três de bastões escrita por themuggleriddle


Capítulo 5
O Black Siren


Notas iniciais do capítulo

Obrigado, Goodsnotdead, pelo review no último capítulo (:



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Os jardins de Redcliffe Square estavam escuros e silenciosos quando eles os adentraram naquela noite de domingo. Era trinta e um de Outubro e, mesmo se a noite estivesse limpa, não haveria lua para iluminar o caminho deles dentro do jardim.

“Realmente precisávamos fazer isso na noite das bruxas?” perguntou Frank, quando eles finalmente atravessaram os portões.

“A gente devia ter vindo ontem,” disse Feliks, apertando mais o casaco ao redor de si mesmo. “Foi minha culpa não termos conseguido, mas agora temos mais tempo para fazer isso com calma.”

“De todos os dias do ano...”

“Minha tia dizia que na noite do dia trinta e um os espíritos estão mais perto de nós,” o médico falou, olhando a sua volta enquanto tentava identificar a árvore que ele havia encontrado há alguns dias. “Se essa é a noite dos mortos, estamos seguros. Gente morta não pode nos machucar; nós devíamos ter medo dos vivos.”

Bryce soltou um suspiro longo e exasperado, mas não falou nada. Ravenwood sorriu quando finalmente encontrou a árvore que procurava, aproximando-se e esperando pelo outro homem, sentindo seu coração bater mais rápido enquanto olhava o nó no tronco. Não havia nenhuma trilha de luz lhe mostrando o caminho dessa vez, mas ele se lembrava de tudo que devia fazer. Quando Frank parou ao seu lado e olhou a árvore, o médico levou um momento para se lembrar que o outro homem não havia visto o traço de luz no tronco e nada disso... Para ele, aquela era uma árvore como outra qualquer.

Ele olhou para Bryce, sentindo os cantos dos lábios se curvando em um pequenino sorriso, antes de olhar a árvore outra vez, erguendo a mão e pressionando os dedos contra o tronco. Ele moveu a mão, sentindo a textura áspera da madeira contra a sua pele enquanto desenhava uma espiral invisível ali, de fora para dentro, aumentando a pressão à medida que chegava mais ao centro. Quando terminou o movimento em espiral, Feliks apertou o tronco e depois afastou a mão. Seu coração estava louco em seu peito, batendo rápido, e sua garganta parecia estar se enroscando em um nó com a ansiedade quando ele fechou os olhos em um momento quase infantil de desejar que a árvore lhe respondesse como havia feito antes.

Ravenwood ouviu a exclamação de Frank e abriu os olhos. A madeira estava se revirando e desenroscando, mudando de forma cada vez mais até parecer cada vez mais com um portal. Quando o tronco parou de se movimentar e a passagem ficou clara, o médico virou para olhar o outro homem. Bryce estava encarando a árvore com olhos arregalados e boquiaberto, as juntas de seus dedos ficando esbranquiçadas com a força que usava para segurar a sua bengala.

“Talvez seja hora de começar a acreditar em fadas e changelings, hm?” perguntou Feliks, sorrindo abertamente para então se aproximar da árvore, mas antes que ele pudesse entrar, a mão de Frank o segurou pelo cotovelo e o puxou para trás.

“Você é louco?” o homem perguntou. “A gente não tem ideia do que tem lá embaixo!”

“É exatamente por isso que estamos entrando,” disse Feliks, desvencilhando-se dos dedos do outro e sorrindo de forma mais gentil. “Para descobrir. É por isso que te chamei: tudo isso é muito mais importante para você do que para mim, você deveria estar aqui se formos descobrir alguma coisa relevante aí embaixo.”

Frank olhou a árvore por mais um momento e, depois, para o túnel dentro desta. Ele parecia nervoso enquanto passava uma mão por cima de suas roupas, sentindo o relevo e o peso da pistola presa em seu cinto (no final das contas, ele não levara o rifle, apenas a pistola). Ravenwood se sentiu ridículo e vulnerável ao se lembrar que a única arma que havia trazido fora um canivete quase cego que estava em seu bolso.

“Vamos lá,” o médico falou, entrando na árvore e acenando para o outro o seguir. “Tudo isso parece o tipo de história que Tom Riddle iria gostar de ouvir, não é?” ele perguntou, sentindo-se levemente mal por usar a memória de um homem morto, mas o efeito foi imediato no jeito que Frank olhou para o portal com olhos mais curiosos. “Relaxe. Nenhuma fada seria louca o suficiente para se encrencar com você, Tenente Bryce.”

O jardineiro assentiu e arrumou a boina de lã na cabeça, logo antes de entrar.

