três de bastões escrita por themuggleriddle


Capítulo 6
A Mesa de Apostas do Sr. Coppersnout


Notas iniciais do capítulo

Aviso para a boca suja de um certo Frank Bryce.



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A dona do pub mágico (que Deus o ajudasse, caralho, um pub mágico; o pobre Sr. Tom estava falando a verdade o tempo todo e ninguém fez nada) fez uma careta e apontou para a porta atrás do bar, parcialmente escondida por garrafas e quinquilharias de vidro.

“Tem a mesa do velho Copper, docinho. Mas eu aconselharia você a não entrar se não tem o que apostar. Aquele goblin é selvagem nas apostas.”

Frank esboçou outro sorriso encantador. Ele podia sentir Feliks irradiar nervosismo ao seu lado, algo que não tinha nada a ver com magia e sim com o seu bom humor repentino.

“Não se preocupe, boneca. Lá no exército, ninguém conseguia vencer o Tenente Bryce. Qual é o jogo desse tal Copper?” ele disse, já erguendo o seu copo de whiskey (whiskey feito de fogo, que maravilha da porra) e ignorando o resmungo sofrido do médico.

A Srta. Fletcher sorriu de forma desafiadora.

“Pôquer, querido. Texas Hold’em, para ser mais específica.”

“E quanto para entrar?”

O sorriso ficou ainda mais desafiador.

“Qualquer coisa de valor que tiver, amor. Os goblins não são tão exigentes quanto as pessoas pensam.”

***

“Que diabos foi aquilo? Você tem algum tipo de transtorno de personalidade? Nunca vi você tão... tão encantador!” Feliks exclamou enquanto eles atravessavam um longo corredor, indo na direção da mesa de pôquer.

“Antes de tudo, eu não sou maluco. Só estava sendo charmoso. A moça estava sendo gentil e eu fiz o mesmo. Se você tem problemas para falar com damas bonitas, o problema é seu, doutor.” Frank estava sorrindo, ouvindo sua bengala fazer um som distinto contra o piso de madeira. Ele se sentia um novo homem, como era antes da guerra.

“Oh, oh, entendi, Tenente Bryce! Ai de mim, quase levei um balaço na cara tentando falar com você. Se soubesse que era tão fácil achar o seu lado bonzinho, teria dado algumas piscadelas para o senhor!”

Frank riu pelo nariz.

“Só você para me fazer rir numa hora dessas, doutor, só você.”

A mesa de pôquer era exatamente como ele imaginava e ao mesmo tempo, completamente diferente. Havia uma mesa de mogno recoberta por feltro verde com dez cadeiras ao redor. Em um dos lugares, havia uma criatura estranha, baixinha e com olhos negros, que estava distribuindo as cartas. Apenas sete cadeiras estavam ocupadas, três mulheres e quatro homens. Bom... Pelo menos eles pareciam homens e mulheres, mas a luz era baixa e a maioria das pessoas no aposento tinham seus rostos cobertos, exceto o goblin e os dois trouxas.

“Em que posso ajuda-los, senhores?” o goblin perguntou.

“Quero entrar no jogo,” disse Frank, sem hesitar.

Feliks congelou ao seu lado.

“Que merda você está fazendo, seu veterano maluco? A gente não tem dinheiro,” o médico cantarolou perto do seu ouvido, sua voz parecendo tremer.

“Cresce, caralho, como se sua vida fosse grande bosta. Estou sendo proativo. O Sr. Esquisito ali não parece muito adepto de caridade, vou precisar ganhar a informação.”

Feliks suspirou, mas assentiu e Frank mais uma vez voltou a sua atenção para o goblin, que parecia estar se divertindo.

“Como disse, quero entrar.”

“São duzentos galeões para o pote, amigo.”

“Ou?”

Copper ergueu uma sobrancelha cabeluda, mas sorriu mesmo assim.

“Vejo que o senhor não é um novato nas mesas. Bom, normalmente aceito qualquer coisa de valor: ingredientes, animais, segredos, joias. Na maioria das vezes é isso que apostamos aqui, não dinheiro.”

Frank puxou a sua pistola e se aproximou da mesa devagar. Feliks soltou um barulho que deixava claro que ele queria ser engolido pelo chão, mas Bryce o ignorou.

“Isso é uma pistola. Ela tem seis tiros e está com munição. Smith & Wesson modelo 10.”

O goblin olhou o objeto, mas não pareceu impressionado.

“Bela coisinha, senhor, mas para que isso serve?”

Ao invés de responder, Frank atirou no copo de cidra de uma das bruxas (ou do que parecia ser uma bruxa).

A reação foi imediata: a mulher gritou e, após o som de vidro explodindo, sete pedaços de madeira estavam apontados para ele e os olhos do goblin estavam do tamanho de um prato.

