Guerra por Marte escrita por Martins


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas postei ;)



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08 de outubro de 2136

            — Dorme menina que eu tenho que fazer lavar e engomar a roupinha pra você...—Carlos cantava acariciando os cabelos da pequena Paula. — Desce tutu de cima do telhado vem ver se essa menina dorme um sono sossegado...

            As lágrimas rolavam e caíam até o chão branco. Seus olhos estavam vermelhos e sua boca trêmula. O presidente, o homem mais poderoso do Brasil, estava agora refém da vida, obrigado a tomar uma atitude que não lhe agradava.

            — Senhor, deve retornar para o salão presidencial. Os outros representantes o esperam. –um robô pequeno de cor azul royal falou.

            Carlos se levantou da cama onde a menina dormia, enxugou as lágrimas e caminhou para fora daquele quarto de hospital.

            — Pietro, arrume as coisas dela. Quero que ela volte para casa.

            — Como quiser senhor.

            Carlos voltou ao salão e a caminho da sala de reuniões, vestiu um terno preto dado a ele por Wesley. Abriu a porta de metal e vidro ainda arrumando a gola do paletó e foi logo se sentando na poltrona que ficava no fim daquela mesa negra. Todos se levantaram quando adentrou naquele lugar, mas com um simples gesto com as mãos pediu para que voltassem ao assento.

            — Qual o motivo dessa reunião às pressas Carlos? –perguntou Louise apoiando seus braços sobre a mesa, deixando escapar um minúsculo sorriso no canto direito de sua boca.

            Carlos bufou e hesitou em falar, o que despertou a raiva em Edward.

            — Vamos Carlos, não temos o dia todo para esperar sua vontade.

            — Certo. Ontem mesmo eu me neguei a ceder a vocês a corporação MUV para que a usassem com o intuito de colonizar Marte. A princípio, a ideia era completamente ridícula e extremamente cara se olharmos para o lado financeiro.

            — E o que te fez mudar de ideia? –perguntou Janaia.

            — A vida. Comecei a pensar em como poderíamos construir uma civilização em outro planeta, recomeçar do zero e consertar nossos erros com a natureza. Isso está longe do que Catarina pensava. Ela defendia a ideia de não abandonarmos nosso lar, de ficar e lutar para melhorá-lo. Para ela, não tínhamos o direito de morar em outro lugar sem antes aprender a respeitá-lo.

            — Você também concordava com ela? –perguntou Janaia.

            — Sim. O jeito como falava que poderíamos melhorar a Terra era esperançoso até mesmo para mim.

            — E por que abandonou esses conceitos? –alfinetou Edward.

            — Desastres vêm ocorrendo. A população está assustada. E minha filha está doente. Não há mais porque temer o desconhecido. –ele se levantou da poltrona. — Vocês tem minha permissão para utilizar os recursos da MUV para o projeto de colonização de Marte. Com licença.

            Louise não disfarçava a felicidade que sentia por seu projeto ter seguido um passo à frente. Não quis demorar em colocar tudo em prática, então foi o mais rápido possível para o prédio da corporação MUV. Ela andava sorridente e até mesmo cumprimentava os funcionários que encontrava pelo caminho.

            — Senhora Louise, fomos informados de sua chegada. Por favor, me acompanhe. –uma asiática a acompanhou levando-a para uma das maiores salas daquele prédio.

            Louise se via de frente com o diretor de pesquisa e produção da MUV, Júlio Cortez. Ela lhe olhou de cima abaixo analisando o melhor método para conseguir agradar aquele homem. Um pouco baixo e rechonchudo, com uma careca à mostra, Louise sabia que teria de impressioná-lo com um pouco de ciência. Os dois se apresentaram formalmente e se assentaram para discutir os detalhes do projeto de colonização de Marte. Louise usou um pouco de seu charme para que o diretor fizesse tudo o que ela pedisse.

            — E quanto à tripulação? –perguntou o diretor.

            — Não se preocupe, tenho em mente alguns nomes em quem posso confiar.

            Nos corredores dos quartos de hóspedes presentes no salão presidencial, Elena caminhava firmemente andando em direção a um dos quartos. Só de se aproximar pôde ouvir gritos e gemidos, vindos do quarto número 18. Tocou na porta, e depois de alguns segundos de demora Janaia a abriu, vestindo-se com um roupão e saindo sem dar nenhuma explicação.

            — O que está acontecendo aqui? –perguntou Elena.

            — Entre e feche a porta. –pediu Edward enquanto se vestia.

            Elena fechou a porta atrás de si, caminhou até o sofá azul escuro e se sentou fixando os olhos no alemão.

            — Você transa com qualquer uma que bater na sua porta? –perguntou a mexicana.

            — Você bateu e nem por isso estou arrancando sua roupa. –Edward se sentou com um copo de uísque na mão. Ofereceu ele um pouco de sua bebida a musa que estava sentada em sua frente, mas ela recusou. — Me diz o que quer de mim? Se for sexo já vou adiantando que preciso recuperar minhas forças.

            — Controle seus instintos primitivos. O que me trás aqui é a simples dúvida de poder contar com você em nossos planos futuros.

