WSU's Aracnídeo escrita por Gabriel Souza, WSU


Capítulo 3
Capítulo 2: Basquete - O Retorno


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem cenas de basquete, esse esporte aparecerá vez ou outra na fic já que é o esporte praticado pelo protagonista da história.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718481/chapter/3

Faz dez dias desde que descobri meus poderes, desde então tenho treinado como controla-los, descobri como me concentrar o bastante para soltar teia apenas quando quiser, tenho tentado aprender a controlar minha força e velocidade, por conta disso ainda não voltei ao basquete, esporte que não pratico desde que sofri meu "acidente".

Também nunca mais me transformei numa criatura híbrida de humano e aranha, ainda bem, e tenho conseguido controlar mais os meus reflexos, antes uma simples mosca era capaz de me atrapalhar.

Neste momento estou sentado cima de uma casa qualquer observando dois indivíduos com máscaras (sério? Máscaras? Vocês são super discretos) seguindo um homem de uns quarenta anos que carrega duas sacolas de compras. Vejo os dois homens abordarem o quarentão. O homem passa a se humilhar para os criminosos, que não dão a mínima, puxam as sacolas de suas mãos e um deles, o que tem a máscara do Guy Fawkes, dá uma coronhada no rosto da vitima.

Me levanto e salto para um poste um pouco atrás deles, estou usando meu uniforme caseiro, não é grande coisa mas é o que eu consegui fazer para sair nas ruas de Recife hoje.

— Saudações amigos — chamo suas atenções até mim — Peço que devolvam gentilmente as sacolas do pobre homem na frente de vocês ou... — Eu fico de pé em cima do poste — vou acabar com vocês.

Um deles, o que usa uma máscara toda preta dá um longa risada antes de falar.

— Quem você pensa que é garoto? Cai fora daqui.

Sorrio.

— Vou contar até três para vocês devolverem a sacola desse cidadão e jurarem de joelhos para mim que nunca mais roubarão outra pessoa... em troca, não faço vocês voltarem para a mamãe de vocês chorando, por uma aranha em seus pesadelos, estamos entendidos?

O mesmo cara de máscara preta sorri novamente mostrando seus dentes amarelados, ele puxa um canivete do bolso e aponta em minha direção.

 — Cai fora maluco, a menos que você queira ser fatiado em pedacinhos.

Por alguns instantes eu continuo em silêncio acima do poste, apenas encarando os dois mascarado,s e o pobre coitado caído, atrás deles e provavelmente paralisado de medo.

  — Um.

  — Cai fora idiota, — Guy Fawkes grita — não ouviu ele, dá o fora ou morre junto desse otário aqui! — Ele aponta para o homem no chão.

  — Dois.

Os dois se olham, um assente para o outro e Guy Fawkes puxa um revólver do bolso.

— Três.

Salto do poste dando um mortal no ar e caindo atrás dos dois assaltantes, agora estou entre os dois e o homem que acabara de ser assaltado:

— Bem, o ministério da saúde adverte, nunca banque o fortão para um super-herói, até por que, ele é super e vocês não.

Acerto Guy Fawkes com um soco nas costas, ele grita de dor e cai no chão, deixando cair também seu revólver. O máscara preta tenta me acertar com seu canivete rapidamente mas desvio graças aos meus ótimos reflexos.

— Alguém já lhe disse que é perigoso brincar com facas ou canivetes? Você pode se cortar. — Com minha teia pego o canivete da mão dele. Brinco um pouco fazendo o movimento de avançar e recuar com o canivete na mão ameaçando perfurar sua barriga. Ele recua instintivamente para escapar do possível golpe e acaba tropeçando em seu parceiro que ainda estava atrás dele no chão, se levantando. Ambos voltam ao chão.

— Alguém já disse que vocês são dois idiotas? Sério, como um cara consegue tropeçar no outro dessa forma? Me dá até pena. Quer saber, vou ajudar vocês. — estico a mão e Guy Fawkes à segura tentando se levantar, pequeno erro. O puxo para próximo de mim e já acerto um soco em sua barriga. Ele retorna ao chão agora com as mãos na barriga. — Sério que você acreditou nisso?

O máscara preta se levanta e pega o revólver que estava no chão, aponta para mim.

  — O que foi? Perdeu a pose moleque? — ameaça.

Ele aperta o gatilho e dispara, vejo a bala vindo em minha direção, salto para esquerda saindo da posição em que seria atingido.

