Os Sofrimentos de Tanaka Ryuunosuke escrita por Vulpe


Capítulo 6
Nem Kiyoko-san É Uma Exceção, Porque KiyoYachi Existe


Notas iniciais do capítulo

eu tenho alguns comentários inúteis para as notas finais, então as imagens bonitinhas e inspiradoras vêm no começo dessa vez
http://67.media.tumblr.com/ba68e6170701b1d552f58c8fb72c5b9e/tumblr_nh96h0FNjn1qg1e00o1_1280.png
http://viria.tumblr.com/post/143065034788/i-think-about-yacchan-giving-high-fives-a-lotthey
boa leitura!



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Para não se perder no sentimentalismo alheio, Tanaka precisava se ancorar em uma rocha de bom senso que fosse imune ao espírito gay que rondava o clube de vôlei de Karasuno. Assim, os olhos cheios de lágrimas emocionadas, procurou asilo com Kiyoko, Rainha Fria da sua vida.

Pobre Tanaka. Ele não fazia ideia.

A gerente era um bálsamo no meio da testosterona e do amor, que não a atingiam. Tanaka e Noya eram seus admiradores mais ardorosos, mas não era pequeno o número de garotos que haviam tentado sua sorte com confissões (nenhuma delas tão brega quanto a de Tsukishima, céus, a memória ainda fazia Tanaka cair na gargalhada). Kiyoko dispensava todos, educada, mas inflexível. Corriam boatos de que tinha um namorado de outra escola, um modelo, ou um milionário, ou os dois, quem sabe um idol. Os detalhes variavam, mas sempre falavam de alguém à altura dela, alguém incrível.

Nem Daichi, Suga e Asahi sabiam se era verdade ou não. Quer dizer, soava inventado e ninguém tinha provas, mas era de Kiyoko que estavam falando. Kiyoko era o tipo de pessoa que fazia qualquer boato fantástico parecer possível. Talvez ela falasse francês fluentemente e lesse poesia no original em grego antigo como passatempo. Talvez tivesse recusado ser modelo mesmo depois de o olheiro se ajoelhar, ou talvez tivesse aceitado. Não dava para afirmar. Kiyoko possuía uma aura de mistério e poder, como se pudesse fazer qualquer coisa e o resto do mundo só fosse saber caso ela assim desejasse.

Kiyoko não era muito humana; estava mais para um ser místico e etéreo que viera abençoar os homens. Ou mais provavelmente julgá-los e infligir punições caso não fossem dignos. O papel de anjo vingador lhe caía ainda melhor.

Tanaka sabia que sua opinião sobre ela estava longe de ser imparcial, mas isso não dizia respeito a mais ninguém. Kiyoko-senpai era sua muito necessitada terapia, porque os casais estavam sempre juntos e ele não conseguia olhar e não pensar. A última coisa de que Tanaka precisava era imagens mentais de Noya e Asahi (porque amar seu bro não significa que você quer ver seu bro em momentos de amor) ou de Daichi e Suga (por que pais precisam ser pessoas? É nojento) e muito menos de Tsukishima e Yamaguchi (por favor não). Kageyama e Hinata eram piores ainda, porque eles inconscientemente faziam tudo em público.

Se a situação piorasse, Tanaka não hesitaria em exigir que os oito pagassem um psicólogo, mas por enquanto Kiyoko era o suficiente. Kiyoko e o abençoado silêncio. Ainda bem que ela já estava acostumada com Tanaka encarando, porque caso contrário talvez registrasse uma queixa contra ele. E seria difícil de explicar, “faço isso para conseguir estabilidade psicológica em um ambiente estressante”, “ah, a tensão do Nacional?”, “não, os casais em volta”. Era mesmo uma sorte que Kiyoko estivesse habituada a ignorá-lo. Saeko o apoiaria em qualquer coisa, mas sua mãe o mataria se fosse preso.

Então Tanaka focava em Kiyoko e o resto saía de definição. Ou pelo menos esse era o objetivo, mas não havia como olhar para Kiyoko sem prestar atenção em Yachi, que acompanhava a gerente sênior tanto para aprender quanto por segurança – o episódio com o menino da AobaJosai se tornara lendário, a velocidade da reação de Kiyoko fazendo todos se perguntarem se ela não deveria participar de um clube de esportes ao invés de gerenciar um.

Yachi, a adorável primeiranista que não tinha medo de Tanaka e que gostava de high fives tanto quando Noya. Querida herdeira da Rainha Fria que esquentava o coração solitário de Tanaka com sua espontaneidade e com o jeito que corava durante as conversas com Kiyoko, porque Yachi fazia isso. Corava com facilidade. Não era como se fosse só com Kiyoko, acontece que passavam bastante tempo juntas, e como consequência... Ora, Yachi também corava quando conversava com Hinata e Kageyama, o que só significava que era ansiosa e delicada e preciosa e que interagir a deixava afobada! É, fazia sentido. Era crível.

Tanaka não estava convencido, mas queria se convencer. Estava tentando dar férias para sua onisciência, e ninguém quer que as férias acabem. Ninguém quer descobrir que a Ilha Paradisíaca é a morada de um grande monstro gay.

Suga, Noya e Daichi cercaram-no depois do treino para perguntar se estava se sentindo bem. Seus olhos estavam doendo, cansados, precisava de óculos? Não? Então por que ficava cobrindo-os com as mãos? Ah, pensando na lição de casa para o dia seguinte? Eu também não comecei, vamos fazer juntos, Ryuu! E desde quando vocês dois juntos fazem alguma coisa além de brincar? Oooo, brutal. Enfim, não nos preocupe assim. Faça sua lição mais cedo ao invés de deixar para a véspera!

