A Rainha da Beleza escrita por Meewy Wu


Capítulo 6
V - Vossa Majestade, a Rainha


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a Malu pela recomendação maravilhosa, muito obrigada linda ♥



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O abraço foi quase reconfortante por um minuto, antes de nós dois nos afastarmos um do outro e lembrarmos que mal nos conhecíamos. Ficamos nos encarando pelos longos minutos que se seguiram, como se tentássemos descobrir quem era a pessoa na nossa frente.

Apolo tinha quase vinte e quatro quando saiu de casa para se juntar a guarda há pouco mais de um ano, deveria ter vinte e cinco agora. Parecia ainda mais alto do que eu me lembrava, e também estava mais forte. Tinha os mesmos cabelos castanho-avermelhados de Marian, mas diferente do que eu me lembrava, ele não os usava mais preso em um rabo de cavalo na nuca – o que constantemente era motivo de brigas com sua mãe – mas agora estava bem cortado e lambido para trás.

Ele havia trocado as camisas, suéteres e sapatos sociais pelo uniforme de guarda, que deixava seus olhos verdes mais escuros e parecia intensificar o ceticismo neles.

Aquele não era o Apolo que eu conheci, sem dúvidas. Não era mais um rato de biblioteca magrelo, que vivia na casa da mãe e sempre tinha as respostas certas, e – talvez ainda mais importantes – as perguntas certas.

Ele havia mudado muito em apenas um ano. Eu, por outro lado, seguia a mesma.

—Soldado Drake – cumprimentou Alicia, depois do que pareceu uma eternidade, parando ao meu lado com um sorriso calmo no rosto – Em nome das musas, gostaria de dizer que sentimos muito pela sua perda.

—Diga a suas garotas que agradeço por isso, senhorita – falou ele, de uma forma polida e fria, da forma como falava com Isis quando ela tocava em assuntos delicados. Isis nunca parecia notar. Alicia notou.

—Direi – ela respondeu da mesma forma dura. Pisquei um pouco surpresa com a reação de Alicia, ela parecia tão dócil que não imaginava ela falando tão friamente com alguém. Mas por outro lado, ter que liderar aquele grupo de garotas devia render certo pulso – A maioria das garotas aqui viveu algo parecido, elas só estão tentando ser gentis.

—Acho melhor vocês irem, não quer deixar a rainha esperando, não é mesmo? – sugeriu Tina, dando uma batidinha nas minhas costas – Boa sorte.

Agradeci pronta para seguir Apolo para fora da Casa das Musas quando um pigarro me fez parar. Isabel passou na minha frente, ficando entre mim e a dobra no corredor, segurando nas mãos os sapatos que eu havia descartado. Ela os empurrou contra meu peito com tanta força que senti vontade de chorar, e então ela sorriu.

—Não se esqueça de chama-la de Majestade – falou Isabel docemente, como se eu fosse um cachorrinho, antes de me dar as costas e seguir pelo corredor até a sala de estar, com as gêmeas nos seus tornozelos.

—Isso foi rude – falou Alicia, torcendo a boca – Você tem que ir, eu vou falar com ela... De novo!

Percebi como de repente Alicia parecia amarga e cansada, mas preferi deixar isso para outra hora. Não que eu não estivesse preocupada com ela, mas imaginei que Tina realmente tivesse razão. Eu não iria querer deixar a rainha esperando.

Apolo estava parado há uma distância segura da porta quando eu a abri, o que foi bom por que eu estava quase caindo naqueles saltos enormes e não percebi quando empurrei a porta com toda a força, fazendo-a bater na parede e voltar.

Ele seguiu pelo corredor sem falar nem uma palavra, e eu o segui da mesma forma silenciosa, olhando para o chão e esperando não trombar com ninguém. Haviam empregados andando para todos os lados, agora que o dia estava claro, mas ninguém parecia interessado em cumprimentar Apolo, muito menos a mim.

—Você está com a corrente dela – falou ele quando já estávamos bem distante da Casa das Musas – De Isis.

Demorei um pouco para perceber que ele falava comigo. E então, sem perceber, eu despejei toda a história em cima dele. Não devia ter sido fácil para se ouvir, mas se Apolo ficou incomodado não comentou comigo.