“Dá para usar para várias coisas, mas principalmente para matar pessoas, como o Dr. Ravenwood aqui pode lhe garantir,” o homem explicou, ainda ouvindo o zunido causado pelo disparo em seus ouvidos. “Agora só tem mais cinco tiros. Isso é o suficiente para que eu possa entrar?”

Frank podia sentir o cheiro do interesse no ar agora, depois do susto. Pelo menos os outros jogadores pareciam interessados. A bruxa cujo copo havia sido destruído estalou os dedos e uma das criaturinhas de orelhas grandes apareceu com outro copo.

O goblin fez um barulho com o nariz, mas gesticulou para ele se aproximar.

“Sente-se, garoto. Eu sou Coppersnout e esse é o lugar onde as coisas acontecem. Coloque seu brinquedinho mortífero na mesa e vamos começar.”

***

O jogo começou muito calmo, apesar das apostas bizarras. Um das mulheres havia escrito algo em um pedaço de papel (com uma maldita pena e tinta, pelo amor de Deus, aquelas pessoas eram estranhas) e o colocou na mesa para aumentar a aposta. Ninguém perguntou nada. Frank imaginou que aquilo era o que o goblin queria dizer ao falar que eles apostavam segredos ali. Na sua vez, ele colocou na mesa o seu antigo relógio de bolso, e o jogo continuou.

De vez em quando os olhos de Coppersnout viajavam de um jogador para outro, e Frank notou que ele estava procurando algum trapaceiro. O problema de apostar em uma mesa de jogos mágica era que as pessoas podiam fazer o que queriam com as suas cartas ou com as dos outros.

Mas ninguém parecia se dar o trabalho de fazer isso.

Frank engoliu o próprio sorriso. Aquilo seria interessante.

***

Depois de três rounds, havia apenas as bruxas e Frank na mesa, que havia conseguido ganhar de volta o seu relógio e sua pistola, junto com sete pedacinhos de papel, muito ouro e um colar delicado com uma pedra azul como pingente.

Depois que os outros homens saíram, Feliks se aproximou da mesa, sentando distante o suficiente para mostrar aos outros que não estava participando do jogo.

“Se divertindo?” o médico perguntou com um sussurro, seus olhos olhando as mãos de cada um dos jogadores. Frank se perguntou se o homem conseguia ver algo com a sua sinestesia esquisita.

“Mais do que devia, colega,” ele falou, sorrindo de leve para o amigo. “Aliás, mesa.” Ele se dirigiu ao goblin, que virou para olhar a mulher ao seu lado.

Ela tinha pele negra e era alta, com um anel dourado pendurado em sua asa do nariz direita. Como as outras bruxas, ela tinha um lenço cobrindo o rosto, mas a deixa dela, o movimento que ela fazia sempre que estava mentindo, estava em suas mãos expostas.

Como naquele momento, no qual ela batucava ritmicamente na mesa, um-dois-três constantemente. Ela iria fazer uma jogada arriscada.

“Tudo dentro,” ela falou, empurrando todas as suas apostas para o centro da mesa. O ar pareceu mudar, uma certa corrente de eletricidade fazendo todos acordarem.

As duas outras bruxas pareciam nervosas, uma asiática bonita com um olho verde e um azul, e outra que parecia ser desi, como o próprio Frank, que usava um niqab. Elas não achavam que conseguiriam se safar daquela.

Bryce olhou para as suas cartas e para a mesa. Sem o river, ele teria um straight flush. Ele tinha quase cem por cento de certeza de que nenhuma das três tinha algo parecido.

Arriscando, as outras mulheres também colocaram todas as apostas para dentro.

Frank não hesitou.

Feliks estava retorcendo os próprios dedos, parecendo nervoso. Até mesmo ele saberia a importância de uma jogada daquelas.

Copper olhava todos com uma expressão divertida, como se ele mal esperasse para dar uma bela gargalhada às custas deles.

Ele virou o river.

Um dez.

Frank tinha um royal flush.

***

“Devo dizer que esse foi um dos jogos mais tensos que já tive. Tem certeza de que você não tem sangue irlandês como a nossa querida Jane?” perguntou Coppersnout.

“Não, senhor. Minha mãe era das colônias. Do Raj britânico, sabe?” Frank falou, ajudando Feliks a guardar os seus ganhos da noite. Parte das apostas ficava na mesa, como era a regra da casa, mas aquilo não importava.

O que ele queria era informação e ele a tinha logo na sua frente.

***

Feliks queria se sentar com as coisas que o amigo havia ganhado e analisar cada um dos ganhos peculiares com cuidado. Não apenas porque aquela era a primeira vez que via tantas moedas de ouro em um lugar só ou porque seria interessante ver o que havia em cada pedacinho de papel (“O Ministro da Magia está dormindo com a esposa do Secretário do Departamento de Sigilo. Dizem que ela está prestes a deixar do Sr. Secretário,” dizia um deles), mas porque cada item possuía um pouquinho de luz ou cor grudado em si.

