WSU's Aracnídeo escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 9
Epílogo




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De olhos fechados tudo o que consigo pensar é sobre o que eu realmente deixei na minha curta vida: Rafael, mãe, pai, Bia... Eu não fui a pessoa que eu deveria ser com vocês, me desculpem. Eu.. eu deveria ter sido um Jonas melhor, uma pessoa melhor. Nem mesmo um bom herói eu fui, desculpem-me eu não recompensei a fé que vocês depositaram em mim.

— Adeus — escuto a voz de Soares. É agora. Esse é o meu...

 Escuto o som de uma bala atravessando um crânio, mas não foi em mim, foi no... SOARES! Vejo o homem que me humilhou e que tentou me matar cair sem vida no chão, ele agora está morto.

O Soldado vem até mim com dificuldade.

 — Tudo bem garoto? — Ele me questiona com uma voz preocupada enquanto estica seu braço esquerdo até mim. Aceito a ajuda e me levanto ainda tonto devido a droga que foi injetada em mim momentos atrás.

— Sim. Só um pouco tonto — respondo vendo-o se distanciar cada vez mais enquanto ele se aproxima das pessoas acorrentadas.

Ele solta todos. Suas feições são um misto de terror e agradecimento. Não sei o que essas pessoas passariam caso nós não tivéssemos intervido e os salvados desses desgraçados que se acham superiores a pessoas como... eu..

— Tem uma coisa que eu preciso te contar — Me aproximo do Soldado que ajuda uma chorosa mulher.

 Ele me encara rapidamente e volta suas atenções a pobre coitada.

— Conversamos sobre isso depois.

— Tudo bem — respondo me direcionando às outras pessoas que precisam de ajuda.

 

 


******

 Após algum tempo nós conseguimos acalmar todas as pessoas, ao menos deixá-las menos assustadas. Não tenho experiência em ser sequestrado e colocado a venda então não posso dizer como essas pessoas se sentem, só sei de uma coisa, a escravidão foi oficialmente abolida há muito tempo e ela nunca foi algo bom.

Reparo numa garota, ele deve ser um pouco mais velha do que eu, ela está séria desde o início. Percebe que eu estou olhando para ela e logo me encara com seus fortes olhos castanho-esverdeados. Seu olhar é decidido, forte, algo me diz que ela sabe mais sobre o que aconteceu aqui do que eu mesmo. Ela sorri sem mostrar os dentes e se direciona à uma bancada aonde se senta.

— Essas pessoas precisam ir para suas casas — O Soldado se aproxima.

— Sim. Acho que devemos nos dividir. Você leva as crianças, eu as mulheres. — Ele me encara com uma cara séria. Com certeza ele deve estar pensando que eu pedi isso pensando em alguma besteira, mas a verdade é que eu quero saber mais sobre essa garota.

— Tudo bem — Ele suspira — Só não faça nenhuma besteira, esse é um momento complicado.

— E quando é que eu faço?

Ele me olha uma última vez deixando claro que eu sempre faço besteira. Em seguida reúne o grupo de crianças e sai com elas através de uma brecha, já que tinha se recuperado um pouco.

— Então garotas... Querem que eu as deixe em casa?

 

******

 

Levei quase uma hora para deixar todas as mulheres em suas casas, mesmo sendo um herói privilegiado com um poder que ajuda a percorrer certas distâncias num espaço de tempo menor, ainda é complicado levar várias mulheres para casas distantes umas das outras.

Só restou uma garota para ser deixada em sua casa, a garota que chamou minha atenção lá no porto. Chego a sua casa a deixando em frente à porta. A vizinhança não é uma das mais agradáveis, sinto-me vigiado a cada segundo em que permaneço neste local.

— Está tudo bem? — pergunto ao chegarmos ao chão.

Ela ajeita seus longos cabelos castanhos escuros e me fita por alguns segundos.

— Tá — A garota responde rapidamente se virando para entrar em casa.
  — Espera! — grito. Surpreendendo não só a ela como a mim mesmo — Você... você não estava com medo. Parecia saber o que estava acontecendo lá no porto, diferente das outras pessoas. Por quê?

— Por que eu não sou covarde. — Ela responde friamente.

— O-o que você quer dizer com isso? — pergunto confuso com a resposta.

— Eu vi muito bem que você estava morrendo de medo lá. Você temia aquele cara. Eu não faria isso.

— Você não sabe o que ele me fez... — respondo.

— Não. Não sei. Mas sei muito bem o que ele e seus amigos fizeram à mim e às pessoas com quem me importo — Uma lágrima escorre por seu rosto. Me sinto mal. Sinto como se tivesse aberto uma ferida cicatrizada nela.

— Quem é você afinal? Por que eles fariam algo contra você e aquelas pessoas?

— Meu nome é Andressa. Andressa Neves — Ela faz uma pausa enquanto levanta suas mãos. De repente suas mãos são consumidas por chamas — Assim como você, sou o que aqueles babacas chamam de uma corrompida. — Ela se interrompe novamente. O fogo em suas mãos dá lugar à faíscas elétricas. — Eu posso criar e controlar energia. E por conta disso... — As faíscas se tornam mais intensas na garota avatar. — Por conta disso aqueles malditos vieram até mim. Eles feriram as únicas pessoas que eu amei. É por isso que eu não tenho medo deles. Porque eu tenho ódio.


***

O Soldado está numa beirada observando a cidade abaixo. Fico ao seu lado em silêncio. Sei que ele está ocupado pensando em algo importante.

— Desculpe ter feito você passar por tudo isso hoje Jonas. — Ele continua olhando sério para o movimento lá embaixo.

— Relaxa. Eu que te coloquei nos meus problemas. Você não tinha nada com o John.

Ele fecha os olhos. Não sei o que se passa na cabeça desse cara, mas espero que não esteja planejando atirar em mim novamente.

— Preciso me ausentar um pouco.— Ele fala repentinamente. — Me distanciar um pouco. Tenho pensado em muitas coisas ultimamente. Conhecer você e o Temerário me fez questionar o meus métodos. Preciso me encontrar comigo mesmo... quem sabe voltar para casa?

— Você sabe onde me encontrar. Tou até pensando em criar uma fanpage na internet. Só não venha aqui na época das olimpíadas. Eu e o Rafa vamos para o Rio. Não posso perder a chance de ver meus ídolos jogando — O Soldado da um pequeno sorriso enquanto balança a cabeça negativamente. — Vou sentir saudades. senhor mestre Soldado gasparzinho.

— Não exagera garoto. — Ele sai da beirada — Aliás. Você tinha dito que queria falar comigo.

— Disse? — Andressa me pediu para guardar segredo de tudo o que ela me contou. Até de você Soldado...— Não era nada demais. Eu só queria saber seu nome mesmo.

O homem de cara séria sorri mais uma vez.

— Me chamo Victor garoto. — Existe um pequeno sorriso ali, um sorriso honesto.

— Posso te pedir uma coisa? — falo agora com um grande sorriso no rosto.

— O quê?

— Uma revanche — falo animado — Lembro que da última vez alguém trapaceou me dando um tiro de surpresa.

O Soldado dá dois passos para trás se virando em minha direção e logo em seguida assumindo uma pose ofensiva.

— Pode vir com tudo garoto.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler até aqui.
(ARACNÍDEO RETORNA EM KAREN MAXIMUS, FRENTE UNIDA E POSTERIORMENTE EM..... ARACNÍDEO 2)