My Imaginary Friend escrita por Cardamomo


Capítulo 5
Você consegue me ver?


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Mais um capítulo quentinho pra vocês, tenham uma boa leitura =^^=



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— Eu tô odiando isso. — Reclama Hanna de braços cruzados.

— Tá incomodada? Vai andando. — Thomas dá sua resposta afiada de sempre.

— Ei, Tom. Limpa o canto da boca, o veneno tá escorrendo. — Brinca Arthur espremido ao lado de Thomas.

— Relaxa que eu não vou morrer com meu próprio veneno. — Responde Thomas entrando na brincadeira.

Estavam todos dentro do carro do Senhor John, que levaria os jovens para a tal festa. Estaria perfeito se Linda não decidisse ir junto, fazendo os quatro amigos ficarem apertados nos bancos traseiros, e fazendo Hanna sentar no colo de Noah mais uma vez.

— Que horas é pra buscar vocês, crianças? — Pergunta John olhando rapidamente pelo retrovisor.

— Acho que não precisa nos buscar, pai. Nós damos um jeito de voltar. — Responde Noah olhando pela janela. Eles já estavam perto de chegar.

— Como assim? Que jeito? — Pergunta Linda virando o corpo pra trás pra encarar suas crianças... e Hanna.

Não é que ela não goste da garota, ela só entende muito o seu filho mais velho, não sendo a fã número um da moça. Thomas puxou pra sua mãe no quesito observação, tanto é que ela sabia que seu filho mais novo nutria algum tipo de sentimento por Arthur e sabia que Hanna sentia algo por Noah... E isso não parecia que ia acabar de um jeito bom.

— Mãe, a gente se vira pra voltar. Não inventa de pôr horário, por favor. — Pede Thomas revirando seus olhos, uma mania forte do mesmo. O jeito que ele falou pode até parecer falta de respeito, mas é só muita intimidade mesmo. Linda sempre fez questão de ser aberta e, de certa forma, liberal com seus filhos. John sempre a apoiava nesse quesito e os jovens os respeitam mais que tudo. É uma ótima relação, invejável para Arthur.

— Tá bom, confio em vocês. Mas usem camisinha, por favor, não quero ser vó tão cedo. — Finaliza voltando a se virar pra frente e ouvindo reclamações dos mais jovens, que só a fizeram rir.

Poucos minutos depois, eles chegam à seu destino. E mesmo sendo "cedo", já havia uma multidão de pessoas naquela casa de dois andares. Parecia ser uma típica festa americana, do lado de fora já dava pra ouvir a música e tinha tanta gente que uma pessoa claustrofóbica simplesmente surtaria.

— Se cuidem. — Pede a mulher um pouco preocupada por saber que seus meninos não eram acostumados com aquilo. Os jovens se despedem rapidamente e vão em direção à casa.

— Eu tô tão animada. — Exclama Hanna dando pulinhos ao lado de Noah que olhava ao redor encantado com toda aquela festa.

— É aqui que a gente se separa, enche a cara e transa com alguém desconhecido? — Pergunta Thomas incerto olhando ao redor igual seu irmão, mas diferente do outro, ele olhava de uma forma meio assustada. Thomas era o que mais queria ir pra essa festa, estava louco pra experimentar coisas novas, mas seu lado medroso e tímido só queria voltar correndo pra casa, se jogar debaixo das cobertas e maratonar Friends na Netflix... pela quarta vez.

— Não era você que tava fazendo careta quando a mamãe falou sobre camisinha? — Retruca Noah agora encarando seu irmão.

— Tanto faz, vamos ficar aqui plantados a noite toda? — Pergunta Hanna encarando os dois com tédio, interrompendo qualquer coisa que Thomas fosse falar.

— Hanna tem razão, vamos entrar. — Se pronuncia Arthur que estava o tempo todo brisando, algo comum pro garoto.

Os quatro entram na casa e, por incrível que pareça, não estava tão cheio quanto o lado de fora. Mas ainda sim, tinha uma galera dançando.

— Pessoal! Eae, como vai meu grupinho de nerds preferido? — Chega Kim, o dono da festa, de braços abertos com um copo em uma das mãos. Os garotos cumprimentam e Hanna dá um abraço no amigo loiro, que mais parecia um surfista por sua pele ser tão bronzeada.

— Kim, pode me levar pra casa? — Chega mais uma pessoa, dessa vez uma garota, ela tinha os olhos inchados e uma carranca do tamanho do mundo.

— Mas já, Camaron? Tá tão cedo. — Exclama Kim encarando a garota, junto dos outros quatro.