—Então, Isis te atirou da janela, e voltou para pegar o cordão – ele falou absorvendo a história – E minha mãe voltou para procura-la.

—Sim... Imagino que ela deva ter jogado a corrente e voltado atrás de sua mãe – falei, minha voz falhou um pouco e distraída bati contra as costas deles quando ele parou de andar – Ai.

—Chegamos – ele falou, enquanto dois outros guardas abriam as portas.

Foi isso. Sem boa sorte, ou qualquer coisa do tipo. Sem saber direito o que responder, eu apenas segui em frente sem sequer me despedir. Havia um longo corredor, com outra porta no final. Parecia uma sala de espera, com um longo tapete vermelho, um par de sofás da mesma cor e vasos gigantescos de flores.

—Bethany – ela sorriu, andando até mim com sua prancheta – Está um pouco atrasada. Sente-se bem?

Só ela para colocar as coisas nessa ordem. Era claro que para ela meu atraso era mais importante do que meu bem estar.

—Estou bem, obrigada. E me desculpe pela demora – falei, sentindo meu rosto esquentar, e acabei agradecendo por toda a maquiagem – As meninas estavam... Dando conselhos!

—Entendo – ela sorriu, enquanto eu a seguia pelo corredor – Ela não irá se importar, tenho certeza, está um pouco distraída hoje também... Tenho certeza que ela gostará de você.

—Eu espero – me assustei com a sinceridade na minha voz. Percebi que eu realmente queria que a rainha gostasse de mim, que me achasse bonita, doce, e educada o suficiente para me deixar ficar. Para deixar que aquele lugar, o seu palácio, se tornasse meu lar.

As portas de abriram, revelando a sala do trono, toda recoberta de ouro e veludo vermelho, ela não poderia ser mais majestosa e acolhedora. A rainha estava, sentada no grande trono no centro da sala, cercada de pessoas com amostras de tecidos, pares de sapatos, e fotos e mais fotos, papeis e mais papeis.

Eu só conseguia ver um pouco de cabelo negro sob a coroa, de tantas pessoas que havia em volta dela. Olhei para Veronicca, se olhou para os guardas parados um de cada lado da porta e deu um suspiro que eu conhecia bem o significado.

Mas no meu mundo era "garotos" e no dela era "homens".

—Vossa Majestade, Bethany está aqui para que a senhora decida seu destino, e se está apta para a casa das musas – anunciou Veronicca, calmamente em um tom que se sobrepôs a todos os outros em volta da rainha.

—Isso é tudo por enquanto, voltem depois para discutirmos o resto – falou ela, enquanto todos faziam reverências e se afastavam correndo. Veronicca me puxou para fora do caminho, e depois que eles se foram ela me empurrou para frente e saiu também.

—Majestade – me ajoelhei rapidamente, exatamente como as outras meninas haviam me explicado enquanto me arrumavam.

—Levante-se Bethany – ela pediu de uma forma tão firme e tão delicada que me confundia – Se aproxime para que eu possa vê-la.

Eu o fiz. Olhando o tempo inteiro para meus pés, temendo cair em frente a ela, andei até as primeiras escadas antes do torno, até perceber que a rainha se levantará e andará até mim.

—Levante o rosto, não pode ser uma musa se tiver medo ou vergonha – falou ela, colocando os dedos longos sob meu queixo e o puxando para cima – Deixe-me olhar para você.

Por muito tempo, eu me perguntei como poderiam escolher uma única mulher e dizer que ela era superior a todas as outras. Como podia escolher uma e dizer que casaria com um príncipe e governaria toda nossa nação. Mas agora, vendo a Rainha Lenna na minha frente, eu entendia.

A pele dela era lisa e brilhante, ela era muito clara, mas as bochechas rosadas e o brilho dourado em sua pele faziam parecer que ela pegará sol ainda aquela manhã. Seu nariz tinha uma curva delicada, mas sem nenhum ar esnobe. Seus lábios estavam limpos, tinham um tom natural rosado. Ela tinha os cabelos negros soltos em cachos largos em volta do rosto. Mas foram seus olhos, seus olhos incrivelmente azuis, inacreditavelmente azuis, tão azuis que quebravam todo o calor que a sala emanava que me fez entender por que ela era a mulher mais linda da Eurásia.