Mas eles tinham mais a fazer. O médico observou enquanto Frank falava com o goblin, esperando para ver se o homem iria tocar no assunto dos Riddle. Coppersnout parecia entretido, como se estivesse mesmo gostando de conversar com aquele homem (como eles os chamavam? Trouxas) que havia ganhado de um grupo de pessoas mágicas. Pensar sobre aquilo fez Feliks perceber o quão surreal tudo aquilo era: apostando com goblins e bruxas em um pub subterrâneo cheio de magia.

Quando Bryce virou para olhá-lo, o médico assentiu e olhou o goblin outra vez. Ele só podia esperar que Coppersnout fosse útil, ainda mais depois daquele jogo e dos longos momentos sentindo seu coração querer sair pela boca enquanto observava o outro homem jogar.

“Ouvimos falar que o senhor é bom com segredos,” disse Frank e o médico ficou tenso, esperando para ver como a conversa iria se desenrolar. “E vimos isso hoje.” O jardineiro sacudiu um pedaço de papel que eles haviam ganhado.

“Nós gostaríamos de saber se... Você poderia nos ajudar com algumas informações,” disse Ravenwood, observando a criatura erguer uma sobrancelha e os observar com olhos negros que brilhavam com o que parecia curiosidade.

“Informação sobre o que exatamente?” o goblin perguntou, batendo duas longas unhas sobre a mesa e fazendo seus diversos anéis brilharem com o movimento.

“Sobre um assassinato,” disse Frank, como se eles estivessem apenas discutindo o tempo lá fora ou qualquer outro assunto trivial. O homem olhou para Feliks e o médico suspirou.

“Três meses atrás, em 13 de Julho, uma família... trouxa? Aye, uma família trouxa foi encontrada morta em uma vila em East Yorkshire, Little Hangleton,” Ravenwood explicou enquanto guardava o restante das moedas de ouro. “Nós acreditamos que as mortes têm algo a ver com a... Comunidade mágica, por conta da causa da morte e do estado dos corpos, sabe? Não parecia um assassinato comum e nem uma morte natural.”

“Queremos saber se você sabe de alguma coisa sobre isso,” Bryce esclareceu.

O goblin os olhou por um longo momento.

“Eu posso saber de alguma coisa, mas acho que devo avisá-los de que estão se metendo com assuntos bruxos. As pessoas aqui no Black Siren são amigáveis pois todos aqui são considerados excluídos da sociedade. Eles não podem se dar o luxo de mandar clientes e patrões embora. Lá fora, a dança segue outro ritmo.”

Frank e Feliks trocaram um olhar rápido.

“Outro ritmo?” perguntou Bryce, tenso.

O goblin suspirou, mas respondeu mesmo assim:

“Esse pub é para os queer, garoto. Fadas, solteirões e solteironas convictas, os afeminados e as masculinas. Se você ver um bruxo ou bruxa por aqui, pode ter certeza de que eles são invertidos de alguma forma. Assim como a maioria das criaturas que vem aqui. Outros são artistas, boêmios. Alguns só estão em relacionamentos com um ser classificado como criatura pelo Ministério. Ninguém aqui é um assassino e nem queremos esse tipo de clientela. Se você está atrás de um criminoso, é bom ser cuidadoso. Se essa pessoa já matou alguns trouxas sem razão alguma, ela não vai hesitar em matar vocês também.”

“Independente do que esteja pensando, a gente já percebeu isso, obrigado. O que queremos saber é se o senhor sabe algo sobre essas mortes,” Frank retrucou, claramente agitado. Feliks ainda o sentia tenso ao seu lado.

“Estava nos jornais há alguns dias,” disse o goblin, se recostando na cadeira e sacudindo a mão para fazer um charuto aparecer entre os seus dedos: “Um bruxo chamado Morfin Gaunt foi preso pelo assassinato de alguns trouxas na data que vocês mencionaram. Mas eu tive alguém do Ministério aqui na minha mesa naquela época e ele disse, abre aspas, ‘o desgraçado mal conseguia andar, imagine matar três trouxas sem acordar ninguém. Jogaram ele atrás das grades para calar a boca do velho Dumbles, pra mostrar para quem estiver olhando que o serviço foi feito’. Se você quer ver toda a suposta investigação, a papelada deve estar no Ministério,” disse Coppersnout, parecendo muito velho de repente.

Frank assentiu, a mandíbula parecendo tensa, e deixou a sala com pressa. Feliks olhou o goblin, mas este apenas acenou para ele, um gesto claro de que o estava dispensando, e o jovem médico seguiu o jardineiro até fora do corredor escondido atrás do bar, ignorando os olhares curiosos dos clientes do pub.

