A Piece of Us escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 12
12 — Passeio


Notas iniciais do capítulo

[TW — Cyberbullying| Transfobia | Gordofobia]

Oie gente, tudo bom? ♥ Olha quem tá aqui de novo '3'

Vocês devem estar se perguntando (ou não): "mas ué, essa rapariga tá aqui sem ter respondido os comentários?" Poise gente, desculpa por isso ;-; Eu vou tentar responder tudinho ainda hoje, é que as coisas aquitão uma bagunças hahaha ♥ E ah! Talvez algumas pessoas também tenham estranhado que a frequência das postagens caiu (antes eram a cada dois ou três dias), mas é porque estamos caminhando para a reta final, e eu não quero fazer nada com pressa ♥

Aliás, esse é o maior capítulo da história até agora, então se você não está acostumadx a ler coisas desse tamanho, comece, faça uma pausa, respire um pouco para depois voltar. E aos que estão acostumadxs, eu vou logo avisando que ele talvez esteja um pouco maçante de se ler, porque no começou ele foi um belo orifício anal para escrever hahaha, só ficou divertido do meio para o fim (divertido de se escrever, não de escrever o que eu escrevi), que foi quando o capítulo começou a "se escrever sozinho" ♥

Bem, eu não vou continuar prendendo vocês aqui por mais tempo (até porque eu tenho que tirar o creme de hidratação do cabelo), então boa leitura ♥ (e atenção ao aviso de gatilho lá em cima)



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Passeio

 

PHICHIT abraçou Yukiteru com força ao se despedir da criança na estação de trem, desejando jamais poder se separar do corpo tão pequeno, e o menino parecia querer o mesmo, com os braços curtos envolvendo o pescoço do tailandês, sob o olhar terno de Yuuri. Ele se sentia um pouco mal por precisar se despedir do melhor amigo agora, já que não sabia quando se veriam de novo, mas bem, não podia segurar Phichit muito tempo ali, afinal, ele ainda iria competir na final do Grand Prix dali alguns dias.

Durante sua conversa a caminho da estação, ficara sabendo que o tailandês pretendia ir direto ao hotel oficial, onde encontraria Celestino, e acima de tudo, Phichit queria fazer turismo por ali mais uma vez e tirar mais fotos para ser arquivos de postagens infinitas.

Yuuri sorriu assim que o outro soltou seu filho e cumprimento Victor com um aperto de mão, para em seguida lhe abraçar. Naquele momento não precisaram de palavras para expressar a falta que sentiriam um do outro.

"Eu virei te visitar assim que a final acabar. E dessa vez trarei o outro pra te dar de presente." disse ao separar o abraço, e Yuuri não conseguiu evitar abrir um longo sorriso.

"Eu estarei torcendo pra você como em todos os anos. E o Yuki também." falou, para em seguida observar a criança, agora no colo do Victor, assentir e gritar que sim. "E bom, você sabe que Yu-topia sempre estará com as portas abertas pra te receber."

"Mas é claro, aquela é a minha segunda casa!" Phichit exclamou, e o Katsuki revirou os olhos, murmurando o quanto o amigo era abusado, mas ainda assim, o sorriso continuou a decorar seus lábios. Pouco depois, o barulho de seu meio de transporte se aproximando o despertou. "Bem, parece que minha carruagem chegou, é hora de ir."

Yuuri riu, para abraçar o amigo novamente antes de sua partida, em meio a promessas do tailandês de que voltaria o mais breve possível. Ele acompanhou-o embarcar com seus olhos castanhos, e viu como o veículo em que o outro estava se afastava. O japonês se voltou então para Victor, e viu como Yukiteru estendia os braços curtos lhe pedindo colo com um bico adorável nos lábios. Seu filho era tão manhoso quando queria...

Tomando o pequeno em seus braços, se voltou para Victor. O russo havia acordado com um comportamento estranho, sempre pedindo para ver seu celular. Não que Yuuri se importasse em entregá-lo ao mais velho, mas não conseguia ver uma necessidade para aquilo. E nem para o Nikiforov lhe perguntar se estava bem algumas vezes desde que havia amanhecido.

