Os Sofrimentos de Tanaka Ryuunosuke escrita por Vulpe


Capítulo 9
...Ennoshita e Tanaka Ficaria TanaEnno Ou EnnoTana?


Notas iniciais do capítulo

(eu estou nervosa porque é o último capítulo e eu quero que seja glorioso mas e se não estiver mas eu revisei até ficar com dor de cabeça então deve estar bom mas e se a dor de cabeça tiver prejudicado e)
É O ÚLTIMO CAPÍTULO! EU GOSTO DELE, E ESPERO QUE VOCÊS GOSTEM TAMBÉM!
boa leitura! ᕕ(ᐛ)ᕗ



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Era uma questão de matemática. Não que Tanaka fosse muito bom em matemática. Estava mais para lógica, na verdade: o time tinha um número par e era cheio de pares. Dos seus dezesseis integrantes, apenas dois não estavam em um relacionamento, fosse estabelecido ou em desenvolvimento – o próprio Tanaka (o que não era uma novidade) e Ennoshita.

E duas pessoas formavam um par.

A maldição do amor avançava lenta, mas certamente, e agora só restava um alvo. Tanaka vira acontecer. Tanaka estava com medo. Não tinha nada contra Ennoshita, mas não gostava da possibilidade de lançar olhos de coração para o amigo por causa de um espírito implacável.

Quer dizer, Ennoshita? Sobrara para Ennoshita? Ele era um cara legal, mas também era o oposto da garota-bonita-que-deseja-boa-sorte-antes-dos-jogos. Tanaka lembrava das sessões de estudos presididas por Ennoshita, o general, com arrepios.

Ennoshita Chikara, o futuro capitão. Ele negava, um gesto simbólico, já que todo mundo sabia. Daichi puxava-o para conversar com frequência. Ennoshita mantinha a postura rígida de um soldado durante essas conversas, e saía solene e pensativo, os olhos cansados.

Não feliz. Nunca feliz, nunca orgulhoso. Tanaka achava que aquilo era besteira e que Ennoshita precisava de ajuda para abrir sua grande cabeça dura.

—Você está na sala especial e tudo, mas você consegue ser bem idiota. – disse Tanaka, segurando as alças da mochila e olhando para cima, como se estivesse repassando uma mensagem dos céus.

Em retrospectiva, não foi a melhor maneira de começar. Tanaka podia ser sensível aos sentimentos alheios, mas delicadeza estava além das suas habilidades.

—Com licença? – irritou-se Ennoshita. -Não lembro de pedir uma observação sobre a minha personalidade. Foi você que quis me esperar para ir embora, então se está nervosinho...

—Por que você não pode só ficar feliz por ser o capitão? – interrompeu Tanaka, antes que Ennoshita ficasse intimidante e malvado.

A boca de Ennoshita continuou aberta por alguns segundos, então sua mandíbula se cerrou.

—Porque não é justo.

Tanaka levantou uma sobrancelha.

—O que não é justo? Você ficar satisfeito com uma conquista? Porque isso não faz sentido.

—Eu – a palavra foi alta, como se ele fosse começar a gritar, como se o assunto o exasperasse e Tanaka fosse uma criança que não conseguia entender coisas óbvias, mas Ennoshita apertou a mandíbula mais uma vez e estabilizou a voz. – eu fugi. Eu não mereço a confiança de vocês.

Ah. Tanaka nem. Mal conseguia elaborar pensamentos depois de ouvir algo tão idiota. Tinha tantas coisas a dizer que não sabia por onde começar, só queria agarrar Ennoshita e sacudi-lo e soltar um grasnado de pterodátilo, na esperança de que isso passasse a mensagem.

Apertou as alças da mochila com mais força para não ceder ao impulso. Tinha a impressão de que Ennoshita não só não entenderia como também o socaria na barriga.

—Você planeja fugir de novo? – perguntou ao invés disso, o que causou o efeito desejado. Ennoshita cerrou os punhos e suas bochechas ruborizaram.

—Não! Claro que não! Eu nunca mais vou virar as costas!

Tanaka sorriu, porque aquilo era exatamente o que esperara. Colocou as mãos atrás da cabeça e virou o sorriso vitorioso para Ennoshita.

—Então por que não deveríamos confiar em você? – e no seu comprometimento e na sua força de vontade e na sua humildade e na sua capacidade e em todas as características que o tornam um ótimo companheiro de time e o tornarão um ótimo capitão? Mas a oratória de Tanaka não era tão articulada quanto suas emoções, então tentou passar tudo pelo sorriso.

A postura dele ficou menos tensa e fez Tanaka saber que conseguira. Ennoshita era uma marionete mantida de pé por fios de certezas, e acabara de ter um de seus fios cortado.

—Quando você fala assim, parece fácil. – ele disse, macio demais para expressar a censura que pretendia. Cheio de hesitação, não mais sustentado pela certeza inabalável em suas falhas.

—Precisa ser difícil?

Ennoshita deu de ombros, como se tivesse esperança, mas outros fios de preocupações e pensamentos depreciativos precisassem ser cortados antes que acreditasse.

—Eu não sei se tenho direito a ser capitão. – confessou, em voz baixa.

Grande surpresa. Será que Ennoshita achava que aquela era sua angústia secreta? Que era bom em esconder o que sentia? O sorriso de Tanaka ganhou um toque afetuoso; Ennoshita via filmes demais, e poucos deles eram de ação.

—Cara, você acha que cometeu um pecado imperdoável, mas o Asahi-san também passou um tempo longe. O Noya-san ficou suspenso por um mês e depois se recusou a jogar por mais uma semana.

—São situações diferentes!

—São iguais pra mim. – retrucou Tanaka. – Os três deram um intervalo, os três compensaram depois. Vocês ganharam e perderam com a gente. Você, o Narita e o Kinoshita choraram com todo mundo depois que perdemos para a Aobajosai.

—Sim, mas... – os protestos eram cada vez mais fracos, como se fossem mero costume.

Tanaka apoiou a mão no ombro dele, contente.

—Sem contar que desse jeito eu viro o único secundarista qualificado para ser capitão. Soa bem, né? Capitão Tanaka! – e apontou para o próprio peito com o dedão.

Ennoshita reagiu com uma expressão horrorizada.

—Você discutiria com os outros capitães e os juízes nos odiariam. – Tanaka soltou um arquejo ofendido.

—Ei, eu seria um capitão incrível!

—Você tiraria a camiseta em momentos inapropriados e Karasuno seria banida para sempre. – lamentou Ennoshita, cada vez mais trágico. Tanaka apertou seu ombro de leve.

—É, acho que você vai precisar ser capitão no meu lugar.

Ennoshita mordeu o lábio; depois curvou-o em um pequeno sorriso.

—Daichi-san e Suga-san te matariam por prejudicar o time. – brincou. Ele nunca brincara com a ideia de ser capitão. Tanaka congratulou a si mesmo por seus dotes de motivador e terapeuta.

—E eu não posso morrer antes de ter uma vida longa e épica e ser imperador do mundo. - Ennoshita balançou a cabeça, o sorriso um pouquinho maior.

—Você seria péssimo em qualquer posição de poder. – Tanaka ia replicar, mas Ennoshita estava com os olhos mais mornos que ele já vira. -Obrigado, Tanaka.

—Heh, por nada. Amigos são para essas coisas. – e Tanaka teria pontuado a frase com um empurrão amigável se não fosse por sua mão, esquecida no ombro de Ennoshita. Retirou-a e tentou ignorar o calor no pescoço. Era assim que começava, ele sabia.

Tanaka era o heterossexual designado do time. Se não desempenhasse a função, acabava o equilíbrio. O fantasma não podia ser tão ganancioso e inconsequente, podia?

—Verdade, era sua obrigação. Retiro o agradecimento. – sorriu Ennoshita.

—Ei, também não é assim! Admita que eu dou ótimos conselhos.

—Nunca. Esse segredo vai ficar entre nós para sempre. – provocou, e não parecia estar com sono. Raramente parecia sonolento quando falava com Tanaka, e Tanaka não queria analisar aquilo, porque não queria ter expectativas.

Seu pescoço estava muito quente e ele estava muito feliz. Não queria se precipitar, mas pensava sobre como no final o feitiço se vira contra o feiticeiro e sobre como não se importava. Ennoshita era seu amigo, era incrível, tinha olhos bonitos e Tanaka não precisava saber de mais nada. Talvez seus sofrimentos tivessem data de validade.


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Notas finais do capítulo

E PARA A SURPRESA DE NINGUÉM, É ASSIM QUE FECHAMOS A FIC (meu headcanon é que Tanaka é um baita de um bissexual. vamos falar a respeito nos comentários ಠ⌣ಠ)
brincadeira, não acabou não. tem epílogo semana que vem. por favor apareçam para o epílogo, ele é engraçado, juro
e um último até semana que vem para vocês!