri, não me preocupar com você." Victor tornou a suspirar, mas acabou por abrir um pequeno sorriso. "Então nós faremos assim."

 

 

—...—

 

 

Dias depois.

Em seus três anos de idade, Yukiteru nunca havia saído de Hasetsu, nem mesmo quando o pai precisava ir a alguma outra cidade. E por isso, estar a na cidade que nunca dormia fazia com que seus olhinhos escuros brilhassem, e com que um largo sorriso se desenhasse em seu rosto infantil, enquanto apontava para tudo o de diferente que via, ria e falava pelos cotovelos, feliz. Para Yuuri e Victor, aquela era uma visão encatadora — para Yuri também, mas ele nunca admitiria isso, e Otabek estava dormindo.

Depois de algumas discussões, Victor acabara por convender o Katsuki por ficar sim no hotel oficial, estariam no mesmo ambiente, ainda que em suítes separadas, e por isso, haviam saído mais cedo que o esperado, de modo a não cruzar com nenhum repórter inconveniente.

E de forma surpreendente, Yukiteru estava acordado, esbanjando energia, fazendo com que seus pais sentissem uma leve aprensão, já que o platinado pretendia levá-lo no treino aberto daquela noite: e se o pequeno estivesse dormindo naquele horário?

Yuuri o mataria se sequer cogitasse acordá-lo. E ele não teria coragem de fazer isso, seu filho era a coisinha mais linda e preciosa do mundo quando dormia — e em todos os outros momentos também.

"Victor, controle sua criança." o loiro resmungou mostrando um semblante irritado ainda que de puro fingimento.

"Ah, deixe o Yuki brincar." o Nikiforov resmungou fazendo um biquinho, e ouviu o outro estalar a língua, o levando a rir enquanto sentia o carro balançar um pouco. Haviam flertado uma minivan para a viagem, e por isso estavam bastante confortáveis, ainda que Yakov reclamasse um pouco. "Olha, ele é adorável, puxou a mim, não é?"

"Deus livre essa pobre criatura!" o russo mais novo replicou, e Victor se fingiu de ofendido. "Pobre menino se crescer e ficar igual a você, velho!"

"Não seja cruel, Yurio..." o bico do platinado cresceu. "Tenho certeza de que ele quer ser como eu quando crescer, não é, Yuki?"

O garotinha de cabelos escuros o fitou, elevando um pouco o tronco, preso a cadeirinha — dera imenso trabalho para sentar ali, Victor nunca imaginaria que alguém tão pequeno pudesse berrar tanto às duas da manhã —. Uma expressão emburrada se desenhava em seu rosto antes animado. "Não, Yuki quer ser como papai."

Naquele momento, Victor pensou que iria chorar.

Mas eu também sou seu pai.; pensou, ainda que não externasse e apenas fizesse abrir um sorriso decanto, forçado, triste.

"Yukiteru, já conversamos sobre isso." Yuuri disse, ainda que seu tom fosse suave. Sabia que para o filho entender aquela história, sobre ter um outro pai, ainda levaria tempo. E Yukiteru era uma criança, afinal.

"Yuuri, não brigue com no nosso floquinho de neve."

"Eu não estou brigando com ele, Victor."

"Está sim."

"O casal pode parar de brigar?" o Plisetsky resmungou, incomodado, e recebeu olhares confusos por parte dos ex-noivos ali. Não queria nada além de estar dormindo assim como Otabek e Yakov.

"Não somos um casal, Yurio! Digo, não somos mais e..." o japonês começou, um pouco embolado, e as maçãs do rosto tomararm um tom rosado, o mesmo tom que via nas bochechas de Victor. "Victor!" chamou "Vai estar tudo bem mesmo pra você a noite com o Yuki? Dá última vez você falou que ele chorou..."

Ah, ele estava mudando de assunto.

"Claro, Yuuri!" ele respondeu, um sorriso voltando a se formar em seu lábios. "Ou se não, eu não me chamo Victor Nikiforov."

 

 

—...—

 

 

As sete horas da noite, Victor estava seriamente cogitando mudar seu nome. Dimitri, ou talvez Evgeni fossem bons o suficiente, não importava. A única coisa que ele queria era contornar a situação.

Haviam sido os primeiros a chegar no treino aberto, há meia hora, enquanto o local ainda estava vazio, deizando que os atletas russo e cazaque se aquecessem sem que muitos olhares caissem sobre eles. E bem, na realidade, mesmo que tivessem chegado atrasado os olhares não estariam em Yuri e Otabek, e sim, nele e Yukiteru.

Ele podia ouvir as pessoas comentando, reconhecendo o garotinho da foto, que consequentemente, também era o garotinho do vídeo. Para sua sorte, o pequeno ainda não entendia nada e parecia estar tranquilo. Ao menos fora assim nos primeiros vinte minutos.