***

Frank, apesar da perna ruim, conseguia ser muito rápido quando queria e, por Deus, como ele queria naquele momento. Feliks o encontrou a alguns metros da entrada do Black Siren, sentado no chão e chorando lágrimas de ódio. O rosto dele estava vermelho e marcado, e ele socava o chão ou o próprio peito, enquanto deixava soluços pesados escaparem de sua boca.

“Frank, eu-“ o médico começou a falar, depois de deixar o homem descontar a sua raiva por alguns minutos.

“Eu não me importo! Você ouviu o que ele falou? Nem mesmo esses bruxos se importavam! Ninguém a não ser nós, dois esquisitões, se importou em investigar a morte deles! Só prenderam um bruxo doido varrido qualquer, do mesmo jeito que a polícia quase fez comigo! Ninguém se importa!”

“Eu me importo, Frank, e você também. Por favor, só... respire fundo.”

“Eu não quero respirar, eu quero morrer também! Eu estou enjoado disso. Estou cansado. Eles se foram e eu estou sozinho de novo.” O homem ainda estava chorando, mas a raiva havia se extinguido e o que sobrou foi a exaustão.

“Eu estou aqui. Você não está sozinho, Frank, não ainda.”

Frank riu pelo nariz de forma debochada, mas pareceu um pouco menos triste.

“Mesmo depois de eu quase lhe enfiar um balaço na cara por ser um sinesteta mágico que foi meter o nariz no meu jardim?” o homem perguntou com a voz esganiçada.

Feliks sorriu de lado e se abaixou para apanhar a bengala que o outro havia abandonado no meio do caminho.

“Mesmo depois disso.” O médico riu. “Se você topar, podemos gastar o seu prêmio ali no bar.”

Frank sorriu.

“Eu sempre topo uma bebida, parceiro.”

Ravenwood sorriu largo, esticando uma mão para ajudar o outro a se levantar. Bryce fungou baixinho, enxugando o rosto na manga do casaco e depois deu um tapinha no ombro do médico para então seguir de volta para o fim do túnel. Feliks suspirou enquanto seguia o outro. Ele sabia que o homem havia sido afetado pela morte dos Riddle, era visível no jeito que ele falava da família e na sua determinação de seguir em frente com aquela missão maluca deles, mas uma coisa era ver os sinais implícitos do estado emocional de Frank, outra era ver o homem se deixar levar por tais emoções.

“Pensei que não iriam voltar!” disse a voz melódica de uma das sirenas do vitral das portas, a da direita.

“Pensamos que tinham brigado,” disse a da esquerda, jogando um pedaço de alga em sua irmã.

“Nós não brigamos,” disse Frank.

“Ele estava passando mal por causa do whiskey de fogo,” Feliks explicou e recebeu um risinho em troca enquanto abria as portas.

Por um momento, os clientes do Black Siren viraram para olhar os dois, seus olhos cheios de curiosidade, mas logo voltaram para as suas conversas e atividades (alguns estavam bebendo, outros desenhando ou pintando, e um grupo estava ocupado demais se beijando). Jane Fletcher, no bar, continuou os observando e Feliks não sabia se ela estava curiosa ou preocupada com a possibilidade de eles causarem alguma confusão em seu pub.

“Por um momento achei que vocês tinham perdido e estavam tentando fugir do Copper,” disse Jane, quando eles se aproximaram novamente. “Mas uma das moças que estavam jogando disse que você levou todo o ouro dela.”

“Ela falou?” perguntou Bryce, fungando de novo. “Posso pegar mais um copo desse seu whiskey feito de fogo, querida?”

“Claro.” A mulher sorriu, acenando com a varinha e fazendo um copo e uma garrafa flutuarem de novo.

Ravenwood observou a luz alaranjada que segurava os objetos no ar. Frank o havia chamado de sinesteta mágico há poucos minutos e agora aquilo estava em sua mente... Seria possível que aquilo que ele via fosse magia? Na mesa de Copper, ele havia visto diferentes cores brincando nas mãos dos jogadores, de vez em quando brilhando mais forte, antes de ficarem fracas outra vez, como se estivessem se preparando para algo e então desistindo. As mãos do goblin emanavam uma energia diferente, a qual parecia quase como raspas de prata que pulavam de seus dedos sempre que ele os batia na mesa. Os objetos que eles haviam ganhado também eram pintados com aquelas cores e luzes.

Respirando fundo e se distraindo da conversa no bar, o médico se virou e prestou atenção no local, nas pessoas, nos móveis e nas pinturas nas paredes. Em poucos segundos, as cores começaram a aparecer.