  — Seu filho da p#t@!! Morra logo!

Ele dispara mais duas vezes errando o alvo. Me aproximo dele enquanto desvio de alguns tiros até chegar próximo o suficiente para lhe acertar um chute na perna esquerda. Ele se desestabiliza, e eu pego a arma de sua mão. O empurro e ele cai no chão.

— Olha a língua. — dou uma coronhada em sua cabeça e ele desmaia.

Vou até Guy Fawkes que ainda estava gemendo de dor no chão e o nocauteio com facilidade. Pego as sacolas que estavam no chão e vou em direção ao dono delas para lhes entregar.

— Aqui está senhor — falo lhe entregando as sacolas. — Pode ir para casa em segurança.

Ele não me responde, continua paralisado com os olhos fixos em mim, provavelmente está assustado e pensando sobre quem é esse maluco com fantasia ridícula.

— Olha, eu sei que minha roupa não é das melhores, tou trabalhando nisso ainda, mas pode confiar em mim. Você está seguro.

Ele se levanta,me agradece e depois vai embora ainda meio desconfiado. Fiz o meu dever hoje. Salvei uma pessoa.

 

******

É incrível como Rafa só pensa em jogos, quadrinhos e filmes. Ele é viciado em FPS, para falar a verdade, esse é o vício dele de mês em mês vem outro gênero: survival, survival horror, RPG, qualquer um. Não digo que eu também não gosto de jogos, por que eu gosto, mas ele gosta num nível muito maior que eu.

— Sério cara, como que os caras lançam a milésima sequência de um FPS e colocam no título que ele é o 1? — Ele questiona.

— Cara — respondo — O jogo se passa na primeira guerra mundial, primeira guerra, entendeu? Por isso o número um, não é o número da sequência de lançamento, e sim o número que representa o período em que o jogo se passa. Além do mais ele é melhor do que o outro, que é futurista demais, warfare.

  — Ok, você que diz — Ele muda de assunto repentinamente — Mas e aí, vai sair de novo para bancar o amigão da vizinhança ou vai poder jogar comigo hoje? Faz tempo que eu não te humilho no FIFA.

— Sério? Você? Me humilhar? — Dou uma gargalhada — No FIFA? Vai nessa.

— É isso aí.

— Beleza... eu jogo com você hoje, mas cuidado para não jogar como o Brasil jogou contra a Alemanha, — zombo — senão já sabe, caiu na teia, perdeu.

— Tá bom, pode vim Alemanha, e eu te mostro o meu lado Francês.— Ele refuta.

  — E eu o meu lado Português campeão da Euro. — Obrigado Portugal por vencer a Alemanha naquela final.

  — E de mais nada além disso. — Ele sorri.

  — Cala a boca.

Ele ri novamente. 

— Olha,pode se preparar — Rafael começa — Por que você vai perder independente do time ou seleção que escolher.

— Tá certo. — Me viro para ele com um sorriso no rosto — Continue repetindo isso para si mesmo.

Antes dele poder responder, nós vemos Fernando vindo em nossa direção.

— O que será que ele quer agora. — questiona Rafael.

— Olha se não é o Jonas.... — Fernando começa, praticamente ignorando Rafa — E seu amigo Rafael.

Ainda não entendo o que um tem contra o outro.

— Eae — Respondo

— Oi... — Rafael faz o mesmo.

Fernando dá uma ajeitada no seu topete de sempre.

— Olha cara. — Ele começa — O treinador mandou perguntar se você não quer tentar treinar hoje. Só para ver se você está em condições. Se não estiver sem problemas, você pode ficar sem treinar o tempo que precisar.

Caramba, o basquete, eu não tou treinando desde que sofri o acidente.

— Pode ser. — respondo — Vou dar uma passada lá sim.  Mostrar a vocês como é que se joga basquete de verdade.

Fernando da uma risada, mas Rafael continua sério.

  — Ótimo cara. Até o treino então. "Cê" sabe o horário né?

— Claro.

— Fechado. Até lá.— Ele se despede.

Rafael esperou até Fernando se distanciar para começar a reclamar comigo.

— O que que você tá pensando? — Ele está irritado, certeza — Voltar para o basquete? Esqueceu das suas novas "habilidades"?

Eu saquei a deixa do "habilidades". Valeu Rafa.

— Relaxa cara. Eu sei tomar cuidado.

— E aquele negócio  de virar uma aranha humana? — Sua cara é de preocupação.

