A Rainha da Beleza escrita por Meewy Wu


Capítulo 32
Epílogo




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Fox Louis Parish

—Temos todos os votos – A Rainha anunciou para o conselho. Eu, porém, só havia minha mãe em tom de aviso me alertando – É a última chance, de o príncipe Fox escolher sua noiva. Fox, você aceita que a partir dos votos do conselho será decidida a futura rainha da Eurásia, e a mulher que governará ao seu lado, dormirá ao seu lado e dará as luz aos herdeiros de nossa nação? Abdica de todo seu poder de escolha, sujeitando-se aos critérios das mulheres e homens nesta sala para escolherem a próxima rainha, negando-se a duvidar ou opor-se a essa decisão?

O retrato do casamento de meus pais ficava naquela sala. Nele, meu pai abraçava minha mãe com a cabeça dela repousando em seu peito. Nem mesmo ali ela parecia uma noiva comum. Minha mãe sempre foi a chuva de raios, forte e brilhante. O centro do mundo dela e de meu pai. 

Eu gostaria de ter tido mais tempo com ele. Não com o rei, mas com o homem, guerreiro, marido e pai que poderia ter me aconselhado em todos os outros aspectos da vida que escolas e tutores não foram capazes de me preparar.

—Eu... – respirei fundo. Era uma escolha simples, talvez a mais simples que eu teria fazer como príncipe ou como rei. Ali, era apenas sobre duas vidas quando todas as minhas escolhas eram sobre milhares delas. Eu olhei para Tina, que saiu da história por uma única vida, a dela mesma. Para minha irmã, que se revelará ali em frente há todos minutos atrás apenas para negar seu direito de nascença. Ela nunca teve o direito de ser egoísta, mas eu tinha – Eu não aceito a decisão do conselho. Eu já escolhi a minha rainha.

Todos se olharam confusos.

—Príncipe Fox, me desculpe, mas no inicio desta reunião você disse ao contrário – Flora Venezza me olhou com o mais próximo de irritação que ela poderia direcionar a um príncipe, antes de se acomodar melhor na cadeira – Me parece que poderia ter nos poupado uma boa soma de horas.

—Mil perdões, a todos vocês, por está tarde. Mas eu não posso deixar o conselho decidir minha esposa quando eu sei quem é a pessoa certa – respirei fundo, encarando todas aquelas pessoas a quem eu agora parecia ter enrolado por horas de discussão – Minha mãe tem uma beleza imponente e firme, a beleza que precisávamos para estabelecer a Eurásia mesmo que sua subida ao trono tenha sido a mais incomum da história. A minha rainha, porém, tem uma beleza diferente... Uma beleza que faz o mundo parecer bom e um sorriso que, qualquer um que já tenha conversado com ela por alguns minutos é incapaz de não retribuir.

Olhei para Tina, que parecia radiante ao lado de Annie, que também sorria embora de maneira mais indisposta – A Eurásia precisa de esperança, de uma rainha que lhe conforte e que lhes faça acreditar em um mundo melhor. Um mundo feliz e belo. Esse é o tipo de beleza que eu acredito. E é a beleza que Bethany, musa de Paris me faz acreditar. Por isso eu anuncio diante deste conselho que ela será minha esposa, e futura rainha da Eurásia.

.................

Era impossível encontrar qualquer uma das musas no salão escuro. Isabel, a única a vista, estava inalcançável em meio a dezenas de pessoas e ela tão pouco poderia me ajudar enquanto alternava entre se pendurar no pescoço de Dylan e no ombro de Teodore Venezza - eu sequer sabia o que ele fazia ali. Ninguém seque avisará quando ele chegará, e não parecia que alguém o faria.

Teodore Venezza, o filho mais velho da família Venezza, era uma presença que como Isabel simplesmente se apossava do lugar, como se tivesse direito a ele. Era um alivio que ele não possuísse direito ou pretensão ao trono, pois ele caminharia até ele e sentaria-se como se fosse seu direito sem importar-se com o resto.

Um jogador. Um aliado. Um guerreiro, futuro comandante do Exercito vermelho. Às vezes um amigo. Às vezes um inimigo. O tempo inteiro uma lembrança do rei que queriam que eu fosse.

