Velhas estradas, novos caminhos escrita por Lady Salieri


Capítulo 2
Capítulo 2: O comunismo


Notas iniciais do capítulo

Continuando a história >.



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A redação dela parecia um bloco de mármore, um parágrafo de duas folhas onde ela tinha gravado, sem qualquer ordem ou organização, a recente queda do muro de Berlim, as eleições que estavam prestes a ocorrer, Collor, Lula, Ulysses Guimarães, Covas, Silvio Santos, diretas já, ditadura, governo Figueiredo, URSS, Cuba, morte do Dalí... Aquilo me deixou desconcertado ao ponto de buscar outro texto pra ler — o da Érika, por que não?. Ler o que ela havia escrito fez as coisas caírem no lugar certo outra vez.

É estranho, e talvez ridículo pra quem olhe de fora, eu me demorar tanto em um episódio assim, mas se houve um gatilho para tudo o que aconteceu depois, talvez tenha sido precisamente esse acontecimento. E ainda hoje penso e me pergunto se isso foi mera coincidência, ou se a vida estava reescrevendo o mito de Adônis, ou o que teria acontecido se eu tivesse mesmo me esquecido de levar as redações para a professora na sala dela, como quase aconteceu, e tivesse ido embora.

Quando cheguei à sala dos professores, Alícia estava lá, mostrando uma resma de papel para a Líbia, e rabiscando acirradamente conforme a professora a orientava. Bati na porta e pedi licença, para me dar com seu cenho franzido e com a calma dos seus movimentos arrumando os papéis que levava.

— Vim só entregar os textos que caíram no pátio — eu disse, sem graça.

— Pode me dar aqui, Adônis, só estava esperando eles pra levar pra casa, estou com um pouco de pressa. Alícia, nos falamos amanhã, ok? Precisamos terminar essa conversa. Tchau, Adônis, obrigada por trazer os textos.

A professora nos levou a até a porta e se foi. Fomos os dois caminhando em direção à saída. Alícia se mantinha distante e em silêncio, como se eu não estivesse ali. Na tentativa de quebrar o gelo, comecei a conversa do jeito mais idiota possível:

— Então você é comunista, né?

Ela parou de andar e me encarou por uns instantes, até finalmente me dizer:

— Você pode sair da escola antes de mim, por favor? Acho que vai pegar mal se as pessoas me virem com você.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando!
Bjos!



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