Se perguntava o porquê de tudo aquilo e daquela preocupação repentinada, mas não chegou a verbalizar nenhuma palavra em relação ao assunto. Ao menos, não ainda. Talvez fizesse isso quando chegasse em sua casa, antes de voltar para sua rotina.

"Victor." chamou, e o russo se voltou para ele depois de alguns segundos, como se estivesse pensando se deveria ou não fazê-lo. "Pode ficar com o Yuki hoje a tarde?"

"O que? Eu? Po quê?" perguntou, e em seguia vi Yuuri arquear uma sobrancelha, como se estranhasse sua reação. "Digo... Posso sim, Yuuri, porém confesso que estou um pouco surpreso com seu pedido."

"Eu imaginei que sim." de de ombros, ajeitando melhor o filho em seus braços. Yukiteru estava para dormir de novo. "Conversei com a gerência do Ice Castle hoje de manhã, antes de sairmos, e disse quevoltaria ao trabalho no período da tarsde até ter totale certeza da recuperação do Yuki. Eles me disseram para ficar um pouco mais em casa, mas... Eu já estava sentindo falta de ser útil."

O mais velho mordeu o lábio inferior, pensando seriamente no que deveria dizer, mas nada veio. "Eu ficaria com todo o prazer do mundo, mas por favor, não fique dizendo essas coisas ruins sobre você, e nem pensando nisso. você é um homem incrível, não importa o que digam, ok?"

Yuuri sorriu, ainda que um tanto inseguro e Victor percebeu. Ele não pôde deixar de se perguntar se, por acaso, o japonês havia lido algumas daquelas palavras cruéis, mas chegou a conclusão que não. Se Yuuri tivesse lido algo daquele tipo certamante estaria destruído, porque não era "apenas" a morte dele que desejavam — e claro que isso estava longe de ser pouca coisa —, era também a de Yukiteru.

Victor até mesmo desejava saber de onde alguém tirava tantos sentimentos vis, e o porquê de destilarem discursos de ódio daquela maneira a um homem que só queria ser conhecido como ele era de fato, e uma criança totalmente inocente no meio de tudo aquilo.

o Katsuki por sua parte notou o quanto uma vez mais o russo de repente pareceu sério, disperso, como se algo grave estivesse acontecendo e se perguntou se deveria questioná-lo. Bem, ambos eram pais de Yukiteru, e deveriam se apoiar de alguma maneira.

"Aconteceu algo de errado?" perguntou, e os olhos azuis se voltaram para ele, um tanto quanto assustados, surpresos. "Você está estranho desde que acordou, Victor, pedindo para ver meu celular, perguntando se eu estava bem... Não que eu me importe, mas qual é a necessidade de tudo isso?"

"Yuuri..." começou, para em seguida soltar um longo suspiro. Não adiantava de nada esconder aquilo dele, no entanto, também não queria falar sobre aquilo ali, em meio a tanta gente. "Eu preciso confessar que sim, aconteceu. Quando chegarmos a sua casa, irei te explicar, tudo bem?"

"Isso é estranho, mas tudo bem." foi que saiu por entre os lábios do japonês, enquanto ele se pôs a passar as mãos pelos cabelos escuros de Yukiteru. "Ei, ei mocinho, trate de acordar, se não você não dorme de noite..."

Victor observou a cena terna, antes de sorrir. Tudo aquilo era tão bonito, e ele não desejava, de de maneira algumas, que pessoas ruins destruíssem uma pessoa que tanto havia amado no passado, e por quem ainda tinha um sentimento que não conseguia esquecer.

 

—...—

 

Assim que chegaram à Yu-topia, Yuuri e Victor já haviam tido uma longa conversa sobre o que fariam em relação a Yukiteru aceitar o russo como seu pai, ainda que ele dissesse que não havia problema. Hiroko já tinha o almoço pronto e os dois aceitaram, enquanto levavam uma agradável conversa, sob os olhares curiosos e até mesmo felizes de todos ali.

Yurio e Otabek discutiam algumas coisas sobre os programos da final que se aproximavam, ao mesmo tempo que o louro resmungava do fato de Yakov simplesmente lhe abandonar ali com tantos "idiotas". Victor riu, e ajudou o japonês com os pratos antes de subirem para dar banho em Yukiteru, e finalmente, conversarem.

