O Mago das Espadas Aqueles que Buscam seus Sonhos escrita por Ash Dragon Heart


Capítulo 66
Aqueles Esquecidos pela Historia


Notas iniciais do capítulo

Surpresa magos e magas! Estamos de volta com mais um capitulo para vocês!

Tive uma semana de ferias do meu trabalho e com isso consegui adiantar minha escrita por isso para recompor o tempo perdido estou laçando este capítulo que sairia semana que vem!

Neste capitulo conheceremos mais sobre Daigoro e Hagamoto, sua amizade, sua missão e seu fatídico destino.

Espero que gostem, desde já uma boa leitura para todos!



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Quanto vale a manutenção da paz?

Muitos pensam que para se manter a paz basta um reino ou país não estar em guerra com outro, mas enganasse, pois os piores conflitos as vezes acontecem dentro de seu próprio território.

Ideais diferentes, modos de agir, leis, restrições, beneficiamento para alguns e não para outros, tudo isso pode gerar conflitos de pequena, medias e até grande escala que podem enfraquecer o poderio de um monarca. Afinal... não se consegue agradar a todos.

Manter a paz às vezes tem um alto preço e as vezes vidas precisam ser ceifadas pelo bem da maioria. E não era diferente em Yamato, com a diferença é que existia uma só pessoa para fazer tudo isso... ou melhor duas.

Os Executores Reais, uma classe sombria e quase desconhecida pelo povo, sua missão era simples, assassinar qualquer um que ameaçasse a “paz” que o Xogum instaurava em seu reino. As vítimas poderiam ser qualquer um, desde um simples mercador que começasse a reclamar dos preços que deveria impor sobre suas mercadorias, oradores que influenciassem o povo com ideias contrarias a do governo, espadachins que achavam desonroso a fuga da batalha imposta pelo imperador, senhores feudais desgostosos por não poderem ter mais riquezas... e até mesmo Gigas.

Não importava quem fosse, todo àquele que ameaçasse a paz deveria morrer e para executar tal missão um espadachim e seu leal amigo Giga foram escolhidos.

Hagamato Kagemitsu, um espadachim sem estilo conhecido, posses, ou familiares vivos. Um mero ronin em busca de seu lugar no mundo de “paz” que o Xogum tentava criar. O homem perfeito para ocupar o lugar de assassino das sombras.

O outro era membro do clã Kage no Ashi, uma família de Gigas leais e protetores da familiar real por gerações. Tinham a aparência de lupinos e faziam o trabalho de fiscalizar o reino e passar as informações para seu soberano. Eram eles que indicavam quem estava criando divergências e causando o caos pelo reino e passavam as ordens de execução. No entanto os divergentes da paz não eram só humanos. Irmãos de raça também começavam a murmura e a tramar contra o soberano. Contra eles uma espada normal não funcionaria somente uma e empunhada por outro Giga poderia destruí-los... e para esta triste missão foi incumbido o membro mais velho do clã... Daigoro Kage no Ashi.

Ambos receberam as espadas Dorimerukki e Muramassa, para ceifar a vida tanto de homens quanto de Gigas e por vinte anos a “paz” foi mantida em Yamato por aqueles que nunca seriam lembrados pela história.

E hoje... seiscentos anos depois eles se reencontravam.

Dentro da gruta onde o imenso monumento que ligava o mundo de Althena com mundo dos demônios...

“É você mesmo? Não é um sonho?!”

Questiona o samurai decaído para o companheiro de Hiro que ergue seu braço direito tocando no ombro do espadachim, que ouve a voz que não ouvia, há seis séculos.

Sim mestre... sou eu, não é nenhum sonho.

Os dedos encouraçados do samurai tremem enquanto tocava a face do ex-lupino. Sua Aura não mudou, porém estava mais pura e forte como ele nunca havia sentindo.

E isso assustava.

“Como?”

Parece... que Gaia me deu uma segunda chance.

“Segunda chance?”

— Isso mesmo. – Confirma Wolf. – E pode lhe dar também.

“O quê?”

Os olhos de rubi de Hagamoto reluzem demonstrando o estado de confusão que se apoderava de seu ser enquanto soltava a face de Wolf que continuou:

Mestre... digo Hagamoto!

A voz de Wolf soou imponente fazendo o interior do samurai tremer.

Só vou pedir isso uma vez... pare com este plano doentio agora mesmo, entregue sua Relíquia e juro pelo menu nome e de meu clã que sua existência será mantida intacta!

A mente de Hagamoto parou ao ouvir aquele pedido, ou melhor, ordem vinda de seu antigo companheiro.

“O que... você disse?”

Não vou me repetir. – Responde Wolf que estende sua mão esquerda para o samurai. – Me entregue a Dorimurekki, agora!

Hagamoto olhou bem para seu antigo companheiro incrédulo.

“Você só pode estar brincando... não é?

— Você acha que estou? – Rosna o Regente elevando sua Aura que de imediato faz o ambiente ficar abafado e quente, e mesmo Hagamato sendo um espirito começava a senti-lo.

Ele se levanta, se afastando lentamente.

“Você não pode star me pedindo isso?!”

— Mais estou! – Reitera Wolf. – Me dê a Dorimurekki... AGORA!!!

A Aura do Regente se expande ainda mais, sua katana mesmo guardada na bainha de suas costas tremulou, fazendo com que o samurai decaído recuasse ainda mais.

“Daigoro!”

— Meu nome agora é Blade Wolf! – Brada o Regente. – Daigoro morreu naquele dia de chuva, enquanto éramos arrastados perante o povo que juramos proteger!

Imagens daquele dia fatídico surgiram na mente do samurai. O momento de sua queda, de sua morte, ao qual ele levou seu melhor amigo junto. Uma tristeza e sentimento de culpa tomou conta de seu ser, porém um mais forte sobrepôs este... o de ódio por aquele povo ingrato ao qual ele deu o sangue para proteger!

“Um povo fraco e ingrato que não merecia nosso sacrifício!”

Rebate o samurai.

“Um povo que vivia pela ignorância de um monarca que precisava de executores para limpar sua própria sujeira e manter sua dita ‘paz’!”

Wolf fecha sua mão esquerda em fúria.

— Você aceitou esse posto! Nós aceitamos!

 “E VOCÊ ACHA QUE EU QUERIA ISSO?!”

Vocifera o espirito das sombras.

“Eu queria ser um samurai honrado, que lutasse pelo meu povo, sua segurança e orgulho nas linhas de frente! Sobre a luz! Mais não... eu era um miguem numa pátria repleta de famílias influentes e abastadas de riquezas que não valorizavam estilos ou técnicas, apenas poder. Não havia lugar pra mim no mundo de luz deles... só na escuridão... e foi lá que eu tive que lutar... por vinte anos!”

Wolf meneou a cabeça.

— E você acha que foi fácil pra mim também aceitar essa missão?

“Ah?”

— Pois fique sabendo que não foi!

­Declara o Regente em fúria.

— Eu aceitei, porque se não fosse eu seria outro da minha família! Poderia ser Kiki... Totô... até meu velho pai!

Os olhos rubis de Hagameto reluziam ao ouvir aquilo.

“Você nunca falou sobre isso...”

— Não havia necessidade! Foi minha escolha e graças a isso meu irmão e irmã puderam crescer sem sentir o gosto de sangue em suas patas e presas.

Hagamoto sentiu um nó na garganta, havia esquecido como seu antigo companheiro amava sua família, sempre que podia ia visita-los e passava dias com eles, brincando, contando suas aventuras... excluindo as mortes e noites sangrentas, apenas contando histórias lindas e felizes ao qual ele sonhava em viver... um dia.

Escolhas Hagamoto. – Diz Wolf. – Nossas vidas são feitas de escolhas que fazemos em vida.

O lupino estende as mãos.

— Nossas escolhas nos fizeram lutar nas sombras da história, protegendo a luz em segredo... e foram essas escolhas que nos fizeram lutar ao lado de Algus, Zamas e Ryuken contra Roberto Salles e o impedimos de libertar o demônio nesta terra!

E aponta para o portão atrás do samurai.

O MESMO DEMÔNIO QUE VOCÊ ESTÁ TENTANDO LIBERTAR AGORA!!!

A mera menção do ser nefasto fez com que o portão tremesse. Sua Aura a emergir para fora do imenso monumento. Ele havia reconhecido a presença de um de seus desafetos.

Parece que ele não se esqueceu de mim... isso é bom!

“Claro que não...”

Responde o samurai que olhou de relance para o portão.

“Mais se eu soubesse o que aconteceria depois de termos detido aquele ocidental maldito... eu nunca teria impedindo a vinda do demônio!”