Não era por causa da lição de casa. Antes de Noya falar, Tanaka nem sabia que tinha lição de casa. Agora eram dois problemas, porque fechar os olhos não fizera o original desaparecer.

Yachi era tão pequena. Tão pequena e tão gay. A criança mais gay dentre as crianças gays que Tanaka categorizara, o que era bastante impressionante, com tudo considerado.

O novo nome oficial da Ilha Paradisíaca era República Gay. A bandeira nacional era arco-íris. A população era de um, a gerente mais baixinha e mais nervosa, e essa era a pior parte. O fato de a população ser de um. Porque Yachi estava fascinada e vencida por Kiyoko, mas Tanaka não tinha certeza do quanto Kiyoko retribuía.

Certo, ela gostava de Yachi. Sorria para a caloura com frequência quase alarmante, mas podia ser porque Yachi era a única outra menina em um raio de várias horas diárias de treino. A pessoa que não se apaixonaria por ela, da mesma forma como, para Tanaka, Kiyoko era a pessoa que não seria afetada pela crise de romances.

Bem, se era assim que Kiyoko pensava, seu engano era quase cômico; Yachi estava além da salvação desde o primeiro dia. Tanaka lembrava de como ela parecia não entender como fora parar ali e dos olhares constantes que lançava para Kiyoko em busca de assistência. Achara normal que ela se sentisse perdida no ambiente novo, mas agora compreendera que Yachi seguira Kiyoko por ser genuinamente incapaz de contradizer a beldade. As capacidades hipnóticas de Kiyoko não eram novidade. Diziam que uma vez ela cumprimentara um menino no corredor e que ele ficara tão desestabilizado que dera de cara na parede. Yachi, pequena e vulnerável, fora cativada da mesma maneira.

(O menino da história era Tanaka, que não era nem pequeno nem vulnerável, um detalhe irrelevante frente aos encantos de Kiyoko Shimizu.)

O engraçado era que Yachi, que de fato tinha direito a integrar o popular clube Quem Eu Gosto Não Gosta De Mim, não pretendia se filiar. Abençoada fosse, estava ocupada demais tentando andar e lembrar de respirar quando perto de Kiyoko, o que era uma quantidade expressiva de tempo. Se não fosse conhecida por ser desastrada, passaria por várias Emboscadas de Preocupação Paternal no final dos treinos, e Yachi não trabalhava tão bem sob pressão quanto Tanaka. Ficaria vermelha e Suga e Daichi talvez fizessem-na ir à enfermaria tirar a temperatura.

O que seria de Yachi caso Kiyoko mostrasse interesse? Ela era muito jovem para ter um ataque cardíaco, mas aconteceria de qualquer jeito. O que é a biologia frente ansiedade fulminante? Nada! Era por essas e outras que Tanaka não se importava com a matéria.

Assim, seu sentido de autopreservação fazia Yachi não se preocupar com ser correspondida. Conversar com Kiyoko e ser alvo dos sorrisos dela era quase mais do que aguentava sem trombar nas paredes, e caramba, Tanaka se identificava com a menina.

Um dia, porém, Kiyoko foi além dos limites. Yachi fez um comentário inofensivo, que com certeza não pretendia causar um efeito tão dramático: mas Kiyoko riu, um som claro e bonito e devastador. E Yachi reagiu de forma digna e apropriada, fazendo o que qualquer um faria, prosseguindo a tropeçar nos próprios pés.

Ela teria caído se não fosse por Tanaka. Yachi se agarrou no braço que ele estendeu para segurá-la, a respiração descompassada.

—O-obrigada, Tanaka-senpai. – disse ela, ainda corada, a risada que ecoava na sua cabeça amortecendo o susto. Tanaka sorriu. Deu um tapinha amigável nela com a mão livre.

—Você é corajosa e eu tenho orgulho de você. – declarou. Yachi ficou ainda mais vermelha, sua reação automática a qualquer elogio, quer com contexto ou não.

—Ahn, obrigada?

—Você está bem, Hitoka-chan? – perguntou a voz urgente de Kiyoko. E então um pouco mais seca: -Você pode soltá-la agora, Tanaka-san.

Tanaka se afastou, sempre disposto a fazer o que Kiyoko dizia.

—Estou bem, graças ao Tanaka-senpai. – Yachi deu uma risada desafinada.

Kiyoko olhou para Tanaka com uma gratidão que o fez pensar, morri, eu estou morto, adeus.

—Muito obrigada, Tanaka-san.

E talvez Yachi devesse começar a fazer exercícios cardíacos, a pequena sortuda.


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Notas finais do capítulo

ok, vamos lá. a passagem sobre a Kiyoko ler poemas em grego antigo - era para referenciar Safo de Lesbos, uma poeta do período arcaico que é meio que a gloriosa inauguração das lésbicas na História. (vejo a Kiyoko mais como demi ou assexual do que lésbica, mas não podia dispensar a piada)
eu imagino a mãe Tanaka como uma Senhora Weasley. do tipo, "se eu morrer, ela vai me reviver para poder me matar de novo"
E GOSTARIA DE DEIXAR REGISTRADO QUE ESCREVI ESSE CAPÍTULO ANTES DE SER REVELADO QUE A KIYOKO FEZ ATLETISMO NO FUNDAMENTAL. EU SABIA. HA
comentários são quase tão doces quanto KiyoYachi *-* e voltem semana que vem para UkaTake! porque os adultos também merecem amor!
p.s. eu revisei isso enquanto estava com uma forte dor de cabeça. acho que fiz certinho, mas se alguém encontrar alguma coisa, por favor avise =D