Na realidade, o Nikiforov não queria conversar sobre aquilo com Yuuri, contudo sabia que talvez fosse preciso. Era melhor que, caso ele visse, seria melhor que fizesse estando avisado do que do nada, ainda que imaginasse que há muito o Katsuki não visitasse suas redes sociais.

O menino estava brincando no canto do quarto com seus unicórnios de pelúcia, sequer se dando conta do cilma que se formava com os outros dois sentados na cama.

"Então, Victor, pode me dizer o que aconteceu." pediu, ajeitando os óculos sobre os olhos castanhos, curioso. Se sentia nervoso, e não sabia bem o motivo.

"Tudo bem, Yuuri..." começou, coçando a nunca sem saber exatamente como colocar aquilo tudo em palavras. "Eu não quero te enrolar..."

"Mas você já está fazendo isso." Yuuri disse e arqueou de leve uma de suas sobrancelhas escuras, vendo como o russo suspirava de forma profunda, como se algo o incomodasse muito. "Pode falar, Victor. Se for algo que afete minha ansiedade, diga mesmo assim."

"Não é tão simples assim, Yuuri..." um novo suspiro deixou os lábios de Victor, e ele não soube exatamente como continuar. "É algo que envolve você, o Yuki..."

"Se antes eu tinha certeza que queria saber, agora tenho mais ainda." Yuuri respondeu, levantando a cabeça para fitá-lo. "Envolve nosso filho, Victor. Eu preciso saber."

O Nikiforov entrelaçou os dedos de ambas as mãos, sentindo-as suar por ter que contar aquilo, mas não era como se tivesse escolha, se havia chegado até ali, não havia motivos para voltar atrás. "Yuuri, você sabe do vídeo que foi postado da sua patinação junto ao Yuki, não sabe?" perguntou, e o outro pareceu pensar um pouco antes de assentir. "Foi pour causa daquele vídeo que eu vim aqui, e você deve saber disso, e bem..." fez uma pausa, procurando as palavras certas para continuar. "E, levando em conta que mesmo afastado da patinação, sua fama ainda é grande... Bom, digamos que nem todo mundo te ama, ou gosta de você, e faz questão de que o mundo saiba disso."

Yuuri ficou em silêncio por alguns momentos, absorvendo o que lhe fora dito, ainda que soubesse, no pouco que Victor lhe explicara, o que estava acontecendo.

"Ou seja, há comentários que me deixariam para baixo?"

"Que te destruíriam." Victor corrigiu, e viu os olhos castanhos desviarem um pouco, antes que eles voltassem a se encontrar com os seus azuis. "Por isso, Yuuri, pela sua própria saúde mental: não os veja, tudo bem?"

O Katsuki parou para ponderar as palavras do mais velho, e se colocou a fitar o chão. Imaginava que, para o outro lhe pedir para não ver, o conteúdo deveria ser bastante pesado, ainda que sua teimosia e curiosidade lhe dissessem para faer o contário.

"Está bem, Victor." deu de ombros, e abriu um sorriso nervoso. "Olha, eu não posso te prometer nada, mas vou tentar."

"Você é teimoso."

"Puxei meu antigo técnico." com a resposta dele, ambos riram, ainda que não com gosto. "Agora vamos deixar esses detalhes de lado, não quero pensar nisso. Vou te passar as instruções sobre o Yuki, já que ele vai ficar a tarde com você. Para começo de conversam, você já cuidou de alguma criança? E não, o Yurio não conta."

Victor fez uma leve expressão de desgosto, e Yuuri soube que ali tinha sua resposta, bem, certamente seria difícil para o russo passar uma tarde com Yukiteru. Mas bem, quem havia dito que ser pai era fácil?

"Tudo bem, nunca cuidei de criança nenhuma, mas existe uma primeira vez para tudo, não?" o russo sorriu, passando uma imagem de calma e curiosidade. Era bom desviar do assunto anterior. "O que, em primeiro lugar, eu deveria fazer?"