Ravenwood desceu primeiro, sentindo os degraus com cuidado e tentando prestar o máximo de atenção que conseguisse nos arredores. Quando chegaram ao final da escada, que também era iluminada por pequenos candelabros que pareciam ser feitos das raízes da árvore, um som ecoou atrás deles e, quando espiaram, viram o tronco se fechando outra vez. Feliks engoliu em seco, mas apenas sorriu quando Frank se virou para olhá-lo com as sobrancelhas franzidas, antes de voltar a andar.

O túnel era largo o suficiente para que pelo menos quatro pessoas andassem lado a lado e o teto era alto o bastante para que Ravenwood não precisasse abaixar a cabeça enquanto andava. Eles estavam no subterrâneo e tudo ao redor era terra e pedra e raízes, iluminado pelas velas que, agora eles notavam, a princípio estavam apagadas e iam se acendendo à medida que eles avançavam no corredor.

“Está ouvindo?” murmurou Bryce.

“O que...? Oh.”

Música. Abafada e distante, mas havia, sem sombra de dúvidas, música ecoando naquele túnel subterrâneo. Os dois homens se entreolharam, antes de observarem a escuridão a frente deles e continuarem a andar. As velas continuavam se acendendo por conta própria, revelando mais e mais do corredor e a música parecia ficar mais evidente, até que outra dupla de candelabros se acendeu e uma porta apareceu.

“Meu bom Deus,” Bryce sussurrou, sua mão se enfiando em seu casaco e se apoiando na pistola. “Só quero que você saiba que se eu morrer aqui, vai ser bom que seja a Noite dos Espíritos, porque eu juro que vou voltar para arrastá-lo comigo, Dr. Ravenwood.”

“E se eu morrer também?”

“Aí vou grudar no seu lado pelo resto da eternidade para lembrar a besteira que foi essa sua ideia de vir até aqui,” o homem resmungou quando eles pararam a alguns metros da porta.

A porta dupla era enfeitada com vitrais coloridos que continham desenhos de duas mulheres de pele escura, uma em cada porta, com seus longos cabelos negros enroscados em seus dedos enquanto tentavam penteá-los. Elas estavam sentadas em pedras, com seus pés afundados na água e conchas e algas marinhas presas em seus cabelos. As margens do vitral eram delicadas e arredondadas, cheias de flores e conchas.

“Será que batemos?” perguntou Feliks, seus olhos ainda presos no vitral.

“Oh, não se preocupe com isso, querido.”

Os dois homens deram um pulo para trás quando a mulher à direita abriu a boca e falou. A mulher no vitral piscou lentamente e a sua irmã riu baixinho, correndo os dedos pelos seus cabelos e pegando uma conchinha que estava presa em seus cachos enquanto olhava os homens.

“Pode abaixar isso, amor,” disse a que estava à esquerda, lançando uma piscadela para Frank, que havia tirado a pistola do coldre e agora apontava para o vidro.

“Não há razão para ficar assustado,” disse a Moça-Direita, jogando o cabelo para trás.

“Eles são homens,” disse a outra. “Se assustam por qualquer coisa.”

“Não seja má,” disse a da direita.

“Bom, vão ficar aí a noite inteira?” a Moça-Esquerda perguntou, arqueando uma sobrancelha.

“Não...” murmurou Ravenwood, olhando para Bryce e acenando para ele guardar a arma.

“Isso é uma loucura, caralho,” Frank sussurrou, colocando a pistola de volta no coldre.

“Não seja rude,” a mulher à esquerda falou. “Aposto que vão gostar. Quero ver essa sua carinha enfezada iluminada com um belo sorriso quando você sair, garoto.”

Se eles achavam que um vitral falante era estranho, tudo o que podiam fazer era ficar parados, boquiabertos e de olhos arregalados, quando finalmente abriram a porta e deram uma olhada lá dentro.

Era um salão cujas paredes eram todas decoradas com murais com cenas de um litoral onde belos jovens, homens e mulheres, estavam saindo da água ou sentados sobre pedras, alguns penteando os cabelos enquanto outros acenavam para algo a distância. Havia também marinheiros nadando no mar, tentando alcançar as moças e os moços, todos com sorrisos bobos em seus rostos. Em alguns cantos a cena litorânea era interrompida por figuras emolduradas de homens e mulheres, todos muito belos e sorridentes, com os cabelos adornados com flores e conchas. As pinturas todas também se mexiam... Não o tempo todo, mas se prestassem atenção, iriam ver as mãos delicadas se movendo enquanto os jovens acenavam para os marinheiros ou a água batendo contra as pedras.