Ela era perfeita em cada aspecto. Mesmo sua altura, deveria ser a altura que uma rainha deveria ter. Baixa o suficiente para ser encantadora, mas alta o suficiente para poder se impor.

—Veronicca me falou um pouco sobre você, mas tenho que dizer que ela foi bastante... – ela parou por um momento, soltando meu rosto e se afastando – Modesta. Você realmente é bem bonita, Bethany. Dará uma ótima musa.

Senti meus ombros relaxarem. Eu não acreditava que ela havia mesmo me aprovado.

—Obrigada, majestade – falei, sentindo minhas bochechas arderem.

—Então, fale-me sobre você Bethany – ela pediu, sentando-se no trono e apontando para o último degrau das escadas. Demorei um segundo antes de entender e me sentar ali. Não me sentia desconfortável sentando no chão, eu estava acostumada há faze-lo para brincar com Romeu ou limpar os sapatos de Isis, ou apenas para ler - Soube que viveu boa parte da vida em um orfanato, e que viveu os últimos aos como ama de uma menina rica da sua antiga cidade, está certo?

—Sim, isso mesmo – concordei.

—E como foi sua vida nesses lugares?

Parei para pensar por um minuto. Era uma pergunta um tanto surpreendente, mas ela parecia realmente querer me conhecer – No orfanato, as coisas eram muito agitadas, nos últimos anos eu era a mais velha por lá, a maioria das crianças eram mandadas para outras cidades depois dos quinze, mas Marsella, a dona, quis que eu ficasse... E então, apareceu Marian que queria alguém para ajudar e fazer companhia para sua filha, Isis.

—E como você era tratada na casa de Marian?

—Isis sozinha era quase tão intensa quanto às crianças do orfanato, mas ela e sua família sempre foram muito gentis comigo. Marian podia ser um pouco irritadiça às vezes, mas não era má também. Tudo que ela mais queria era que a filha um dia viesse para o castelo – senti meus olhos lacrimejarem de novo e me contive por um minuto, me repreendendo por ter ficado tão sentimental nos últimos dias – Elas sonhavam com um dos seus convites, o irmão de Isis é um de sues guardas, Apolo Drake. Marian era severa, mas nunca me faltou nada na casa dela.

—Entendo – levantei os olhos, vendo que ela me analisava pensativa – E todas essas pessoas, elas faleceram Bethany?

—Marian e Isis sim – balancei a cabeça – Marsella não estava na cidade naquela noite, ela foi para Portugal junto com a sobrinha.

—Muito bem, olhe para mim – falou ela um pouco mais firme – Quero que deixe tudo isso para trás. Guarde as lembranças boas para os dias difíceis por que como para todas, eles virão para você. Mas deixe a dor e a culpa para trás, Bethany, assim como a insegurança e a modéstia. Você é uma musa agora, este castelo será seu lar, aquelas meninas, os guardas, os criados, mesmo eu... Somos sua família agora. Você tem algum talento? Sabe tocar algum instrumento ou canta?

—Eu pinto um pouco, e costumava a cantar para as crianças, mas nada extraordinário – confessei envergonhada por realmente não ter nenhum talento especial.

—Você aprenderá a tocar, terá aulas de canto, de dança, de etiqueta. Se quiser ter alguma outra aula, é só falar com Veronicca, ela providenciara tudo – ela falou, se levantando e sentando ao meu lado – E em uma semana, você será apresentada como uma musa. É uma vida melhor do que muitas garotas podem sonhar, então espero que seja grata por isso... Eu não tolero má educação com os empregados, já tive que advertir muitas meninas por conta disso. Também espero que seja amigável com suas colegas e com as outras damas nos bailes, por que eu sei como confrontos entre meninas podem ficar sérios. Não vou dizer que você não pode se apaixonar ou flertar com algum nobre, já vi muitas musas se casarem, mas tenha em mente que uma musa não é uma mulher da vida, que vai para a cama com qualquer homem. Você vive para o castelo, é parte do castelo, e nada pode se esconder das paredes que tem ouvidos, criança. Entende?

—Sim senhora... Majestade – falei, rapidamente. Seu rosto se suavizou.

—Não tenha medo, eu sei que deve ser intimidador, mas eu tenho que ter essa conversa com vocês, meninas, para evitar que mais tarde sofram punições que nem mesmo eu não possa interferir – ela sorriu, se levantando e estendendo a mão para me ajudar. Aquilo parecia tão errado, mas não é como se eu simplesmente pudesse recusar a ajuda da rainha – Você pode ir agora, boa sorte Bethany, Musa de Paris.

De alguma forma, enquanto os dois guardas abriam as portas senti meus olhos encherem de lágrimas. Bethany, Musa de Paris. Aquilo era bobagem, como um título podia tocar meu coração assim?

Ainda sim, era boa aquela sensação de fazer parte de algo.

—Como foi? – perguntou Veronicca, que parecia ter ficado o tempo inteiro sentada no sofá vermelho me esperando.

—Ela é tão... – travei, não havia palavras para descrever, eu sentia que estava sorrindo de orelha a orelha e isso fazia o curativo da minha testa repuxar um pouco.

—Ela é bem intensa nos sentimentos, inacreditavelmente linda e pode dar medo – falou Veronicca, enquanto saíamos pela segunda porta – Mas é uma grande mulher e uma rainha bondosa e justa.

—Sim – concordei, enquanto íamos para o caminho contrário do que havíamos vindo – E então, Bethany... Qual instrumento gostaria de aprender? A maioria das garotas gosta de violino ou flauta, além do piano, mas pode escolher o que quiser.

—Não conheço muitos instrumentos – confessei, sem conseguir me imaginar tocando qualquer um dos que ela falará. – Talvez... Harpa?

Pensei em como eram lindas aquelas gravuras dos livros, os anjos pequenininhos de cabelos loiros tocando aquelas enormes harpas. Quando eu era pequena, eu adorava imaginar que era um daqueles anjos. Marsella dizia que... Ora, o que importa o que Marsella dizia? Ela não estava aqui agora.

—Harpa? – ela parecia se divertir um pouco, e então anotou na sua prancheta – Eu vou arrumar tudo e pedir para Alicia entregar seus horários. Vai fazer aulas de dança com as outras meninas. Duas semanas de aulas de etiqueta e história, aulas de harpa e claro, línguas. Fala alguma além do francês?

—Eu fui à primeira da classe em alemão – tentei controlar um pouquinho meu orgulho, era uma das únicas coisas que eu realmente era boa na escola. Aulas de artes, de francês e de alemão.

—Isso é bom, mas ainda terá que aprender espanhol, inglês, português e russo – ela riu da minha expressão, que imaginei estar muito apavorada – Não se preocupe, não precisa ser fluente. Apenas saber cumprimentar e reconhecer o idiota. A maioria dos países da Eurásia fala francês, mas alguns lugares ainda mantem suas velhas línguas junto a ele.

Assenti. Era tanta coisa. Tropecei nos saltos enquanto subíamos uma escadaria, mas ela não pareceu perceber – ou talvez, apenas tenha deixado passar.

—Depois das duas semanas, quando acabar as aulas de história e etiqueta, você ainda poderá escolher outra atividade – falou ela, enquanto eu percebia que estávamos chegando ao salão das musas – Modismo, balé, canto... O que você quiser só precisa me falar com antecedência.

Assenti, enquanto parávamos em frente à porta da Casa das Musas.

—Eu imagino que é melhor você entrar, deve ter sido muitas emoções em tão poucas horas, suas irmãs vão lhe ajudar a processar tudo – ela sorriu me dando um empurrãozinho e se afastando pela escadaria do salão de baile.

Em casa, apenas metade das garotas estava lá. Tina estava encolhida no sofá da sala de estar, com um caderno de desenhos rabiscando interminavelmente. Jin estava jogada no chão, rodeada de novelos de lã e Kali estava passando os canais de televisão.

—Olá – falei me sentando ao lado de Tina recebendo cumprimentos das três – Onde está o resto das meninas?