"Mantê-lo distraído e não deixar que durma, em primeiro lugar, se não a noite não tem quem coleque ele na cama." deu de ombros, conforme se lembrava do que normalmente fazia quando estava com o filho durante a tarde. "E como o Yuki acabou de sair do hospital, eu não acho que seja bom dar comidas pesadas pra ele, nem porcarias... Ah! O Yuki também gosta muito de passear, você pode levá-lo para o centro da cidade ou mesmo para ver o mar..."

"O medo que você tinha que eu o levasse embora sumiu?" o tom e brincadeira era bem presente na voz de Victor, e Yuuri riu baixo.

"Eu estava com medo disso tudo, ok? Confesso que ainda estou..." disse, e fez uma pequena pausa para continuar. "Mas sabe? Eu quero confiar em você, e quero que o Yuki também confie, até porque, eu tinha a opção de deixá-lo com a minha mãe, porém eu acho que vocês dois precisam desse momento juntos..." soltou um baixo suspiro, para em seguida, rir. "Além de que eu te perseguiria até o mais profundo quinto dos infernos, se você levasse o meu menino."

"Wow, que garra!" o russo exclamou, ao passo que acompanhava o Katsuki em suas risadas. "Mas eu fico feliz, Yuuri. Porque enquanto eu estiver aqui, quero poder conquistar o amor do Yuki também."

"Quanto tempo vai ficar?"

"Ainda não sei com certeza, mas verei se posso ficar uns dias depois da final." falou, e observou como Yuuri pareceu um tanto quanto pensativo com aquilo, no entanto nada veio dos lábios do japonês.

"Aliás, Victor, antes que eu me esqueça: enquanto estiver com o Yuki, você não pode dar a ele tudo que ele quiser."

"Claro que posso, qualquer coisa é só ir a um bando e fazer um saqu-"

"Não estou falando de poder aquisitivo, seu burguês." o Katsuki resmungou, para em seguida se por a explicar. "Eu tenho criado ele com limites, não como uma criança mimada, e enquanto ele não estiver completamente melhor, sem doces ou besteiras, ok?"

"Mesmo se ele fizeruma maravilhosa carinha de pidão?" Victor indagou, ainda que soubesse muito bem a resposta.

"Mesmo se fizer a melhor carinha de pidão que você já viu na vida." ele replicou, e segurou o impulso de dizer que quando Yukiteru lhe pedia algo, usava da mesma expressão facial que seu ex-noivo.

O Nikiforov suspirou, derrotado. Não poderia fazer nada, senão seguir a instruções do outro e torcer para que Yukiteru aceitasse sair consigo. "Está bem, Yuuri. Faremos assim."

 

—...—

 

Yuri e Otabek saíram junto com Yuuri, apesar de pouco depois se despedirem e desviar o caminho. Naquele dia, iriam treinar no Ice Castle apenas após as sete da noite e por isso decidiram dar uma volta, e ignorar um pouco a tensão com a competição assim tão próxima — e também o fato de estarem competindo um contra o outro. Na realidade, o de cabelos dourados queria patinar com o menino que apelidara de Katsudon Jr., mas não conseguiu negar o convite de Otabek para andar e esfriar a cabeça.

Aquele dia em especial não fazia frio, era uma temperatura um pouco mais amena do outono japonês, mas para ele, acostumado com o clima congelante da Rússia, estava até um pouco quente, e os dedos do cazeque entrelaçados aos seus faziam com que essa sensação se tornasse ainda mais intensa.

Amava aquele homem de poucas palavras como amava a patinação.

"Quer ir aonde, Otabek?" perguntou, levantando o rosto para mirá-lo. "Da última vez que vim a Hasetsu não fiquei muito tempo, mas deu para conhecer bastante coisa. Incluindo um maldito templo e uma cachoeira."

O cazaque ponderou. Desde que sua chegada não haviam saído muito, ao contrário do técnico, que não parava na pousado dos Katsuki. Tinha algumas coisas que desejava fazer, era a primeira vez que visitava o país asiático, afinal. No entanto, as coisas simples que poderia fazer junto ao noivo lhe eram as mais importantes. "Uma sorveteria para mim estaria perfeito, Yuri."