E, como se as paredes já não fossem fascinantes, o resto do lugar parecia muito deslocado no meio de uma Londres em guerra. As mesas de madeira eram redondas com os pés esculpidos em formas curvas e orgânicas, diferente da mobilha prática e cheia de linhas retas que eram encontradas no resto da cidade. Havia um balcão onde uma mulher estava servindo bebidas à um grupo de pessoas; a parede atrás do bar era decorada com mosaicos e os bancos deste eram de madeira e veludo azul. No fundo do salão, havia o que parecia ser um palco, que agora tinha a sua cortina azul fechada.

“Isso é... loucura,” murmurou Frank, sua voz saindo tão baixa que era quase impossível de ser ouvida.

E agora Feliks tinha que concordar com ele. O lugar parecia incrível e lindo e rico, mas, depois de olhar bem os arredores e a decoração, Ravenwood começou a notar as pessoas que estavam ali dentro e elas era ainda mais curiosas que o salão com pinturas falantes.

Em uma mesa perto da entrada havia dois homens e duas mulheres, todos vestindo roupas coloridas que pareciam pertencer à outra década. Uma mulher tinha um pequeno chapéu pontudo roxo, enquanto a outra usava um vestido longo com uma capa preta presa aos ombros. Os dois homens usavam roupas de diferentes tons de verde brilhante, um com um casaco longo cheio de bordados delicados e o outro com roupas mais simples: calças, camisa e um colete que, também, era todo bordado com fios dourados e pedras brilhantes. Um dos homens tinha o cabelo longo preso em uma trança e o outro, uma barba pontuda. Feliks ouviu Bryce exclamar alguma coisa baixinho quando um dos homens se inclinou para a frente e, rindo, beijou o outro de forma demorada.

“Onde diabos nós estamos?” ele ouviu Frank perguntar de novo. “O que diabos é aquilo!?”

O médico olhou para o outro lado do salão, para onde Bryce olhava, e viu uma mesa cheia de homens e mulheres. Bom, eles eram alguma coisa que talvez fosse homens e mulheres, mas... Mais baixos e esguios, com pequenos olhos negros e orelhas pontudas. As mãos deles, era possível vê-las enquanto eles serviam bebida uns aos outros, tinham longos dedos com unhas afiadas. Todos vestiam roupas elegantes e caras, com joias brilhantes penduradas em suas orelhas, pescoços e cabelos; alguns dos homens (ou criaturas que pareciam machos?) dispensavam os brincos e colares de ouro, mas usavam anéis adornados com pedras grandes, botões brilhantes e abotoaduras de ouro. Quando eles sorriam, Ravenwood notou com um arrepio, dentinhos pontiagudos apareciam por detrás de seus lábios.

Em outra mesa havia um homem extremamente pálido com olhos avermelhados, parecendo nauseado enquanto olhava a comida na mesa, acompanhado de duas mulheres com cicatrizes em seus rostos, ambas usando roupas velhas. Haviam outros homens e mulheres que pareciam menos criaturas e mais humanos, mas todos usavam roupas estranhas, além de pequenos seres com olhos e orelhas grandes que corriam para lá e para cá, carregando bandejas.

“Oh, olá, rapazes!” a mulher atrás do bar os chamou quando o grupo que ela estava servindo se afastou, acenando para eles se aproximarem.

Feliks cutucou Bryce, que ainda olhava em volta com olhos arregalados, e então andou até o balcão. Seja lá onde eles estivessem, algum tipo de explicação seria muito bem-vinda.

“Olá...” disse Ravenwood com um sorriso tímido em seu rosto.

“Nunca vi vocês por aqui,” disse a mulher, sorrindo e apoiando as mãos no balcão. “Bem vindos ao Black Siren! Sou Jane Fletcher, a atual dona e sua anfitriã.” Ela deu uma piscadela e tirou dois copos de debaixo da mesa. “Agora, posso lhes servir algo?”

“Ahm... Na verdade, nós queremos sab-“

“Whiskey, por favor,” pediu Frank, sentando-se em um dos bancos e olhando para o médico antes de murmurar: “Preciso de uma bebida, doutor, não me julgue.”

“Certinho, um whiskey de fogo para você, senhor...?”

“Frank Bryce,” ele falou, tirando a boina e esfregando o rosto com a mão. “Que lugar é esse?”

“O que parece, Sr. Bryce? Um pub, mas um lugar muito mais interessante e divertido que O Caldeirão Furado,” disse Jane, puxando uma vareta de madeira de seu bolso e a acenando no ar.

