Crônicas de uma jornalista escrita por Andrew Ferris


Capítulo 13
Despedida


Notas iniciais do capítulo

A saga de Elis está chegando ao fim, mas isso só anuncia o começo de outra!!!



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     Levanto com as pernas doloridas, cansadas devido a tudo que tinha acontecido. Jason não estava na cama, mas podia sentir o cheiro de seu perfume nos lençois ao puxa-los para perto. Dou uma olhada na minha agenda, vejo alguns documentos em cima do armário e sigo para o banheiro para tomar banho. Ao trocar de roupa, saio do quarto e me dirijo para a cozinha, trombando com Bruce ao passar de um cômodo para o outro. Nos entreolhamos. Ele está com uma expressão tão cansada quanto a minha.
     - Bom dia Elis - Afirma como se fossemos tão próximos quanto primos que moram em países diferentes.
     - Bom dia Bruce - Retruco com o mesmo tom. Eu havia tido uma noite decente depois de muito tempo, não pretendia deixar que nada estragasse isso.
     - Pensei que já tivesse voltado para Metrópolis.
     - Não, eu ainda estou aqui.
     - E como foi no Arkham?
     - Você não deveria saber? - Questiono de volta.
     - Sim, eu sei. Só queria ser educado - Prossigo em direção à cozinha - O que aconteceu com você, Elis?
     - Eu acordei para a real. Você já tem uma gata, não precisa de outra.
     - Como assim?
     - Acha que eu não sei que anda se enroscando com aquela putinha de esquina da máfia? Mas tudo bem, por que agora tenho mais com o que me preocupar além de você - Deixo Bruce estático na sala enquanto sigo para a cozinha e encontro Alfred cortando cenouras.
     - Pode parar de fingir que não estava prestando atenção - Alred se vira sorridente.
     - Por que acha que eu estava prestando atenção?
     - Quem corta cenouras no café da manhã?
     - Ah isso...vou preparar um bolo de cenoura para ver se melhoro o astral desses dois.
     - Você acha que eu fiz besteira. Pode falar, não se preocupe comigo - Alfred respira fundo e solta a faca.
     - Não posso critica-la senhorita, independente de sua escolha fez o que tinha de fazer. A vida é sua afinal, não? - Ele torna a cortar as cenouras enquanto eu abro o jornal e mastigo uma torrada. Logo Alfred coloca uma chaleira à minha frente e enche uma xícara.
     - Não precisa fazer assim, Alfred. Não gosto que fiquem me servindo.
     - Mas terá de se acostumar caso resolva passar mais vezes e por mais tempo nessa casa - Nesse momento me ponho a pensar. Não seria justo continuar hóspede ali na Mansão Wayne e olhar para Bruce todos os dias. Ele tão arrependido, confuso e indeciso quanto eu. O mais correto seria eu nunca mais pisar na mansão e encontrar Jason fora dali. A única certeza era de que finalmente minha visão sobre Gotham havia mudado. Agora eu iria querer voltar ali, naquela cidade castigada, e encontrar Jason sempre que pudesse. Eu posso ser uma coroa, mas sou uma coroa na ativa, diferente da jovem morta de antigamente. Com esses pensamentos constantes na cabeça que arrumo minhas malas, ajeitando todo o material que havia conseguido e uma prévia da minha nova matéria. Hora de voltar a Metrópolis. Jason carrega minha mala escada abaixo até um táxi parado na frente da mansão. Me surpreendo e ao mesmo tempo sinto um leve incômodo ao ver quer Bruce nem se deu ao trabalho de sair para se despedir. Assim, abraço Alfred com força e uma lágrima escorre suavemente pelo meu rosto, caindo em sua gravata branca.
     - Espero te ver mais vezes, Elis - Confessa Alfred com um sorriso disfarçado.
     - Eu também, Alfred. Tomara que possa vir aqui mais algumas vezes antes de me aposentar - Por fim me aproximo do táxi, e é quando Alfred se volta para a mansão, deixando Jason e eu a sós.
     - Espero que tenha gostado da noite anterior - Declara Todd sorrindo maliciosamente e eu retruco o olhar com um sorriso irônico.
     - Foi tão ruim que finalmente entendi por que você não tem namorada.
     - Isso não foi legal - Ele me abraça, então sorrimos um para o outro antes de nos beijarmos com vontade por um longo minuto, então nos desvencilhamos e eu abro a porta do táxi.
     - Assim que publicar a matéria pretendo voltar a Gotham, mas se importa se não for aqui?
     - Não. Só precisamos combinar direito - Sem resistir os impulsos, Jason se aproxima de novo e me beija com tanta vontade quanto antes, sujando a boca com mais batom - Te espero mês que vem.
     - Até - Entro no táxi e parto dali sem ressentimentos. Nem mesmo por Bruce. Talvez ele estivesse em alguma janela nos observando o tempo todo e nesse caso teria sido uma cena comovente, mas talvez ele simplesmente nunca tenha gostado de mim e acabou sendo um alívio saber que dificilmente voltaria a me ver. Ele é esperto, sabe que me importo com ele apesar de tudo e que não se deixa de gostar de uma pessoa da noite pro dia da mesma forma que não se gosta de uma pessoa da noite pro dia. Provavelmente ele conhecesse Selina há mais tempo do que eu penso, só sei de uma coisa, pelo menos tenho outra pessoa para conversar enquanto termino minha matéria sobre o Charada, afinal eu não havia me livrado do telefone da doutora Quinzel. Em Metrópolis, pego um táxi que me leva direto para minha casa, e ao entrar no apartamento escuto todas as mensagens da caixa postal. Não havia nada de importante, exceto uma mensagem de Perry avisando que o processo seletivo dos novos jornalistas seria em breve. Eu havia me esquecido, mas ainda tinha tempo de sobra, então