            — Ah verdade! Esqueci que você e Louise além de namoradinhas, agora são comparsas que conspiram contra os outros. –ele deu um gole.

            — Xi! –ela colocou o dedo indicador direito nos lábios e deixou o som sair. — Não quero que os outros saibam disto.

            — Relaxe querida. –ele se levantou e pegou da mesa a garrafa que continha a bebida alcoólica e a derramou em seu copo. — Não direi nada à ninguém. Nem das conspirações, e nem de vocês duas. –ele sorriu e propôs um brinde.

 

            — Quero que conheça a tripulação de “Marte, um novo mundo”, ou M-60 como nome técnico. –Louise apresentava sete pessoas a Júlio Cortez. — Roberto, o químico. Marcelo, o biólogo. Elisa, a engenheira. Cassie, Túlio e Tiago, como técnicos em hardware e software. E claro, Adeline, minha querida capitã.  –Louise bailou em volta de cada um, como se aquilo tudo fosse uma bênção.

            — Esta é a equipe que quer mandar para Marte? –perguntou Júlio.

            — Melhor não há! –respondeu eufórica.

            — Sua tripulação será testada e passará por uma série de exames, para nos certificarmos que estão prontos para essa viagem.

            Os sete profissionais cogitados para serem a tripulação da primeira missão de colonização de Marte estava sendo retirada por dois homens, que certamente o acompanhariam para seus exames e testes de aprovação. Louise, porém continuou na sala fitando o diretor da corporação.

            — Júlio, se me permite chamá-lo assim. –ele assentiu. — Eu gostaria de saber em quanto tempo a operação poderá ser iniciada.

            — Bem, os exames que serão feitos demorarão em torno de duas semanas. Ele serão expostos a todo tipo de problemas que podem acontecer durante o voo.

            — E quanto ao veículo que será utilizado?

            — Já faz um bom tempo desde que o homem fez sua última viagem espacial. Mas a aeronave que possuímos deve com certeza aguentar a viagem de ida e volta. Talvez algumas modificações possam ser feitas para uma melhor experiência.

            — Consegue me dizer exatamente quando tudo pode estar pronto?

            — Não vou prometer, mas por volta do início do próximo ano tudo deve estar pronto.

            — Obrigada Júlio. –Louise se despediu com um aperto de mão e seguiu sorridente.

 

            — Não se preocupe senhor. Paula é uma garota extremamente forte e vai sobreviver à isso. –dizia o pequeno robô azulado.

            — Se algo de ruim acontecesse a ela, eu juro que não o perdoaria... –seu punho estava fechado e apertado, segurando e oprimindo toda a raiva que sentia.

            — Me desculpa senhor, mas creio que a culpa não tenha sido de Daniel.

            — O que você pode pensar? Você é apenas um robô. Não tem cabimento criar e impor sua opinião.

            — Desculpe-me senhor. –pediu o pequeno.

            — Tudo bem. –Carlos se levantou da cama da filha e foi em direção à porta. — Cuide dela para mim.

            — Sim senhor.

            Carlos fechou a porta do quarto e caminhou pelos corredores com a intenção de chegar a sala de jantar. Ao passar ao lado do quarto de seu irmão, pôde ver a porta se abrindo e de dentro do cômodo uma mulher deslumbrante saía como se estivesse desfilando. Kylie era o nome dela, e era representante da Austrália.

            — O que ela fazia aqui? –perguntou Carlos ao irmão.

            — Relaxa maninho. Eu apenas saciei os desejos da nossa convidada.

            — Kylie está aqui para burocracia e não por sexo com um brasileiro.

            — Aconteceu. Agora com licença que eu preciso descansar.

            Carlos teve a porta batida em sua cara pelo próprio irmão, que convenhamos, não valia nada. O senhor todo poderoso presidente do Brasil seguiu seu caminho até a sala de jantar, onde por coincidência Elena estava assentava observando o jardim iluminado, que se estendia por longos metros à frente de todo o salão. Elena o viu chegar, e do sofá em que estava assentada, cedeu um espaço para o amigo.

            — É realmente tudo muito lindo. A luz dos falsos vagalumes que iluminam os sete pilares frontais do salão. A estátua de Cristo à direita, feita em mármore. A estufa de rosas vermelhas à esquerda, com um ar rústico. Ainda não acredito que quando terminamos você achava tudo isso um lixo. –ela o olhou enquanto ele se sentava.

            — Quando eu fui embora do México, eu não sabia o que me esperava. Confesso que no começo pra mim era tudo uma questão de dever com o país.

            — Os problemas burocráticos te concederam a chance de colocar esse país para andar pra frente.

            — Quando arranjaram meu casamento com Catarina, eu pensei que jamais poderia te encontrar, e olha a gente aqui.

            — Você a amava não é?

            — Muito. –Carlos se entregou as lágrimas de solidão.

            — Tudo bem. Não é feio chorar por alguém que não está mais aqui. Feio é não demonstrar sentimentos, e isso você tem de sobra. –Elena apoiou a cabeça dele em seu ombro, e com as mãos o abraçou fortemente em meio a luz dos falsos vagalumes.


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Notas finais do capítulo

Se os parágrafos ficarem "bugados" a culpa é do Nyah!



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