Feliks arregalou os olhos ao ver uma fraca luz alaranjada brilhar na mão da mulher e escapar pela ponta da vareta. A luz dançou no ar por um momento, antes de alcançar uma garrafa atrás dela, levantando-a e a fazendo flutuar até a sua mão.

“O que foi isso?!” perguntou Ravenwood, virando para olhar Bryce, que parecia surpreso também. “Você viu também?”

“A garrafa voadora?” o homem perguntou, parecendo chocado.

“Não, a... Oh, aye, a garrafa voadora também, mas a luz laranja?”

“Do que vocês dois estão falando?” perguntou Jane, arqueando uma sobrancelha enquanto os olhava. “Oh! Vocês são... trouxas?”

“Trouxas?” perguntou Frank.

“Oh, vocês são!” Ela riu e mais uma piscadela apareceu. “Vocês têm sorte! O Black Siren é um dos poucos estabelecimentos mágicos que aceitam trouxas... Bom, nós permitimos que você entrem e aproveitem a noite conosco, depois cuidamos das suas lembranças. Mas não se preocupem, a diversão fica!”

“Estabelecimento mágico?” perguntou Feliks. “Cuidar das nossas lembranças?”

“Sim, querido. Dá pra ver que chegaram aqui sem querer. Vejam bem, nós não devíamos contar isso para ninguém, mas, diabos, se outros bruxos fingem que nós não existimos, não faz mal explicar, certo?” ela falou. “Bruxas, bruxos e criaturas mágicas, é isso que somos por aqui.”

“Bruxas...?”

“Sim, Sr. Bryce.” Jane sacudiu a vareta e mais um pequeno traço de laranja seguiu a ponta desta. “Há mais coisas entre céu e na terra do que foram sonhadas na sua vã filosofia, amor.”

“O que é isso?” o médico perguntou, apontando para a vareta.

“É uma varinha.” Ela a guardou em seu bolso e serviu a bebida para Frank. “Aproveite.”

“Meu bom Deus,” Bryce sussurrou enquanto tomava um gole, mas logo afastou o copo, seu rosto ficando vermelho e seus olhos lacrimejando enquanto ele engolia. “Que diabos...?”

“O que você quis dizer com cuidar das nossas lembranças?” perguntou Feliks, sentando-se ao lado de Frank e apoiando os cotovelos no balcão. “Quer dizer... Você nos faria esquecer do que aconteceu?”

“Você é espertinho, Sr. Sem Nome,” disse Jane. “Precisamos seguir o Estatuto Internacional de Segredo Mágico, sabe.”

“Estatuto Internacional...?” Ravenwood piscou e sacudiu a cabeça. “Não, não, você não pode. Digo, não pode apagar as nossas memórias. Precisamos lembrar desse lugar e... Olha, não vamos contar para ninguém; não temos o menor interesse em vender uma boa história ou de sermos jogados em um manicômio por sermos loucos, acredite em mim.”

“Vocês têm algum parente que seja bruxo?”

“Não.”

“Então não posso deixá-los ir sem um feitiço de memória.”

“Você não entend-“

“Um amigo meu casou com uma bruxa,” disse Frank, finalmente piscando o suficiente para se livrar das lágrimas e mantendo a voz firme enquanto olhava a mulher. “Ou melhor, ele foi forçado a casar com uma bruxa.”

“E como é que foi isso?” ela perguntou, cruzando os braços.

“Não sei. Tudo o que sabemos é que um rapaz fugiu de casa com uma estranha e voltou dizendo que havia sido enfeitiçado, com medo de tudo, falando como se bruxas e magia existissem, escondendo-se em casa porque tinha medo que um de vocês fossem atrás dele,” disse Bryce, tomando mais um gole e, agora, conseguindo aguentar o ardume, mas não sem fazer uma careta. “Você disse que pode apagar as nossas memórias. Meu amigo não tinha todas as lembranças do ano que desapareceu, mas ele se lembrava da bruxa e as coisas das quais ele se lembrava não eram nada legais. É comum entre vocês a prática de deixar memórias para traumatizar... Como você nos chamou? Os trouxas?”

“O que? Não,” disse Jane, franzindo a testa. “Se qualquer incidente acontecer, o Ministério entra em ação para fazer o trouxa esquecer qualquer coisa que possa machuc-“

“Acho que o seu... Ministério foi meio relapso, então,” disse Bryce, encolhendo os ombros. Estava claro que a mulher agora estava um pouco desconfortável com a história que ele estava contando. “Olha, moça, não estou dizendo que o seu pessoal é mau ou qualquer coisa assim... Só estou dizendo que acho que você pode nos deixar escapar dessa sem mudar nossas lembranças. O seu Ministério não apagou o sofrimento do meu amigo e eu só estou aqui por ele-“

“Está aqui atrás dele?” ela perguntou. “Olhe, não vi nenhum trouxa aqui nos últimos seis meses.”

