Crônicas de uma jornalista escrita por Andrew Ferris


Capítulo 4
Relato sob suspeita


Notas iniciais do capítulo

Ano após ano, Elis vem tendo uma série de trágicas experiências em Gotham que a fez odiar a cidade o tanto que odeia, e aqui acabamos de nos encontrar em outro desses momentos!!!



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     Assim que conseguimos chegar ao terraço, paramos e recuperamos o fôlego antes de seguirmos por uma trilha até um portão alto nos fundos.
     - Acho que nenhum deles virá até nós, pelo menos não aqui - Observei enquanto mantinha o olhar fixo na porta que tínhamos usado para escapar.
     - Com toda essa confusão, nem consegui me apresentar - Declara o jovem erguendo a mão para me cumprimentar - Sou Allan Garden, fui enviado para ajudar a cobrir sua matéria - Olho para ele espantada.
     - Ajudar? Eu disse ao Ben que podia cuidar de tudo sozinha - Reclamo com uma raiva profunda crescendo em mim, odiava quando alguém me considerava incapaz.
     - Acho que ele reconsiderou e decidiu que seria melhor me enviar, mas não precisa se preocupar, eu sou estagiário do Planeta Diário, não vim roubar sua vaga como melhor jornalista da cidade - Meu ânimo não melhorou.
     - Acredite, se eu visse alguém com potencial de me superar já teria me aposentado.
     - A senhora não é velha - Declarou Garden tentando ser gentil, mas ele não entendia. Nada mudaria meu ânimo.
     - Vou enviar você de volta. Esse lugar não é pra você - Decido procurando um jeito de escapar, pois o portão era alto demais.
     - Ben disse que somos uma equipe, eu posso te ajudar, você não precisa gostar de mim.
     - Que bom que percebeu - Observo o muro pensativa, mas não tinha como escapar por ali -Me ajude a encontrar uma saída depressa - De repente, assim que me viro, vejo um homem nas sombras. Sua postura era firme e ele parecia ser incomum.
     - Quem é você? Identifique-se, não quero matar ninguém, mas se precisar - Retiro uma pistola da bolsa - A segurança desse lugar é muito fraca - O homem sai das sombras e finalmente enxergo quem era, uma pessoa que até então pensava não existir.
     - Sou o Batman. Não se assustem, vim ajudar - Fico paralisada, enquanto meu ajudante observava o vigilante fantasiado por cima do meu ombro - O Asilo foi invadido, estão tentando libertar um dos criminosos e a situação está caótica lá dentro.
     - Eu percebi - Falo com ironia - É o Espantalho. Ele vai tetar escapar - O morcego olha para o prédio com raiva e retorna a olhar para nós - Não tem como escapar e daqui a pouco aqueles malucos vão começar a nos perseguir.
     - Não vão - Ele se abaixa e arranca um pouco de mato procurando algo, então tira uma tampa de bueiro, entrando no buraco e retornando pouco depois - A passagem está segura. Tem uma passagem na segunda direita que leva ao primeiro bueiro fora do Arkham, está há seiscentos metros daqui, vá depressa senhorita Turler - Como ele sabia meu nome? Assim que Allan desce pelo bueiro e me viro para agradecer, o morcego tinha desaparecido, então desço o buraco surpresa, quem era aquele homem? Será que era normal? Tomada por dúvidas, me concentro na tarefa e retiro minha lâmpada de bolso, que ficava junto ao meu chaveiro, e assim andamos eu e Allan seguindo a instrução do Batman, que nos levou diretamente a uma escada e, posteriormente, a um bueiro distante do Asilo Arkham. Assim que saímos do bueiro, encaro Garden espantada.
     - Essa vida não é pra ninguém. Vou ligar pro Ben assim que chegar onde me hospedei.
     - Não quer que eu te leve? - Pergunta o jovem de bom grado.
     - Que diferença faria? Você e nada dá no mesmo. Vou até um ponto de táxi, ainda está cedo - Nos cumprimentamos e logo estou me dirigindo ao ponto, e o táxi não demora a chegar. Quando entro no meu quarto, começo a pensar em tudo que tinha me acontecido e me pergunto "como eu consegui sobreviver?"