— Olha, só aconteceu uma vez. — começo — E não vai acontecendo de novo. Ah, e, eu vou treinar por que eu quero beleza? Agora deixa eu ir na cantina comprar meu lanche antes que toque.

 

 


******

 

Entrar na quadra depois de todo esse tempo é algo incrivelmente nostálgico. A quadra, as arquibancadas, nossa... as tabelas que eu quebrei várias vezes ao entrar durante os treinos e coletivos. Shaquille O'neal teria orgulho de mim. As bolas no mesmo carrinho, isso me lembra ficar arremessando por meia hora depois do fim do treino.Pode não fazer tanto tempo assim que eu não treino e nem jogo, mas para mim foi uma eternidade.

Vejo o professor se aproximando do centro da quadra onde já estavam quatro de meus companheiros de equipe. Ele assopra o apito e todos corremos até lá.

— Muito bem rapazes. — Ele fala — Juntem-se aqui no centro da quadra, quero dar uma palavrinha com vocês.

Ele espera o resto de nós nos juntarmos e continua:

  — Muito bem, primeiramente gostaria de agradecer a presença de nosso companheiro e amigo nas horas vagas Jonas que não joga nem treina conosco já faz um bom tempo — Uma salva de palmas é ouvida na quadra — Silêncio... Pois bem, bem vindo de volta Jonas, agradeço por você comparecer aqui hoje, sempre que quiser pode vim treinar, na verdade, quando se sentir preparado pode voltar a equipe, pois eu e todos os rapazes sabemos de sua importância na equipe.

  — Obrigado professor. — agradeço — Mas na verdade, não chegaria aonde cheguei se não fosse o senhor.

Vejo um pequeno sorriso surgir em sua face rígida e quase sempre séria.

— Pois bem. — Ele logo muda o assunto — Como todos sabem disputaremos uma competição amistosa a partir da semana que vem, jogaremos três partidas e quero todos preparados para a competição. Quero que dêem o melhor de si em quadra — Maciel, o professor, dá uma rápida olhada em todos os seus alunos e continua — Alguns olheiros de universidades estarão presentes, por tanto se foquem nos jogos, mas não esqueçam os estudos, pois mesmo que um olheiro goste de você, você não conseguirá entrar na universidade se não tiver boas notas e passar no ENEM.

Todos, inclusive eu assentimos com a cabeça, todos sabemos da importância de jogarmos bem, mas mesmo assim mantermos um bom nível de estudo se quisermos entrar em alguma faculdade ou universidade quando o colégio acabar.

— Muito bem — Ele continua — Vejo que todos estão focados agora, podem começar com três "suicídios" (treino onde o jogador corre até a linha do garrafão, volta, corre até a linha do meio, volta, corre até a linha do outro garrafão, volta e corre até a outra linha de fundo e volta) para aquecer, e depois juntem-se em duas filas para treinar "hay lows" (jogada entre o pivô na cabeça do garrafão e o pivô em baixo do garrafão) terminando com uma bandeja, após isso faremos um coletivo (jogo amistoso). — Ele dá uma pausa:

—Estão esperando o quê para começar?

Todos corremos para a linha de fundo da quadra para iniciarmos o treino.

— Comecem! — Maciel grita.

 

 

******

 

Após o suicídio e o hay Low vem o treino coletivo, o professor separara dez jogadores, cinco com colete e cinco sem colete. O restante ficou no banco, infelizmente, eu fui um dos que foram para o banco assistir o jogo dos outros caras. Mas tudo bem, é compreensível o professor me colocar no banco hoje, não venho jogando a um certo tempo e o motivo disso foi um acidente, é claro que ele não me quer jogando e me esforçando muito hoje por precaução.

 

 

 

******

 

Márcio está com o bola, ele passa para Guilherme que faz a bandeja para a equipe de colete. O professor apita para o jogo parar antes que a equipe sem colete saia com a bola, ele vem em direção ao banco.

— Lucas, entre no lugar de Pereira. — Ele se vira para mim — Jonas, no lugar de Arthur.

Me levanto e corro para a quadra, vou até Arthur que me dá o colete verde suado. Visto ele por cima da minha camisa do Lakers e me posiciono para marcar Ricardo, jogador que Arthur estava marcando antes de sair.