— Eu sei, mas eu acabei de ter uma briga com o Dylan e só quero ir embora. — A garota cruza os braços demonstrando uma mistura de tristeza e irritação. Ao ouvir o nome do garoto, Thomas começa a prestar mais atenção na conversa.

— Brigou? Como assim?

— A gente terminou, Kim. Agora me leva logo pra casa. — Exclama Camaron levantando o tom de voz para o garoto que assente com a cabeça rapidamente.

— Pessoal, curtam a festa, eu preciso ir. — Kim se vira para os quatro e entrega seu copo para Arthur que estava mais perto de si. Antes de qualquer resposta o garoto sai com sua prima, Camaron, em seu encalço.

— Caramba, que intenso. E não estamos nem cinco minutos aqui. — Brinca Noah pra amenizar o clima estranho que se instalou no local.

— O casalzinho sensação da escola terminou? Caraca, inacreditável. Mas a fila anda, corre que é sua chance. — Hanna dá um tapinha nas costas de Thomas que parece acordar de seus pensamentos.

— Cala a boca, Hanna. Dylan deve estar péssimo, vou atrás dele. — Informa Thomas com um tom de voz sério e preocupado, e sai sem esperar respostas. Ele sabia o quanto Dylan gostava de Caramon, pra eles terminarem assim, o motivo deve ter sido sério. Com certeza o melhor amigo do loiro deve estar arrasado, e mesmo com o coração doendo, Thomas estava disposto a ajudá-lo, pois essa era sua função. Sempre que o casal brigava, Thomas estava lá pra acalmar Dylan. E essa seria mais uma dessas vezes.

— Que bebida é essa? — Pergunta Noah para Arthur, os três ainda estavam de pé perto da porta, como três patetas.

— Sei lá.

— Bebe então, mané. — Manda Hanna com suas mãos em sua cintura.

— Eu não, bebe você. — Oferece Arthur, não querendo beber algo de um copo desconhecido.

— Então tá. — Hanna pega o copo e toma um longo gole. — Cerveja, eca. — A garota faz uma careta e deixa o copo em cima de uma mesa qualquer.

— Como sabe qual é o gosto da cerveja? — Pergunta Noah curioso.

— Eu tenho uma vida longe de vocês, sabia? — Responde a garota revirando seus olhos e fazendo Arthur rir. — Vamos rodar, quero ver mais da festa. — Chama já puxando os garotos que apenas se deixam levar pela morena.

X

Thomas estava rodando por aquela casa fazia uns dez minutos e nada de encontrar seu melhor amigo. Entrou em todos os quartos do segundo andar, viu coisas que trariam traumas futuros, mas nada de Dylan. Estava a caminho da última porta daquele andar, já sem esperanças.

O garoto abre a porta torcendo pra não ter nenhum outro casal se comendo lá dentro, mas o que encontra o deixa entre aliviado e mais preocupado ainda.

Era Dylan.

E ele parecia bem. Estava sentado dentro da banheira, com o rosto vermelho e abraçado com uma garrafa de whisky que já estava na metade, mas ainda sim parecia bem.

— Ei, Dylan. Tava te procurando, cara. — Diz Thomas se aproximando de seu amigo e já sentindo o cheiro forte da bebida.

— Achou! — Brinca Dylan dando uma risada idiota de quem já tava muito alterado. Sempre fora fraco para bebidas.

— Quer que eu te tire daí? — Pergunta o loiro já segurando o braço do outro.

— Não, eu tô confortável aqui. — Responde o garoto bêbado puxando Thomas pra cima de si. O garoto loiro arregala seus olhos, sentindo seu rosto ficar vermelho. Qual é? Não é todo dia que o garoto que você gosta te puxa pra ficar em cima dele. Thomas tá no seu direito de corar bobamente.

Thomas decide não insistir, então se afasta e senta em frente a Dylan.

— Como você tá? Fiquei sabendo do lance com a Camaron. — Pergunta o garoto loiro de forma calma, sabendo que pra lidar com o lado bêbado do amigo, tinha que ser calmo mesmo.

— Nossa, as notícias correm rápido por aqui. Eu tô bem. Até agora pouco não tava tão bem assim, mas aí eu vim pra cá e comecei a beber. Então eu já tô ótimo. — Responde Dylan dando uma risada amarga e tomando mais um gole da garrafa.

— Me dá essa garrafa. — Pede Thomas já pegando a garrafa das mãos de seu amigo, tendo que fazer um pouco de força, mas conseguindo. — O que aconteceu pra vocês terminarem?

— Desculpa, Tommy. Mas eu não tô afim de falar ou pensar nisso hoje. — Exclama Dylan suspirando e fechando seus olhos, encostando sua cabeça no vão da banheira.