"Você e essa mania de ser simplista." o russo bufou, ainda que seu sorriso permanecesse em seus lábios. "Acho que tem uma perto do mar, se não me engano."

"Seriam duas vistas ótimas." o mais alto murmurou, e a expressão do noivo mudou para uma de questionamento.

"Duas?" Yuri arqueou uma sobrancelha e parou por um minuto para pensar e rir logo em seguida. "Você é um babaca."

Otabek apenas deu de ombros, um sorriso de canto. É, talvez ele fosse um babaca.

 

—...—

 

As três e meia da tarde e próximo ao mar, Victor descobriu que, assim como não sabia lidar com adultos chorando, também não o sabia com crianças. Ainda mais quando essa criança era seu próprio filho sentado na areia e chorando porque queria Yuuri de qualquer maneira. Victor até mesmo havia cogitado ligar para o japonês e perguntar o que deveria fazer, mas desistiu logo em seguida.

Se queria criar um laço com o menino, não era ligando desesperado para o japonês que conseguiria, no entanto, também não conseguia lidar com a situação. A única "criança" com quem havia passado mais tempo era Yurio, e ele não costumava chorar, e sim começar a gritar e ofender tudo ao seu redor.

"Quero papai... Papai..." ouviu mais uma vez o pequenino pedir, enquanto este esfregava os olhinhos castanhos. Yukiteru se despedira de bom grado de Yuuri quando o moreno avisou que iria sair, e ficara bastabnte animado quando Victor o chamou para passear, no entanto, dez minutos depois de chegarem ali ele começou a chamar pelo outro pai, chorar e recusar o colo do de cabelos platinados a todo custo. "Quero meu papai, Victor..."

Mas eu também sou o papai.; o russo pensou, apesar de exprimir com palavras o que sentia. Soltou um longo suspiro e se aproximou, sentando-se ao lado do garotinho, sem se importar em sujar ou não a roupa que trajava. Uma de suas mãos tocou com carinho o ombro do filho, enquanto refletia sobre o que deveria ou não dizer. "Yuki, eu sei que você quer seu pai, eu também quero..." ia falando, e em seguida mordeu o lábio inferior. Não deveria dizer aquele tipo de coisa a uma criança. "Mas sabe? Existem coisas que ele precisa fazer e não pode levar o bebê dele junto."

"Por que não?" o menino perguntou, levantando a cabeça para fitá-lo pela primeira vez desde que havia começado o berreiro. Para Victor aquele rostinho inocente era o mais lindo que já vira em sua vida, mesmo maculado pelas lágrimas infantis. "Yuki quer."

"Nós não podemos ter tudo o que queremos, meu amor." Victor respondeu, ao passo que ele mesmo se preocupou em secar as lágrimas de Yukiteru. Se lembrava que o menino havia feito o mesmo com Yuuri quando se reencontraram, e que talvez, fosse um ato que lhe trouxesse algum conforto. "Por exemplo, o que você quer ter agora e não pode?"

"O papai." o Nikiforov quase se deixou levar e quase riu daquela voz manhosa, e daquele bico que se desenhava nos lábios finos. "Eu quero ele."

"Viu? Você quer o papai e não pode ter ele agora." disse, e se permitiu tocar os fios de cabelos escuros do garoto. bem, Yukiteru ainda chorava um pouco, mas ao menos não estava berrando. "Mas vai poder ter depois, sabe por quê? Porque ele te ama muito, e você ama ele também."

"Por que não agora?" Yukiteru insistiu, e Victor não conseguiu evitar rir com aquela teimosia fofa. De que ele teria puxado?

"Porque as coisas não funcionam assim, Yuki. Existem coisas que eu quero, mas não posso ter agora também." explicava, ao passo que o garotinho se aproximava de si.

"Não?" indagou, levando o dedão a boca, uma mania dele de quando estava com sono, que o russo já tinha notado há um tempo, e que achava adorável. "E o que Victor quer?"

"O seu amor, bolinha de neve." deu de ombros, e observou a maneira como o garoto o fitava intensamente. "E bom, eu prometo que vou lutar por ele, ok? Que tal um sorvete?"