O grupo de goblins em uma mesa (pois agora ele sabia que se tratavam de goblins) tinham magias similares à de Copper: metálica e pesada. O homem doentio que estava sentado com duas moças tinha as pontas dos dedos brilhando vermelhas enquanto ele contornava a borda do copo de vinho. A bruxa de chapéu roxo estava agora sacudindo a mão em brincadeira e deixando para trás um traço de cor-de-rosa, enquanto os dois homens sentados perto dela tinham as mãos entrelaçadas com manchas de verde e amarelo se misturando sobre as suas peles. Era bonito e, até certo ponto, surpreendente.

“Sr. Ravenwood?” ele ouviu alguém o chamar a distância, mas seus olhos estavam entretidos demais na magia.

“Feliks!” A voz de Frank, mais forte e alta, o fez piscar e desviar o olhar. “Que diabos foi isso?”

O médico o encarou e depois olhou para a Srta. Fletcher, piscando devagar.

“Você consegue ver a magia?” ele perguntou para a bruxa, que franziu o cenho.

“Os feitiços? Os que têm cores, sim,” ela explicou, saindo detrás do balcão e os guiando por entre as mesas até acharem uma vazia e elas gesticular para eles se sentarem. Ao lado deles, havia outra mesa ocupada por duas bruxas e um bruxo, que pareciam muito interessados neles. “Alguns feitiços são bem fáceis de notar, sabe? Como Expelliarmus, o feitiço de desarmar, que é vermelho brilhante. Lumus é uma luz pálida. Algumas pessoas dizem que a Maldição da Morte tem uma cor verde linda... Não é, Alfie?”

“Sim, pelo menos é o que o meu avô dizia,” disse o bruxo da mesa ao lado. Ele vestia um colete azul brilhante e, pendurada em sua cadeira, havia uma capa da mesma cor. “Uma vez ele enfrentou um bruxo das trevas, sabe. O homem tentou acertá-lo com uma Maldição da Morte-“

“Sua avó disse que o homem tentou matá-lo porque o pegou aos beijos com a esposa dele,” disse uma das bruxas.

“Mas era um bruxo das trevas. O motivo é irrelevante,” Alfie bufou. “Ele dizia que era um clarão verde esmeralda. Lindo, mas mortal.”

“Maldição da Morte?” perguntou Frank, fazendo uma careta. Feliks respirou fundo... Ele havia conseguido fazer o homem sorrir um pouco e agora a morte dos Riddle já estava batendo na porta novamente. Muito cedo.

“Uma das três Maldições Imperdoáveis,” disse a bruxa. Jane parecia satisfeita de ver que os dois trouxas agora estavam em boas mãos e logo voltou para o balcão. “A Maldição da Morte é a pior, claro, mas também tem a Cruciatus, a maldição da tortura, e a Imperius, a maldição do controle.”

“E como... ela mata alguém?” perguntou Ravenwood, já temendo a resposta.

“Boa pergunta,” disse Alfie. “Você sabe, Lilah?”

“Ninguém sabe,” a moça que havia ficado quieta até agora falou. “A vítima só cai morta. Eles nem sabem que morreram se não virem a maldição chegando.”

O médico sentiu um arrepio percorrer a sua coluna, assim como sentiu Bryce ficar tenso ao seu lado. Ele se lembrava das necropsias dos três Riddle e como os corpos estavam perfeitos, como todos pareciam saudáveis o suficiente para viver mais vinte ou até trinta anos, no caso de Tom Riddle. Ele se lembrava dos relatórios e da história sem sentido que a polícia havia inventado de que eles haviam morrido de susto... Os cadáveres não pareciam assustados, nem mesmo nas fotos tiradas na casa. Eles pareciam mortos e sem esperança.

Feliks não conseguiu evitar de pensar que Tom Riddle sabia que era uma maldição que o encontrou naquela noite. Ele conhecia magia enquanto todos à sua volta acreditavam que ele estava apenas inventando histórias. Ele sabia o que era uma varinha e, muito provavelmente, sabia o que esperar quando viu uma luz esmeralda irromper de uma.

“Eles sentem algo?” perguntou Frank, seco. “As... vítimas.”

“Nunca falei com o fantasma de alguém que morreu por um Avada,” disse Lilah. “Mas acho que não. Já ouvi falar de lugares para onde bruxos com doenças terminais vão para serem atingidos pela maldição... Deve ser uma morte rápida e indolor, se você não levar em consideração a parte da magia negra que envolve a maldição.”

Ravenwood olhou para o jardineiro, sentindo-se aliviado ao ver os ombros de Frank relaxarem um pouco. Era bom, no fim das contas, saber que a família morrera de forma rápida e indolor... Bom, pelo menos para ele, cujo trabalho envolvia ver todo tipo de homicídio e acidente horrível que acabava em morte.

“Sou Alfie, aliás,” disse o bruxo, sorrindo e apontando para as mulheres. “Essas são Lilah e Flora.”

“Frank.” O jardineiro apontou para si e, depois, para o outro homem. “E esse é o Dr. Feliks.”