     Logo depois de pensar nisso, me lembro de telefonar para Ben, que não me deixa esperando na linha.
     - Ben? Sou eu, Elis.
     - Oi Elis, como vão as coisas?
     - Por que não avisou que iria enviar um assistente ou seja lá como chama aquele projeto de jornalista?
     - Por que você teria dito não.
     - Exatamente. Não gosto que hajam pelas minhas minhas costas e menos ainda que pensem que não sou capaz, pois se tem uma coisa que provei todos esses anos é que sou muito capacitada.
     - Eu sei Elis, mas fiquei preocupado.
     - À toa, o Asilo Arkham foi invadido e toda aquela proteção não serviu de nada.
     - Como assim? Você está bem? - Pergunta desesperado.
     - Não graças ao seu assistente. Fomos ajudados por um cara que pode levar essa matéria além do que esperava.
     - Do que está falando?
     - Antes era uma lenda de Gotham, mas deixou de ser uma lenda oficialmente hoje. Eu o vi Ben.
     - Quem?
     - O Batman - Respondo ansiosa.
     - Me conta tudo.
     - Não posso ainda, mas liguei por que quero renegociar nosso acordo. Quero continuar em Gotham investigando o Batman. Só voltarei à Metrópolis quando tiver uma matéria satisfatória escrita sobre o Batman, algo que vai elevar nosso jornal como ninguém jamais testemunhou.
     - Mas é perigoso, Elis. E se ele fizer algo com você?
     - Se ele quisesse teria feito hoje. Além disso, nunca vi um assunto com tanto potencial de sucesso - Nunca tinha estado tão estusiasmada com uma matéria.
     - Certo. Pode ficar quanto tempo for preciso, mas meu novato vai continuar com você para garantir.
     - Ben, posso falar uma coisa não profissional? - Pergunto como uma criança ansiosa.
     - Mas é claro.
     - Vai se fuder - Desligo o telefone na cara dele e começo a anotar o que Crane tinha me dito, parando depois para estudar minhas anotações e revisar tudo antes de tomar banho após uma noite tão cumprida. Depois de me esticar de todas as maneiras possíveis debaixo do chuveiro, visto meu pijama vermelho listrado e me deito na cama. A todo instante pensava em meu encontro com o Batman, a cena não saía da minha cabeça de jeito nenhum. Além do mais, tinha a impressão de conhece-lo de algum lugar, e queria entender essa familiaridade. Na manhã seguinte levanto com dificuldade, pois minhas pernas estavam dormentes e doloridas, então resolvo levantar somente quando a arrumadeira bate à porta.
     - Bom dia moça.
     - Bom dia senhora, e vamos combinar que não sou tão nova assim - Comento sorrindo docemente.
     - Mas a senhorita parece ser jovem, muito jovem, acredito que basta. Não parecer uma velha destentada que nem eu já é o suficiente - Declara caindo na gargalhada.
     - Não se julgue tanto - Peço sem jeito.
     - Então - Começa mudando de assunto - Se quiser posso voltar mais tarde - É quando percebo que estou de pijama.
     - Não se preocupe, pode entrar - Ela entra e fecho a porta em seguida - Vou me trocar depressa sem atrapalhar seu trabalho, espero que não se incomode.
     - Pois então moça, todas as minhas filhas são mulheres, não se incomode a senhora com a minha presença.
     - Certo - Ao invés de ir para o banheiro, me troco ali mesmo, colocando uma combinação de roupas íntimas azul-marinho e vestindo por cima uma camisa branca com dobras e uma saia azul escuro que se estendia até pouco depois do joelho. Depois de colocar um relógio marrom e arrumar meu cabelo de maneira que ficasse mais volumoso que de costume, me despeço da arrumadeira e, pegando minha bolsa, saio do quarto de hotel e me dirijo à delegacia mais próxima, nada que uma busca rápida no guia de Gotham não resolvesse. Ao chegar lá me torno rapidamente o centro das atenções, mas não deixo isso interferir na minha tarefa.
     - Onde está o responsável desta unidade? - Pergunto ao primeiro policial que vejo.
