Crônicas de uma jornalista escrita por Andrew Ferris


Capítulo 12
Novo contato


Notas iniciais do capítulo

Hora de Elis conhecer uma pessoa que talvez a faça mudar!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/719094/chapter/12

Faz dois dias que o Charada foi realocado no Asilo Arkham. O lugar que não estou nem um pouco contente em visitar. Da última vez houve uma rebelião que resultou na fuga do Espantalho, o que poderia acontecer agora? Com esse tipo de pensamento, ligo para Perry, explicando tudo o que tinha ocorrido nos mínimos detalhes.
— Elis, sabe que te admiro muito, mas se continuar desse jeito vou ter que te trazer de volta. Existem leis sobre exposição de funcionário até quando se fala de jornalistas.
— Não se preocupe, vou estar cercada por seguranças, doutores e outras coisas. Disseram que a segurança foi reforçada depois da fuga do Espantalho - Perry fica em silêncio por alguns instantes.
— Quanto tempovocê vai continuar por aí?
— Me dá só mais um dia. Eu consigo a matéria sobre o Charada e ainda escrevo sobre o que eu passei, pode ser? - Ele se silencia outra vez antes de respirar fundo.
— Que seja. Vou deixar tudo nas suas mãos, expert - Mais tarde desço as escadas da mansão Wayne, que estava mais silenciosa que de costume, exceto pelo ronco de um aspirador de pó que ecoava por metade dos cômodos. Acompanho o barulho do aspirador até uma sala de arte, onde havia uma coleção inteira de quadros, esculturas e instalações. Tinha tantos objetos artísticos que provavelmente viesse a ser uma exposição. Alfred desliga a máquina e passa a me observar, enquanto eu finjo que ele não está ali.
— Ás vezes penso que seja o único jeito - Afirma Alfred, como se estivesse sozinho na sala - Eu sempre torço para que essa casa ganhe vida, mas sei que as pessoas que moram aqui só vivem com sinceridade quando estão lá fora ajudando as pessoas. Até você chegar, Elis. Você trouxe algo que eu não via a muito tempo - Declara se voltando para o aspirador.
— O tempo está me alcançando, Alfred. Um dia já fui uma jornalista à altura, mas esse dia já passou há muito tempo. Vi minha mãe morrer, e fiquei assistindo sem saber o que fazer. O jeito como as coisas estão...preciso de um tempo para mim. Quero deixar tudo isso, sabe? - Ele desvia o olhar e liga o aspirador, voltando a limpar o chão. Ao perceber que nossa conversa havia encerrado, saio da sala em direção à saída da mansão. Não fazia ideia de onde Bruce ou Jason estavam, mas sabia que deviam estar ocupados. No Asilo Arkham, passo por uma série de procedimentos de segurança que haviam sofisticado desde minha última visita. No interior da prisão sou recebida por um guarda mais velho, de cabelos grisalhos, porém um perfil tão robusto quanto o de qualquer guarda.
— Boa tarde, senhorita Turler. Vou acompanha-la em sua visita.
— Boa tarde e...obrigada. Se importa se eu andar com minha caderneta?
— Não, só que preciso verificar sua bolsa e vou ter de ficar com ela até o final da visita.
— Tá certo - Afirmo entregando minha bolsa a ele. Instantes depois uma mulher loira, com o cabelo amarrado para trás e um jaleco branco, joga sua bolsa na mesa onde o guarda revistava a minha, o que o faz a encarar com raiva.
— Boa tarde, doutora Quinzel - A jovem cospe o chiclete que está mascando na lata de lixo ao meu lado e encara o guarda com a expressão cansada.
— Boa tarde Philiph. Vê se vai mais rápido hoje por que estou cheia desses procedimentos.
— Estou sendo o mais rápido possível - Declara Philiph, que começava a perder a paciência.
— Se importa se eu retocar minha maquiagem? - Questiona a doutora se virando para mim.
— Não, não - Ela ergue a mão e aguarda - Quer alguma coisa?
— Esqueci meu estojo de maquiagem em casa. Pode emprestar o seu?
— Philiph, pode me dar meu estojo de maquiagem? - Ele me olha de canto impaciente.
— Depressa - Ele coloca minha bolsa de lado e passa a revistar a que pertencia à doutora Quinzel, então eu entrego meu estojo de maquiagem meio sem jeito.