“O homem que venceu na mesa do Copper,” disse Flora, que usava roupas parecidas com as de Alfie, mas de cores trocadas. “Você já tem uma fama por aqui.”

“Jane estava falando sobre as cores de feitiços.” Lilah, cujo cabelo estava preso em diversas pequeninas tranças que estavam arrumadas em volta de sua cabeça, inclinou-se na direção deles. “Preciso perguntar, você pretende pintá-los? Pensei em fazer isso uma vez, mas no final as pessoas preferem quadros de centauros com coroas de flores na sala de jantar ao invés de um feitiço de desarmamento. Eles acham que isso é muito abstrato!”

“O que? Não.” Ravenwood riu, sacudindo a cabeça. “Havia perguntado a ela sobre a magia, se bruxos e bruxas podem vê-la.”

“Depende do feitiço.” Flora sorriu, marota, e tirou a varinha do bolso para sacudi-la rapidamente. O copo de Alfie flutou para longe da mão dele logo antes do homem tomar um gole deste. “Feitiço invisível.”

Mas não era invisível. Não para Feliks. Para os seus olhos, o copo estava flutuando sobre uma pequena nuvem de fumaça azul.

“Você consegue ver?” murmurou Frank, olhando para o copo enquanto este voltava para a mão do bruxo.

“Aye, é azul e parece uma nuvem,” ele explicou e deu um sorriso sem graça para o grupo. “Acho que consigo ver mesmo assim.”

“Oh!” Alfie sorriu. “Eu já ouvi falar disso! Alguns bruxos e bruxas conseguem sentir magia de uma forma mais específica. Meu avô conseguia cheirar ela,” ele falou e Flora suspirou. “Agora, é a primeira vez que vejo alguém que consegue ver magia. Deve ser algo legal de pintar... Você pinta?”

“Eu... Na verdade, sim, mas não é nada muit-“

Você pinta?” perguntou Frank, arqueando uma sobrancelha.

“Aye,” Feliks murmurou, sentindo o rosto esquentar. A pintura, assim como o piano, não era algo que ele costumava contar para outras pessoas. “Como disse, é só um passatempo bobo.”

“Acho que seria interessante se você tentasse pintar a magia que você vê.” Alfie estava sorridente, mas logo fez uma careta quando olhou para as amigas, que tinham virado o rosto para a porta do Black Siren. “Oh, parem com isso, pelo amor de Merlin.”

Lilah e Flora pareciam embasbacadas, com sorrisos bobos em seus lábios e os olhos sonhadores. Feliks inclinou a cabeça para o lado enquanto observava as mulheres, para então se surpreendeu ao ver que Bryce, ao seu lado, tinha a mesma expressão no rosto. Olhos sonhadores e sorriso leve, suas bochechas estavam rosadas, como se ele tivesse acabado de tomar muito whiskey em um gole só.

“O que houve?” o médico perguntou, virando para olhar o outro lado do salão e arregalando os olhos ao ver a situação no salão.

Metade dos clientes tinham se virado para olhar a recém-chegada, uma mulher bonita com longos cabelos loiros platinados que pareciam flutuar quando ela andava. Ela sorriu para Jane, que acenou para ela, e então foi até a mesa do homem pálido e das duas mulheres com roupas de segunda mão. A estranha sorriu ainda mais enquanto se inclinava para abraçar uma das bruxas, beijando o topo da cabeça desta e a fazendo rir e corar.

Ela era realmente muito bela, a recém-chegada. O tipo de beleza que fazia com que Feliks quisesse olhá-la durante muito tempo, apenas olhando e tentando entender como as feições funcionavam no rosto dela para fazê-la parecer tão bonita... Ele se perguntou se ela conseguia manter uma conversa boa, porque parecia interessante conversar com ela.

“Senta ai, campeão.” Ravenwood ouviu a voz de Alfie e piscou. A mulher ainda parecia muito bonita, mas a sua cabeça parecia menos leve. Quando ele se virou, o bruxo estava segurando Bryce pelo braço e o forçando a ficar sentado. “Oh, Merlin...” Ele sacudiu a varinha e espirrou água no rosto do jardineiro, que se assustou e saiu do seu transe. “Nem pense nisso. Ela voa com as Harpias.”

“O que?” perguntou Frank, confuso.

“Ludmilla é mais interessada nas moças,” o bruxo explicou, cutucando suas amigas e fazendo com que elas prestassem atenção na conversa outra vez. “Não o culpo por ficar todo tolo na frente dela. A maioria das pessoas ficam assim, afinal, ela é uma veela.”

“Uma o que?”