     - O responsável teve de sair - Responde secamente.
     - Faz um favor? - Minha paciência vai a zero repentinamente - Vai pra - Antes que eu termine a frase, um homem que aparentava meia idade, cabelos grisalhos penteados para o lado, óculos castanhos e camisa branca com as mangas dobradas como as minhas se aproxima e assobia como um chamado.
     - Moça, me acompanhe por favor - Entro em seu escritório, acompanhada por ele, que fecha a porta assim que passa e para em frente a mim colocando a mão sobre a cabeça, suspirano de impaciência.
     - Me desculpe aparecer desse jeito, juro que não vim atrapalhar o trabalho de vocês.
     - Não é a senhorita, não precisa se preocupar.
     - Por que aquele policial disse que o responsável estava fora?
     - Por que é a verdade. Eu estou servindo de substituto enquanto ele não volta, mas receio que me tornarei efetivo se essa situação for sustentada.
     - Por que? - Pergunto intrigada.
     - Sei que vai entender se eu disser que não posso dar essa informação.
     - Entendo. Gotham é uma cidade extremamente corrupta, e ás vezes duvido dos números de corruptos quando ando pelas ruas todas as manhãs, parecem estar por todo o lado. O senhor me parece um bom homem, e bons homens são mal vistos, e o senhor é mal visto por seus companheiros. Acredito que eu tenha uma informação que seja do seu interesse.
     - Me contaria?
     - Tenho que arriscar confiar em alguém, não?
     - O que deseja contar afinal?
     - Eu vi o Batman no Asilo Arkham ontem à noite.
     - Ah sim, o Batman - Ele não parecia tão surpreso quanto eu esperava e, depois de raciocinar um pouco ao observar algumas matérias de jornais locais expostas em cima da mesa dele (todas falavam sobre o Batman), sorri como uma tola.
     - Trabalha com ele, não é?
     - Como é senhorita?
     - Trabalha com o vigilante de Gotham.
     - Isso é uma acusação muito séria moça - Declara o policial sentindo-se ameaçado.
     - Não se preocupe, qualquer um que seja parceiro do Batman já me dá mais segurança, tanto sobre ele quanto sobre essa pessoa.
     - Quem é a senhorita, afinal?
     - Sou Elis Turler, uma - Ele me interrompe abrindo um sorriso.
     - É a jornalista de Metropolis que veio entrevistar Jonathan Crane.
     - Sim senhor.
     - Seu entrevistado escapou do Arkham ontem à noite.
     - Como é?
     - Escapou, mas não se preocupe, ele será encontrado em breve.
     - Não por vocês, suponho - Mostro um sorriso esperto - Esse Batman é realmente muito útil - Afirmo surpresa.
     - Num lugar como Gotham pessoas como ele são necessárias - Argumenta.
     - Nisso concordamos. Gostaria que soubesse que estou disposta a ajudar no que precisarem.
     - Como é?
     - Estou disposta a ajudar na forma que puder.
     - Sinto muito, mas não queremos mídia em cima do trabalho da polícia, isso costuma terminar com escândalos e pessoas erradas na cadeia.
     - Você tem tão pouca fé nas pessoas quanto eu.
     - Acredite senhorita Turler, quando se vê as coisas que eu vejo você abre mão de certas coisas, e passei a ter mais fé numa coisa real chamada ponto 
trinta e oito na coxa e mente alerta o tempo todo.
     - Que seja - Declaro exausta da conversa - Se ver o vigilante, avise a ele que Crane tem planos bem específicos e não planeja ajudar mais a máfia atual de Gotham.
     - Direi - Responde com ironia, embora eu duvidasse da seriedade de seu tom. Ele abre a porta para mim e eu me retiro, mas não sem antes perguntar seu nome.
     - Tenente James Gordon.
     - Prazer conhece-lo, tenente.


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Notas finais do capítulo

Não tivemos Gordon no DCEU ainda, mas procurei colocá-lo de maneira mais alinhada com esse Universo. Que acharam?



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