A equipe deles consegue sair com a bola e se aproximar de nossa cesta, tento correr o mais normal possível para não exagerar na velocidade e deixo Ricardo me passar na corrida (ele era mais veloz que eu antes de ter ganho meus poderes). Ele recebe, entra no garrafão e faz a bandeja, mais dois pontos para a equipe sem colete.

Na saída de bola Márcio recebe, carrega a bola até um pouco à frente a linha de meia quadra, mas é pressionado por Gilberto que o marca de forma que o impossibilita de avançar ou de fazer passes para a frente ou para os lados. Ao ver isso eu me movimento para próximo dele, estando um pouco mais recuado, mas sem voltar para o campo defensivo, senão seria falta.

Recebo a bola, e vejo Ricardo se aproximar de mim, corro para a diagonal esquerda abrindo espaço para meu time se abrir mais e assim eu ter mais possibilidades de passe. Ricardo me acompanha e tenta me pressionar para que eu perca o controle da bola, sem saída eu apenas finto passando a bola entre as pernas, uma, duas, três vezes, ele se desestabiliza com a terceira finta e eu aproveito isso, corro em direção ao garrafão como se fosse arremessar, mas na verdade faço o passe para Guilherme que recebe antes da linha dos três pontos e arremessa certeiramente nos dando mais três pontos.

A equipe sem colete sai com sua posse de bola. Gilberto recebe na ponta direita e já passa para Alex que faz a cesta.

Bola nossa. Márcio tenta sair com a bola para o campo ofensivo, ele para próximo ao garrafão enquanto aguarda eu e o resto dos meus companheiros de equipe nos posicionarmos bem e livres de marcação para ele poder fazer o passe. Tento sair da marcação de Ricardo, mas Matheus acaba se livrando de seu marcador antes e recebe a bola, ele finta sobre seu marcador e devolve a bola para Márcio, que entra no garrafão para arremessar e toco. Lucas "muralha" Silva com seus 2,05 m e 107 kg de puro músculo param Márcio sem a menor dificuldade.

Após o toco a equipe sem colete recupera a bola e tenta o contra-ataque, me posiciono próximo de Ricardo, quem eu marco, mas sem ficar muito em cima dele deixando uma brecha na defesa para a equipe adversária passar.

Gilberto tenta o arremesso de três pontos, a bola quica duas vezes no aro e começa a cair para fora, pego o rebote e puxo um contra-ataque veloz, vantagem de ter ganhado poderes. Só há uma pessoa em minha frente, só um cara que pode me impedir de fazer a cesta, Muralha, me aproximo dele, não tem como eu passá-lo sem usar um pouco de meus poderes, vejo Rafael me olhando do banco de reservas com uma cara séria, dane-se, eu não vou perder essa oportunidade.

Jogo meu corpo para a direita, enquanto faço isso eu passo a bola pelas minhas costas rapidamente a jogando para a esquerda aproveitando de que Muralha me segue para a direita, o movimento repentino de me ver indo para um lado e a bola para o outro o desestabiliza, ele não cai, mas acaba se atrapalhando por meio segundo, tempo suficiente para eu passar por suas costas e pegar a bola do outro lado. Livre estou, seguro a bola, dou os passos permitidos, salto e enterro a bola. Todos me olham surpreso e o professor apita o fim do coletivo.

 

 

 

****** 

 

Estamos todos no centro da quadra, o professor vai falando sobre nossos erros e acertos e algumas informações sobre o próximo campeonato amistoso que ocorrerá em duas semanas, não estou prestando muita atenção, pois estou mais concentrado em ficar revendo em minha mente a minha enterrada no fim do jogo, que lance!

— Após este treino de hoje acho que a melhor decisão e provavelmente é a decisão que vocês todos devem estar esperando, é a de que eu gostaria de te convidar, Jonas, a voltar para a equipe. — O professor sorri.

Sério, que enterrada foda, alguém devia ter gravado, eu poderia mandar para algumas universidades dos Estados Unidos para entrar na NCAA (campeonato nacional das universidades dos Estados Unidos, de lá saem os maiores nomes da NBA).

— Jonas! — Ele grita.

— O que foi? — pergunto assustado.

— Desculpe interromper seus pensamentos eróticos. — Todos riem — Eu estou te convidando a voltar para o time, aceita ou não?

Abro um enorme sorriso no rosto:

  — O que que você acha? Claro que sim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Lembrando que o Aracnídeo faz parte do universo conhecido como WSU. Para ler as histórias dos outros personagens é só pesquisar WSU's aqui no próprio Nyah!.