Yuuri com certeza iria lhe matar, principalmente depois de ter dito que não deveria dar nenhuma porcaria a criança, mas o sorriso que Yukiteru abriu valeria qualquer bronca. 

 

—...—

 

Era um pouco mais de oito horas quando Yuuri Katsuki chegou a sua casa em meio a longos bocejos. Cansado, avisou sua mãe que havia jantado na casa de Yuuko e subiu direto para o seu quarto, pegar alguma roupa para tomar um longo banho nas termas. Havia recebido uma mensagem de Victor mais cedo, dizendo que o russo encontrara com Yurio e Otabek e que levara Yukiteru para acompanhar o treino daquele dia. Aquilo não era ruim, mas tinha medo que o filho atrapalhasse os dois patinadores.

Olhou ao redor do quarto, e suspirou quando percebeu que, querendo ou não, teria que fazer uma faxina ali urgentemente, e brigar com o filho para que ele guardasse os brinquedos no lugar certo — não entendia como o garoto conseguia deixar tudo jogado pelo chão e nunca perder nada.

Ouviu o celular vibrar novamente e seu bolso com uma nova mensagem do ex-noivo, dessa vez perguntando se poderia postar uma foto tirada com Yukiteru durante a tarde, o que o fez refletir e lembrar-se do que tinham conversado mais cedo, sobre os comentários nada agrdáveis do vídeo. Tinha certeza que eram destinados, principalmente, a si, não ao menino, e por isso, ainda que com uma pontada de receio, permitiu.

Yuuri não sabia exatamente o porquê, mas lembrar-se daquilo apenas atiçava mais e mais a sua curiosidade. Sabia que se o fizesse seria um caminho sem volta, e que talvez aquela vontade fosse alguma armadilha de sua cabeça para fazê-lo sofrer, mas Yuuri estava preparado para qualquer que fosse o conteúdo.

Ou ao menos pensava que estava.

Tomando coragem, ele abriu um dos aplicativos de seu celular, e sequer precisou se dar ao trabalho de pesquisar para ser bombardeado por pessoas falando a todo momento da mídia em que ele e seu filho acabaram por aparecer. Desceu a aba para visualizar os comentários, engolido em seco antes de começar a ler.

Quê? De onde sairam essas duas desgraças?

Nossa, lá vem a baleia que se diz homem, haha pensei que tinha morrido!

Era melhor que tivesse morrido e desaparecido de uma vez, essa abominação deveria queimar no inferno pela eternidade!

Isso é uma mini aberração? Porque parece com aberração barriguda

Deve ter sido por isso que quis virar homem, que iria querer uma mulher dessas?

Primeiro fazendo o programa do Victor, agora reproduzindo esse lixo? Sério, só morra

Essa aí ainda não desapareceu, deve estar querendo mídia!

Como deixam uma criança desse tamanho com alguém desse tipo? E se ela abusar do menino? Cadê os protetores das crianças nessa hora?

Sério, só morra

Desapareça, você e essa cosinha inútil

MORRA, MORRA, MORRA!

A primeira reação do moreno foi segurar o celular com força, sem, no entanto, conseguir desviar seus olhos das palavras cruéis digitadas a partir de perfis, alguns anônimos. sentia sua mão tremer, assim como todo seu corpo e ser acometido por uma falata de ar, ao passo que sua garganta se tornava embargada e a visão embaçada pelas lágrimas que já começavam a se formar no canto de seus olhos castanhos.

Uma primeira gota desceu lenta, solitária, para em seguida ser acompanhada de outra, e mais outra, e quando Yuuri percebeu estava soluçando, se sentindo a pior pessoa do mundo, se culpando por cada letra digitada com o objetivo de lhe ferir. Ele realmente não sabia o que fazer se não chorar.

 

—...—

 

Victor chegou pouco tempo após o Katsuki subir, e foi recepcionado por uma ex-sogra sorridente que apenas queria saber de apertar as bochechas do neto sujo de terra e doce. Assim como Yuuri, o Nikiforov recusou o jantar oferecido a ele, dizendo que ambos pararam para comer em uma barraquinha de lámen, e acabou por levar uma bela bronca de Hiroko, que não achava nada certo que ele levasse o menino, há pouco de alta, para já comer fora.