“O que? Não, não!” Frank riu. “Ele não veio e, infelizmente, nunca vai vir aqui. Ele morreu. Foi morto há três meses.”

“Oh, me desculpe...” Feliks se sentiu mal pela garota, que agora parecia realmente sem jeito.

“E nós estamos procurando quem foi que fez isso com ele. Veja, o bom doutor aqui-“ O homem deu um tapinha no ombro de Feliks. “Encontrou uma coisa que nos trouxe até aqui e agora... Só queremos saber se alguém aqui pode nos ajudar a encontrar quem matou o meu amigo. Queremos achar o culpado e levá-lo até a polícia, mas... Você disse algo sobre um Ministério? Vocês tem algum tipo de polícia?”

“Bom, temos... temos os aurores,” disse Jane. “Eles trabalham para o Ministério.”

“Acredito que tenham uma prisão?”

“Oh, sim, Azkaban.”

“Então, vamos fazer um acordo, que tal?” Bryce sorriu e o médico se perguntou quando foi que Frank havia deixado de lado a máscara do jardineiro rabugento para virar o jovem bonito que estava tentando conquistar a moça do bar com um sorriso encantador. Jane encarou o homem por um momento, antes de respirar fundo e assentir. “Você nos deixa ir sem mexer na nossa cabeça. Nós tentamos encontrar algo que nos dê pistas sobre o crime e... Se no final isso não tiver nada a ver com magia, a gente fica com essas memórias de um lugar divertido e diferente. Se descobrirmos que o sujeito que procuramos é um de vocês, a gente vai atrás dele e os entregamos para as suas autoridades, assim vocês vão ter um criminoso a menos andando por aí.”

“Não creio que estou arriscando perder a minha varinha por causa de dois trouxas bonitinhos,” disse Jane, suspirando, depois de um longo momento de silêncio. “Mas não é como se o Black Siren fosse completamente legal perante a lei... Nem as atividades que ocorrem aqui dentro.”

“Temos um acordo?” perguntou Frank, sorrindo e oferecendo a mão para a bruxa.

“Temos, Sr. Bryce,” ela falou, esticando a mão, mas a afastando no último momento. “Mas apenas com uma condição! Seu amigo deve me falar o nome dele.”

“Oh.” Feliks sentiu o cotovelo do jardineiro o acertar nas costelas. “Feliks, Feliks Ravenwood.”

“Que nome bonito.” Jane sorriu e apertou a mão de Frank.

“Obrigado, boneca,” o homem falou, segurando a mão dela e beijando o dorso de seus dedos. “Agora... Tem alguém por aqui que talvez saiba alguma coisa sobre um assassinato?”

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Bem vindo ao Black Siren, o lugar que eu queria muito que existisse de verdade. Desde que saiu o primeiro trailer de Animais Fantásticos e tinha uma cena do que parecia ser um speakeasy mágico, eu enlouqueci... Um speakeasy! Mágico! Infelizmente, queria que a cena do filme fosse mais longa ou mostrasse mais dos ocupantes do bar, mas a maior parte da minha necessidade de pubs mágicos underground foi suprida antes mesmo do filme lançar, quando escrevi os capítulos do Black Siren hehehe

Esse é um dos meus capítulos favoritos e o Black Siren é 10/10 um dos cenários que eu mais gostei de escrever até hoje. Queria muito saber desenhar locais, porque ainda acho que não consegui colocar tudo o que queria ai do jeito certo. Por razões de 'a tradução não iria ficar boa de jeito nenhum', o nome do pub não foi traduzido para português.

Coisas extras, porque eu não sei me controlar:

1) se alguém tiver interesse em paradas de inspiração e tals, tem um board no pinterest onde eu e a Vika (highonbooks) ficamos guardando coisas que nos inspiram a pensar no Black Siren: https://br.pinterest.com/tzagadka/insp-the-black-siren/

2) e um playlist no spotify de possíveis músicas que poderiam ser ouvidas lá: https://open.spotify.com/user/themuggleriddle/playlist/5s3cXQEC0X0gcO97q36pL2


Espero que tenham gostado. Como sempre, por favor, deixem um review dizendo o que estão achando da história, isso é muito importante pra quem está aqui escrevendo (: