WSU's Aracnídeo escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 5
Capítulo 4: Amizade quebrada


Notas iniciais do capítulo

Aracnídeo é um personagem que faz parte de um universo de histórias compartilhadas, nesse universo existem personagens como: Temerário, Soldado Fantasma, Lucy, Azatoth e muitos outros.



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Estou sentado no banco de reservas enquanto assisto o penúltimo jogo da competição amistosa da qual minha escola está participando, vejo os cinco jogadores do meu time jogarem com facilidade contra os cinco adversários, é um jogo ganho, estamos com 14 pontos de vantagem, e falta pouco mais de um minuto no relógio para o fim da partida.

O professor vem até mim.

— Entre no lugar de Ricardo. — Ele me encara um pouco — Tome cuidado, o jogo já está ganho, não precisa jogar para cima e se machucar indevidamente.

— Certo. — afirmo.

Me levanto e corro até o início da linha de meia quadra, enquanto espero a partida parar para que eu possa entrar em quadra. A partida para e eu corro para dentro da quadra, Ricardo já prevendo que seria ele quem sairia após ter se machucado a pouco tempo já sai de quadra.

A nossa equipe sai com a bola, fico tentando fintar meu marcador que não desgruda de mim me deixando impossibilitado de receber a bola, me distancio de Guilherme que estava próximo à mim, atraindo comigo o meu marcador e deixando Guilherme mais livre para receber, eis que é o que acontece, ele recebe e faz a cesta.

A equipe adversária pede tempo, o jogo para. O técnico dá algumas instruções de como nos posicionarmos conscientemente neste fim de jogo para apenas controlar o jogo até o relógio chegar a zero. Voltamos a partida e a equipe adversária tem a posse, eles tentam a saída de bola, salto e corto o passe desesperando da equipe adversária, corro no contra-ataque numa tentativa de aumentar o placar e me consolidar como o cestinha da partida, infelizmente, assim que salto levo um tapa no braço sofrendo a falta, a bola não entra na cesta em decorrência da falta que eu sofri e eu ganho dois lances livres.

Me preparo para arremessar a primeira bola, faço todo o procedimento padrão para arremessar com perfeição, deixo meu pé esquerdo levemente à frente do direito deixando meus joelhos paralelos aos cotovelos, seguro a bola em forma de T e me inclino os joelhos, salto com a ponta do pés deixando toda a energia fluir pelo meu corpo enquanto levanto a bola e finalmente a arremesso esticando meu braço esquerdo em direção a cesta. A bola sobe e gira no ar repetidas vezes enquanto faz o movimento de um arco e cai perfeitamente na cesta sem encostar nos aros, fazendo apenas o clássico som do balançar das redes "Chuá", cesta, mais um ponto para nós. O juiz pega a bola e me devolve.

Me preparo para fazer o segundo arremesso, repito o procedimento quase que perfeitamente, infelizmente, coloco força demais no arremesso e a bola apenas bate com força na tabela e começa a cair em direito ao chão, antes que eu possa correr para recuperar a bola o camisa 5 deles pega o rebote e tenta lançar a bola em um jogador da sua equipe que estava no nosso lado defensivo livre de marcação, ele arremessa, mas Muralha consegue interceptar o passe no meio do caminho, todo o time se reposiciona para receber a bola.

Eu corro para a ponta esquerda da quadra onde   posso tentar a infiltração caso receba a bola, Muralha faz o passe e, Rafael que estava do lado direito, se livra de seu marcador, recebe e arremessa atrás da linha de três pontos, a bola entra na cesta e o relógio chega a zero. Fim de de partida, Rafael com sua cesta de três no fim nos deu a vitória com a vantagem de 20 pontos sobre os adversários. Corro em sua direção para parabeniza-lo pelo lance final da partida.

— Ei Rafa! Bela cesta cara!

Ele se vira e corre na outra direção sem me responder.

 

 

******


Na saída da partida vejo Rafael novamente, corro até ele e tento mais uma vez começar uma conversa com ele.

— Ei, Rafa, qual é, fala alguma coisa! Deixa eu me explicar...

Ele se vira com uma cara de raiva.

— Explicar? Explicar o que? Como você, o grande Jonas, super herói que combate o crime toda noite é um babaca de merda, que ao invés de ajudar o melhor amigo a ter alguma chance com a garota que ele ama desde os 13 anos, pega ela? Não só isso, pega ela na minha frente e depois vai para dentro da casa dela como se não estivesse me vendo?

— Me... desculpe...

— Me desculpe? Me desculpe? Você só pode estar de brincadeira, ou você é tão imbecil ao ponto de achar que eu vou te perdoar com um "me desculpe"? Fala sério.

Fico calado por um tempo, não sei o que responder, não sei como me desculpar.

— Que foi? Vai ficar mesmo calado como se isso mudasse alguma coisa?

Ele começa a se virar para ir embora. Não sei explicar porquê, mas uma onda de raiva começa a crescer dentro de mim substituindo a culpa que eu estava sentido.

— Você deveria me agradecer!

Ele se vira novamente para mim agora com uma expressão de raiva, como se estivesse se explodindo por dentro.

— Como é que é? Eu? Agradecer a você? Claro, obrigado Sr. Jonas por fazer essa merda.

— Olhe pelo lado bom. Eu te mostrei que ela é do tipo que gosta de ficar e não de namorar, ela não é o seu tipo. — Ele me encara cerrando os pulsos — É o meu. E como é... O gosto daquela boca, nossa, você não merece ela.

Vejo uma lágrima cair de seu olho, mas não uma lágrima de tristeza, sim uma lágrima de raiva.

— Seu... — Ele dá um passo em minha direção.