Tanto pai quanto filho, fizeram um pequeno bico e ela relevou, mais pela cena de vê-los se dando bem, como sempre imaginara desde que pegou Yukiteru bebê em seus braços, do que qualquer outra coisa.

"Onde está o Yuuri?" Victor perguntou, estranhando a ausência do mais novo. "Pensei que o encontraria ansioso para ver o Yuki."

Hiroko franziu a testa com pergunta, se dando conta de que o filho mais novo ainda não havia descido, mesmo que fizesse jpa alguma tempo desde que avisou que tomaria um banho. "Ele subiu e disse que iria se lavar para dormir, acredito que tenha pego no sono. Mas é estranho que ele não tenha esperado o Yuki para ir dormir."

Isso me traz um mau pressentimento.; o russo pensou, e fez menção de deixar Yukiteru no chão para ver o que estava acontecendo — e torcia que suas suspeitas estivessem erradas —, no entanto o menino se recusou a descer, desatando a dizer que queria ver seu pai. 

Victor soltou um longo suspiro, e se aproximou de Hiroko para lhe sussurrar no ouvido que achava que talvez Yuuri estivesse passando por uma situação complicada com pessoas de má índole, fazendo a mulher se assustar um pouco, e em seguida, pedir para aquele subisse, o que o surpreendeu um pouco. Subiria de qualquer jeito, porém esse pedido vindo dela não era algo que esperava.

Ele assentiu, e com um sujinho Yukiteru em seu colo, subiu as escadas e andou em direção ao último quarto extremamente preocupado. Estranhou o fato da porta estar aberta, mas não bateu, entrou. E infelizmente, em nada se surpreendeu ao encontrar a cena que já imaginava: Yuuri chorando de forma copiosa, sofrida, com o celular na mão.

Aquela cena era comovente a ponto de fazer o coração de Victor se apertar, como se pudesse quebrar em mil pedacinhos a qualquer momento. Colocou o filho no chão, tomando a mãozinha pequena para andar lentamente em direção ao Katsuki que sequer parecia notar a presença deles ali. Contudo, Yukiteru não ficou muito tempo preso a si, e logo estava correndo em direção aos braços dele.

"Papai!" a criança chamou, e apensar ali Yuuri pareceu notar que não estava sozinho e se virou, tapando a boca para comprimir um soluço. "Por que papai chorando? Não chora, papai não pode ficar triste..." ia dizendo, enquanto tentava subir na cama. Victor o ajudou a se erguer e no mesmo momento Yukiteru chegou perto o bastante de Yuuri para tentar secar seus olhos. "Não fica triste, Yuki fica triste quando o papai fica..." e logo, as primeiras lágrimas tmabém começavam a se formar no canto dos olhos da crianças.

E aquilo doeu em ambos os adultos ali. A única reação do Katsuki foi abraçar com força o filho, querendo pedir desculpas a ele — ainda que não houvesse porque se desculpar —, enquanto Victor caminhou até os dois, para tirar o celular de sua mão.

"Não importa o que digam, você não é nada disso, ok, Yuuri?" começou, ainda que soubesse que nada do que dissesse iria adiantar muito. O que havia feito mesmo, naquele dia na Copa da China? "E eu sei disso, porque acredito em você mais do que você mesmo acredita... Então não direi nada, apenas vou ficar ao seu lado."

Yuuri levantou a cabeça, reconhecendo aquelas palavras e deixou que um soluço sofrido escapasse quando Victor sentou ao seu lado, abraçando seu corpo com todo o calor que tinha, e mesmo que de forma inconsciente, ele se sentiu um pouco mais protegido, com um porto seguro para poder chorar tudo aquilo que precisava.


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Notas finais do capítulo

Discurpa 'u'

Foi difícil até pra mim escrever aquelas coisas, mas por sorte o nosso Yuuri tem um russo gostoso (como é que risca aqui???? Apaga!!!) e um bb muito lindo pra ajudar ele ♥

Beijos meus amores, e até daqui a pouco nos comentários que eu juro que eu vou responder ♥