dei comida para meus gatos e depois tratei de arrumar a casa. Assim que termino já começo a escrever minha matéria, e ao fazer uma pausa, decido procurar o cartão onde a doutora havia deixado seu telefone, mas o cartão não estava na bolsa. Retiro tudo da mala e reviro minhas coisas sem pensar duas vezes. Embora tivesse alguns parafusos a menos, Harley Quinzel me parecia uma pessoa bem razoável, e tinha conseguido mudar muita coisa em mim com uma simples conversa. Além de tudo, ela era uma psiquiatra. Quando vejo que não vou conseguir encontrar o cartão, me lembro do que ela disse naquele dia. Aquilo me perturbava. De quem ela falava? Sem o número de Harley, me concentro durante a maior parte do tempo na matéria e na pré-seleção dos candidatos. Dois dias depois vou para o trabalho satisfeita com meu resultado e bato na porta de Perry com orgulho e a cabeça levantada.
     - Elis...finalmente. Espero que tenha me trazido boas notícias e, feche a porta por favor - Obedeço e sento na cadeira à sua frente sem hesitar - Quantas matérias trouxe?
     - Matérias? - Pergunto intrigada - Eu trouxe o que me pediu, material sobre o Charada - Ele pega meu trabalho e folheia tanto do lado certo quanto do avesso, então rasga os papéis na minha frente.
     - Você não voltou para Metrópolis hoje, voltou?
     - Não senhor.
     - Por acaso passou o tempo que voltou trancada no seu apartamento de merda sem sequer ligar a televisão?
     - Sim senhor, mas...- Ele me interrompe mais impaciente e irritado do que antes.
     - Então você sequer ficou sabendo da fuga e do massacre no Arkham? Doze psiquiatras mortos, além de muitos soldados do Exército. Os vigilantes de Gotham desaparecidos e você trancada no seu apartamento? - Meu coração tem um sobressalto.
     - O Robin e o Batman desapareceram?
     - Aparentemente. Mas isso não é mais do seu departamento já que voltou antes de tudo isso acontecer. Pelo menos faça o favor de dirigir a seleção do novo jornalista - Perry se levanta e passa a observar o mural - Eles já estão aqui caso não tenha reparado - Indignada com a reação de Perry e preocupada querendo saber o que havia acontecido com Jason, me dirijo à sala onde a seleção seria realizada. Doze jovens estão dispostos à minha frente, cada um com um currículo mais estúpido que o outro, entretanto havia uma parte da seleção que me interessava. Os candidatos tiveram de trazer um artigo pronto para ler no processo, e assim esclarecer quaisquer dúvidas sobre escrita e impacto da mídia. Com os pensamentos voltados para Gotham, me levanto para a última etapa do processo.
     - Quem quer começar? - Uma jovem meio ruiva levanta a mão e toda empolgada se dirige à frente da sala, o que de certa forma faz eu lembrar de mim mesma - Seu nome?
     - Lois Lane - Declara empolgada me olhando enquanto tentava ajeitar o cabelo de alguma forma que parecesse menos feio.
     - Sim, já encontrei. Quando quiser - Ela respira fundo e começa. A matéria falava do recente aumento do terrorismo, das novas facções que surgiram e de um confronto civil no Oriente Médio que ela havia participado pessoalmente no último jornal que trabalhara. Quando ela disse "fim", não precisava escutar mais ninguém. Ela seria a escolha perfeita, inclusive, para me substituir, o que seria necessário em breve depois que Perry me demitisse. Estava na cara. Ele só queria que esse processo ocorresse e que eu selecionasse os candidatos por que o escolhido seria meu substituto no Planeta Diário. Não o culpo. Pelo contrário, meu tempo de fato passou, sou uma jornalista ultrapassada, chegou a hora de passar o bastão, e tenho quase certeza de que... alguém me cutuca enquanto arrumo as fichas dos candidatos após o término do processo seletivo.
     - Sim? - Lois Lane está parada cheia de nervosismo à minha frente enquanto a observo com diversão.
     - Só queria dizer que sou uma grande fã da senhora...senhorita, quer dizer - a interrompo para que ela não confundisse mais ainda.
     - Fico feliz com isso. Sem querer te cortar, mas tenho quase certeza de que você foi reprovada.
     - O que?
     - Sério. Nenhum de vocês está apto a trabalhar aqui, pelo menos ainda não. Não com esses artigos meia boca - A jovem sai revoltada da sala e só então percebo o nível da frieza com que me dirigi à ela, embora tenha sido por uma boa causa. Ela vai me agradecer por que essa noite vai reescrever seu artigo que já é genial, então vai entrar aqui mais preparada do que nunca. Sua auto-estima foi completamente destruída, mas ao receber a ligação do jornal vai estar tão feliz que nada mais poderá abala-la. Enfim, boa sorte Lois Lane. Pego os resultados do processo seletivo e os deixo com a equipe de recursos humanos antes de voltar pra casa. Tomo o táxi e logo estou a caminho, não fosse uma nova chamada de Bruce Wayne.
     - Bruce? - Meu coração pula.
     - Elis? Aqui é o Alfred - Esclarece o mordomo com a voz trêmula e fraca.
     - Alfred? Que bom poder te ouvir, está tudo bem? O que houve com o Bruce? E o Jason? Só fiquei sabendo da fuga do Arkham hoje de manhã - Explico desesperada.
     - Entendo. Está tudo bem com o patrão Wayne...- Ele hesita antes de um fraco suspiro - Elis, você pode vir a Gotham amanhã?
     - Como assim, Alfred? O que aconteceu?


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será um bônus para que conheçam um pouco da fic que seguirá de onde esta parar!!! Não percam!!!



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