Há dez minutos que Yukiteru começara a pedir por Yuuri, fazer cara de choro, resmungar de sono até que enfim, começou a chorar a plenos pulmões, obrigando Victor a ir com ele para o lado de fora. Victor podia amá-lo com todas as suas forças, mas saber lidar com crianças — ainda mais chorando e pedindo por outra pessoa — não era exatamente sua maior especialidade.

Não queria ter que levar o filho embora, gostaria de passar algum tempo com ele, mas daquela maneira se mostrava impossível.

"Ora, parece que Victor Nikiforov está tendo problemas com uma criança." ouviu dizer, e no mesmo momento levantou os olhos azuis para fitar os de Jean-Jacques Leroy, acompanhado da noiva e da filha.

"Oh, JJ, que bom ver você." bem, ele não estava tão feliz assim, mas sabia fingir bem. "Isabella, oh, essa sua garotinha está uma graça com sempre."

Amelie riu, tímida, escondendo o rostinho a curva do pescoço da mãe. Os cabelos negros estavam presos em maria chiquinhas, e os olhos azuis escondidos. Victor também podia ler na camisate da menina algo como "eu sou uma rainha-heroína", já que a pequena era fã de heróis de quadrinhos, ainda que não tivesse idade para ler.

"Nós agradecemos, Victor." a canadense sorriu, acariciando os cabelos da menina vergonhosa. "Mas, vejo que Jean está consideralvemente certo, esse pequeno fofucho não para de chorar."

"Bem, digamos que o Yuki não dormiu desde que acordamos ele, às duas da manhã." o russo respondeu, enre uma risada nervosa e se abaixou para pegar o filho que chorava sentado no chão, ainda que este se debatesse em seus braços. "Deve ser o sono."

"Ah, que crueldade acordar uma criança a essa hora." Isabella disse, e abriu um sorriso terno. "Pobrezinho, deve estar querendo dormir. Quer que eu lhe ajude?"

"Eu... Bem, não sei se você poderia..."

"Claro que posso. Não tenho uma filhinha e estou com outro a caminho a toa." ela deu de ombros e Victor arregalou os olhos. Grávida? Mas Amelie mal havia completado um ano. "Jean, segure a Amy um minutinho." 

O russo observou o cuidado com que JJ pegava a filha pequena no colo, e a ternura com que Isabella tirava Yukiteru de seus braços e o envolvia em seu peito materno. Por mais que ela fosse uma garota de vinte e dois anos, era como se tivesse toda a experiência com crianças que nunca teria na vida.

"A propósito, Victor" ouviu Leroy começar, e voltou novamente seu olhar para ele, que brincava com as mechas escuras de Amelie. "O menino... Bem, não sei como ele se chama, é filho do Yuuri?"

"É tão óbvio assim?" ele sabia muito bem que era. "A propósito, ele se chama Yukiteru." respondeu, enquano observa Isabella acalmar seu filho com uma doce canção de ninar. Ela levava jeito.

"Tão óbvio quanto o fato de que a Amy vai chorar e espernear se eu não aceitar que ela é a Xena." deu de ombros. "Até por que, está claro que é filho de vocês."

"Eu disse que era filho do Yuuri." disse e JJ riu.

"Você não sabe nem omitir." apontou, e o russo concordou com seu silêncio. "Ah, mas se quiser posso te dar umas dicas sobre como ser um bom pai! Ser o rei que guia o se tesouro mais precioso!" dizia, e jogou Amelie para cima duas ou três vezes, a pegando em seguia. Todo aquele ambiente do lado de fora sendo contagiado com as risadas gostosas da garotinha. "E bem, principalmente acalmar a criança quando a pessoa com quem ela passa mais tempo não está por perto."

"Essa realmente é a dica que eu mais preciso." Victor suspirou, e viu Isabella se aproximar com o menino adomecido.

"Agora o que você realmente precisa é levar esse garotinho lindo para dormir." a mulher começou, entregando a criança aos braços do pai. "E cobrí-lo melhor quando for para tirá-lo de casa a noite, ele está gelado! Tem algum outro casaco para ele dentro do carro?" Victor assentiu. "Menos mal. E sinceramente, que criança doce e preciosa."

"Nisso eu concordo completamente senhora Leroy." o russo brincou, fazendo-a rir. "E realmente agradeço por ter feito meu menino dormir."

"Não sei onde esteve esse tempo todo, mas ainda tem muito o que aprender."  ela disse, e, em seguida, deu de ombros. "Agora leve-o para um cama bem macia e quentinha, pode deixar que Jean e eu avisamos aos seus atletas que você se foi mais cedo."

Victor sorriu e agradeceu, tanto em palavras, quanto internamente. Isabella estava certa, ainda tinha muito o que aprender em relação a seu filho, mas estava disposto a tudo por ele, porque era a pessoa mais preciosa que já havia conhecido em sua vida.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ Até o próximo ♥



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