— Seu o que? Hein? Vocês não pode comigo, nunca pôde. Porque não volta para sua casinha e começa a chorar como o idiota bebê chorão que você é?

Ele continua me encarando por alguns segundos, ainda com o punho cerrado, não sei por quê, mas gosto disso. Gosto da sensação de estar por cima.

— Alguém ainda vai acabar com você. Espero estar lá para ver.

— Você acha mesmo que isso vai acontecer? Acorda, o mundo não é suas historinhas. Cresce cara. Ninguém vai me derrubar, e mesmo que me derrubem. Eu sei levantar, mas isso não acontecerá.

— Se não cair, como saberá o que é se levantar? — Ele se vira e começa a se distanciar de mim. Ele para e vira apenas o rosto em minha direção. — Você deveria cortar essas unhas.

Olho para minhas mãos e vejo garras no lugar das minhas unhas, garras iguais às da vez em que eu agi como Aracnídeo pela primeira vez.

— Eu não preciso de você mesmo.

 

 


******

 

Vejo dois homens, um branquelo loiro alto. e um baixinho moreno e careca, dois assaltantes de lojas. Eles saem da loja de conveniência armados com apenas um revólver cada um. Moleza. Salto de onde estava e caio bem na frente dos dois homens.

— Eae, como vai a vida de bandido? Vai bem?

Eles disparam em minha direção, desvio sem dificuldade, os projéteis são lentos demais para mim. Me aproximo do loiro e soco seu rosto duas vezes antes que ele caia inconsciente no chão. O segundo, o careca, tenta acertar mais tiros em mim, dou um mortal de costas para escapar das balas. Caio em suas costas e me preparo para dar o golpe final nele. Acerto um chute na parte detrás do joelho, o que faz com que ele perca o equilíbrio e posteriormente acerto uma joelhada em sua cabeça. Fim de papo para esses dois.

 

 


******

 

Estou na esquina direita, acabei de me livrar do meu marcador, me posiciono livre para receber o passe de Guilherme, passe bem sucedido, recebo a bola, olho para o placar e vejo o relógio diminuir de 5 para 4 segundos restantes na partida final do campeonato amistoso que estou disputando, me concentro o bastante para analisar rapidamente a situação em que me encontro.

Estou livre, mas um jogador já se aproxima de mim o que pode atrapalhar a minha visão do aro e assim me atrapalhar na hora de mirar o arremesso, Guilherme está marcado, Rafael está livre um pouco mais próximo da cesta, o restante do time está muito longe, no campo defensivo ainda.

Eu não vou tocar para Rafael, ele não merece fazer a cesta da vitória: 3. Arremesso de qualquer jeito, 2. A bola se desloca no ar girando freneticamente. 1. A queda da bola se tem início, sinto meus pés retornarem ao chão, essa cesta é a última chance de virar o jogo. 0. A bola bate no aro e cai para fora. Errei o arremesso, a equipe perdeu,59-58 para os adversários.

 

 

******

 

— Todos vocês jogaram muito bem hoje — O professor nos analisa — Demonstraram um bom nível técnico e tático diante do adversário, infelizmente não conseguimos a vitória, mesmo assim. — Ele olha bem para cada um de nós — Não é motivo de abaixarmos a cabeça, lembrem-se, abaixar a cabeça, só se for para rezar!

Nisso todos os jogadores, inclusive eu se levantam com uma nova postura, substituindo a postura cabisbaixa que estávamos tendo até agora.

— Continuando. — O professor prossegue — Jogos como esse de hoje nos ajudam a crescer, nos ajudam a perceber o que acertamos e o que erramos. Tudo o que temos que fazer é nos esforçarmos para corrigir os erros de hoje, sejam eles técnicos, táticos, falta de comunicação — Ele olha para mim — Ou mesmo simples inimizades dentro da equipe.

 

 


******

 

Estou novamente ouvindo o rádio da polícia, após brigar com Rafael e perder o último jogo eu ando meio estressado, agir como Aracnídeo é a única coisa que me faz esquecer esses problemas, portanto, aqui estou eu, no alto de um prédio esperando alguma merda acontecer na cidade para que eu possa finalmente ganhar um pouco de ação para o meu dia.

"Chamada de viaturas das proximidades, acabamos de receber uma ligação de emergência denunciando o barulho de tiros no quarto andar do New Ocean Recife, Av. Lima e Silva."

Ótimo, lá vou eu.

 

 


******

 

Entro por uma janela do quarto andar do New Ocean Recife, deve ser muito bom morar num prédio com um apartamento por andar. Saio do quarto onde por onde entrei e vejo nas paredes da sala algumas marcas de sangue e buracos de bala. Realmente aconteceu algum tiroteio aqui dentro, mas, onde estão os corpos?

Enquanto me aproximo da cozinha do apartamento vejo um homem no chão, um policial, ferido, ainda acordado. Me aproximo dele.

— Tá tudo bem? O que aconteceu aqui?

O homem geme um pouco de dor mas logo me responde:

— Uma armadilha. Vários homens estavam aqui nos esperando, eles... eles, mataram todos, levaram seus corpos.

— Do que que você está falando? — olho ao redor rapidamente — Quem estava esperando vocês?

— Alguns homens. Tinha um idoso com eles, parecia... parecia o líder.... eles... eles mataram todos... — Ele começa a chorar — todos... mortos... ainda, ainda tem um aqui.

Um? Tem mais alguém aqui dentro?

— Onde? — pergunto já me virando de costas e procurando alguém no resto do apartamento.

— Aqui.

Sinto uma agulha perfurar minha perna. Antes que eu possa reagir desabo no chão, não consigo me mover. Esse cara, ele me drogou.

— Deveria ter desconfiado quando viu que não tinha nenhum corpo aqui.

Ele me dá um chute no rosto e eu apago.


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