— Tudo bem, você não parece capaz de muita coisa nesse estado mesmo. Não acha que deveria ir pra casa?

— Quer me levar pra casa, safadinho? Deveria me pagar uma bebida antes, não acha? — Dylan levanta sua cabeça e solta essa piadinha idiota seguida de uma risada escandalosa, sem um grande fundamento.

Thomas volta a corar, ele é mesmo bem tímido perto de seu amigo, não tanto pra tornar a amizade chata, mas o suficiente pra fazê-lo corar quase sempre.

— Deixa de ser idiota, tá cedo, então eu posso chamar um táxi. — Thomas revira os olhos e se levanta da banheira, tentando ignorar a fala de seu amigo.

— Ei... fica. Não quero ficar sozinho. — Pede Dylan e Thomas conseguiu ver o olhar triste de seu amigo, notando que ele tava lutando contra a vontade de chorar, isso destruiu o loiro que voltou a sentar. Ele percebeu que mesmo que o outro estivesse bêbado, ele parecia estar forçando o humor pra não desabar.

— Você deveria desabafar de uma vez, seu imbecil. — Thomas reclama segurando na perna do outro que apenas se senta de forma reta, encarando seu amigo em seus olhos.

— Não quero, sinto que vou surtar se ficar relembrando essa merda. — Dylan sussurra fazendo o mais alto perceber que o garoto não tava tão bêbado quanto achara. — Eu só... só quero esquecer de tudo essa noite. — Continua sussurrando e, para a surpresa de Thomas, Dylan segura em sua nuca e o puxa colando seus lábios.

X

— ...E tava tudo bem, até a dita cuja barata resolver voar bem pra cima de mim. Eu surtei, peguei a vassoura e tive que incorporar o rambo. Aquela briga foi loucona, não tenho orgulho de dizer que perdi... Enfim, foi por isso que eu fiquei cinco dias dormindo no sofá. — Termina Arthur de contar sua grande história sobre sua luta contra uma barata voadora.

— Cara, você tem noção de que tá conversando com uma planta? — Pergunta Hanna fazendo uma careta para o garoto que se encontrava agachado ao lado de uma samambaia.

Já tinham se passado umas quatro horas que o trio estava separado. Arthur resolveu experimentar uma bebida e não parou mais. Ficou enchendo a paciência de todo mundo que via até ser jogado ao lado da planta, a única que aguentou ouvir o papo do jovem bêbado.

— Cala a boca, vai magoar ela. — Responde Arthur agora abraçando a planta que se pudesse falar, estaria pedindo socorro.

— Tanto faz, onde está o Noah?

— Ele sumiu um pouco depois de você nos trocar pra ficar conversando com aquela garota alta. Ou talvez quem tenha sumido fui eu, sei lá. — Informa o garoto confuso com seu próprio raciocínio. A garota alta a quem ele se referia, era a melhor amiga de Hanna, porque mesmo que a morena só andasse com eles, ela não deixara de ter outras amizades.

— Droga... eu preciso tanto falar com ele. Vou continuar procurando. E você deveria ir ao banheiro lavar essa cara pra ver se fica menos acabado... E larga essa planta. — Hanna exclama um pouco antes de voltar pro meio das pessoas pra procurar Noah.

— Ai que garota chata. — Reclama Arthur suspirando e finalmente se levantando pra ir ao banheiro. — Não se preocupe, Juju. Daqui a pouco eu volto. — Antes de sair o garoto se despede de sua fiel escudeira.

Demorou certa de cinco minutos para Arthur achar o banheiro da parte inferior da casa, mas achou. E assim que entrou, viu um garoto subindo na pia pra ficar sentado, o garoto tinha a maior cara de tédio.

— Ei, tá ocupado. — Reclama Arthur mesmo que, tecnicamente, o garoto estivesse no banheiro primeiro. Assim que o bêbado fala, o desconhecido arregala seus olhos em sua direção.

— Você... você consegue me ver? — Pergunta o jovem saindo de cima da pia e andando em direção a Arthur.

— E por que eu não conseguiria?

— Você tá me vendo! — Exclama o jovem completamente feliz. — Finalmente você me vê!

— Eu juro que não tô entendendo nada. — Informa Arthur com uma expressão confusa.

— Arthur, sou eu! — Diz o outro abraçando Arthur de forma apertada.

— Quem??

— Boobo.


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Notas finais do capítulo

Finalmente nosso mocinho imaginário resolveu aparecer! Tava na hora, né?
E esse beijo que ninguém esperava?? Isso ainda vai render muita história kk Pode parecer aleatório, mas eu já planejava isso há décadas heueh

Espero que continuem acompanhando, agradeço muito pela paciência e até o próximo =^^=