—Príncipe Fox - Olhei para o lado, onde o Embaixador Inglês sorria bebendo champanhe em uma taça longa - Parece melhor do que estava mais cedo. Até mesmo mais feliz, eu diria, vossa majestade.

—Foi um dia estressante Embaixador, acredito que eu mereça me felicitar esta noite por meu primo e uma das minhas mais antigas amigas – respondi casualmente, seguindo os olhos dele que observavam Livie em uma das mesas.

—Ter a mulher mais bela de toda Eurásia como noiva não tenha nada a ver com isto – ele brincou, devolvendo a taça vazia e trocando por uma nova – Não que eu espere ter informações privilegiadas, alteza, mas eu adoraria se pudesse me revelar o nome da felizarda.

—O senhor saberá, junto com todo o povo da Eurásia amanhã embaixador – aleguei, e conclui observando Livie entediada – E além disso, duvido que nós concordaríamos sobre qual, entre todas, é a mulher mais bela da Eurásia.

Não o deixei responder, seguindo até a mesa. O embaixador era um homem que embora falasse como inglês, não agia como tal. Não era frio ou reservado, e embora eu ainda não conseguisse confiar naquele homem, o que ele sentia por Livie bastava para que eu não me preocupasse com seus sentimentos por Bethany.

Eu observará Livie mancando algumas vezes nos últimos dias, e embora ela parecesse melhor não se arriscara uma dança à noite inteira. Se a irmã estivesse ali, a teria puxado e girado por todo salão com ela, mas aquela era outra vitima.

—Príncipe Fox – ela sorriu, quando me sentei em frente a ela – Eu me levantaria, porém...

—Não se preocupe com isto – a cortei, olhando sobre o ombro – Um homem aqui não para de olhar para você.

—Nada que eu não seja capaz de notar – ela suspirou, o rosto escurecendo um pouco – É melhor não dar esperanças a ele, sabe? Em três dias, quando Teodore partir, irei com ele para Venezza. Serei tutora de Marie.

Pisquei surpreso – Isabel sabe disso?

—Em algum momento ela irá – ela deu os ombros, e depois me olhou desconfiada – Você deveria estar pedindo alguém em casamento, não?

Sorri – Preciso de sua ajuda para isto – confessei, e ela pareceu um pouco mais animada.

..............

Não fora como eu havia planejado – Nada havia sido como eu havia planejado, ela não era algo que pudesse ser planejado, percebi quando talvez já fosse tarde demais. Meu coração não parava de acelerar, e depois de algumas horas eu já nem sabia mais como tudo chegara aquilo. A noite já se estenderá a plena escuridão, e a neve voltava a cair quando Dylan me encontrará no escritório, um sorriso tolo de seu último dia de liberdade, iluminado pelo enfim cedido amor de Isabel Venezza. Mas o sorriso dele não vingou.

—Não deveria estar com a sua esposa? – perguntei, cansado. Casado. Ainda era difícil acreditar que ele estava realmente casado, e ainda por cima com Isabel Venezza.

Dylan, meu primo. Meu amigo mais próximo. Talvez o que mais me odiará um dia pelo trono e o que mais agradecia hoje por não ter este em seu destino. Ele em breve estaria seguindo seus heróis, partindo para onde a batalha acontecia em meu nome enquanto eu esperava para reclamar aquilo que quase o impediu de ter a mulher que amava. Aquilo que impediu seu pai de ser um pai de verdade.

—A festa sequer acabou – ele explicou, dando os ombros – Ela prometeu me encontrar no quarto assim que terminasse de falar com o irmão. Então achei melhor procurar você.

—Imagino que já esteja arrependido – murmurei, e ele sorriu andando até o armário de bebidas.

—Imagino que o pedido de casamento não tenha saído como esperado, meu primo – ele serviu-se de conhaque, sentando-se na poltrona a minha frente, bastante curioso como era costume de Dylan – É sangue em seu rosto?

—Ela me atirou um porta joias – falei, me curvando em direção a fogo, olhando as chamas arderem. Chamas. Era o que eu havia visto nos olhos dela, as chamas que incendiariam meu reino a criar vida das cinzas, como uma fênix.