“Uma veela, Frank. O Ministério as classifica como criaturas. Moços e moças muito belos que conseguem te seduzir num piscar de olhos. É assim que eles caçavam, quando ainda viviam nas florestas... Do jeito que as sereias atraem os homens para o mar.” Alfie riu, tomando um gole da sua bebida e então acenando para Feliks. “Graças aos deuses o irmão dela não veio hoje. Talvez Boris conseguisse prendê-lo mais, doutor.”

Ravenwood deixou uma risada sem graça escapar e se virou para olhar em volta. Ele viu uma goblin subir no palco e estalar os dedos, fazendo com que estalos altos ecoassem pelo salão, chamando a atenção de todos.

“E agora,” a goblin falou, sacudindo os dedos pontudos e fazendo as cortinas abrirem por conta própria (Feliks conseguia ver que aquilo fora efeito de um feitiço, graças às fagulhas de metal que emanavam das mãos dela). “É um prazer anunciar que a noite está prestes a ficar mais interessante! Por favor, uma salva de palmas para a nossa Feiticeira Cantora: Celestina Warbeck!”

A goblin correu para fora do palco assim que a música começou a tocar. O ritmo era divertido e parecia quase que um jazz, marcando a entrada de uma bruxa negra no palco. Ela foi até o dentro das luzes, dançando ao ritmo da música, seu vestido verde reluzindo sob os refletores, e começando a cantar.

Um caldeirão cheio de amor bem forte

Que por ti a borbulhar estar

Diga Incendio, e isso nem é tão quente

Quanto minha poção especial!

 

Não tenha medo, venha, dê um gole

Nessa quente gostosura!

O que tem dentro do meu caldeirão cheio de amor bem forte

A sua vida vai completar!

“Ah, isso é bem melhor que aqueles bêbados que cantavam n’O Enforcado,” disse Frank, que estava observando a cantora com um sorriso no rosto.

“Aposto que é,” disse Feliks.

Alguns clientes haviam se levantado de suas mesas e agora estavam no centro do salão, dançando e parecendo satisfeitos com a música enquanto giravam e pulavam e riam com seus parceiros. Jane Fletcher, atrás do balcão, estava sacudindo o corpo ao ritmo da música enquanto servia outro bruxo. Até Frank, sentado ao lado dele, estava batendo o pé no chão com ritmo. O médico apenas sorriu e relaxou na cadeira, fechando os olhos por um momento para aproveitar a música, mas não demorou muito para abri-los novamente. Ele estava curioso, queria ver como era ver a magia de todas aquelas pessoas, como elas interagiam uma com a outra em um momento tão frenético quanto aquele: era uma bagunça colorida.

Quando a cantora terminou a primeira música, não demorou para iniciar outra e outra e outra, até quase todos os bruxos e bruxas e criaturas estarem cansados demais por conta da dança e da bebida em excesso. Eles estavam, agora, jogados nas cadeiras, alguns com os penteados desfeitos, outros sem sapatos, tentando conversar ou apenas apoiando a cabeça na mesa para tirar um cochilo.

“A moça é boa,” disse Frank, enfiando a mão no bolso do casaco e tirando dali a boina que havia dobrado e guardado mais cedo. “E ela é tão adorável quanto uma joaninha, não é?” O jardineiro riu e desdobrou o chapéu, colocando dentro deste uma moeda de ouro que eles haviam ganhado. Feliks se perguntava se o bom humor de Bryce era genuíno ou era apenas um efeito do álcool. “Passe em frente, doutor. Para a moça!”

***

Na última vez que o Dr. Ravenwood checou o seu relógio, eram três da manhã e não havia nenhum sinal de Frank Bryce ainda.

Depois da apresentação de Celestina, o médico decidiu esperar do lado de fora. Sua cabeça já estava girando por passar muito tempo dentro de um lugar fechado e, apesar de não gostar de admitir isso, ver tantas pessoas se beijando ou ficando muito próximas o deixava um pouco desconfortável, independente de serem homens ou mulheres ou criaturas, sempre fora assim. Quando ele perguntou para Frank se ele já estava pronto para ir embora (afinal, eles já estavam no Black Siren fazia três horas), o homem pediu por mais alguns minutos e aquela foi a última vez que ele viu o amigo longe da cantora, que parecia ter ficado muito feliz com a quantidade de dinheiro que Bryce havia juntado em seu chapéu para ela.

Lá fora, nos jardins de Redcliffe Square, a noite estava silenciosa e era impossível alguém imaginar que, logo ali embaixo, havia uma festa acontecendo. O céu estava escuro e limpo agora, mas, no meio de Londres, nenhuma estrela iria decidir mostrar as suas faces brilhantes. Feliks não conseguia não senti falta da Escócia nessas horas, quando olhava para o céu e esperava ver estrelas, mas se deparava apenas com uma escuridão parcialmente quase sombria dos apagões de Londres.

“Você perdeu uma festa do diabo, parceiro.”