—Alicia deve estar no jardim, Lili e Liv estão na aula de equitação, Isabel no balé, e Annie... – Tina parou suas explicações por um minuto, olhando em volta – Alguém viu Annie?

—Não, ela deve estar no quarto – falou Jin, sem tirar os olhos de seus novelos de lã – Se eu fosse ela não sairia tão cedo. Isabel a atormentou a noite inteira ontem...

—E qual a novidade? – suspirou Tina, fechando o caderno e soltando no colo – Isabel está cada dia mais insuportável, só mesmo Alicia para conseguir lidar com ela.

—Eu não sei, acho que ela está preocupada com alguma coisa – falou Kali, pensativa, desligando a televisão e se voltando para a conversa – Ela recebeu uma carta de casa outro dia.

—O que? – perguntou Jin, parecendo surpresa – Ela não me contou nada!

—Eu fiquei sabendo na cozinha, parece que tinha até o símbolo da família dela – falou Kali, de uma forma um pouco preocupada – Achei que eles não falassem mais com ela.

—Quem falaria? – perguntou Tina, revirando os olhos - De qualquer jeito, estou cansada de fica especulando sobre Isabel, se ela tiver algo a nos dizer, ela dirá. Você perdeu o almoço a propósito.

—Tudo bem – falei, embora meu estomago tenha roncado – Não estou com fome.

—Toda a novata é a mesma coisa – Jin revirou os olhos.

—Vamos, eu te preparo um sanduiche – falou Kali, se levantando e esticando as pernas.

—É sério, não precisa – falei, balançando as mãos, mas Jin já tinha largado suas agulhas e se levantado também.

—Aceite logo, ela adora uma desculpa para "cozinhar" para alguém – brincou Jin, fazendo aspas no ar e levando um empurrão de Kali – Foi brincadeira!

—Vamos Bethany – falou Tina, se levantando ao meu lado – Enquanto ela prepara seu sanduiche, você pode nos contar como foi com a Rainha.

...

Na hora do jantar, todas haviam voltado. Não me sentei mais perto de Alicia, mas sim depois de Tina, um lugar vazio e uma das gêmeas. Aparentemente, a ordem era das mais velhas para as mais novas, exceto por Annie que se sentará novamente no final da mesa.

Será que ela era sempre assim? Pensei em me aproximar e tentar conversar com ela, as outras meninas não pareciam interessadas em mim, suspeitei que estivessem tentando dar-me algum espaço – Bem, menos Isabel, provavelmente. Mas talvez ela quisesse algum espaço também, pensei, e fiquei a onde estava tentando acompanhar as brincadeiras das outras meninas sobre os convidados das festas e suas tardes.

Todas pareciam ter alguma atividade, de balé, a culinária, a tricô, todas pareciam ter algo para se distrair. Não eram apenas bonitas e inteligentes, como talentosas também.

Pensei no que eu poderia fazer. Eu não sabia o que Tina fazia, mas ela passou boa parte da tarde encolhida com o caderno de desenhos, então imaginei que fosse algo relacionado a isso. Talvez eu pudesse pintar... Eu ainda queria dar uma boa olhada nos quadros do corredor mais próximo a Casa das Musas, mas imaginei que seria melhor não ficar vagando pelo castelo sozinha.

O que as pessoas achariam de ver uma estranha cheia de hematomas e com um curativo na testa? Eu acharia bastante estranho. Eu também queria falar com Apolo, o que era completamente irônico por que nós mal trocávamos as palavras habituais de educação quando morávamos na mesma casa, mas por mais que eu estivesse tentando afastar minha vida do que ela fora, ainda tinha uma parte que queria se encolher e viver de lembranças. Apolo era o mais próximo que eu tinha daquela vida agora.

Encostei as costas na porta do quarto assim que entrei, vendo as luzes se acenderem e Romeu pular em mim.

Retiro o que eu disse, era Romeu o maior marco da minha antiga vida. Mas eu não podia simplesmente me livrar dele.

—Desculpe amigo, eu passei o dia todo ocupada – falei, vendo que alguém passará por ali e o alimentara – Não vamos ter muito tempo juntos por enquanto, Romeu. Imagino que eu esteja eternamente me preparando para o baile.


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