Volta sua face novamente para o ex-lupino.

“Se eu soubesse que o Xogum não nos daria nada em troca de termos salvado Yamato... eu nunca teria movido um dedo para ajudar aquele moleque e aquele Ronso!”

— E você realmente achou que o Xogum nos recompensaria?! – Wolf questionou incrédulo meneando a cabeça. – Aquela batalha nunca poderia ser revelada para o mundo, ou a existência do portal! Por que alguém com más intenções poderia se aproveitar e tentar reivindicar seu poder... o que realmente aconteceu... e nós impedimos isso... várias vezes!

“Isso mesmo!”

Rebate Hagamoto.

“Nós salvamos esta terra diversas vezes e nunca recebemos sequer um obrigado ou título... continuamos a agir nas sombras como fantasmas!”

Aponta seu dedo encouraçado para Wolf.

“Você sempre soube qual era meu sonho!”

— O de se tornar um samurai famoso e reconhecido por toda a Yamato.

“Exatamente!”

— E você realmente achou mesmo que o Xogum te daria isso? Um título de nobreza a um reles assassino das sombras?

Aquilo foi um soco na cara do samurai que ficou mudo.

— Você acreditou mesmo que ele condecoraria um ronin que impediu a vinda de um ser do Abismo? Ser esse que nem deveria existir na história? Às vezes eu te acho muito infantil, sabia?!

“Como ousa?!”

— Ouso sim! – Desafia Wolf. – Vai fazer o que... me atacar? Você um espírito sem corpo? Fique sabendo que você só conseguiu me tocar agora a pouco por que eu deixei!

O samurai decaído rosna, por mais que ele estivesse furioso o que Wolf disse era verdade, ele não poderia reagir, precisava de um corpo para poder lutar.

“Tadashi!”

O espirito volta seus olhos para a cabeça de seu regente inerte e não compreendeu por que ele não se curou sozinho.

Não adiantar olhar para ele.

“Ah?”

— Caso tenha esquecido, minha Muramassa foi forjada pelo mesmo ferreiro e usando o mesmo material que foi feito a Yamato... ou seja são espadas irmãs!

Hagamoto tremeu ao ouvir aquilo, havia esquecido completamente desse fato.

— Ou seja... seu Regente não vai levantar tão cedo, ou quem sabe nunca mais!

“NÃO!”

— Oh, sim! – Rebate o companheiro de Hiro. – E pensar que nada disso poderia ter acontecido.

“O que disse?”

— Caso tenha esquecido você teve a oportunidade de deixar de ser um executor real!

Wolf dá um passo adiante forçando o samurai a recuar.

Quando vencemos Roberto, Algus e Zamas nos convidaram para irmos embora com eles de Yamato, lembra?

Hagamoto meneia a cabeça em negação.

— Que pena... pois ali você perdeu a chance de recomeçar sua vida! –Brada o ex-lupino. ­– Eles diriam para o Xogum que perecemos no combate, restando somente nossas espadas que seriam devolvidas por Ryuken. Os dois iriam embora de Yamato para tentar impedir que as ações de Roberto se repetissem pelo mundo afora, só que na verdade nós não havíamos morrido e embarcaríamos em segredo com eles e assim partiríamos de Yamato... e caso não se recorde eu sempre tive o sonho de sair de minha terra natal e conhecer o mundo.

Isso ele se lembra. Daigoro desde filhote comentava que queria conhecer o mundo além do mar de Yamato e quando conheceu Zamas, um menino que veio do ocidente esse sonho ficou ainda mais forte.

No entanto...

Você se recusou, disse que viveria e morreria em Yamato, lutando por aquela pátria! Mais que mentira mais deslavada!

O samurai sente a Aura do ex-lupino crescendo cada vez mais o empurrando para trás.

O que você sempre ambicionou foi a vida que os samurais tinham! Não a honrada, regida pelo código da espada, mais sim a de regalias, riquezas e luxuria que eles ostentavam enquanto muitos morriam miseravelmente pelas ruas!!!

A Aura de Wolf irrompe para fora do corpo arremessando o samurai decaído contra o portal negro, assim como o corpo de Tadashi e sua cabeça que rolou próximo do tenebroso monumento.

“Urg!”

— E como se não bastasse quando você viu que não conseguiria subir na vida por serviços prestados, decidiu apelar para o “Fushi no ketto.” Que consistia em um duelo contra alguém de uma hierarquia superiora a sua! – Declama o Regente. – Caso você vencesse tomaria o lugar dele, caso perdesse, seria morto na hora! E você cego pelo poder desafiou justamente o conselheiro real do Xogum, que era ninguém mais, ninguém menos do que...

“SAZAKI KOJIRO!!!”

Brada o espírito das sombras com todo seu amargor e ira contra o professor de Draconia.

— Justamente.

“Ele sempre foi um estorvo na minha vida!”

Rugi o samurai decaído.

“Sempre no topo, sempre o mais forte, sempre o inigualável!”

Fecha ambos os punhos em fúria.

“A feição calma dele sempre me irritou, um físico que não constatava em nada com um de um samurai e mesmo assim... sua força era inalcançável!”

— Eu sei disso. – Responde Wolf. – Eu estava lá quando você foi derrotado por ele... em um golpe.

Aquelas palavras fizeram todo o corpo do samurai tremer, sua Aura sombria a se elevar fazendo contra peso a Aura de Wolf.

“Um golpe...”

Ele se recordava perfeitamente daquele momento, quando avançou contra o adversário, colocando toda sua força, empenho, dedicação e ambição em sua espada. Seus pés pisaram firme no assoalho de madeira, seus olhos detectavam cada detalhe do inimigo, sua espada e do ambiente a sua volta, sua Aura inteira foi usada naquela que seria a maior luta de sua vida. Estava preparado para longos minutos e quem sabe horas de duelo acirrado contra seu maior oponente.

Um duelo que ficaria marcado para sempre nas páginas dos livros de história de Yamato... só que esse duelo nuca seria registrado, contado, ou cantado, pois nem um duelo de verdade foi... e sim uma execução.

Um movimento, um golpe, a nodachi do conselheiro real cortou o ar a frente do executor real que só viu uma brisa passar a sua frente, seu adversário sumir de seu campo de visão e ele cair de joelhos após ser cortado de cima a baixo.

Um rasgo perfeitamente desenhado cortou o companheiro de Daigoro da testa, até o final do abdômen, sangue jorrou por todo o ambiente, os espectadores gritaram em pânico pela cena grotesca, mais o mais assustador foi ver o adversário vivo e gritando de dor. O lupino queria correr para ajuda-lo mais foi impedindo pelos guardas do xogum, que mandou lançarem o semimorto para fora do palácio na sarjeta onde tinha vindo e assim foi feito.

— O que ninguém esperava é que você sobreviveria àquele incidente. – Diz Wolf. – Seu rosto ficou deformado, seu corpo perdeu tanto sangue que perdeu a força que tinha. Você não conseguia mais segura sequer uma espada.

“É verdade... meu sonho de ser um samurai reconhecido... morreu ali...”

Responde o espirito sombrio erguendo sua face.

— E ali nasceu o maior inimigo de Yamato.

“Sim...”

O samurai olhou para sua mão direita a fechando com força sentindo todo seu ódio transbordar.

“Eu fui privado até mesmo de uma morte honrada, vaguei pelo vale da morte por dias, semanas... meses!”

— Mais você conseguiu sobreviver, se afastou do mundo vivendo dentro de uma cabana velha e fétida dentro do cemitério da cidade... como um fantasma do passado.

“E você como bom amigo que sempre foi cuidou de mim até conseguir andar sozinho.”

— Era meu dever como amigo e companheiro de batalha fazer tal coisa.

“Não, não era.”

Hagamoto nega com a cabeça.

“Você sempre foi muito mais do que um amigo pra mim... foi um irmão... ou como Totô dizia... irmãos de patas!”

— Há, há, verdade.

Um silencio se formou entre os dois após aquele momento íntimo, no qual ambos recordavam o passado, um passado onde em poucos momentos eles não precisavam matar ninguém, só viver.

Só o que eu não esperava é que aquela cabana tinha sido um dos esconderijos de Roberto e de seus capangas, e estaria repleta de arquivos com suas pesquisas e magias trazidas do ocidente!

“Na verdade... não foi uma coincidência... eu me isolei naquele lugar já sabendo disso.”

Completa o samurai.

— Esse foi meu erro! Eu devia ter te levado para o clã Kage no Ashi e lá tratado de seus ferimentos até te curar, só que...

“O Xogum havia removido você da função de Executor Real e o nomeou como líder do seu clã.”

Responde o samurai.

“Não seria nada inteligente acolherem um ronin que deveria estar morto... e eu já havia causado problemas demais a mama Momoko e a papa Kagemaru... e era sua chance de ouro de sair das sombras e lutar na luz.”

— Pois é... – Murmura o Regente. – Mais isso era só um título, na verdade eu nunca sai das sombras... de assassino me tornei investigador e informante do governo... delatando os inimigos enquanto outros desafortunados tomaram nossos lugares. Era um ciclo sem fim...

“Ciclo esse que eu estava disposto a quebra-lo de uma vez por todas!”

O ar ficou mais pesado.

— Depois disso várias incidentes começaram a acontecer por todo o reino, pessoas em estado de frenesi matando umas às outras, murmurando seus piores medos, vendendo seus corpos, por uma única dose de felicidade!

“Há... exatamente.”

Os olhos encobertos pelo visor carmesim de Wolf reluziram.

Você está rindo?!

Pergunta incrédulo.

— Você tem noção de quantos morreram devido a droga que VOCÊ criou?!

“Uma droga que mostrou finalmente a face daquele império!”

— O quê?!

Hagamoto se desencostou do portão negro, dando alguns passos à frente.

“É simples Daigoro, o que eu fiz, foi acordar o povo para as mentiras contadas pelo Xogum e seus conselheiros, mostrar que a dita ‘paz’ que ele tanto tinha orgulho em propagar... era uma farsa!”

— AH?

“A Máscara do Terror, realmente faz a pessoa vivenciar seu pior medo, tornando a pessoa um ser selvagem e desesperado para se livrar de tal pesadelo... só que tal pesadelo só existe se a pessoa tiver medo!”

— Mais todos sem exceção têm medo de algo!

“Sim, mais você nunca achou estranho que todos eles murmuravam ver a mesma coisa?”

— O quê?

Wolf pensou naquilo e rapidamente procurou em suas memorias sobre os incidentes causados naquela época, ele mesmo havia investigado vários antes de descobrir que tinha sido seu antigo companheiro que causou tudo aquilo. E se recordou que os aflitos pela Kyofu no masuku, sempre diziam ver a mesma figura.

“O demônio de mascaras Kabuki está vindo atrás de nós, o demônio Kabuki está vindo atrás de nós!”

— Sim... eu me lembro! Mais foi justamente pela sua armadura e máscara utilizadas que...!

“Engano seu velho amigo!”

— O quê?!

“Eu só vim a utilizar está armadura e mascara depois de ouvir os relatos dos aflitos, sobre a figura Kabuki.”

Responde Hagamoto, fazendo Wolf questiona-lo:

Mais então... de onde veio a figura Kabuki?

“Não é obvio?”

O espírito sombrio abre os braços.

“A figura Kabuki nada mais é do que a personificação do medo que o povo tinha do Xogum!”

— O QUÊ?!

O companheiro de Hiro não acreditou no que ouviu, o Xogum era a figura nefasta que aparecia nas mentes das pessoas afligidas pela Kyofu no masuku?

Isso não faz sentindo?

“Ahhh, mais faz! E eu explico!”

— Hum?

“Nos meus estudos dos relatórios de Roberto, haviam várias informações sobre magias e formulas, mais também haviam textos contado sobre como os diferentes tipos de reis e rainhas governam além mar.”

Wolf serrou os olhos e ouviu atentamente.

“Existiam os monarcas ditos como ‘bons’ ...”

Ergue seu punho direito.

“... e existiam os ditos como ‘maus’.”

Ergue seu punho esquerdo.

“Cada um reinava de uma maneira, os ditos como ‘bons’ distribuíam alimento e riquezas para seu povo e governavam com justiça e com o sentimento de pátria unida, mantendo assim seu reino unido. Pois todos eram irmãos e lutavam para manter aquela dita luz. Já os ditos como ‘maus’ regiam de maneira totalmente oposta. Sua força vinha da submissão completa daquele povo, que deveria ser unido e seguir suas regras, caso não fizessem isso... eram presos, torturados, executados! Obrigados a lutar até a morte nas guerras, pois caso voltassem sem a vitória morriam por abandonar a sua pátria!”

Então fecha ambos os punhos.

“Em suma... uns reinos eram liderados pela coragem e união e os outros pela submissão e pelo medo... essa última te soa familiar?”

Como não soaria.

Está um pouco diferente... mais é idêntica à forma de governar usada pelo...

“Pelo Xogum daquela época!”

 E o ex-lupino meneia a cabeça em afirmação assimilando o que ouviu.

“Em outras palavras, ele mascarava sua dita ‘paz’, com a desculpa de estar mantendo o reino seguro, mas na verdade estava eliminando desafetos e potencias focos de resistência contra seu poder absolutistas e corrupto!

Wolf apertar os punhos com ainda mais força sentindo sua ira crescer ainda mais. Nunca gostou daquele Xogum, mais ele era o imperador e deveria prestar obediência... fosse o que fosse.

Saber disso não te faz ser mais santo do que ele!

Brada o Regente.

“Evidente!”

Responde o samurai.

“Mais graças a isso, eu pude montar meu plano para destrona-lo! Usando a figura que ele mesmo criou contra ele mesmo! E assim surgiu...”

— O Kabuki Negro!

Brada Wolf.

“Isso mesmo! O ser sobrenatural que assombrou e ainda assombra as mentes e corações do povo de Yamato. Carregando consigo os ventos da calamidade e da mudança! Um ser atemporal que sempre voltará para lembrar aos governantes e cidadãos de Yamato que o medo sempre fez e fara parte de suas histórias e não importa o quanto lutem... está é sua sina!”

Ergue ambos os braços para o alto e proclama!

“Por que está é a maldição que Yamato lançou sobre si mesma e nuca poderá ser desfeita!”

NÃO!!! – Exclama Wolf. – O Passado morreu com você e o Xogum naquele dia! Deixe os vivos viverem suas vidas e seguirem seus próprios caminhos! Não seja como os senhores do destino que você tanto repudiou e combateu! – Estende novamente sua mão esquerda. – Me entregue a Dorimerukki... ainda há tempo!

“Tempo?”

Questiona o samurai decaído liberando sua Aura corrompida.

“Eu faço meu próprio tempo e vocês... O SEGUEM!!!

— Eu não poderia ter dito melhor... Hagamoto!

Ah?

Wolf recua ao ouvir outra voz pelo ambiente, mais precisamente atrás de seu antigo mestre.

“Demorou, hein? Achei que tivesse morrido de vez!”

Uma risada medonha se segue após a fala do samurai assim como uma resposta:

— Você sabe muito bem meu caro... que eu...

Os olhos de Wolf se arregalam ao ver o corpo decapitado do irmão de Hiro se levantando assim como sua cabeça que flutuava, sendo carregada pela Aura negra que a coloca no lugar. O corte ardente feito por sua Muramassa que queimou sua pele desaparece e da face cadavérica um sorriso brota, como a do Xogum de seis séculos atrás demostrando sua superioridade sobre todos a sua volta, sorriso de alguém que se achava o dono do mundo, um deus inalcançável... um senhor do destino.

— ... sou IMORTAL!”

Finaliza o Hamada totalmente curado, seu corpo todo emitia uma enorme quantidade de Aura sombria, mais havia mais, Mana brotava do solo, das paredes e do teto... não do portal... e ia direto para ele!!!

Mais o que é isso?! Essa Mana é?!

“Sim, Daigoro... é a Mana de Yamato, corrompida, manchada, tingida pelo sangue, medo e ódio de gerações e elas escolheram nosso novo e verdadeiro rei!”

Aponta para o Hamada.

“Um rei forte, impiedoso que mostrara a todas as nações do mundo que Yamato sempre foi e sempre será a maior nação deste mundo!!!”

E se volta prostrando-se sobre terra diante de seu rei sombrio.

“Tadashi Hamada, o novo Xogum de Yamato!!!”

E o Hamada sorri abrindo os braços, sua Aura se elevando ainda mais, a Mana de Yamato a envolve-lo, seu corpo ser coberto por uma armadura negra, de suas costas suas asas encouraçadas brotam novamente, seu cabelo curto torna-se alvo e cumprindo e sua face e coberta por um elmo de chifres e uma máscara vermelha kabuki.

E ali estava Tadashi Hamada em sua forma Regente completa!

— Que monstruosidade. – Diz Wolf olhando para a o Regente de seu antigo mestre.

— Monstruosidade você diz? – Questiona o Hamada com a voz grossa e sobrepondo com a de Hagamoto. — Sim... ela pode parecer medonha, mais se encaixou perfeitamente neste cenário em que estamos!

— O quê?!

“É evidente Daigoro!”

— Ah? – O ex-lupino volta sua atenção para o samurai decaído.

“Um reinando regido pelo medo, precisa de uma figura à altura, por isso o Kabuki Negro é a figura ideal para servir como novo pilar desta nação!”

Wolf na mesma hora rugi.

— Vocês são dois loucos!!!

— Loucos? – Tadashi desdenha. Ao contrário só estou trazendo para esta terra o modo de governar que é empregado em todo o mundo!

— Um terra que ainda sofre com os males que o ocidente trouxe! – Aponta o dedo indicador esquerdo para ele. – Você é natural desta terra, como pode pensar em fazer algo tão hediondo com seu próprio povo!

— É por ser meu povo que estou fazendo isso.

— Ah?!

— O povo nada mais é do que “gado”, nesta terra.

— GADO?!

Wolf cuspiu aquelas palavras.

— Sim! – Reafirma o Regente das Sombras. — O gado precisa ser cuidado, alimentado e adestrado para fazer o que mandão, sem questionar. Assim um reino pode prosperar sem crises ou transtornos, seguindo as diretrizes e ordens que seu pastor dá.

“Assim nunca haverá revoluções ou brigas internas, pois todos agiram como um só corpo!”

Completa Hagamoto.

— E se a cabeça deste incrível corpo estiver ruim, quem vai cuidar dela?

O Hamada ri.

— Eu não preciso de ninguém para cuidar de mim... como disse... sou imortal!!!

Bate com força no próprio peito.

Sou um rei que vivera e será lembrado na história como o mais poderoso, imbatível e meu poder se estendera além mar!

“Nós seremos a nação mais poderosa deste mundo”

— Imbatíveis!

“Invencíveis!”

— Poderosos!

“Indestrutíveis!”

— E acima de tudo... ETERNOS!!!

Proclamam ambos Regente e Espirito Guardião, com toda sua convicção, poder e desejo exaltando para fora de seus corpos, eram uma visão medonha, torpe e acima de tudo triste.

— Tenho pena de vocês.

— Ah? – Regente e Espirito exclamam sem entender.

— Testemunhando suas ações, ouvido suas palavras, sentindo suas Auras... eu não consigo sentir ódio... apenas pena... pena de seres tão medíocres e fracos como vocês.

Ao ouvirem a palavra fraco ambos olham furiosos para o ex-lupino.

— Ousa nos chamar de fraco?!

“Nós os futuros senhores desta terra!”

— Mais é o que vocês são... fracos. – Repete Wolf. – Pobres infelizes que não conseguiram realizares seus próprios sonhos e ambições e agora recorrem as trevas como viciados em busca de drogas, vadias em buscas de sexo fácil, ou pior... crianças mimadas que acham que podem ter tudo só porque batem o pé!

— DO QUE VOCÊ NOS CHAMOU SEU VERME?! – Vocifera o Hamada ensandecido.

“Daigoro, perdeu a noção da realidade?”

Questiona o espirito.

“Não sabe com quem está falando?!”

— Com um moleque mimado e um samurai fracassado que acham que podem ferrar com a vida dos outros só porque não conseguiram obter o que tanto queriam! – Brada o ex-lupino furioso.

Aquilo foi o fim para Tadashi, seus olhos escondidos pela máscara se distorceram em puro ódio, não pensou mais em nada a não ser pegar sua espada a brandi-la sobre sua cabeça e lançar uma rajada de vento negro carregada de mana corrompida contra o companheiro de Hiro.

— MORRA MISERÁVEL!!!

“DAIGORO!!!”

Gritou o samurai decaído ao ver o golpe de Tadashi se aproximando do antigo companheiro, que erguer o punho esquerde, o trazendo para perto do corpo e estende-lo para seu lado original socando o golpe que desaparece, restando apenas fagulhas de mana crepitando pelo ar.

— Mais o quê?!

“Ele desfez seu golpe com um soco!”

O interior de Hagamoto tremeu ao ver aquilo, um golpe que consegue apagar a técnica do outro com um simples movimento... igual ao de...

“Kojiro...”

— Não me ofenda ao me comparar com aquele idiota! – Brada Wolf sério. — Não fiz nada demais, seu golpe é que foi muito fraco e só precisei pará-lo com um movimento... simples assim!

Aquele última palavra fez o Hamada ficar ainda mais furioso.