Ravenwood foi tirado de seus pensamentos quando ouviu alguém falando. Frank estava cambaleando pelo jardim, apoiando-se na bengala e rindo. O médico apenas observou enquanto o homem alcançava o banco no qual ele estava sentado e se jogava ao seu lado.

“Eu vi a festa,” ele falou, rindo fraco.

“Mas saiu cedo.”

“Precisava de um pouco de ar,” Feliks explicou, vendo o outro brincar com o chapéu e então o colocar na cabeça. “Se divertiu?”

“Como não fazia em anos.” O homem riu. “Precisamos voltar logo.”

“Você acabou de sair!”

“E queria poder ficar! Mas a Srta. Fletcher já estava limpando as coisas e Celestina tinha que ir embora.” O jardineiro suspirou. “Ela falou algo sobre ter uma reunião com um grupo de banshees...”

“Banshees?” perguntou Feliks, arqueando uma sobrancelha. “O que ela vai fazer com um negócio desses? Colocá-las para gritar no coral de fundo?”

“Quem sabe, parceiro? Bruxos e bruxas e goblins e tudo essas coisas. Não seria surpresa ver banshees como coristas.” Bryce encolheu os ombros e então parou de se mexer e falar por um momento, como se acabasse de ter alguma revelação. “Sabe, o Sr. Tom estava certo o tempo todo.”

“Como é?”

“Sobre magia e bruxas,” ele falou, seus olhos perdendo um pouco do brilho divertido. “Ele falava dessas coisas como se elas fossem reais. Contava histórias e era óbvio que ele acreditava que elas eram reais até certo ponto... Bruxas e fadas e magia. Ele gostava dessas coisas, quando elas não atrapalhavam o seu sono. Quando isso acontecia, ele ficava apavorado. Ele morria de medo que Merope Gaunt voltasse um dia. A Sra. Mary sempre dizia que se isso acontecesse, ela não deixaria aquela mulher chegar perto da casa, mas ele sabia que nós não poderíamos manter ela longe porque ela era uma maldita de uma bruxa e ele sabia disso e ninguém acreditava no que ele dia.”

“É um pouco difícil de acreditar,” murmurou Feliks, não sabendo se devia falar algo. “Mas agora você sabe que é real. E você teve sorte de conhecer essa... magia de um jeito bom. Aposto que era esse tipo de magia que Tom gostava, não? Alegre e diferente de tudo que conhecemos.”

“É, acho que sim,” o homem sussurrou, deixando a cabeça pender para trás. “Como a gente vai voltar pra casa?”

“Andando,” disse Ravenwood, levantando-se e puxando o jardineiro consigo. “Está quase amanhecendo. Vamos.”

 

 


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Notas finais do capítulo

Que capítulo difícil de traduzir. Muitas gírias e termos de pôquer (eu não entendo absolutamente nada de pôquer). Antes de tudo, queria dizer que a cena do jogo de cartas foi escrita pela incrível Vika (highonbooks, aqui no Nyah), que está sempre me ajudando com essa história e aceitou escrever essa cena porque, como disse antes, não sei nada sobre cartas a não ser quando é para ler a sorte nelas.

Acho que uma das cenas que mais esperava ver era a interação com o Coppersnout, porque foi ver o Gnarlak no trailer de Animais Fantásticos que me fez ficar louco por um goblin dentro de um 'speakeasy' bruxo.

1) Queer: foi decidido não traduzir, porque... eu realmente não sei como eu traduziria queer, mas se alguém não souber o que significa, é meio que indica pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade;

2) "Fadas, solteirões e solteironas convictas, os afeminados e as masculinas": isso era "The fairies and the butches"... São gírias dessa década de 30/40. Fadas/fairies era uma gíria para se referir aos homens afeminados, butches seriam as mulheres masculinas; "solteirão/solteirona convicta" (convicted bachelor) também era uma gíria para se referir à homossexuais. "Invertidos" (inverts) também se referia a homossexuais;

3) "Ela voa com as Harpias": uma adaptação de frases como 'friends with Dorothy', usadas durante a Segunda Guerra Mundial para se referir a homossexuais; aqui foi usada para se referir à moças que preferem moças, logo, preferem voar com as Harpias de Hollyhead (;

4) "Tão adorável quanto uma joaninha": as cute as a bug's ear, uma gíria para falar que alguém era muito fofo;

5) A Cauldron Full of Hot Strong Love: é uma das músicas da Celestina Warbeck que realmente são tocadas no Wizarding World of Harry Potter (minha favorita ainda é You Stole My Cauldron), acho que dá pra achar as apresentações dela no youtube. A tradução é minha e muito mal feita, foi mal;

Apesar da dificuldade para traduzir algumas coisas, foi muito legal tanto escrever quanto traduzir esse capítulo. Os rapazes estão finalmente se soltando mais :)

Espero que tenham gostado, como sempre, digam aí o que estão achando.