—Pela minha experiência, me sinto obrigado a perguntar o que vossa alteza fez para que uma dama tão adorável cometesse tal barbaridade – ele ergueu uma sobrancelha, relaxando os ombros e olhando para o fogo crepitante.

—Eu li o diário dela – ele riu, e me apressei em continuar antes que ele começasse a verbalizar seus pensamentos sórdidos – Mas não era dela, ela de Alicia. Achei que amasse outro, a acusei de faze-lo e ela...

—Fox, por favor, não continue - ele pediu, apertando a ponte do nariz e fechando os olhos com força, como se pudesse imaginar a situação - Você é meu primo e meu futuro rei, e amanhã quando o sol raiar estarei partindo para Berlim para lutar em seu nome. Não quero partir acreditando que irei lutar por um maldito tolo. Como se não bastasse o que ouvi sobre você não tê-la escolhido...

—Eu a escolhi - o cortei, irritado - A escolhi, quando todo o conselho já havia votado. No último momento. Não podia ser nenhuma além dela, Dylan. Mas agora acho que cometi um erro.

Ele bufou - Um erro seria não escolhe-la, Fox. Eu me arriscaria a dizer...

Duas batidas na porta o fizeram se calar, com um olhar questionante. Assenti - Entre - Dylan pediu, e um jovem guarda cruzou a porta, fazendo uma reverencia desajeitada para nos dois.

—Diga - pedi, enquanto ele tremia.

—Meu príncipe, temos um problema - ele falou. Deveria ser um dos novos, tinha olhos arregalados e parecia tremer um pouco - A senhorita Bethany, senhor. Ela saiu do palácio.

Dylan engasgou atrás de mim, largando o copo sobre a mesa. Ignorei-o ao perguntar - Como não fui avisado disso antes?

—A senhorita Valenttina acabou de comunicar o Soldado Leimn, ele pediu que perguntássemos suas ordens antes de agir - o rapaz prosseguiu - A senhorita Valenttina afirma que ela partiu junto ao senhor Domenic e a noiva deste, para o hospital além dos limites da cidade.

—É claro que ela foi - Dylan abafou uma risada.

—Mandem uma equipe de buscas para trazê-la de volta imediatamente! - ordenei ao rapaz, que estava prestes a sair quando Dylan interrompeu.

—Espere - ele pediu, se levantando - Fox, precisa dar espaço a ela. Deixe que ela passe a noite cuidando de doentes e feridos, se é o que ela precisa para entender como todo o mundo dela vai mudar a partir do seu anuncio amanhã.

—Mas... - balancei a cabeça, sem saber o que pensar daquilo - Não posso deixa-la lá fora, ela é a futura rainha.

—É exatamente onde ela deveria estar. Estou falando como súdito, primo e amigo Fox - ele avisou - Não a viu com eles, Fox. Eu vi. É disto que sua rainha precisa. Pode dar isto a ela?

Não, pensei. Eu não podia. Mas eu precisava. Eu precisava por que era o mínimo que eu poderia fazer para recompensa-la pelas meias verdades, por invadir seu espaço e por condena-la ao peso da coroa. O que um rei podia fazer?

Olhei para o guarda - Diga a Leimn para enviar seis de seus melhores homens para montar guarda no hospital - ele assentiu, correndo para fora do salão. Encarei Dylan - Você deveria ficar aqui.

—Você vai ficar bem, primo - ele sorriu, dando um tapinha nas minhas costas - E eu realmente acredito que minha esposa prefere que eu passe minha última noite na cidade com ela.

—Eu quero dizer aqui, na cidade - afirmei, e ele deu um sorriso de escárnio - Posso fazê-lo meu conselheiro.

—Sim, você pode - ele assentiu, e depois sorriu - Mas não pode me ordenar a ficar. Se pudesse, Isabel o teria coagido a isso.

—Não lhe culpo por querer partir - suspirei, e ele me entregou um copo cheio - Esta não é a solução para os meus problemas, Dylan.

—Tem razão, mas preciso deixa-lo ocupado antes que Isabel se enfureça - ele terminou o próprio copo - Se embebede e contemple seus erros, primo. Amanhã, você pode começar a trabalhar para concerta-los. Como um rei de verdade deve fazer. - Cantarolando, Dylan deixou o escritório e as bebidas para mim.

 


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