— Seu verme maldito!!! – Aponta sua espada negra para o ex-lupino. ­— Acha que pode vir aqui e me humilhar e sair ileso? Não é porque você tem uma ligação com Hagamoto que irei perdoá-lo por tal afronta! – Sua espada reluz. — Você merece ser... EXECUTADO!!!

O soar daquele palavra inundou a mente do samurai decaído, tantas vezes ouviu aquela ordem vinda do Xogum, tantas vezes que sua espada ceifou a vida de alguém... que às vezes nem merecia morrer, só morreram por puro capricho de um monarca que não gosta da A ou B, ou por simplesmente não obedece-lo.

“Daigoro...”

Seus olhos caíram sobre Wolf que abaixou a cabeça, já não conseguia mais olhar para ele. Suas mãos azuladas fechadas como dois martelos, seus pés tremiam afundando o chão e sua espada novamente tremulava pedindo para sair... e dessa vez ele permitiria.

— Eu tentei...

Confessa o ex-lupino.

Eu juro que tentei... mais você está preso a servidão de suas próprias ambições.

O samurai decaído sente outro golpe, dessa vez em seu peito.

— Você não pode mais ser salvo...

Wolf ergue a mesma mão que deteve o golpe de Tadashi, abre-a e depois a fecha novamente só que dessa vez sobre o cabo de sua espada.

Eu prometi que o deteria caso você perdesse o controle de suas próprias ações no passado.

Desembainha lentamente sua katana de lâmina carmesim.

Mais eu fui fraco e não consegui te impedir e você acabou por matar o Xogum.

A bela espada deixa sua bainha ao qual ele abaixa, a pendendo ao lado do corpo.

— Você obteve sua vingança, e por alguns minutos obteve a glória que tanto almejou, porém ela durou pouco, pois Kojiro voltou a cidade com os monges e acabou com sua fútil rebelião.

Aperta com força o cabo em forma de leão.

Kojiro te derrotou de novo... sem dificuldade, e eu... assumi meu crime... o de não detê-lo.

Lágrimas vertiam pelos olhos de Wolf.

Fui condenado por traição... por não ter coragem de matar meu melhor amigo.

Ergue seu rosto para ao alto encarando o enorme cristal dourado.

— Só o que eu não tinha percebido... é que meu melhor amigo já estava morto.

Abaixa a cabeça fitando o samurai que não o deixou de encara-lo nem por um segundo.

Eu jurei detê-lo caso você se corrompe-se... falhei na primeira vez... mais não falharei uma segunda!

Declara o Regente das chamas erguendo sua espada na direção da dupla.

— Eu vou detê-lo... mesmo que para isso... TENHA QUE TE JOGAR DE VOLTA NO ABISMO!!!

Rugi o Regente tendo seu corpo envolvido pelas chamas do leão de fogo que rugiu em resposta aos eu clamor. Hagamoto meneou a cabeça, serrou com força seus punhos e tomou a única decisão que poderia naquele momento.

“Se você se opõem a mim... então também é meu inimigo...”

Desaparece em uma nuvem negra que adentra o corpo de Tadashi que responde com suas vozes combinadas:

Por isso deve ser executado!!!

O companheiro de Hiro separa os pés que afundam no solo, segura o cabo com ambas as mãos, mantendo sua lâmina na horizontal e devolve na mesma moeda a ameaça da dupla de loucos:

Tentem!!!

E assim eles respondem, alçando voou contra Wolf que se lança na mesma direção. O rastro negro e carmesim se encontram causando um abalo que faz toda a caverna tremer, assim como o prédio e os adjacentes, as chamas e o vento negro se colidiam, seus poderes se mesclam, ambos se agacham e saltam arrebentando o teto da caverna.

Começava ali a redenção de Wolf...


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Notas finais do capítulo

E assim encerramos mais um capitulo! Nosso ex-lupino salta suas presas contra seu antigo amigo, pronto para defender sua terra!
Os confronto final entre a luz e as trevas tem inicio!

Aguardem turma pois vem muita coisa ainda para impressiona-los! Desejo a todos uma boa noite e um bom final de semana!

Musica de fundo para o passado de Wolf e Hagamoto: https://www.youtube.com/watch?v=IRx9gnY0Mp0
Musica de inicio de batalha entre os Regentes: https://www.youtube.com/watch?v=t-pKmfwGiIw

Uma boa noite para todos!



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