— Se quiser, pode ficar com você - Declaro enquanto ela abre o espelho e começa a passar rimel nos olhos.
— Eu gostei, mas você vai precisar pros seus encontros futuros. Não quero ser culpada pelo término prematuro de nenhum relacionamento - Esclarece preocupada.
— Estou velha pra isso.
— Velha? Velha tá minha mãe, que Deus a tenha. Ainda dá pra te fuder legal - Ela me olha de cima a baixo e em seguida me devolve o estojo - Agora estou produzida, não? Que acha Philiph? - O segurança se contém para não olhar para a doutora, que havia se inclinado sobre a mesa, expondo seus glúteos salientes para quem quisesse ver. Embora estivesse de calça, suas curvas estavam bem definidas, de modo que nem eu pude me conter.
— Já terminei - Avisa Philiph carregando a mesa corredor à frente enquanto nós duas ficamos lado a lado atrás dele nos aproximando das celas.
— Eu gostei daquele tal de Nigma, mas acho que ele devia ficar mais longe do Senhor C...é, do Coringa - Corrige depressa a doutora tentando disfarçar, mas Philiph olha para trás abrindo um sorriso torto. Envergonhada, a doutora se aproxima e fala mais baixo.
— Eu gosto de chama-lo assim. Trata-lo com mais identidade o fez se aproximar mais do mundo depois que o Batman o prendeu aqui.
— Não conheço muita coisa sobre o Coringa além dos crimes. Os jornais nunca dão detalhes nesse sentido - Comento interessada.
— São coisas que temos de lidar se quisermos alcançar o paciente e traze-lo de volta.
— Tomando cuidado para não se perder no caminho - Completo tomando noção daquilo como uma lição pessoal.
— Sempre - Ela para em um novo corredor e, pegando uma chave, abre uma porta. Eu a sigo sem saber o que ela estaria fazendo ali, mas não me intimido de maneira nenhuma. Assim que entro, ela fecha a porta e me empurra para a parede, encostando seu corpo no meu e passando a lamber meu pescoço.
— Doutora...que que é isso? - Ela ri e me viro para ela incrédula - Por que está fazendo isso?
— Ando carente desde que comecei a trabalhar no Arkham e, ele disse que seria bom fazer isso. Deixar o cartão com você - Sem compreender, me dirigo à porta, mas ela me segura e, virando meu rosto à força, me beija sem nenhum tipo de hesitação. Assim que nos afastamos, ela sorri aliviada.
— Este é seu potencial. Boa sorte com seus namorados - Assim que deixo a sala, pasma e tremulante, me concentro de novo para ir ao encontro de Philiph, que estava no final do corredor sem um pingo de paciência.
— Por que a demora? - Estou perdida em devaneios, mas logo me recomponho e o encaro antes de responder.
— A doutora queria me mostrar um dossiê precoce de Nigma antes de seguir para a entrevista.
— Primeira coisa que deve saber é que vou ficar com você na sala, junto a mais seguranças. Não importa o que você diga nós continuaremos lá, entendeu? - Engulo em seco pensando no que tinha acabado de acontecer, então sigo em frente. Quando entro na sala, ponho a mão no bolso da calça e encontro um papel miúdo. Edward Nigma está à minha frente, eu o olho e ele me olha. Naquele momento já sabia que não conseguiria muita coisa, e assim aconteceu. Depois de três respostas complexas demais para se entender e com ramificações aleatórias pelo caminho, desisto de conversar com ele, o que na verdade quer dizer que não queria estar ali. Estava cansada. Do trabalho, da pressão, desse constante estresse e de ser a idiota que torna a Mansão Wayne um lugar mais agradável para se viver. Deixo o Asilo Arkham pensativa, nervosa, sem chão. Não tinha uma matéria que meu editor iria gostar, não tinha o que homem que queria ao meu lado e não teria mais reconhecimento algum. A quem recorreria agora? Chego na mansão e vou direto para meu quarto seu falar com Alfred, tiro a roupa e me enfio debaixo do chuveiro. Enquanto me lavo, uma porção de imagens permeiam minha memória, e em uma delas Bruce e eu nos beijávamos embora soubessemos que não era o momento apropriado. Quando seria? Essa pergunta me deixava mais nervosa ainda e assim perco a noção de quanto tempo fiquei no banheiro. Depois de vestir meu roupão, abro a porta para voltar ao quarto e me espanto ao ver que Jason estava ali, sentado na minha cama como se esperasse o próximo trem.
— Que está fazendo aqui? - Pergunta com seriedade.
— Eu que deveria perguntar isso, não acha? - Ele sorri com diversão.
— Você ainda está aqui, na mansão. Achei que iria embora depois de terminar a entrevista com o Charada.
— Não foi muito boa, então acho que minha era se foi. Além do mais, não me recordo de ninguém ter estipulado uma data para minha ida.
— Seu trabalho sim.
— Alguns dias atrás não parecia que você queria me ver tão longe - Declaro abrindo uma gaveta e pegando um perfume.
— E não quero, a menos que seja para o seu bem. Eu vejo nos seus olhos, você não suporta ficar aqui. Sequer sai do seu quarto exceto quando tem de comer e depois volta pra cá outra vez. Por que insiste nisso? - Fico quieta, pegando minha roupa e me trancando no banheiro - Eu sei a resposta dessa pergunta, mas sem querer te deixar triste ou te manipular, ele não te quer. Na verdade quer, mas ele sempre teve a mente fechada para esse tipo de coisa, "do jeito que você quer". Bruce já se casou uma vez, e não acredito que esse casamento vá terminar a menos que ele morra, se é que me entende - Respiro fundo, coloco uma camisola azul claro e me sento escorada na porta para chorar. Jason não podia estar mais certo. O quemais eu queria em Gotham além de estar ao lado do homem que sempre estava em seu interior? Reservado para sua dama, sua tão amada Gotham City. A porra da cidade onde meu pai adoeceu, onde minha mãe serviu de isca para mimha captura e onde assisti tantas tentativas frustradas de mudar a cidade. Prefeito morto, homens destemidos e audaciosos desacreditados, um comediante de stand-up desaparecido. Apesar de tudo isso, sempre haviam aqueles que insistiam em acreditar, e agora eles tinham uma razão (embora muitos não tivessem certeza se era real ou não) para acreditar novamente. O problema era eu, a garota que tinha nascido para a vida e não para Gotham. A garota que não queria estar ali, que não servia para trazer esperança ou qualquer merda desse tipo. Eu não teria o homem que tanto anseiava. Ele pode sentir algo por mim, mas o que ele sente é como o que ele sente pela própria cidade, a vontade inabalável de trazer a recompensa da fé. Ele ama Jason, embora não se dê bem com ele, e eu sei disso. Respiro fundo mais uma vez, enxugo as lágrimas e lavo o rosto. Aquela jovem, doutora Quinzel, ela tinha razão. Eu posso ser mais do que só uma tia solteirona com um apartamento cheio de gatos que mal sabe se portar, a menos que esteja sob a mira de armas. Durante todo esse tempo fui muiyo boa no que faço e sempre vivi para isso, para ser uma jornalista. Sendo assim, já tinha passado da hora de encarar uma nova forma de viver, era hora de ser uma pessoa melhor. Abro a porta ao ouvir que Jason se afastava e pigarreio alto.
— Onde você pensa que vai? - Ele se aproxima devagar.
— Pra Batcaverna.
— Que pena. Achei que tivesse uma razão para vir aqui que não fosse falar de Bruce - Declaro com ironia, me aproximando bem devagar e colocando suas mãos ao redor da minha cintura.
— Achei que não fosse o momento certo depois dessa conversa - Colo seu rosto no meu e passo minhas mãos por suas pernas e posteriormente começo a tirar sua camiseta.
— Já cansei de esperar pelo momento certo - Depois de uma longa encarada, fechamos os olhos e nos beijamos apaixonadamente, passando nossas mãos no corpo um do outro, até que me desvencilho de Jason e ele por sua vez me agarra e me joga na cama, se colocando sobre mim e tirando o resto da roupa antes de tirar minha camisola.
— Você me quer, Jason?
— Eu que deveria perguntar isso - Afirma Jason me abraçando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Depois de fortes e estranhas emoções, Elis abraçou uma nova possibilidade. Como isso vai se refletir no resto da sua vida?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas de uma jornalista" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.